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Caminhos da Reportagem discute a cultura do cancelamento virtual

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Todos os dias uma celebridade ou influenciador digital é cancelado na internet. Campanhas propõem que essas pessoas sejam “anuladas” e percam fãs e seguidores. Mas, afinal, o que é a cultura do cancelamento? O programa Caminhos da Reportagem deste domingo (5) vai discutir e explicar esse assunto que já foi tema até de prova de redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

De acordo com a especialista em marketing digital Elis Monteiro, o cancelamento é “um movimento coordenado na maioria das vezes por pessoas que estão na internet e se reúnem para odiar alguém junto, ou seja, eles decidem que aquela pessoa não merece existir no mundo digital”.

O movimento iniciado em 2017 por atrizes estadunidenses contra o assédio e abuso sexual, o #metoo – eu também, em português – foi considerado um marco para a cultura do cancelamento. A ação ganhou força nas redes sociais e propunha a exposição e o boicote de abusadores e assediadores. Em pouco tempo foi replicada em todo o mundo.

Uma pesquisa publicada em 2020 pela agência de publicidade digital Mutato analisou mais de 8 mil comentários publicados na internet. O documento dividiu as ações online em três: a primeira seria o boicote, que geralmente está relacionado à política, marcas, pessoas ou instituições em posição de poder. Dificilmente é efetiva. A segunda seria o ban, ou close errado, que seria um movimento informal que atinge celebridades e anônimos, mas é pontual. E, por fim, o linchamento virtual e cancelamento. Boa parte dos entrevistados ouvidos, 79% deles, é contrário ao cancelamento.

Em um ano, de 2019 até 2020, a palavra cancelamento foi citada quase 20 mil vezes na internet, segundo a pesquisa. No ano passado, ela foi mencionada mais de 60 mil vezes, o que representa um crescimento de mais de 200%.

Em vários casos, o cancelamento ultrapassa os limites digitais e afeta também a vida off-line.

A youtuber Viih Tube conta que foi agredida na rua depois de ser cancelada na internet por causa de um vídeo. “A primeira vez que eu saí de casa depois de muita coisa que eu vivi dentro de casa…dificuldade de comer, de levantar, só chorava. Eu fui agredida por um homem na rua que eu nem conhecia, porque me viu pelo cancelamento ficou super irritado com o vídeo e literalmente me agrediu…foi uma coisa surreal que eu vivi no primeiro momento que eu quis pisar fora de casa”, conta.

Colega de Viih Tube em um reality show, a cantora Karol Conká também teve suas atitudes condenadas na internet e foi cancelada. Ela contou, em uma entrevista concedida ao influenciador digital Spartakus, que além de perder seguidores, recebeu ameaças de morte e viu contratos serem cancelados. Apesar de afirmar que errou, a cantora ainda sofre com os efeitos do cancelamento.

“Eu, reconhecendo meu erro, parece que eu estou mentindo, parece que eu não sou merecedora de compreensão ou acolhimento. Então eu penso: todos esses anos eu trabalhando, eu me expondo, aí tive um deslize, cometi um grande erro de não controlar as minhas emoções, não controlar a minha ansiedade, não saber lidar sob pressão. Aí é como se não precisasse mais de mim. Eu me senti descartável”, afirma.

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Quadrinista Camila Padilha foi criticada nas redes por causa de um comentário racista, apesar de assumir o erro – Caminhos da Reportagem /TV Brasi

Mas não só as celebridades são canceladas. A quadrinista Camila Padilha conta que um comentário racista feito por ela foi parar na internet.

No mesmo período ela tinha ganhado um edital para a produção de um filme de animação. A personagem principal era negra, o que aumentou ainda mais os ataques na internet.

“O fato de eu querer falar sobre o racismo sobre uma perspectiva negra eu acho que é errado da minha parte porque eu sou branca, não tenho essa perspectiva e a minha perspectiva de falar sobre racismo deveria ser da perspectiva de uma pessoa branca”, afirma. 

Apesar de assumir o erro publicamente, não teve jeito: Camila foi cancelada. Perdeu seguidores e até o emprego por causa da exposição nas redes sociais. Ela conta: “eu perdi o filme, eu perdi o emprego, tudo o que eu tinha construído assim… Tive que me afastar das minhas redes sociais porque eu não conseguia falar…”

Para o coordenador do Núcleo de Estudos em Ética e Política da Universidade Federal de Pernambuco e doutor em filosofia pela Universidade de Frankfurt, Filipe Campello, a cultura do cancelamento pode ter efeitos devastadores. “O cancelamento é uma lógica que não perdoa. Ela não quer educar. Às vezes uma coisa que você falou há muito tempo e que foi encontrado, resgatado nas redes, aquilo ali parece que diz quem é essa pessoa hoje. Joga fora essa possibilidade de que temos de mudar”, pondera.

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Vivian Seixas fala do cancelamento virtual do seu pai, Raul Seixas  /TV Brasil

E ninguém está a salvo de ser cancelado. Seja uma estátua, como a de Cristóvão Colombo que foi derrubada na Colômbia, até um ídolo do rock nacional, como Raul Seixas.

