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Projeto fará inventário das obras de arte sacra da Arquidiocese do Rio

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O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) anunciou hoje (23) o investimento de R$ 5,38 milhões para o projeto de preservação do acervo histórico da Arquidiocese do Rio de Janeiro. O valor, destinado por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, corresponde a 88% do investimento total.

O restante, R$ 758,7 mil, será custeado pela mineradora Vale, dentro da iniciativa Resgatando a História, lançada em julho de 2021 para a concessão de apoio financeiro à recuperação do patrimônio histórico e do acervo memorial brasileiro.

O projeto prevê a realização e divulgação do inventário das obras de arte sacra da Arquidiocese do Rio de Janeiro e a promoção do turismo cultural na zona oeste e nos subúrbios da cidade, contemplando as igrejas tombadas pelas esferas municipal, estadual e federal em todas as regiões da capital fluminense, além das edificações com acervo.

Está prevista também a implantação de sistemas de segurança patrimonial, incluindo câmeras e alarmes, em parte dos equipamentos culturais a serem inventariados, de modo a diminuir os riscos de furto de peças do catálogo.

O arcebispo do Rio, dom João Orani Tempesta, destacou que o acervo da Arquidiocese é um dos mais importantes do patrimônio histórico e artístico nacional, com obras feitas por grandes mestres como Valentim da Fonseca e Silva e Inácio Ferreira Pinto, José Leandro de Carvalho, Pedro da Cunha e Francisco Xavier de Brito, dentre outros.

“A ampliação do acesso a esses bens culturais tão valiosos e outros de grande importância afetiva para as comunidades de fiéis e pastorais da Igreja no Rio de Janeiro é, para nós, motivo de alegria, permitirá a valorização das coleções e estimulará o engajamento de presbíteros, leigos e diletantes pela salvaguarda e preservação do nosso patrimônio”, disse.

Plataforma

O projeto prevê a catalogação dos bens móveis e integrados presentes em mais de 450 igrejas e capelas, entre as quais a de Santa Rita, primeiro e maior exemplar do Rococó Religioso da Baviera, estilo artístico que entrou no Brasil via Rio de Janeiro por volta de 1750 e se difundiu pelo país; a de Nossa Senhora do Carmo da Antiga Sé, que foi capela imperial durante os reinados de D. João VI, D. Pedro I e D. Pedro II, e antiga sede dos frades carmelitas, ali estabelecidos no século 17; a de São Francisco de Paula, sede da Ordem Terceira dos Mínimos e monumento símbolo do estilo arquitetônico português do século 18, conhecido como estilo Pombalino; e a de São Francisco Xavier, um dos últimos resquícios dos jesuítas no Rio de Janeiro.

O diretor de Crédito Produtivo e Socioambiental do BNDES, Bruno Aranha, informou que será disponibilizada uma plataforma virtual de todo acervo catalogado.

“Vamos contribuir para a disseminação e democratização desse importante patrimônio, que ficará disponível para acesso e pesquisa à população em geral”, disse.

“O projeto contribuirá ainda para o turismo histórico-cultural na zona oeste e subúrbios do Rio de Janeiro, que são regiões pouco conhecidas pelo seu patrimônio histórico, embora tenham muito a oferecer”, completou.

Na avaliação do diretor-presidente do Instituto Cultural Vale, Hugo Barreto, a iniciativa de realizar um inventário de arte sacra da Arquidiocese do Rio vai permitir a “ampliação de visitas dos diversos públicos a bens culturais de valor inestimável e o fomento do turismo cultural”.

Importância

O trabalho será realizado pela Associação Cultural da Arquidiocese do Rio de Janeiro (Acarj). Segundo o professor Carlos Alberto Serpa de Oliveira, diretor da entidade, o Inventário da Arquidiocese do Rio consiste em uma ação de “importância ímpar” para a Acarj.

“Nos nossos mais de 30 anos de existência e, enquanto associação que atua como verdadeiro arauto da preservação cultural, estamos testemunhando um dos episódios mais marcantes para salvaguarda dos bens culturais de diversas regiões consideradas periféricas e outros monumentos de vultosa importância histórica e artística”.

