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Projeto distribui em dois anos 500 toneladas de alimentos orgânicos

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Nos dois anos de pandemia de covid-19, o projeto Orgânico Solidário – plataforma sem fins lucrativos organizada sob a forma de um fundo filantrópico – conseguiu arrecadar mais de R$ 3,5 milhões em doações de pessoas físicas e jurídicas, que resultaram na distribuição de mais de 75 mil cestas orgânicas para cerca de 80 comunidades em quatro estados do país. No total, foram mais de 500 toneladas de alimentos entregues, oriundos de uma rede composta por 100 agricultores familiares.

O criador do projeto, Aziz Camali Constantino, disse que a ideia surgiu como resultado direto do impacto da pandemia. Ele montou um grupo de empresas e empreendedores amigos e percebeu que seria mais eficiente pensar em uma solução cujo centro fosse o próprio impacto causado pela covid-19. “A partir daí, a gente mapeou o território da fome porque muita gente, no começo da pandemia, estava olhando para a saúde, para respiradores e outros equipamentos. E a gente viu que quando faltasse comida no prato das pessoas, qualquer tese de saúde pública, de educação, iria para o ralo”.

ORGÂNICO SOLIDÁRIO ORGÂNICO SOLIDÁRIO

ORGÂNICO SOLIDÁRIO – Mario Grave/Agência Is

O foco, então, foi não fomentar uma cesta seca, da filantropia social tradicional, que não tem quase nada de nutrição, disse Constantino. “A gente percebeu que precisava falar de segurança alimentar, de agroecologia. Criamos uma cesta fresca, com frutas, legumes e verduras que, além de alimentar com algo que é escasso nas periferias, gerasse renda para o agricultor, para o produtor orgânico”, explicou.

Rede

Usando inteligência e tecnologia, o Orgânico Solidário não opera somente em emergências e desastres, mas está atualmente em seis estados (Rio de Janeiro, São Paulo, Santa Catarina, Paraná, Bahia e Goiás), atuando por meio de mais de 20 projetos em comunidades pelo Brasil. Os alimentos frescos são entregues de forma recorrente, dando dignidade às pessoas e acompanhando a transformação do que é uma família com acesso a esse tipo de comida saudável.

Aziz afirmou que é difícil pensar em meta para 2022 em um país como o Brasil, onde morre mais gente de má alimentação do que de falta de comida, “um país que fomenta o agronegócio que não alimenta ninguém. A gente percebe que entregar comida é uma premissa”. Ele lembrou que, infelizmente, o Brasil produz hoje menos vegetais e verduras do que o Japão. Daí, o papel fundamental do projeto de fortalecer a agricultura orgânica.

Como organização social, o exercício do fundo hoje é buscar novos doadores, sejam empresas apoiadoras ou pessoas, para aumentar o cinturão de doação. “O grande segredo do nosso modelo é que a gente não buscou só fundações, institutos e empresas privadas. A gente democratizou a linguagem da filantropia. A gente gosta de falar que a microfilantropia também é algo que falta no Brasil”.

Segundo o criador do Orgânico Solidário, o Brasil é uma das principais economias do mundo, mesmo em crise. Mas, ao mesmo tempo, é uma das nações mais desiguais do planeta, “porque as pessoas não gostam de dividir”. Adaptando a linguagem, percebeu-se que a cada R$ 50, uma pessoa pode ajudar uma família. “Eu democratizo isso para qualquer família pelo Brasil poder se sensibilizar”. Por isso, o projeto conta hoje com grande rede de pessoas físicas, formada por mais de 8 mil doadores individuais, que ajudam na formação desse cinturão. “Entre 15% e 20% das nossas doações vêm de pessoas físicas”.

Constantino lembrou ainda que as pessoas físicas podem contribuir fazendo campanhas, como trocando presentes de aniversário por doações para o projeto. Segundo ele, é preciso pensar que, “se está ruim para mim, está pior para outras pessoas”.

Fomento e renda

Ao mesmo tempo em que se preocupa em alimentar bem famílias carentes, o Orgânico Solidário procura fomentar e fortalecer o agricultor orgânico. “Hoje, são mais de 100 produtores na nossa rede. A gente gera renda para eles”. Na cesta fornecida pelo projeto, o dinheiro não vai para a indústria, como ocorre no modelo da cesta básica tradicional. A doação na cesta fresca do Orgânico Solidário vai diretamente para o agricultor familiar, o produtor orgânico, garantindo safra para eles.

