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Entidades apontam uma morte na madrugada em decorrência do frio em SP

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Entidades que acompanham a população em situação de rua em São Paulo apontam pelo menos uma morte em decorrência do frio na madrugada de hoje (30) na capital. O caso foi registrado na Praça da Sé. De acordo com o Centro de Gerenciamento de Emergências Climáticas da Prefeitura de São Paulo, esta foi a noite mais fria do ano, com média da temperatura mínima de 5,7 graus Celcius (ºC). Não fazia tanto frio assim na cidade desde julho de 2019.

Padre Júlio Lancellotti, da Pastoral do Povo da Rua, aponta que essas mortes por hipotermia são subnotificadas, pois os médicos registram, normalmente, a patologia de base. “A pessoa teve um infarto, mas estava deitada na rua em um papelão com 5ºC, então o que aconteceu? O que potencializou foi o frio”, questiona. Ele lembra que casos de infartos, por exemplo, aumentam no inverno

Segundo o padre, a morte na Sé foi identificada como colite, uma inflamação do cólon. A Secretaria de Saúde do Município informou que não foi verificada ocorrência de verificação de óbito com essas características. “Constatam parada cardíaca, infarto do miocárdio, pneumonia, cirrose, nunca se diz que foi por causa do frio. Para chegar à constatação de hipotermia precisaria fazer exames muito sofisticados que não são feitos”, lamenta.

A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo apontou que não foi acionada para casos envolvendo a população de rua na região da Sé. Foi verificada uma ocorrência envolvendo a população de rua na noite de ontem (29). Segundo a pasta, a vítima teve o corpo incendiado e foi hospitalizada. Ainda segundo o órgão, mortes por causa natural são encaminhadas aos órgãos de saúde para emissão da declaração de óbito e demais providências legais.

Além deste caso da Sé, Darcy Costa, do Movimento Nacional da População de Rua, relata estar acompanhando o caso de outro homem morto por morte natural nesta madrugada na mesma região. O movimento calcula pelo menos 12 mortes por causa natural nas ruas de São Paulo desde o início do ano, especialmente nas noites de frio mais intenso. 

“A insalubridade dos serviços [de acolhimento], a falta de segurança dentro dos serviços faz com que a população de rua procure evitar os espaços. E faz com que as pessoas permaneçam na rua, às vezes se sentem mais seguras na maloca delas”, aponta Costa.

Censo feito em 2019 pela prefeitura apontou que há 24.344 pessoas em situação de rua na cidade de São Paulo.

Números

De acordo com a Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social, a prefeitura dispõe de 101 Centros de Acolhida para População em Situação de Rua, com mais de 24 mil vagas. A pasta informou ainda que, devido à nova onda de frio, providenciou que o Clube Esportivo Pelezão receba pessoas que aceitarem o acolhimento das equipes Operação Baixas Temperaturas a partir de hoje (30). Nesta unidade são 140 vagas.

Ainda segundo a prefeitura, 227 pessoas foram acolhidas na madrugada desta quarta-feira. Foram registradas 30 recusas e foram distribuídos 200 cobertores. Desde 30 de abril, a prefeitura contabiliza 10.744 acolhimentos, 779 recusas e 9.537 cobertores distribuídos.

O governo de São Paulo anunciou hoje (30) que vai doar à população em situação de rua da capital 25 mil cobertores e 25 mil sacos térmicos de dormir.

Solução emergencial

Lancellotti e Costa defendem como solução emergencial mais efetiva a disponibilidade de leitos na rede hoteleira ou pensões. “Está sendo usada timidamente”, avaliou o padre da Pastoral do Povo da Rua. Ele também defende um controle de vagas centralizado para permitir melhores condições de oferta nos abrigos. 

“Pessoas que estão mais fragilizadas, pessoas idosas, mães com crianças [deveriam ficar nas vagas dos hotéis]. E garantir também a higiene dos espaços, porque muitas vezes fica insuportável, precisa de um operacional contínuo. Deveria-se diminuir o número de pessoas num mesmo abrigo, esse modelo de galpão com centenas de pessoas”, avaliou Costa.

Solicitação

A prefeitura destaca que a população pode solicitar uma abordagem social pela Central 156 (ligação gratuita nas opções 0 e em seguida 3). O pedido pode ser anônimo e é necessário informar o endereço onde a pessoa em situação de rua está, citar características físicas e detalhes da vestimenta.