Para ele, a instalação de câmeras de segurança em alguns dos edifícios mais vulneráveis da Arquidiocese vai corroborar para a proteção e fruição das coleções.

Após a conclusão do inventário, o acervo passará a ser divulgado por meio da criação de um circuito de visitação que contará com a participação de escolas e agências de viagens.

Estão previstas ainda oficinas de capacitação para agentes culturais e patrimoniais locais; exposição itinerante, com curadoria participativa das comunidades do entorno das igrejas; e publicações impressas e digitais do catálogo do acervo inventariado, bem como de uma revista com material voltado para a educação patrimonial.

Edição: Lílian Beraldo

Fonte: EBC Geral

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Ação Social

No primeiro ano de governo, 24,4 milhões deixam de passar fome

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Insegurança alimentar e nutricional grave cai 11,4 pontos percentuais em 2023, numa projeção a partir de informações da Escala Brasileira de Segurança Alimentar (EBIA), divulgada pelo IBGE com base na PNAD Contínua

Cozinhas solidárias, programas de transferência de renda, retomada do crescimento e valorização do salário mínimo compõem a lista de ações que contribuem para a redução da fome no país. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

No Brasil, 24,4 milhões de pessoas deixaram a situação de fome em 2023. O número de pessoas que enfrentam a insegurança alimentar e nutricional grave passou de 33,1 milhões em 2022 (15,5% da população) para 8,7 milhões em 2023 (4,1%). Isso representa queda de 11,4 pontos percentuais numa projeção feita a partir de dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC), divulgada nesta quinta-feira, 25 de abril, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O amplo conjunto de políticas e programas sociais reunidos no Plano Brasil Sem Fome, a retomada do crescimento da economia e a valorização do salário mínimo são alguns fatores que recolocam o país em lugar de destaque da agenda de combate à fome no mundo. Tirar o Brasil novamente do Mapa da Fome é do presidente Lula” Wellington Dias, ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome

Na coletiva de imprensa para divulgação do estudo, o ministro Wellington Dias (Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome), avaliou que o avanço é resultado do esforço federal em retomar e reestruturar políticas de redução da fome e da pobreza. “O amplo conjunto de políticas e programas sociais reunidos no Plano Brasil Sem Fome, a retomada do crescimento da economia e a valorização do salário mínimo são alguns fatores que recolocam o país em lugar de destaque da agenda de combate à fome no mundo. Tirar o Brasil novamente do Mapa da Fome é do presidente Lula”, disse.

Para o ministro, o grande desafio agora é incluir essas 8,7 milhões de pessoas que ainda estão em insegurança alimentar grave em políticas de transferência de renda e de acesso à alimentação. “Vamos fortalecer ainda mais a Busca Ativa”, completou Dias, em referência ao trabalho para identificar e incluir em programas sociais as pessoas que mais precisam.

PESQUISA — As informações divulgadas nesta quinta são referentes ao quarto trimestre do ano passado. Foram obtidas por meio do questionário da Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA). O ministro lembrou que o governo passado não deu condições ao IBGE para realizar a pesquisa. Por isso, a Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Penssan) aplicou o EBIA com metodologia similar à do IBGE em 2022, quando o Brasil enfrentava a pandemia de Covid-19 e um cenário de desmonte de políticas, agravado por inflação de alimentos, desemprego, endividamento e ausência de estratégias de proteção social. Esse estudo chegou ao número de 33,1 milhões de pessoas em segurança alimentar grave na época.

A secretária extraordinária de Combate à Pobreza e à Fome do MDS, Valéria Burity, lembra que mesmo em comparação aos resultados de 2018, último ano em que o IBGE fez o levantamento formal, os números apresentados nesta quinta são positivos. À época havia 4,6% de domicílios em insegurança alimentar grave. Agora são 4,1%, o segundo melhor resultado em toda a série histórica do EBIA.

“Estamos falando de mais de 20 milhões de pessoas que hoje conseguem acesso à alimentação e estão livres da fome. Esses resultados mostram o acerto de uma estratégia de enfrentamento à fome que vem sendo empreendida pelo governo, que é apoiada tanto em programas sociais como na condução de uma política econômica que gera crescimento econômico, reduz desigualdades e gera acesso a emprego e renda”.

