Nacional
ABL e prefeitura abrem Circuito da Literatura no Rio
A Academia Brasileira de Letras e a prefeitura do Rio de Janeiro, por meio do Instituto Rio Patrimônio da Humanidade, lançaram hoje (1º) o Circuito da Literatura, com a inauguração da primeira das placas identificarão como patrimônio cultural da cidade as casas onde viveram ocupantes das cadeiras da ABL. A primeira placa foi entregue à família do crítico literário, poeta, orador e advogado Rodrigo Octavio Filho, que ocupou a Cadeira 35 da ABL e residiu na Rua São Clemente, 421, em Botafogo.
O presidente da ABL, professor Marco Lucchesi, foi representado na solenidade pelo secretário-geral da instituição, o jornalista Merval Pereira.
Em entrevista à Agência Brasil, ao retornar de viagem ao Norte do país, Lucchesi disse que a ideia nasceu há muitos anos, motivada pela demanda de vários acadêmicos que queriam visibilidade para um projeto específico de geolocalização na cidade do Rio de Janeiro para os membros da ABL e suas respectivas casas. A pedido de Merval Pereira para que o projeto fosse retomado, Lucchesi constituiu comissão que teve como relator o próprio jornalista. Com a pandemia de covid-19, no entanto, o projeto voltou a ficar parado.
Em paralelo, porém, o museólogo da ABL Anselmo Maciel produziu um livro que englobou todas as localizações e as casas dos acadêmicos no Rio de Janeiro. “A ideia é fazer para o Brasil depois, mas, por enquanto, o foco é o Rio”, disse Lucchesi. Esse mapa deverá ser disponibilizado posteriormente no site da ABL.
Novo impulso
Segundo Lucchesi, o abandono do centro do município foi agravado pela pandemia de covid-19, mas o projeto ganhou novo impulso em janeiro deste ano, quando a ABL convocou todas as instituições culturais da região para discutir a revitalização da área e, com o apoio de todas, enviou carta ao prefeito do Rio, que já tinha propostas para a recuperação do município. “Foi um feliz encontro”, disse Lucchesi. A prefeitura entrou com o lay-out [projeto gráfico] das placas, e a ABL forneceu o conteúdo. ”Essa história significa, principalmente, a preocupação de recuperar o centro da cidade e dar às casas corretamente mantidas uma outra alma, a alma desse passado do Rio de Janeiro (…). É essa a ideia.”
O projeto, antes chamado Onde Moravam os Acadêmicos, passou a ser intitulado Circuito da Literatura, ao integrar os Circuitos do Patrimônio Cultural Carioca. A iniciativa da ABL teve acolhida pronta e rápida, em todos os trâmites possíveis, inclusive familiares, ressaltou Marco Lucchesi.
O segundo homenageado do Circuito da Literatura será o professor e historiador Américo Jacobina Lacombe, ocupante da Cadeira 19 da ABL, cuja placa será instalada na Rua Dezenove de Fevereiro, 105, também em Botafogo. O Circuito da Literatura terá em torno de 100 placas, que serão instaladas ao longo do próximo ano.
Registro histórico
“Nada mais justo do que homenagear essas pessoas e, principalmente, mostrar para a cidade a história, [mostrar] onde viveram os acadêmicos. Não é só uma homenagem, como também um registro histórico que pode inspirar os nossos jovens a seguirem esse caminho da intelectualidade”, afirmou o prefeito Eduardo Paes na cerimônia de lançamento do projeto .
A neta de Rodrigo Octavio Filho, Irene Moutinho, agradeceu a homenagem da academia e da prefeitura do Rio. “É com imensa alegria e muita emoção que recebemos essa placa alusiva àquele que, ao lado de sua esposa, Laura, concebeu e promoveu a edificação dessa residência quase centenária.”
Merval Pereira, destacou que a casa de Rodrigo Octavio Filho é referência de uma memória coletiva que ajuda a preservar o conhecimento do passado e fortalece a ideia de pertencimento. De acordo com secretário-geral da academia, a ideia de pertencimento está registrada na escolha da casa do acadêmico para inaugurar o circuito literário, porque Rodrigo Octavio Filho tem linha direta com a fundação da ABL. “Seu pai, Rodrigo Octavio, foi um dos intelectuais que participaram da criação da ABL”, revelou Merval.
