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Revolução astronômica à vista: novas imagens iniciam grande avanço

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Quatro imagens e um espectro divulgados hoje (12) pela Agência Espacial Norte-Americana (Nasa) representam os primeiros passos para a grande revolução prevista para a Astronomia. Todas imagens e dados foram registrados pelo Telescópio Espacial James Webb, lançado em dezembro de 2021.

Desde janeiro de 2022, este poderoso equipamento – fruto de parcerias entre as agências espaciais dos EUA, da Europa e do Canadá, que tem como principal característica a captação de radiação infravermelha – encontra-se no chamado ponto L2, localizado a 1,5 milhão de quilômetros da Terra.

A primeira imagem, do aglomerado de galáxias conhecido como SMACS 0723, localizado há 4,6 bilhões de anos luz da terra, foi divulgada ontem (11) em evento na Casa Branca que contou com a participação do presidente norte-americano Joe Biden.

SMACS 0723

A imagem mais profunda do Universo capturada pelo James Webb mostra um conjunto de galáxias chamado SMACS 0723 que, combinadas, atuam como uma lente gravitacional.

''Este é um dia histórico'',  disse o presidente dos EUA Joe Biden, ao mostrar a primeira imagem colorida do momento mais profundo do Universo: um aglomerado de galáxias conhecido como SMACS 0723, há 4,6 bilhões de anos ''Este é um dia histórico'',  disse o presidente dos EUA Joe Biden, ao mostrar a primeira imagem colorida do momento mais profundo do Universo: um aglomerado de galáxias conhecido como SMACS 0723, há 4,6 bilhões de anos

James Webb: veja o registro mais profundo do Universo há 4,6 bilhões de anos, por Space Telescope Science Institut

A técnica consiste em observar a amplificação de brilho de uma estrela de fundo (chamada de fonte), devido à passagem de um objeto (denominado lente) entre o observador e a fonte. A lente deforma o espaço-tempo ao seu redor e a luz da fonte sofre então uma deflexão, gerando assim um aumento do seu brilho para o observador.

Segundo a Nasa, esta é a primeira oportunidade de observação nítida de galáxias e de estrelas tão distantes e difusas. “A luz dessas galáxias levou bilhões de anos para chegar até nós. Quando olhamos para as galáxias mais jovens neste campo, estamos olhando para menos de um bilhão de anos após o Big Bang’’, informa a agência espacial.

Nebulosa do Anel Sul

As primeiras imagens inéditas divulgadas hoje revelam detalhes da Nebulosa do Anel Sul, que mostraram, inclusive, uma segunda estrela que forma um sistema binário (formado por duas estrelas). Por estarem em órbita tão próxima pareciam apenas um corpo celeste, o que só pode ser desvendado graças à tecnologia da câmera de infravermelho.

Nebulosa do Anel Sul, James Webb Nasa Nebulosa do Anel Sul, James Webb Nasa

Nebulosa do Anel Sul, James Webb Nasa – James Webb Nasa

De acordo com os pesquisadores, trata-se de uma nuvem de gás em expansão, envolvendo uma estrela moribunda. Tem quase meio ano-luz de diâmetro e está localizada a aproximadamente 2,5 mil anos-luz de distância da Terra.

Um detalhe que chamou a atenção dos cientistas foi a possibilidade de se enxergar galáxias ainda mais distantes, escondidas pela nebulosa. Durante a transmissão ao vivo, feita pela Nasa, os especialistas explicaram que nebulosas apresentam camadas de gás e poeira expelidas por estrelas “enquanto morrem”.

A existência de sistemas binários já era algo do conhecimento dos cientistas, mas eles têm se mostrado cada vez mais comuns do que se imaginava. Com o James Webb, esses sistemas serão observados de forma mais clara.

Nebulosa do Anel Sul, James Webb Nasa Nebulosa do Anel Sul, James Webb Nasa

Nebulosa do Anel Sul, James Webb Nasa – Nasa

Exoplaneta WASP-96

A Nasa apresentou também um gráfico chamado de espectro, do exoplaneta gasoso WASP-96b, um gigante com cerca da metade da massa de Júpiter, localizado a cerca de 1.150 anos-luz da Terra. Espectro é uma técnica que analisa, por meio da cor (temperatura) de um corpo celeste, sua composição física e química. Exoplaneta é um planeta que fica fora do Sistema Solar.