Esses resultados mostram o acerto de uma estratégia de enfrentamento à fome que é apoiada tanto em programas sociais como na condução de uma política econômica que gera crescimento econômico, reduz desigualdades e gera acesso a emprego e renda” Valéria Burity, secretária extraordinária de Combate à Pobreza e à Fome do MDS 

Valéria também destacou como ponto importante da estratégia de combate à fome a retomada da governança de segurança alimentar pelo Governo Federal, com garantia de participação social. “O presidente Lula e o ministro Wellington foram responsáveis pela retomada do Sistema de Segurança Alimentar e Nutricional, a restituição do Conselho de Segurança Alimentar e da Câmara de Segurança Alimentar, com 24 ministérios que têm a missão de articular políticas dessa área. E, no fim do ano passado, foi realizada a Conferência de Segurança Alimentar e Nutricional”, relatou.

A secretária nacional de Avaliação, Gestão da Informação e Cadastro Único do MDS, Letícia Bartholo, ressaltou o retorno da parceria do governo com o IBGE. “Depois do período da fila do osso, em que o Brasil viveu muita miséria e fome, uma das primeiras ações do MDS nessa nova gestão foi buscar o IBGE para retomar a parceria e medir a insegurança alimentar dos brasileiros”, recordou.

SUBINDO – A proporção de domicílios em segurança alimentar atingiu nível máximo em 2013, (77,4%), tempo em que o país deixou o Mapa da Fome, mas caiu em 2017-2018 (63,3%). Em 2023, subiu para 72,4%. “Após a tendência de aumento da segurança alimentar nos anos de 2004, 2009 e 2013, os dados obtidos em 2017-2018 foram marcados pela redução no predomínio de domicílios particulares que tinham acesso à alimentação adequada. Em 2023 aconteceu o contrário, ou seja, houve aumento da proporção de domicílios em segurança alimentar, assim como redução na proporção de todos os graus de insegurança alimentar”, explicou André Martins, analista da pesquisa.

 

Dados apontam a evolução da segurança alimentar no Brasil

 

NOVO BOLSA FAMÍLIA — Entre os fatores que contribuíram para o avanço apontado pela pesquisa do IBGE, está o novo Bolsa Família, lançado em março de 2023, que garante uma renda mínima de R$ 600 por domicílio. O programa incluiu em sua cesta o Benefício Primeira Infância, um adicional de R$ 150 por criança de zero a seis anos na composição familiar. O novo modelo, com foco na primeira infância, reduziu a 91,7% a pobreza nesta faixa etária. A nova versão do programa inclui, ainda, um adicional de R$ 50 para gestantes, mães em fase de amamentação e crianças de sete a 18 anos.

BPC – O ministro Wellington Dias também ressaltou a proteção social gerada pelo Benefício de Prestação Continuada (BPC), que garante um salário mínimo para pessoas aposentadas, pensionistas e com deficiência em situação de vulnerabilidade social. “Vale mencionar que o efeito econômico da Previdência e do BPC foi potencializado pelo esforço administrativo de reduzir as filas de espera para acesso aos benefícios”, disse.

MERENDA – Outra política de combate à pobreza e à fome, o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) garante refeições diárias a 40 milhões de estudantes da rede pública em todo o país e foi reajustado em 2023, após cinco anos sem aumento.

PAA – O Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) é um dos 80 programas e ações que compõem a estratégia do Plano Brasil Sem Fome. Ele assegura produção e renda aos agricultores familiares, com compra direta dos produtos para serem distribuídos na rede socioassistencial, de saúde, educação e outros equipamentos públicos. Com a participação de 24 ministérios, o Plano cria instrumentos para promover a alimentação saudável contra diversas formas de má nutrição.

ECONOMIA – No cenário macroeconômico, houve um crescimento do PIB de 2,9% e o IPCA calculado para o grupo de alimentos caiu de 11,6% em 2022 para 1,03% em 2023. É a menor taxa desde 2017.  O mercado de trabalho ganhou força e a taxa de desemprego caiu de 9,6%, em 2022, para 7,8% no ano seguinte. A massa mensal de rendimento recebido de todos os trabalhadores alcançou R$ 295,6 bilhões, maior valor da série histórica da PNAD-C.

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