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“A denúncia é a forma que as mulheres têm de buscar a proteção do Estado”

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Políticas públicas nunca são demais quando o assunto é a proteção e promoção das mulheres. Neste sentido, a Secretaria da Mulher não tem medido esforços para oferecer assistência no Distrito Federal, seja com ações itinerantes, programas e espaços adequados.

Em conversa com a Agência Brasília, a secretária Ericka Filippelli falou sobre as medidas do governo que ajudaram na redução dos casos de feminicídio, que reduziram significativamente no ano passado. “Temos a maior queda no índice de feminicídio do país em 2020. Foi mais de 46% de diminuição em relação a 2019”, contabiliza.

Segundo ela, o esforço do governo está em dar condições para que as mulheres denunciem a violência. “É importante falar dos canais de denúncia, temos o aplicativo chamado Proteja-se, que é ligado ao 180 e as mulheres podem baixar no telefone para pedir ajuda. Ele, inclusive, pode ser utilizado por pessoas surdas”, completa.

Filippelli aborda ainda a criação de programas como o Acolher, Sinal Vermelho e a Jornada Zero. Esse último, inclusive, completa nesta sexta (16) seu ciclo de ações educativas de estímulo à denúncia em Samambaia. A secretária conta ainda as ações voltadas às mulheres do campo, que já passou pelas comunidades da Chapadinha (Sobradinho) e Assentamento Oziel Alves (Planaltina).

Na semana passada foi publicada portaria que estabelece o Programa Acolher, que reorganiza o atendimento nas unidades da Secretaria da Mulher. Qual o objetivo disso?

O objetivo maior do programa é trazer a mesma diretriz, objetivos, metas e estratégias para todos os equipamentos gestados pela secretaria. Vamos trazer a institucionalização desses equipamentos. Independentemente do governo, esses equipamentos vão funcionar da mesma forma, trazendo um olhar humanizado para todo atendimento. Iniciamos o programa pela Casa Abrigo e em breve vamos lançar na Casa da Mulher Brasileira, nos Núcleos de Atendimento à Família e ao Autor de Violência Doméstica (Nafavds) e nos Centros Especializados de Atendimento À Mulher (Ceams).

Além do acolhimento das mulheres, a secretaria tem feito levantamento e estudos do resultado desses acolhimentos? O que tem sido possível extrair disso?

Temos um presente no DF que é a Câmara Técnica de Monitoramento dos Casos de Feminicídio, gestada pela Secretaria de Segurança Pública. Recentemente, a Câmara lançou o painel interativo do feminicídio, que traz em tempo real os dados sobre a violência, sobre o feminicídio, as tentativas de feminicídio e isso é muito importante. A partir desses dados a gente viu que 72,8% das vítimas de feminicídio entre 2015 e 2018 não tinham chegado até a delegacia. Isso mobilizou várias ações dentro da secretaria, como o deslocamento da unidade móvel para ações itinerantes, fomos até a Rodoviária do Plano Piloto, até festas e eventos e também outro dado que mostra uma realidade: a maioria das mulheres eram dependentes economicamente dos companheiros.

Após essas constatações, que medidas foram tomadas para ajudar as mulheres?

Criamos o espaço Empreende Mais Mulher, para ser um local de capacitação, qualificação e que tenha outro olhar de identificar mulheres que estejam vivendo situações de violência e, a partir disso, oferecer o acolhimento psicossocial. E por que essa inversão? Porque vimos que há uma alta subnotificação dos casos e há a questão da dependência econômica. Essa política tão exitosa que lançamos na agência do trabalhador em julho de 2019 e agora estamos replicando na Casa da Mulher Brasileira. Recentemente inauguramos um andar específico do Empreende Mais Mulher na Casa da Mulher Brasileira e no mesmo espaço teremos atendimento psicossocial, o atendimento dos nossos parceiros (PCDF, Defensoria, TJDFT). Lá também fazemos o encaminhamento para que essas mulheres se qualifiquem, se capacitem, sejam acompanhadas e possam desenvolver habilidades socioemocionais.  