Por meio do espectro, o James Webb conseguiu identificar ocorrências de oxigênio e hidrogênio, indicando a presença de vapor de água em alta temperatura (superior a 500ºC), devido a sua proximidade com a estrela, ao redor da qual orbita a cada 3,4 dias.

A primeira detecção de água neste exoplaneta foi feita pelo telescópio Hubble em 2013. Com o novo telescópio, foi possível obter, via espectro de luz, uma “assinatura inconfundível de água”, neste planeta. “A nova e poderosa observação de Webb também mostra evidências de neblina e nuvens que estudos anteriores deste planeta haviam perdido”, informou a Nasa.

Com isso, segundo a agência, graças aos sinais detectados, a expectativa é de que o James Webb represente um “importante papel para a busca de planetas potencialmente habitáveis nos próximos anos”, estimando também a presença de elementos como carbono, bem como a temperatura da atmosfera.

Quinteto de Stephan

Localizado a cerca de 290 milhões de anos-luz de distância da Terra, na constelação de Pégaso, o Quinteto de Stephan foi também focado pelo revolucionário telescópio. De acordo com os pesquisadores, é possível observar a interação de diferentes galáxias deste grupo, com grandes caudas de gás, poeira e estrelas sendo extraídas devido às forças gravitacionais, bem como o processo de criação de algumas estrelas.

Essa proximidade possibilita, aos astrônomos, observar a fusão e interação entre galáxias, que são tão cruciais para toda a evolução das galáxias. “Raramente os cientistas viram com tantos detalhes como as galáxias em interação desencadeiam a formação de estrelas e como o gás nessas galáxias é alterado”, explica a Nasa. “O quinteto de Stephan é um fantástico laboratório para estudar esses processos fundamentais para todas as galáxias”, complementou.

O Webb mostrou, também de forma detalhada, aglomerados brilhantes de milhões de estrelas jovens e regiões onde novas estrelas estão nascendo adornam a imagem. É também possível observar estrelas que são “centenas de milhões de vezes” mais luminosas do que o Sol do nosso sistema.

Apesar de não ser possível visualizar buracos negros presentes nessas galáxias, é possível perceber sua influência em outros corpos celestes. Segundo a agência norte-americana, a imagem mostra, nesse quinteto, “fluxos impulsionados por buracos negros em um nível de detalhe nunca visto antes”.

Nebulosa Carina

Uma outra imagem revolucionária divulgada hoje pela Nasa se assemelha a um “penhasco cósmico”, nas palavras da própria agência. Trata-se da Nebulosa Carina, com seus “berçários estelares e estrelas nascentes” que não puderam ser percebidas pelas imagens anteriores registradas pelo telescópio Hubble.

“Esta paisagem de ‘montanhas’ e ‘vales’ pontilhadas de estrelas brilhantes é na verdade a borda de uma jovem região de formação de estrelas. Na verdade, é a borda da cavidade gigante gasosa. Os picos mais altos têm cerca de 58 anos-luz [de altura]. A zona cavernosa foi esculpida na nebulosa por intensa radiação ultravioleta e ventos estelares de estrelas jovens extremamente grandes e quentes”, informou a Nasa.

Ao observar essa região, será possível entender mais sobre o processo de formação das estrelas. “O nascimento da estrela se propaga ao longo do tempo, desencadeado pela expansão da cavidade erodida. À medida que a borda brilhante e ionizada se move em direção à nebulosa, ela é lentamente empurrada para gás e poeira. Se a borda encontrar qualquer material instável, a pressão crescente fará com que o material colapse e forme novas estrelas”, explica a Nasa.

“Por outro lado, esse tipo de distúrbio também pode impedir a formação de estrelas, pois o material que as forma é erodido. Este é um equilíbrio muito delicado entre causar a formação de estrelas, e pará-la”, acrescenta.

Dessa forma, o James Webb ajudará os cientistas a avançarem em estudos que abordam “algumas das grandes incógnitas da astrofísica moderna”. Entre elas, sobre o que determina o número de estrelas que se formam em uma determinada região; e o que leva as estrelas a se formarem com suas respectivas massas.

