Nacional

Número de jovens na Fundação Casa cai pela metade em seis anos em SP

Publicado

em


O número de jovens infratores internados na Fundação Casa caiu pela metade no estado de São Paulo em um período de seis anos. O total de jovens internados, que chegou a 10.165 em agosto de 2015, caiu para 5.167 no mesmo mês deste ano, segundo dados da instituição.

O secretário da Justiça e Cidadania do estado de São Paulo e presidente da Fundação Casa, Fernando José da Costa, explicou que a queda tem sido gradual e está relacionada a uma combinação de fatores. Ele ressalta que o número não reduziu drasticamente em razão da pandemia, mas vem caindo gradativamente nos últimos anos. No total, são oferecidas 7,6 mil vagas em 121 centros socioeducativos, localizados em 47 cidades paulistas.

“Em 2015, chegamos a ter um pico de aproximadamente 10,5 mil jovens com determinação judicial de internação na Fundação Casa no estado de São Paulo. Desse período para cá, nós tivemos uma significativa mudança nas determinações judiciais de internação”, disse.

Então, um fator para essa redução foi alteração no Poder Judiciário, que passou a adotar mais medidas alternativas, que incluem prestação de serviços e liberdade assistida, do que medidas de internação.

O secretário destacou que o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) determina que a internação dos jovens que cometem ato infracional é uma medida excepcional e deve ser aplicada em último caso. “Qualquer medida que seja, que possa substituir a internação, ela deve ser aplicada. Ela é exceção e deve ser aplicada apenas nos casos excepcionais.”

“O segundo motivo foi o envelhecimento da população no estado de São Paulo e até da população brasileira. Nós passamos, nesses últimos anos, a ter uma quantidade menor de jovens. E o terceiro fator está relacionado à diminuição da criminalidade no estado nesses últimos anos”, acrescentou Costa.

Infrações

Dados da instituição mostram que metade dos jovens em internação praticaram ato infracional de tráfico de drogas. Pouco mais de 35% praticaram roubo qualificado ou simples e 3,8% cometeram furto qualificado ou simples.

“A maior parte dos internos da Fundação Casa são relacionados a tráfico, roubo e furto. O que nós verificamos é que são determinados crimes que muitas vezes aquelas pessoas, no caso do tráfico, são utilizadas como o famoso mula – aquela pessoa que leva a droga para um lado e para o outro -, que não é o grande líder da facção criminosa, que não é o grande traficante”, explicou.

Esse jovem que acaba com determinação de internação na Fundação Casa não é quem lucra com o tráfico de drogas, ele recebe pouco dinheiro para fazer o transporte das drogas, mas é quem acaba se expondo ao risco e sendo pego pelas autoridades policiais, conforme explicou o secretário.

Ele afirma também que, nos casos de roubos e furtos cometidos por jovens, estão em geral relacionados a valores pequenos, como subtração de celulares e relógios. “Então são pessoas que estão começando a vida e que infelizmente erram e recebem essas medidas socioeducativas e passa a ser uma obrigação do estado de devolvê-los à sociedade melhor do que entraram.”

O secretário ressalta que o índice de crimes graves entre os jovens é muito menor. Apenas 2,8% dos jovens em internação na instituição cometeram homicídios, incluindo doloso qualificado, doloso, simples, culposo e doloso privilegiado, e 0,9% praticaram latrocínio.

Novo programa

Diante dessa realidade e com o objetivo de manter a tendência de queda nas internações, o secretário anunciou o início, em novembro, de um programa estadual para acompanhamento dos jovens que finalizam a medida socioeducativa na instituição. Com a medida, eles terão acompanhamento psicossocial e uma ponte com o mercado de trabalho, a fim de evitar a reincidência em atos infracionais.

“Nós estamos implementando no estado de São Paulo pela primeira vez um programa de pós-medida [socioeducativa] com todos os jovens que sairão do sistema da Fundação Casa”, disse o secretário, explicando que uma organização do sociedade civil, contratada pelo estado, fará a capacitação, a intermediação com empresas e o acompanhamento dos jovens nos primeiros seis meses após o cumprimento de sua medida socioeducativa.

O prazo de seis meses foi estabelecido com base em levantamento sobre a reincidência dos jovens que passaram pela Fundação Casa. “Os dados apontam que metade dos jovens que reincidem, que praticam um novo ato infracional, praticam nos primeiros seis meses. Então é crucial os primeiros seis meses para esse jovem seguir um caminho correto na vida ou errar novamente.”