Vivian Seixas é filha de Raul e conta que uma postagem em rede social de um desenho do roqueiro usando máscara, por causa da pandemia do covid-19, deu o que falar: “Teve fã que ficou super bravo. Raul jamais usaria focinheira, Raul jamais usaria máscara. E quem tá administrando esse canal? Só se Raul fosse um doido, né? Porque meu pai tinha diabetes, meu pai sofria de muitas de doenças, e só se ele fosse maluco pra não usar máscara.”  Ela conclui dizendo que é preciso tomar muito cuidado com o que se escreve nas redes sociais.

O Caminhos da Reportagem “Quem cancela o cancelamento” vai ao ar hoje (5), às 20h, na TV Brasil.

Edição: Lílian Beraldo

Fonte: EBC Geral

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Lula segue para o Rio Grande do Sul, acompanhado de ministros e líderes dos poderes Legislativo e Judiciário

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Estado registra 329 municípios atingidos e 686.482 pessoas afetadas. A frente fria tem previsão de altos volumes de chuva para o norte do Rio Grande do Sul, todo o estado de Santa Catarina e sul do Paraná

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, seguiu para o Rio Grande do Sul na manhã deste domingo, 5 de maio, acompanhado por uma comitiva de ministros e líderes dos poderes Legislativo e Judiciário. O grupo se une aos ministros Paulo Pimenta (Secretaria de Comunicação Social) e Waldez Góes (Integração e Desenvolvimento Regional), que já estão no estado e acompanham de perto as ações de socorro e assistência do Governo Federal à população gaúcha.

Embarcaram com o presidente a primeira-dama, Janja Lula, e os ministros Rui Costa (Casa Civil), José Mucio (Defesa), Fernando Haddad (Fazenda), Renan Filho (Transportes), Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos), Camilo Santana (Educação), Nísia Trindade (Saúde), Luiz Marinho (Trabalho e Emprego), Wellington Dias (Desenvolvimento Social e Combate à Fome), Marina Silva (Meio Ambiente e Mudança do Clima), Jader Filho (Cidades), Márcio Macêdo (Secretaria-Geral) e Alexandre Padilha (Secretaria de Relações Institucionais). Também seguem para o Rio Grande do Sul os presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco, e da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, os ministros Edson Fachin (STF) e Bruno Dantas (presidente do Tribunal de Contas da União), além do comandante do Exército Brasileiro, general Tomás Paiva.

Neste domingo, durante o Regina Caeli (uma das peças da liturgia católica, denominadas “antífonas marianas”), o Papa Francisco manifestou solidariedade e dirigiu suas orações aos povos dos estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, afetados pelas fortes chuvas e enchentes.

Atualizações nas ações de socorro e assistência ao Rio Grande do Sul

Ministério da Defesa
Resgate de pessoas isoladas em Lajeado, Encantado, Taquari, Estrela, Nova Santa Rita, Montenegro, Sinimbu, Canoas, Bento Gonçalves, Campo Bom e São Sebastião do Caí. Em São Gabriel, Bagé, Alegrete e Cristal, também foram realizadas operações de apoio à reestruturação de imóveis destruídos e realocação de pessoas desabrigadas. Em Candelária e São Valentim do Sul, o contingente ainda realizou a desobstrução de vias. Em Restinga Seca, atuaram para o lançamento de uma ponte e restituição dos acessos. Em Porto Alegre e Cachoeira do Sul, atuaram no apoio à organização e distribuição de doações e aos abrigos de desabrigados. Foram realizados 9.749 resgates nos últimos dias, sendo 402 aéreos, 2.340 fluviais e 7.007 terrestres – 69 pessoas demandaram um trabalho de evacuação aeromédica. São 647 militares das Forças Armadas envolvidos nas operações, sendo 426 do Exército, 155 da Marinha e 66 da Força Aérea.

Força Aérea Brasileira (FAB)
Nesta madrugada, a aeronave KC-390 Millennium transportou mais de 18 toneladas de materiais do Grupamento de Apoio Logístico de Campanha (GALC). Decolou da Base Aérea do Galeão, no Rio de Janeiro (RJ) com destino à Base Aérea de Canoas, transportando geradores, banheiros químicos, barracas operacionais, colchões, materiais de apoio elétrico e hidráulico que vão prover suporte de alimentação, alojamento, higienização (banho e sanitários) e manutenção da assistência à população gaúcha. Além de toda a carga, a aeronave ainda transportou 14 militares do GALC, que farão a montagem de toda a estrutura em Canoas. A atuação desse efetivo tem a finalidade de apoiar logisticamente as operações na calamidade pública.

Polícia Rodoviária Federal (PRF)
No balanço da manhã, a PRF apontou a previsão de reforço de 75 agentes no efetivo envolvido nas operações. Até o momento, estão destacados 99. A força relatou extrema dificuldade de movimentação do efetivo em razão dos pontos bloqueados. Estão empregadas na operação 20 viaturas e três aeronaves. Cento e cinquenta resgates terrestres já foram realizados e 54 pessoas (e três animais) demandaram resgate aéreo.

BALANÇO — De acordo com a última atualização do governo estadual, são 329 municípios atingidos e já são 686.482 pessoas afetadas. O estado contabiliza 79.253 desalojadas e outras 14.447 pessoas em abrigos, com 72 mortes, 150 feridos e 103 desaparecidas.

PREVISÃO DO TEMPO — De acordo com os órgãos de monitoramento e previsão hidrometeorológica — Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), Serviço Geológico do Brasil (SGB) e Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) — a frente fria tem previsão de altos volumes de chuva para o norte do Rio Grande do Sul, todo o estado de Santa Catarina e sul do Paraná.

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