E as mulheres da área rural, que não têm acesso à internet ou não conseguem ir à uma unidade de atendimento?

Lançamos a Secretaria da Mulher no Campo. A pauta da mulher rural é internacional. Quando a gente fala sobre políticas e ações voltadas para mulheres, a gente tem que ter um olhar especial para as mulheres do campo, das águas e das florestas. Existe uma política nacional que entregou ônibus para todos os estados para atender mulheres nas áreas mais distantes. Aqui no DF temos o Fórum Permanente das Mulheres do Campo e do Cerrado, onde a gente senta com elas e debate e daí nasceu a necessidade de levar as unidades móveis novamente para o campo e associar diversos serviços.

É um atrativo e também uma forma estratégica da mulher receber acolhimento psicossocial. Não adianta levar só o ônibus, ela não vai sair da sua propriedade correndo para buscar ajuda em um ônibus lilás que está passando pela área rural. Não adianta só passar o acolhimento, a gente precisa garantir que ela tenha segurança para denunciar. Daí surgiu a estratégia de trazer outros serviços do governo e fiquei feliz de ver o comprometimento do GDF com essa pauta. As secretarias de Segurança Pública, Saúde, Turismo, Desenvolvimento Social, Justiça e Cidadania, Agricultura, Educação e a Emater têm prestado um grande apoio.  

E, nesse período de pandemia, precisamos levar os serviços até as pessoas. Tivemos uma experiência importante em 2020, com o apoio da Secretaria de Saúde, em outubro, fizemos um mutirão levando médicos e enfermeiros para o nosso ônibus e promovemos o autoexame. Quando tinha alguma situação de risco para as mulheres nós conseguimos regular o atendimento na rede de saúde e assim zeramos a fila da mamografia na rede pública. Agora, em parceria com o Sesc e a Secretaria de Saúde criamos o programa Cuide-se, que será lançado e a ideia é levar essa ação itinerante para todas as cidades.

Vocês lançaram o programa Jornada Zero Violência Contra Mulheres e Meninas. Como surgiu essa ideia de fazer ações itinerantes?

Ele nasceu justamente dessa questão da subnotificação, entendendo que muitas vezes as pessoas poderiam não conhecer os equipamentos do governo que estão à disposição delas. Temos um programa premiado dentro dos hospitais regionais e que a população não sabia que poderia chegar no hospital e receber acolhimento nos casos de violência sexual e também não conhecia os núcleos de atendimento à família e também não sabia que no Cras as mulheres poderiam pedir ajuda. Informações como essa nos incentivaram a promover essa jornada e encontramos essa parceria com o Fundo de População da ONU, que sugeriu que tivéssemos lideranças de vários setores para visitar esses espaços e pudessem ser multiplicadores dessas informações.

No Paranoá, temos nove locais que as mulheres podem pedir ajuda; em Samambaia são mais de dez. Então é importante que a gente divulgue isso. Na Jornada Zero também promovemos bate-papos descontraídos, capacitação, falamos sobre a rede de apoio, conversamos com pais, conversamos com homens e a programação da jornada termina com uma caminhada reunindo os atores envolvidos e entregando os cartazes e folderes.

Com a jornada queremos engajar a sociedade entendendo que todos devem participar dessa luta contra a violência às mulheres, dessa causa, que devem meter a colher quando uma situação de violência ocorrer e estarem preparados para orientar uma mulher, encorajá-la a denunciar.

O mês de agosto marca a campanha Agosto Lilás, de conscientização e prevenção à violência contra a mulher. Quais as novidades para esse ano?