Algo incrível a ser descoberto

Ao final do evento de divulgação das imagens, o administrador da Nasa, Bill Nelson, citou uma fala do astrônomo Carl Sagan para descrever as expectativas pela qual passam os pesquisadores envolvidos com o James Webb: “em algum lugar, algo incrível está para ser descoberto”.

“Estamos agora conseguindo responder coisas que sequer sabíamos perguntar. Progressos como esse são inspiradores, e inspiração é o combustível que move a Nasa. E é o alimento da humanidade. Vamos agora abrir o envelope. Temos de arriscar porque a premiação é maior do que o risco. É exatamente isso o que essas imagens mostram”, discursou.

Edição: Aline Leal

Fonte: EBC Geral

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Ação Social

No primeiro ano de governo, 24,4 milhões deixam de passar fome

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Insegurança alimentar e nutricional grave cai 11,4 pontos percentuais em 2023, numa projeção a partir de informações da Escala Brasileira de Segurança Alimentar (EBIA), divulgada pelo IBGE com base na PNAD Contínua

Cozinhas solidárias, programas de transferência de renda, retomada do crescimento e valorização do salário mínimo compõem a lista de ações que contribuem para a redução da fome no país. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

No Brasil, 24,4 milhões de pessoas deixaram a situação de fome em 2023. O número de pessoas que enfrentam a insegurança alimentar e nutricional grave passou de 33,1 milhões em 2022 (15,5% da população) para 8,7 milhões em 2023 (4,1%). Isso representa queda de 11,4 pontos percentuais numa projeção feita a partir de dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC), divulgada nesta quinta-feira, 25 de abril, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O amplo conjunto de políticas e programas sociais reunidos no Plano Brasil Sem Fome, a retomada do crescimento da economia e a valorização do salário mínimo são alguns fatores que recolocam o país em lugar de destaque da agenda de combate à fome no mundo. Tirar o Brasil novamente do Mapa da Fome é do presidente Lula” Wellington Dias, ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome

Na coletiva de imprensa para divulgação do estudo, o ministro Wellington Dias (Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome), avaliou que o avanço é resultado do esforço federal em retomar e reestruturar políticas de redução da fome e da pobreza. “O amplo conjunto de políticas e programas sociais reunidos no Plano Brasil Sem Fome, a retomada do crescimento da economia e a valorização do salário mínimo são alguns fatores que recolocam o país em lugar de destaque da agenda de combate à fome no mundo. Tirar o Brasil novamente do Mapa da Fome é do presidente Lula”, disse.

Para o ministro, o grande desafio agora é incluir essas 8,7 milhões de pessoas que ainda estão em insegurança alimentar grave em políticas de transferência de renda e de acesso à alimentação. “Vamos fortalecer ainda mais a Busca Ativa”, completou Dias, em referência ao trabalho para identificar e incluir em programas sociais as pessoas que mais precisam.

PESQUISA — As informações divulgadas nesta quinta são referentes ao quarto trimestre do ano passado. Foram obtidas por meio do questionário da Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA). O ministro lembrou que o governo passado não deu condições ao IBGE para realizar a pesquisa. Por isso, a Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Penssan) aplicou o EBIA com metodologia similar à do IBGE em 2022, quando o Brasil enfrentava a pandemia de Covid-19 e um cenário de desmonte de políticas, agravado por inflação de alimentos, desemprego, endividamento e ausência de estratégias de proteção social. Esse estudo chegou ao número de 33,1 milhões de pessoas em segurança alimentar grave na época.

A secretária extraordinária de Combate à Pobreza e à Fome do MDS, Valéria Burity, lembra que mesmo em comparação aos resultados de 2018, último ano em que o IBGE fez o levantamento formal, os números apresentados nesta quinta são positivos. À época havia 4,6% de domicílios em insegurança alimentar grave. Agora são 4,1%, o segundo melhor resultado em toda a série histórica do EBIA.

“Estamos falando de mais de 20 milhões de pessoas que hoje conseguem acesso à alimentação e estão livres da fome. Esses resultados mostram o acerto de uma estratégia de enfrentamento à fome que vem sendo empreendida pelo governo, que é apoiada tanto em programas sociais como na condução de uma política econômica que gera crescimento econômico, reduz desigualdades e gera acesso a emprego e renda”.