As placas de identificação de bens e locais de relevância começaram a ser instaladas pela prefeitura em 1992, mas, desde 2010, os Circuitos do Patrimônio Cultural Carioca deixaram de ser focados em arquitetura e passaram a abranger temas livres, ligados à cultura e à identidade carioca, como bossa nova, botequins, samba, cinemas, Praça Tiradentes, choro e herança africana, entre outros. Uma placa informativa afixada no local dá aos visitantes a oportunidade de saber um pouco mais sobre aquela área e sua importância para a história da cidade e para o tema em questão.
Edição: Nádia Franco
Ação Social
No primeiro ano de governo, 24,4 milhões deixam de passar fome
Cozinhas solidárias, programas de transferência de renda, retomada do crescimento e valorização do salário mínimo compõem a lista de ações que contribuem para a redução da fome no país. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
No Brasil, 24,4 milhões de pessoas deixaram a situação de fome em 2023. O número de pessoas que enfrentam a insegurança alimentar e nutricional grave passou de 33,1 milhões em 2022 (15,5% da população) para 8,7 milhões em 2023 (4,1%). Isso representa queda de 11,4 pontos percentuais numa projeção feita a partir de dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC), divulgada nesta quinta-feira, 25 de abril, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O amplo conjunto de políticas e programas sociais reunidos no Plano Brasil Sem Fome, a retomada do crescimento da economia e a valorização do salário mínimo são alguns fatores que recolocam o país em lugar de destaque da agenda de combate à fome no mundo. Tirar o Brasil novamente do Mapa da Fome é do presidente Lula” Wellington Dias, ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome
Na coletiva de imprensa para divulgação do estudo, o ministro Wellington Dias (Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome), avaliou que o avanço é resultado do esforço federal em retomar e reestruturar políticas de redução da fome e da pobreza. “O amplo conjunto de políticas e programas sociais reunidos no Plano Brasil Sem Fome, a retomada do crescimento da economia e a valorização do salário mínimo são alguns fatores que recolocam o país em lugar de destaque da agenda de combate à fome no mundo. Tirar o Brasil novamente do Mapa da Fome é do presidente Lula”, disse.
Para o ministro, o grande desafio agora é incluir essas 8,7 milhões de pessoas que ainda estão em insegurança alimentar grave em políticas de transferência de renda e de acesso à alimentação. “Vamos fortalecer ainda mais a Busca Ativa”, completou Dias, em referência ao trabalho para identificar e incluir em programas sociais as pessoas que mais precisam.
PESQUISA — As informações divulgadas nesta quinta são referentes ao quarto trimestre do ano passado. Foram obtidas por meio do questionário da Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA). O ministro lembrou que o governo passado não deu condições ao IBGE para realizar a pesquisa. Por isso, a Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Penssan) aplicou o EBIA com metodologia similar à do IBGE em 2022, quando o Brasil enfrentava a pandemia de Covid-19 e um cenário de desmonte de políticas, agravado por inflação de alimentos, desemprego, endividamento e ausência de estratégias de proteção social. Esse estudo chegou ao número de 33,1 milhões de pessoas em segurança alimentar grave na época.
A secretária extraordinária de Combate à Pobreza e à Fome do MDS, Valéria Burity, lembra que mesmo em comparação aos resultados de 2018, último ano em que o IBGE fez o levantamento formal, os números apresentados nesta quinta são positivos. À época havia 4,6% de domicílios em insegurança alimentar grave. Agora são 4,1%, o segundo melhor resultado em toda a série histórica do EBIA.
“Estamos falando de mais de 20 milhões de pessoas que hoje conseguem acesso à alimentação e estão livres da fome. Esses resultados mostram o acerto de uma estratégia de enfrentamento à fome que vem sendo empreendida pelo governo, que é apoiada tanto em programas sociais como na condução de uma política econômica que gera crescimento econômico, reduz desigualdades e gera acesso a emprego e renda”.