Teremos um seminário sobre a Lei Maria da Penha onde traremos uma visão bem básica, como se fosse um tutorial para ensinar as mulheres sobre o que é a violência, o que é a denúncia, o que verdadeiramente vive uma mulher que decide denunciar. Falaremos das medidas protetivas e ações do governo porque a gente precisa mostrar a realidade dessa rede de proteção e incentivar cada vez mais as mulheres a denunciar. Temos a maior queda no índice de feminicídio do país em 2020. Foi mais de 46% de diminuição em relação a 2019. No entanto, mais de 90% dessas mulheres não chegaram às delegacias, então há uma questão nacional e mundial de subnotificação e a gente precisa combater essa questão fazendo ações de divulgação, falando da temática, do que é verdadeiramente a denúncia, dos mecanismos do Estado para proteger essa mulher e encorajar esse ato de denunciar porque é a forma que o governo tem de proteger, acionar os dispositivos a fim de garantir a proteção.

A Clínica da Mulher – Centro Especializado de Saúde da Mulher (Cesmu) – está em funcionamento há nove meses. Como está o atendimento por lá?               

Acredito que a Clínica da Mulher é um exemplo de que muitas vezes você não precisa construir algo novo, só precisa de boas ideias e reunir esforços ao redor dessas ideias. Ali temos um exemplo de integração entre as secretarias da Mulher e de Saúde. Antes, era uma policlínica com baixa atividade dentro da rede de saúde e veio essa ideia de ter espaço voltado para atendimento às mulheres. Foram deslocados serviços para lá e o objetivo principal da clínica é oferecer serviço especializado para mulheres. Foram eleitos nesse primeiro momento alguns públicos prioritários, entre eles as mulheres em situação de violência que pudessem receber o atendimento e tivessem um olhar para outras especialidades, como a endocrinologia, ginecologia, acupuntura, e acesso também aos demais serviços da rede. É uma estratégia exitosa e vai ser muito mais apoiada a partir da criação de uma portaria que assinamos recentemente com a Secretaria de Saúde que traz esse olhar para a integração da mulher que está na ponta,  que chega nas unidades básicas de saúde até a clínica, criando protocolos de programas como o Cuide-se, que em breve a primeira ação será lançada.

Qual a mensagem que você deixa para as mulheres que ainda têm receio em fazer denúncias de violência?

O GDF tem trabalhado intensamente na proteção das mulheres e meninas da nossa cidade e na redução dos índices de feminicídio. É importante falar dos canais de denúncia, temos o aplicativo chamado Proteja-se, que é ligado ao 180 e as mulheres podem baixar no telefone para pedir ajuda. Ele, inclusive, pode ser utilizado por pessoas surdas. O mais importante é as mulheres saberem que a denúncia é a forma que as mulheres têm de buscar a proteção do Estado. Temos também o Sinal Vermelho, uma campanha que levou o DF a ser a primeira unidade da federação a criar o programa Sinal Vermelho, e a partir dele estamos capacitando profissionais de estabelecimentos comerciais, do Parque da Cidade, do Sesc, entre outros, mostrando a importância de a sociedade abraçar essa causa.

Fonte: Governo DF

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Ministério da Saúde já enviou 25 toneladas de medicamentos e insumos para atender população gaúcha

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Nos últimos dias, cem kits de medicamentos e insumos, com capacidade para atender a até 1.500 pessoas durante um mês, chegaram ao estado. Programa Nacional de Imunizações enviará, nesta semana, 600 doses de imunoglobulina ao Rio Grande do Sul

Ministério da Saúde já enviou um total de 25 toneladas de medicamentos e insumos para o Rio Grande do Sul. O objetivo é manter o estado abastecido durante a calamidade provocada pelas severas enchentes dos últimos dias.

A informação foi divulgada na tarde desta segunda-feira, 13 de maio, no Hospital Conceição, em Porto Alegre, durante entrevista coletiva para rádios regionais.

Cem kits de medicamentos e insumos – com capacidade para atender a até 1.500 pessoas durante um mês – chegaram nos últimos dias ao estado. Conhecido como kit emergencial, ele é composto por oito caixas que, somadas, pesam 250 kg. Além de remédios, o conjunto inclui também luvas, seringas, ataduras, etc.

