Nesta sexta-feira, 19, é comemorado o Dia Nacional do Ciclista. A data é uma homenagem ao ciclista brasiliense Pedro Davison, de 25 anos, que foi uma vítima do trânsito brasileiro sendo atropelado em 2006, enquanto pedalava no Eixo Sul da Capital Federal.

O dia também é um momento de incentivo ao uso da bicicleta que é um meio de transporte sustentável e viável. Além disso, essa data nos convida a refletir sobre as atitudes que tomamos diariamente no trânsito.

O presidente da Comissão de Educação, Cultura e Esporte da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), deputado Talles Barreto (UB), destaca que o esporte propõe a interação com outras pessoas, quando praticado em grupo, estimula a concentração, entre outras habilidades motoras. “Na condição de presidente do colegiado que trata sobre esporte na Alego apoio todas as políticas de incentivo às práticas esportivas. Aqui em Goiás, temos a ciclista Janildes e toda a família Fernandes que é ligada a esse esporte. Ela, inclusive, representou nosso País em três olímpiadas, levando não só o Brasil a nível mundial como nosso estado também”, tratou Talles. 

Semana Estadual de Incentivo ao Ciclismo

Desde 2013, em Goiás, existe a Semana Estadual de Incentivo ao Ciclismo, comemorada, anualmente, de 25 a 30 de janeiro, conforme a Lei nº 17.984, de 25 de janeiro de 2013. O deputado Karlos Cabral (PSB) foi o autor do projeto que deu início a essa legislação. Na matéria de nº 3023/12, o parlamentar justificou que o objetivo é “difundir o uso da bicicleta tanto como forma de exercício físico quanto como meio de transporte”. 

Ainda naquele período, Cabral já apontava os benefícios do uso de bicicletas para a saúde, o meio ambiente e a mobilidade urbana. “O incentivo do uso da bicicleta nas áreas urbanas pode diminuir o número de veículos automotores e, consequentemente, a emissão de gás poluente. Por isso é denominado ecologicamente correto”, exemplificou o autor. 

Anos antes, em 2008, foi instituída a Política de Incentivo ao Uso da Bicicleta, no âmbito do estado de Goiás, pela Lei nº 16.369/08. Esse texto, que em 2022 completa 14 anos de vigência, já previa finalidades como as seguintes: a promoção de ações e projetos em favor de ciclistas, pedestres e cadeirantes, a fim de melhorar as condições para o deslocamento; a integração da bicicleta ao sistema de transporte público existente; e estimular a implantação de ciclovias e espaços públicos reservados às bicicletas. Porém, tanto tempo depois, apesar dos avanços inegáveis, essas pautas ainda não foram completamente alcançadas. 

Atividade física e bem-estar

É de conhecimento geral que a prática de atividades físicas é essencial para aumentar a qualidade de vida. Ajuda a evitar doenças e até mesmo melhorar a disposição para realizar atividades do dia-a-dia. Ademais, os exercícios são fortes aliados da saúde mental, melhoram o bem-estar, favorecendo a autoestima e contribuindo com o equilíbrio emocional.

De acordo com a psicóloga, especialista em Psicologia Clínica e Esportiva, Fernanda Sousa Costa, as propriedades de reforço positivo dos exercícios físicos são associadas à sua capacidade de aumentar os níveis dos principais neurotransmissores envolvidos nas vias neurais do prazer – endorfina, serotonina, dopamina e ocitocina. “Esses neurotransmissores funcionam como mensageiros químicos, estimulando e equilibrando os sinais entre neurônios, células nervosas e demais células do corpo, ajudando na disposição e bem-estar no dia a dia”, explicou Fernanda. 

A psicóloga destacou, ainda, que os benefícios da prática de exercícios podem ir desde a redução do estresse até melhora do sono. “Há a redução do estresse, eliminando o cortisol, o hormônio do estresse, que provoca dificuldade na aprendizagem, lapsos na sua memória, diminuição do apetite, entre outros sintomas. Equilibra a produção de hormônios da felicidade, do prazer e do bem-estar. Com isso, alivia os sintomas de transtornos mentais como depressão, ansiedade, síndrome do pânico, entre outros. Também ocorre a melhora a qualidade do sono, pois colocar o corpo em movimento diminui a insônia e ajuda a colocar em prática uma rotina de sono saudável”, destacou. 

Ela também explica que as práticas esportivas e os exercícios físicos ajudam na capacidade cognitiva. “Melhora a memória, atenção, concentração e agilidade motora, reduzindo os níveis de ansiedade, estresse e depressão de uma maneira geral. A prática de exercícios físicos proporciona uma distração de estímulo que são os estressores no dia-a-dia e o ciclismo é uma das melhores escolhas que se pode fazer pela saúde mental, pois pedalar promove uma boa interação no convívio social, com oportunidade de socialização na melhoria da autoestima”, acrescenta. 