Esses resultados mostram o acerto de uma estratégia de enfrentamento à fome que é apoiada tanto em programas sociais como na condução de uma política econômica que gera crescimento econômico, reduz desigualdades e gera acesso a emprego e renda” Valéria Burity, secretária extraordinária de Combate à Pobreza e à Fome do MDS
Valéria também destacou como ponto importante da estratégia de combate à fome a retomada da governança de segurança alimentar pelo Governo Federal, com garantia de participação social. “O presidente Lula e o ministro Wellington foram responsáveis pela retomada do Sistema de Segurança Alimentar e Nutricional, a restituição do Conselho de Segurança Alimentar e da Câmara de Segurança Alimentar, com 24 ministérios que têm a missão de articular políticas dessa área. E, no fim do ano passado, foi realizada a Conferência de Segurança Alimentar e Nutricional”, relatou.
A secretária nacional de Avaliação, Gestão da Informação e Cadastro Único do MDS, Letícia Bartholo, ressaltou o retorno da parceria do governo com o IBGE. “Depois do período da fila do osso, em que o Brasil viveu muita miséria e fome, uma das primeiras ações do MDS nessa nova gestão foi buscar o IBGE para retomar a parceria e medir a insegurança alimentar dos brasileiros”, recordou.
SUBINDO – A proporção de domicílios em segurança alimentar atingiu nível máximo em 2013, (77,4%), tempo em que o país deixou o Mapa da Fome, mas caiu em 2017-2018 (63,3%). Em 2023, subiu para 72,4%. “Após a tendência de aumento da segurança alimentar nos anos de 2004, 2009 e 2013, os dados obtidos em 2017-2018 foram marcados pela redução no predomínio de domicílios particulares que tinham acesso à alimentação adequada. Em 2023 aconteceu o contrário, ou seja, houve aumento da proporção de domicílios em segurança alimentar, assim como redução na proporção de todos os graus de insegurança alimentar”, explicou André Martins, analista da pesquisa.
NOVO BOLSA FAMÍLIA — Entre os fatores que contribuíram para o avanço apontado pela pesquisa do IBGE, está o novo Bolsa Família, lançado em março de 2023, que garante uma renda mínima de R$ 600 por domicílio. O programa incluiu em sua cesta o Benefício Primeira Infância, um adicional de R$ 150 por criança de zero a seis anos na composição familiar. O novo modelo, com foco na primeira infância, reduziu a 91,7% a pobreza nesta faixa etária. A nova versão do programa inclui, ainda, um adicional de R$ 50 para gestantes, mães em fase de amamentação e crianças de sete a 18 anos.
BPC – O ministro Wellington Dias também ressaltou a proteção social gerada pelo Benefício de Prestação Continuada (BPC), que garante um salário mínimo para pessoas aposentadas, pensionistas e com deficiência em situação de vulnerabilidade social. “Vale mencionar que o efeito econômico da Previdência e do BPC foi potencializado pelo esforço administrativo de reduzir as filas de espera para acesso aos benefícios”, disse.
MERENDA – Outra política de combate à pobreza e à fome, o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) garante refeições diárias a 40 milhões de estudantes da rede pública em todo o país e foi reajustado em 2023, após cinco anos sem aumento.
PAA – O Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) é um dos 80 programas e ações que compõem a estratégia do Plano Brasil Sem Fome. Ele assegura produção e renda aos agricultores familiares, com compra direta dos produtos para serem distribuídos na rede socioassistencial, de saúde, educação e outros equipamentos públicos. Com a participação de 24 ministérios, o Plano cria instrumentos para promover a alimentação saudável contra diversas formas de má nutrição.
ECONOMIA – No cenário macroeconômico, houve um crescimento do PIB de 2,9% e o IPCA calculado para o grupo de alimentos caiu de 11,6% em 2022 para 1,03% em 2023. É a menor taxa desde 2017. O mercado de trabalho ganhou força e a taxa de desemprego caiu de 9,6%, em 2022, para 7,8% no ano seguinte. A massa mensal de rendimento recebido de todos os trabalhadores alcançou R$ 295,6 bilhões, maior valor da série histórica da PNAD-C.
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