“Nós pesquisamos e verificamos que esse índice de criminalidade acontece em razão de falta de oportunidade, falta de capacitação, falta de empregabilidade e falta de orientação psicossocial e familiar. Então se o estado, fizer um [programa] pós-medida [socioeducativa], que é o que nós estamos passando a fazer, o índice de reincidência desse jovem de retorno à Fundação Casa ou de ingresso ao sistema prisional vai diminuir”, finalizou Costa

Edição: Aline Leal

Fonte: EBC Geral

Comentários do Facebook
Continue lendo
Propaganda
Clique para comentar

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Nacional

Lula segue para o Rio Grande do Sul, acompanhado de ministros e líderes dos poderes Legislativo e Judiciário

Publicados

em

Estado registra 329 municípios atingidos e 686.482 pessoas afetadas. A frente fria tem previsão de altos volumes de chuva para o norte do Rio Grande do Sul, todo o estado de Santa Catarina e sul do Paraná

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, seguiu para o Rio Grande do Sul na manhã deste domingo, 5 de maio, acompanhado por uma comitiva de ministros e líderes dos poderes Legislativo e Judiciário. O grupo se une aos ministros Paulo Pimenta (Secretaria de Comunicação Social) e Waldez Góes (Integração e Desenvolvimento Regional), que já estão no estado e acompanham de perto as ações de socorro e assistência do Governo Federal à população gaúcha.

Embarcaram com o presidente a primeira-dama, Janja Lula, e os ministros Rui Costa (Casa Civil), José Mucio (Defesa), Fernando Haddad (Fazenda), Renan Filho (Transportes), Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos), Camilo Santana (Educação), Nísia Trindade (Saúde), Luiz Marinho (Trabalho e Emprego), Wellington Dias (Desenvolvimento Social e Combate à Fome), Marina Silva (Meio Ambiente e Mudança do Clima), Jader Filho (Cidades), Márcio Macêdo (Secretaria-Geral) e Alexandre Padilha (Secretaria de Relações Institucionais). Também seguem para o Rio Grande do Sul os presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco, e da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, os ministros Edson Fachin (STF) e Bruno Dantas (presidente do Tribunal de Contas da União), além do comandante do Exército Brasileiro, general Tomás Paiva.

Neste domingo, durante o Regina Caeli (uma das peças da liturgia católica, denominadas “antífonas marianas”), o Papa Francisco manifestou solidariedade e dirigiu suas orações aos povos dos estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, afetados pelas fortes chuvas e enchentes.

Atualizações nas ações de socorro e assistência ao Rio Grande do Sul

Ministério da Defesa
Resgate de pessoas isoladas em Lajeado, Encantado, Taquari, Estrela, Nova Santa Rita, Montenegro, Sinimbu, Canoas, Bento Gonçalves, Campo Bom e São Sebastião do Caí. Em São Gabriel, Bagé, Alegrete e Cristal, também foram realizadas operações de apoio à reestruturação de imóveis destruídos e realocação de pessoas desabrigadas. Em Candelária e São Valentim do Sul, o contingente ainda realizou a desobstrução de vias. Em Restinga Seca, atuaram para o lançamento de uma ponte e restituição dos acessos. Em Porto Alegre e Cachoeira do Sul, atuaram no apoio à organização e distribuição de doações e aos abrigos de desabrigados. Foram realizados 9.749 resgates nos últimos dias, sendo 402 aéreos, 2.340 fluviais e 7.007 terrestres – 69 pessoas demandaram um trabalho de evacuação aeromédica. São 647 militares das Forças Armadas envolvidos nas operações, sendo 426 do Exército, 155 da Marinha e 66 da Força Aérea.

Força Aérea Brasileira (FAB)
Nesta madrugada, a aeronave KC-390 Millennium transportou mais de 18 toneladas de materiais do Grupamento de Apoio Logístico de Campanha (GALC). Decolou da Base Aérea do Galeão, no Rio de Janeiro (RJ) com destino à Base Aérea de Canoas, transportando geradores, banheiros químicos, barracas operacionais, colchões, materiais de apoio elétrico e hidráulico que vão prover suporte de alimentação, alojamento, higienização (banho e sanitários) e manutenção da assistência à população gaúcha. Além de toda a carga, a aeronave ainda transportou 14 militares do GALC, que farão a montagem de toda a estrutura em Canoas. A atuação desse efetivo tem a finalidade de apoiar logisticamente as operações na calamidade pública.

Polícia Rodoviária Federal (PRF)
No balanço da manhã, a PRF apontou a previsão de reforço de 75 agentes no efetivo envolvido nas operações. Até o momento, estão destacados 99. A força relatou extrema dificuldade de movimentação do efetivo em razão dos pontos bloqueados. Estão empregadas na operação 20 viaturas e três aeronaves. Cento e cinquenta resgates terrestres já foram realizados e 54 pessoas (e três animais) demandaram resgate aéreo.

BALANÇO — De acordo com a última atualização do governo estadual, são 329 municípios atingidos e já são 686.482 pessoas afetadas. O estado contabiliza 79.253 desalojadas e outras 14.447 pessoas em abrigos, com 72 mortes, 150 feridos e 103 desaparecidas.

PREVISÃO DO TEMPO — De acordo com os órgãos de monitoramento e previsão hidrometeorológica — Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), Serviço Geológico do Brasil (SGB) e Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) — a frente fria tem previsão de altos volumes de chuva para o norte do Rio Grande do Sul, todo o estado de Santa Catarina e sul do Paraná.

Comentários do Facebook
Continue lendo

MAIS LIDAS DA SEMANA