Vale destacar que o volume não considera outros repasses de medicamentos, vacinas e insumos que estão sendo enviados para repor os estoques perdidos com as enchentes e os que já estavam previstos na rotina. A título de comparação, em todo o ano passado, foram distribuídos 106 kits para emergências no Brasil.

Durante o balanço, o secretário de Atenção Primária à Saúde, Felipe Proenço, detalhou a operação de hospitais de campanha no estado. Foi confirmado que a Força Nacional do Sistema Único de Saúde (SUS) irá operar quatro hospitais de campanha no estado.

Um já funciona em Canoas, outro está sendo montado na capital gaúcha e um terceiro em São Leopoldo. A destinação da quarta unidade ainda será definida. Desde o início da calamidade no Rio Grande do Sul, o Ministério da Saúde já enviou recursos para 246 unidades de assistência.

ALERTA PARA GRIPE — O diretor do Departamento de Emergências em Saúde Pública (Desp) do Ministério da Saúde, Márcio Garcia, fez um alerta para doenças respiratórias. Com as aglomerações em abrigos e a temperatura baixando, a preocupação é com o aumento do número de casos de gripe e covid-19.

“A combinação é favorável para o aumento dessas doenças. As pessoas vacinadas vão estar mais protegidas. Diminuem as chances de adquirir a doença ou de evoluir para um caso de Síndrome Respiratória Aguda Grave”, frisou.

NÚMEROS — Veja a seguir alguns números das ações no RS apresentadas durante a coletiva:

Balanço de atendimentos

  • Total: 1.600 / Hospital Campanha (HCamp) de Canoas: 1034
  • Equipes volantes: 548
  • Encaminhamento ou transferência para outra unidade: 57
  • Remoções aéreas: 25
  • Atendimentos psicossociais: 22

Força de trabalho:

  • 134 profissionais em atuação;
  • 6 equipes volantes (13 enfermeiros + 9 médicos);
  • 15 equipes aeromédicas (15 enfermeiros + 15 médicos);
  • 62 profissionais no HCamp;
  • 19 profissionais de gestão;
  • 1 equipe psicossocial (5 psicólogas)

Recursos aplicados:

  • Medida provisória (MP) de liberação de crédito extraordinário, editada pelo presidente Lula, no domingo (12), traz a liberação de R$ 861 milhões para ações de saúde primária e especializada, vigilância epidemiológica, assistência farmacêutica e contratação temporária de profissionais;
  • Antecipação de R$ 40 milhões para compra de medicamentos;
  • Antecipação do pagamento do piso aos profissionais de enfermagem do estado. O total do repasse é de R$ 30 milhões;
  • Repasse, em parcela única, de R$ 63,1 milhões do Fundo Nacional de Saúde à Secretaria Estadual de Saúde e aos fundos municipais de saúde do Rio Grande do Sul;
  • Liberação, de forma imediata, no dia 6 de maio, de R$ 534 milhões em emendas individuais de congressistas do Rio Grande do Sul para auxiliar os municípios do estado afetados pelas enchentes. As emendas estavam alocadas na área da Saúde.

IMUNOGLOBULINA  — Programa Nacional de Imunizações (PNI) enviará, nesta semana, 600 doses de imunoglobulina à população do Rio Grande do Sul. As imunoglobulinas são proteínas utilizadas pelo organismo para combater um determinado antígeno, como vírus e bactérias, por exemplo.

Além disso, o Ministério da Saúde também vai destinar 1,1 mil frascos de soro; 416 mil doses de vacinas contra hepatite A, raiva, poliomielite e influenza, e 134 mil doses de covid-19. A destinação de todos esses insumos foi debatida, nesta segunda-feira (13), durante reunião de monitoramento do Centro de Operações de Emergência (COE) para chuvas intensas e inundações na Região Sul.

“Neste momento, as síndromes respiratórias também passam a ser um problema. Por isso, estamos focados em proteger a população gaúcha. Precisamos de uma ação ativa para vacinar inclusive dentro dos abrigos”, afirmou, na reunião, a secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente, Ethel Maciel.

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