Nacional

Albatroz-gigante está presente durante todo o ano em mares brasileiros

Publicado

em


Estudo realizado por pesquisadores do Projeto Albatroz, patrocinado pela Petrobras, constatou que os albatrozes-gigantes estão presentes no Brasil durante todo o ano. Este foi o primeiro estudo a verificar a distribuição espacial e sazonal das diferentes espécies de albatrozes-gigantes associados a embarcações pesqueiras de espinhel pelágico.

A pesca de espinhel pelágico é um tipo de pesca industrial em águas profundas, que utiliza linhas com anzóis e é voltada à captura de peixes de grande porte e alto valor comercial, como atuns e espadartes.

O estudo deu uma resposta sobre a importância dos mares brasileiros para a ecologia dessas aves, para a conservação e o ciclo de vida delas, disse à Agência Brasil o biólogo Gabriel Canini Sampaio, doutorando em oceanografia biológica pela Universidade Federal do Rio Grande (FURG) e pesquisador colaborador do Projeto Albatroz em Rio Grande (RS).

Segundo o biólogo, o estudo foi realizado em parceria com o setor produtivo de pesca e abrangeu um período de dados de monitoramento dos últimos 20 anos. O Projeto Albatroz tem 30 anos de cooperação com o setor pesqueiro.

Impactos

Os pesquisadores do Projeto Albatroz participaram, a bordo das embarcações, de cruzeiros de pesca que se estenderam até 200 milhas da costa. “A gente conseguiu pegar uma área de estudo muito grande, graças à parceria com os pescadores”, disse Sampaio. Ele explicou que os barcos funcionam como um atrativo para as aves. Isso tem um efeito positivo de um lado, porque as aves acessam recursos alimentares, como presas mortas encontradas na superfície e descarte de iscas, mas têm, de outro lado, um potencial negativo que é a captura incidental de albatrozes.

A principal missão do Projeto Albatroz é reduzir a captura incidental de albatrozes e petréis. “Trabalhamos em colaboração com os pescadores para entender quais são as áreas em que isso acontece mais e quantificar, ver quantas aves podem morrer em interação com a pesca.”

Gabriel Sampaio informou que, junto com o setor pesqueiro, o projeto desenvolve métodos, dispositivos e estratégias de pesca que reduzem o potencial impacto. Este é o principal objetivo do Projeto Albatroz e do Plano de Ação Nacional de Conservação dos Albatrozes e Petréis, do qual o projeto é o braço executivo. O projeto é coordenado pelo Instituto Albatroz, organização da sociedade civil de interesse público (Oscip).

De acordo com o Projeto Albatroz, as águas brasileiras abrigam cerca de 40 espécies de aves da ordem dos procellariiformes, aves que habitam o oceano aberto. O número representa um terço da diversidade global do grupo e mais de dois terços da diversidade no Oceano Atlântico.

O estudo divulgado agora revelou a presença de quatro espécies de albatrozes-gigantes durante todo o ano na costa brasileira: albatroz-viageiro, albatroz-real-do-sul, albatroz-real-do-norte e o albatroz-de-Tristão (do arquipélago de Tristão da Cunha). “Isso mostra que as águas territoriais brasileiras são importantes para todo o ciclo de vida dessas aves; tanto para o período em que elas não estão com filhote no ninho, como no período em que têm filhote no ninho.”

Estações

A pesquisa apurou que, entre a primavera e o verão, houve registro de albatrozes-gigantes em 35,5% dos 285 lances de pesca amostrados e, no período de outono/inverno, em 44,1% dos 627 lances. Os padrões de frequência de ocorrência por espécie variaram sazonalmente: nos meses quentes, o grupo formado por albatrozes-viageiros e albatrozes-de-Tristão foi o mais frequente (17,5%) nos arredores dos barcos de pesca, seguido pelos indivíduos não identificados em nível de espécie (12,6%), albatroz-real-do-sul (4,2%) e albatroz-real-do-norte (1%).

Já nos meses mais frios, o grupo de espécie não identificada foi o mais frequente no entorno dos barcos de pesca monitorados (18,5%), seguido pelo grupo albatrozes-viageiros e albatrozes-de-Tristão (13%), albatroz-real-do-norte (6,5%) e albatroz-real-do-sul (6,2%).

Os albatrozes se apresentam em maior quantidade nos mares brasileiros durante o outono e o inverno. Tais aves aparecem em maior número e em maior quantidade de espécies nas águas brasileiras, inclusive de outros lugares, como a Nova Zelândia e a Austrália, disse o biólogo. Na primavera e verão, os albatrozes estão em período reprodutivo.

Extinção

Espécies oceânicas subantárticas, os albatrozes são aves que passam a maior parte da vida sobre o oceano e retornam às ilhas localizadas no Atlântico Sul e na Nova Zelândia, a cada um ou dois anos, para se reproduzir. O albatroz-gigante mede até 3,5 metros de ponta a ponta de asa. “É maior que o condor, que chega a 3,4 metros”. De acordo com Sampaio, praticamente todas as espécies de albatroz estão ameaçadas de extinção.