Esses resultados mostram o acerto de uma estratégia de enfrentamento à fome que é apoiada tanto em programas sociais como na condução de uma política econômica que gera crescimento econômico, reduz desigualdades e gera acesso a emprego e renda” Valéria Burity, secretária extraordinária de Combate à Pobreza e à Fome do MDS 

Valéria também destacou como ponto importante da estratégia de combate à fome a retomada da governança de segurança alimentar pelo Governo Federal, com garantia de participação social. “O presidente Lula e o ministro Wellington foram responsáveis pela retomada do Sistema de Segurança Alimentar e Nutricional, a restituição do Conselho de Segurança Alimentar e da Câmara de Segurança Alimentar, com 24 ministérios que têm a missão de articular políticas dessa área. E, no fim do ano passado, foi realizada a Conferência de Segurança Alimentar e Nutricional”, relatou.

A secretária nacional de Avaliação, Gestão da Informação e Cadastro Único do MDS, Letícia Bartholo, ressaltou o retorno da parceria do governo com o IBGE. “Depois do período da fila do osso, em que o Brasil viveu muita miséria e fome, uma das primeiras ações do MDS nessa nova gestão foi buscar o IBGE para retomar a parceria e medir a insegurança alimentar dos brasileiros”, recordou.

SUBINDO – A proporção de domicílios em segurança alimentar atingiu nível máximo em 2013, (77,4%), tempo em que o país deixou o Mapa da Fome, mas caiu em 2017-2018 (63,3%). Em 2023, subiu para 72,4%. “Após a tendência de aumento da segurança alimentar nos anos de 2004, 2009 e 2013, os dados obtidos em 2017-2018 foram marcados pela redução no predomínio de domicílios particulares que tinham acesso à alimentação adequada. Em 2023 aconteceu o contrário, ou seja, houve aumento da proporção de domicílios em segurança alimentar, assim como redução na proporção de todos os graus de insegurança alimentar”, explicou André Martins, analista da pesquisa.

 

Dados apontam a evolução da segurança alimentar no Brasil

 

NOVO BOLSA FAMÍLIA — Entre os fatores que contribuíram para o avanço apontado pela pesquisa do IBGE, está o novo Bolsa Família, lançado em março de 2023, que garante uma renda mínima de R$ 600 por domicílio. O programa incluiu em sua cesta o Benefício Primeira Infância, um adicional de R$ 150 por criança de zero a seis anos na composição familiar. O novo modelo, com foco na primeira infância, reduziu a 91,7% a pobreza nesta faixa etária. A nova versão do programa inclui, ainda, um adicional de R$ 50 para gestantes, mães em fase de amamentação e crianças de sete a 18 anos.

BPC – O ministro Wellington Dias também ressaltou a proteção social gerada pelo Benefício de Prestação Continuada (BPC), que garante um salário mínimo para pessoas aposentadas, pensionistas e com deficiência em situação de vulnerabilidade social. “Vale mencionar que o efeito econômico da Previdência e do BPC foi potencializado pelo esforço administrativo de reduzir as filas de espera para acesso aos benefícios”, disse.

MERENDA – Outra política de combate à pobreza e à fome, o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) garante refeições diárias a 40 milhões de estudantes da rede pública em todo o país e foi reajustado em 2023, após cinco anos sem aumento.

PAA – O Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) é um dos 80 programas e ações que compõem a estratégia do Plano Brasil Sem Fome. Ele assegura produção e renda aos agricultores familiares, com compra direta dos produtos para serem distribuídos na rede socioassistencial, de saúde, educação e outros equipamentos públicos. Com a participação de 24 ministérios, o Plano cria instrumentos para promover a alimentação saudável contra diversas formas de má nutrição.

ECONOMIA – No cenário macroeconômico, houve um crescimento do PIB de 2,9% e o IPCA calculado para o grupo de alimentos caiu de 11,6% em 2022 para 1,03% em 2023. É a menor taxa desde 2017.  O mercado de trabalho ganhou força e a taxa de desemprego caiu de 9,6%, em 2022, para 7,8% no ano seguinte. A massa mensal de rendimento recebido de todos os trabalhadores alcançou R$ 295,6 bilhões, maior valor da série histórica da PNAD-C.

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