Edição: Aline Leal

Fonte: EBC Geral

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Lula segue para o Rio Grande do Sul, acompanhado de ministros e líderes dos poderes Legislativo e Judiciário

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Estado registra 329 municípios atingidos e 686.482 pessoas afetadas. A frente fria tem previsão de altos volumes de chuva para o norte do Rio Grande do Sul, todo o estado de Santa Catarina e sul do Paraná

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, seguiu para o Rio Grande do Sul na manhã deste domingo, 5 de maio, acompanhado por uma comitiva de ministros e líderes dos poderes Legislativo e Judiciário. O grupo se une aos ministros Paulo Pimenta (Secretaria de Comunicação Social) e Waldez Góes (Integração e Desenvolvimento Regional), que já estão no estado e acompanham de perto as ações de socorro e assistência do Governo Federal à população gaúcha.

Embarcaram com o presidente a primeira-dama, Janja Lula, e os ministros Rui Costa (Casa Civil), José Mucio (Defesa), Fernando Haddad (Fazenda), Renan Filho (Transportes), Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos), Camilo Santana (Educação), Nísia Trindade (Saúde), Luiz Marinho (Trabalho e Emprego), Wellington Dias (Desenvolvimento Social e Combate à Fome), Marina Silva (Meio Ambiente e Mudança do Clima), Jader Filho (Cidades), Márcio Macêdo (Secretaria-Geral) e Alexandre Padilha (Secretaria de Relações Institucionais). Também seguem para o Rio Grande do Sul os presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco, e da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, os ministros Edson Fachin (STF) e Bruno Dantas (presidente do Tribunal de Contas da União), além do comandante do Exército Brasileiro, general Tomás Paiva.

Neste domingo, durante o Regina Caeli (uma das peças da liturgia católica, denominadas “antífonas marianas”), o Papa Francisco manifestou solidariedade e dirigiu suas orações aos povos dos estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, afetados pelas fortes chuvas e enchentes.

Atualizações nas ações de socorro e assistência ao Rio Grande do Sul

Ministério da Defesa
Resgate de pessoas isoladas em Lajeado, Encantado, Taquari, Estrela, Nova Santa Rita, Montenegro, Sinimbu, Canoas, Bento Gonçalves, Campo Bom e São Sebastião do Caí. Em São Gabriel, Bagé, Alegrete e Cristal, também foram realizadas operações de apoio à reestruturação de imóveis destruídos e realocação de pessoas desabrigadas. Em Candelária e São Valentim do Sul, o contingente ainda realizou a desobstrução de vias. Em Restinga Seca, atuaram para o lançamento de uma ponte e restituição dos acessos. Em Porto Alegre e Cachoeira do Sul, atuaram no apoio à organização e distribuição de doações e aos abrigos de desabrigados. Foram realizados 9.749 resgates nos últimos dias, sendo 402 aéreos, 2.340 fluviais e 7.007 terrestres – 69 pessoas demandaram um trabalho de evacuação aeromédica. São 647 militares das Forças Armadas envolvidos nas operações, sendo 426 do Exército, 155 da Marinha e 66 da Força Aérea.

Força Aérea Brasileira (FAB)
Nesta madrugada, a aeronave KC-390 Millennium transportou mais de 18 toneladas de materiais do Grupamento de Apoio Logístico de Campanha (GALC). Decolou da Base Aérea do Galeão, no Rio de Janeiro (RJ) com destino à Base Aérea de Canoas, transportando geradores, banheiros químicos, barracas operacionais, colchões, materiais de apoio elétrico e hidráulico que vão prover suporte de alimentação, alojamento, higienização (banho e sanitários) e manutenção da assistência à população gaúcha. Além de toda a carga, a aeronave ainda transportou 14 militares do GALC, que farão a montagem de toda a estrutura em Canoas. A atuação desse efetivo tem a finalidade de apoiar logisticamente as operações na calamidade pública.

Polícia Rodoviária Federal (PRF)
No balanço da manhã, a PRF apontou a previsão de reforço de 75 agentes no efetivo envolvido nas operações. Até o momento, estão destacados 99. A força relatou extrema dificuldade de movimentação do efetivo em razão dos pontos bloqueados. Estão empregadas na operação 20 viaturas e três aeronaves. Cento e cinquenta resgates terrestres já foram realizados e 54 pessoas (e três animais) demandaram resgate aéreo.

BALANÇO — De acordo com a última atualização do governo estadual, são 329 municípios atingidos e já são 686.482 pessoas afetadas. O estado contabiliza 79.253 desalojadas e outras 14.447 pessoas em abrigos, com 72 mortes, 150 feridos e 103 desaparecidas.

PREVISÃO DO TEMPO — De acordo com os órgãos de monitoramento e previsão hidrometeorológica — Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), Serviço Geológico do Brasil (SGB) e Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) — a frente fria tem previsão de altos volumes de chuva para o norte do Rio Grande do Sul, todo o estado de Santa Catarina e sul do Paraná.

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