Vários fatores levam à ameaça de extinção desses animais. Um deles é a captura acidental na pesca, que o Projeto Albatroz trabalha para reduzir no Brasil. A frota de espinhel pelágico brasileira apresenta uma das maiores taxas de captura de aves marinhas do mundo. Estima-se que tal tipo de pesca de espinhel responda, em todo o mundo, pela morte de até 320 mil aves marinhas anualmente. Desse total, até 14 mil podem ocorrer em águas brasileiras, sendo 5 mil em pescarias de espinhel pelágico e 9 mil em pescarias de petrecho misto.

Outro fator é a introdução de espécies não nativas nas colônias de albatrozes-gigantes, tais como ratos, porcos e cabras, que destroem o ambiente e, muitas vezes, comem os filhotes das aves. “São as duas principais ameaças de extinção de albatrozes e petréis”, disse o biólogo.

Mudanças climáticas também contribuem para o risco de extinção. “Com a variação do clima, as condições ambientais nas colônias, principalmente, ficam muito modificadas, o que pode levar à destruição dos locais onde eles costumam fazer sua reprodução”. A poluição dos mares também é um problema, acrescentou Sampaio.

Educação ambiental

O Projeto Albatroz, que nasceu em 1990, em Santos, no litoral de São Paulo, visa ao desenvolvimento de pesquisas para subsidiar políticas públicas e promover ações de educação ambiental entre pescadores, jovens e escolas. “A gente tem uma conversa muito ampla e constante com a sociedade”, afirmou Gabriel Sampaio.

O trabalho feito nas escolas e redes sociais visa à formação de lideranças jovens na construção de saberes pela conservação marinha. Tal esforço tem resultado na formulação de medidas que protegem as aves, na sensibilização da sociedade quanto à importância da existência dos albatrozes e petréis para o equilíbrio do meio ambiente marinho e no apoio dos pescadores ao uso de medidas para reduzir a captura dessas aves no Brasil.

O projeto mantém, atualmente, bases nas cidades de Santos, Itajaí e Florianópolis, rm Santa Catarina; Itaipava, no Espírito Santo; Rio Grande, no Rio Grande do Sul, Cabo Frio, no Rio de Janeiro, e em Natal, capital do Rio Grande do Norte.

Edição: Nádia Franco

Fonte: EBC Geral

Comentários do Facebook
Continue lendo
Propaganda
Clique para comentar

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Nacional

Governo lança campanha “Fé no Brasil” e destaca avanços na economia

Publicados

em

Iniciativa ressalta resultados alcançados em pouco mais de um ano da atual gestão federal, a partir de políticas que fomentam a geração de empregos e combatem as desigualdades

Menor taxa de desemprego em nove anos. Crescimento do salário mínimo acima da inflação. Isenção de imposto de renda para mais de 15 milhões de pessoas. Retorno do Brasil à lista das dez maiores economias do mundo. Dívidas de mais de 14 milhões de brasileiros negociadas pelo Desenrola. Esses e outros avanços atingidos a partir de políticas públicas do Governo Federal estão destacados na campanha publicitária batizada de “Fé no Brasil“, lançada nesta quarta-feira, 1º de maio, Dia do Trabalhador.

As peças partem do conceito de que, mesmo que as pessoas tenham pensamentos diferentes, existem realizações e conquistas que são positivas para todos. O primeiro vídeo retrata um almoço de domingo de uma família brasileira, em que a preferência de alguns é por carne, enquanto a de outros é por legumes. Contudo, o principal é que todos tenham acesso à alimentação.

Por isso, o Governo investe em políticas de redução da fome e da pobreza, além de impulsionar a economia e a geração de empregos. Ações que já geraram resultados positivos. Em 2023, primeiro ano da atual gestão, 24,4 milhões de pessoas deixaram de passar fome no Brasil. O número de pessoas que enfrentam a insegurança alimentar e nutricional grave caiu 11,4 pontos percentuais entre 2022 e 2023, segundo projeção feita a partir de dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

SÓ O COMEÇO — Além de ressaltar avanços já alcançados, a campanha indica que o país trilha um caminho de progresso e convida a população a ter esperança e fé em tempos melhores. “A gente pode até pensar diferente, mas nisso o brasileiro concorda: quando a economia melhora, é bom para você, para a sua família, é bom para todo mundo. Isso é só o começo, tem muito trabalho pela frente. Fé no Brasil. A gente está no rumo certo”.

Dividida em quatro temáticas de interesse da sociedade (economia, educação, saúde e agro), a campanha conta com um filme base para cada eixo. Com 60 segundos de duração, cada um deles apresenta nuances de discurso para conversar com diferentes faixas da população, tanto na mídia tradicional quanto no ambiente digital. A campanha terá duração de seis semanas.

Comentários do Facebook
Continue lendo

MAIS LIDAS DA SEMANA