Quem quiser ser doador pode entrar no site do projeto. A plataforma permite doar por pix, boleto, cartão, parcelado, doação recorrente. “Hoje não tem motivo para não doar”, garantiu Aziz Constantino. Os recursos alimentam as doações recorrentes de cestas frescas que ocorrem toda semana. “São dois anos, em que falo com muito orgulho e ‘ralação’, de entregas toda semana. A gente não parou de entregar uma semana sequer pelo Brasil”.

ORGÂNICO SOLIDÁRIO ORGÂNICO SOLIDÁRIO

ORGÂNICO SOLIDÁRIO – Mario Grave/Agência Is

Ele destacou que o projeto surgiu sem investimento ou planejamento, com tempo parcial, porque todos os envolvidos são empreendedores, que têm de pensar em suas empresas e famílias. Mas priorizou a espontaneidade. “Se cada um fizer um pouquinho, é possível a gente se mobilizar em grupos para gerar impactos significativos”.

Acrescentou que o projeto é extremamente profissionalizado. As doações caem em um fundo filantrópico gerido pela Sitawi Finanças do Bem, que audita os recursos. Entre as marcas parceiras, estão a PagSeguro, que oferece taxas reduzidas para o pagamento das doações pelo site, e a Klabin, que doa caixas em que os alimentos são distribuídos. Existe monitoramento para saber se as doações das cestas estão chegando aos locais certos. “A gente conseguiu mostrar que é possível olhar para o impacto, para a filantropia, sem pensar nos modelos sofisticados, como criar uma organização não governamental (ONG)”, disse Aziz Constantino.

As cestas têm o valor de R$ 50 cada e incluem itens variados. São mais de 6 quilos de frutas, legumes e verduras. Agricultores orgânicos, em parceria com operadores locais em cada região atendida, fazem a colheita, seleção dos produtos, montagem e entrega das cestas.

De acordo com o criador do Orgânico Solidário, utilizar alimentos orgânicos garante ter à mesa produtos sem agrotóxicos, com maior valor nutricional, o que torna a comida mais saborosa e ajuda no aumento de anticorpos.

Edição: Graça Adjuto

Fonte: EBC Geral

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Brasil reduz dependência de petróleo e gás natural na oferta de energia da matriz energética

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Relatório elaborado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) em parceria com o MME evidencia o recuo da participação de fontes fósseis na última década aponta avanços do país dentro da transição energética

Nos últimos 10 anos, o Brasil tem feito uma significativa transformação na matriz energética, conforme revelado pelo Balanço Energético Nacional (BEN) 2024, elaborado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) em parceria com o Ministério de Minas e Energia (MME). Os dados, divulgados nesta semana, demonstram uma queda na participação de petróleo e derivados, que passou de 39,2% para 35,1%, e do gás natural, de 13,5% para 9,6% no período. A mudança aponta os avanços do país na diversificação e sustentabilidade da oferta energética nacional.

“A redução na dependência de fontes fósseis reflete o nosso esforço contínuo para fortalecer a renovação do setor energético nacional. Nos últimos anos, nossas políticas públicas e investimentos estratégicos têm impulsionado o crescimento de fontes alternativas, como energia solar, eólica e biomassa. Essa transição contribui significativamente para a mitigação das emissões de gases de efeito estufa (GEE)”, destaca o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.

Com vasto potencial natural, o Brasil se posiciona como líder emergente na transição energética global, como aponta relatório do Fórum Econômico Mundial divulgado nesta semana. À medida em que o país reafirma o compromisso com a inovação e a sustentabilidade, a redução na dependência de petróleo e gás natural pode ser um catalisador para um futuro energético mais limpo e seguro para todos os brasileiros.

Mais informações sobre o BEN  O Balanço Energético Nacional divulga, anualmente, uma extensa pesquisa e a contabilidade de dados relativos à oferta e consumo de energia no Brasil, levantados pela EPE. O relatório contempla as atividades de extração de recursos energéticos primários, sua conversão em formas secundárias, a importação e exportação, a distribuição e o uso final da energia.

Até a próxima semana, o Ministério de Minas Energia divulgará uma série de matérias detalhando os principais destaques do BEN 2024 em relação aos setores de energia elétrica, planejamento energético, petróleo, gás natural e biocombustíveis.

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