Segundo a psicóloga, os benefícios da prática de exercício físico refletem no aumento dos níveis de qualidade de vida das populações que sofrem dos transtornos do humor. “Assim, tanto o ciclismo e como a prática regular de exercício físico de forma geral fazem parte de uma conjuntura biopsicossocial e se tornam ferramentas indispensáveis e complementares para a promoção da saúde mental e emocional”, finalizou. 

Ciclismo na prática

A bicicleta é o meio de transporte principal do técnico operacional da TV Alego Antônio Tomazett. Ele tem 61 anos e afirma que pedalar se tornou um vício para saúde. “São em média 12 km por dia para ir e voltar do trabalho. Mas, também faço trilhas durante a semana e no final de semana pelo menos 40 km. Sou um incentivador do uso de bicicletas. Tenho carro e moto, mas a bicicleta é primordial. Primeiro, pelo prazer de andar de bike e pela saúde, mas também pela economia”, contou o servidor.  

Tomazett afirma também que seu humor é totalmente alterado quando está praticando atividade física. “Ao andar de bicicleta eu tenho contato com ar puro, natureza, luz solar. O mundo é muito veloz, atualmente, mas não saímos do lugar. Fazemos muitas coisas sem sair da cadeira. Eu prefiro trocar isso. Além disso, meu gasto com combustível caiu 90%. Meu carro fica 20 dias parado. Me traz uma economia muito grande”, disse.

Para o ciclista, Goiânia não deu nenhum passo para se tornar uma cidade acessível aos ciclistas. “As duas principais ciclovias que temos são problemáticas. Uma está abandonada e outra tem os pitdogs que estão juntos à ciclovia e deixam a pista perigosa, afinal, durante o dia, estão lavando ali, fica escorregadio e, pela noite, eles invadem a pista com as cadeiras, não tem como transitar”, explica.

Ele acredita que é preciso incentivar as pessoas à prática do ciclismo e também a educação de trânsito. “Essa prática é viciante. Tive que fazer uma viagem para resolver questões pessoais e estava doido para chegar e poder pegar a bicicleta. A partir do momento que você faz parte de um grupo de motociclistas ou ciclistas você aprende sobre respeito de trânsito, conversamos sobre isso, nos colocamos no lugar do outro. As brigas de trânsito tem sido um problema sério, mas o respeito é o melhor caminho. O respeito muda a gente, muda o outro e, assim, conseguimos mudar um pouco a sociedade”, sustentou o ciclista.

Projetos de lei goianos

Mesmo com os diversos benefícios comprovados, tanto individuais, quanto coletivos, a bicicleta ainda é pouco utilizada no Brasil, como meio de transporte. O levantamento “Perfil do Ciclista Brasileiro”, realizado em 2018, revela parte dos motivos que impedem mais brasileiros a aderirem à bicicleta. Os dois principais problemas apontados são relacionados à segurança viária: a falta de segurança no trânsito (40,8%) e falta de infraestrutura adequada (37,9%). Para mudar esse quadro e incentivar o uso da “magrela”, a Casa de Leis incentiva o uso de bicicletas por meio de diversos projetos de lei. Veja alguns abaixo:

Processo nº 8846/21 – Deputado Delegado Eduardo Prado (PL) – Requer que, na construção, reforma ou duplicação de trechos urbanos de rodovias estaduais deverão ser construídas ciclovias objetivando oferecer a devida condição de trafegabilidade aos ciclistas.

Processo nº 7109/19 – Deputado Virmondes Cruvinel (UB) – Visa conceder desoneração tributária para aquisição de bicicleta, scooter, skate, monociclo, patinete ou similar com propulsão elétrica como medida de fomento da diminuição da poluição e de educação e segurança no trânsito, nos termos dos incisos VI e XII do art. 23 da Constituição Federal.

Processo nº 6771/19 – Ex-deputado Diego Sorgatto (DEM), hoje prefeito de Luziânia – Dispõe sobre critérios e condições para doação de bicicletas apreendidas pelas Delegacias de Polícia do Estado de Goiás a entidades sem fins lucrativos declaradas de utilidade pública estadual e entidades qualificadas como Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público. 

Processo nº 4634/19 – Deputado Delegado Eduardo Prado (PL) – Tem o objetivo de obrigar estabelecimentos do estado que comercializam bicicletas a fornecerem ao consumidor documentação fiscal no ato da transação que contenha número de registro de série da bicicleta a fim de amparar o ciclista em casos de furtos e roubos de bicicletas.

Processo nº 4600/19 – Deputada Delegada Adriana Accorsi (PT) – Cria o sistema estadual de prevenção ao furto, roubo e ao comércio ilegal de bicicletas no estado de Goiás.

Processo nº 3282/19 – Deputado Lucas Calil (MDB) – Dispõe sobre a criação do Sistema Cicloviário no estado de Goiás. 

Fonte: Assembleia Legislativa de GO