Economia

Queijo de búfala, tesouro da Ilha do Marajó, ganha mercado no país

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Envolta por um mar de águas, a Ilha do Marajó, no Pará, guardava um segredo que, aos poucos, ultrapassa os limites do arquipélago e chega a outras regiões do país. O queijo do Marajó, produzido com leite de búfala desde o início do século 20, é premiado, apreciado por turistas e moradores, mas, até 2020, ainda não podia ser comercializado fora do estado.

Com apoio de instituições como o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e a conquista do Selo de Indicação Geográfica em 2021, no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), o queijo foi reconhecido como único e tem sua tradição histórica e cultural preservada. O produto entrou no roteiro turístico do Marajó e ganha mercado em todo o país.

O selo abrange produtores certificados em sete municípios da Ilha de Marajó: Cachoeira do Arari, Chaves, Muaná, Ponta de Pedras, Salvaterra, Santa Cruz do Arari e Soure. Apenas quem produz nessa área geográfica, de forma artesanal e respeitando as especificações técnicas em todas as etapas da produção — da criação de búfalos até a comercialização —, tem o direito de usar o título de queijo do Marajó.

“Foi feito um trabalho de capacitação dos empresários para que eles pudessem olhar seus produtos como algo que pode ser vendido em qualquer supermercado do Brasil”, disse o superintendente do Sebrae no Pará, Rubens Magno. Antes, os produtores esbarravam em normas sanitárias que regulam o comércio de alimentos de origem animal feitos de forma artesanal. Apenas em 2013, com uma portaria estadual, a venda do queijo se estendeu para todo o Pará. Outras regiões, no entanto, só conheceram o queijo do Marajó em 2020, com a criação do chamado Selo Arte, voltado para produtos feitos de forma artesanal.

Capital brasileira do búfalo

Segundo registros históricos, os primeiros búfalos chegaram ao Marajó em 1895, importados por um fazendeiro chamado Vicente Chermont, e encontraram no arquipélago as condições ideais para viver e se multiplicar. A região de clima quente, úmido e chuvoso, com áreas alagadas e zonas de sombra criadas pela vegetação, oferece o conforto térmico que o animal procura, explica produtor de queijo e agrônomo Tonga Gouvêa. “Eles têm poucas glândulas sudoríparas e coloração escura, com poucos pelos. Então, absorvem muito a luz solar e precisam fazer a transferência de calor.”

Fortes, os búfalos são usados em muitas culturas no transporte de carga e, no Marajó, estão em toda parte. “Aqui nós chamamos de Capital Brasileira do Búfalo, toda a nossa economia gira em função do búfalo”, disse Tonga.

Hoje, o estado do Pará conta com o maior rebanho bubalino do Brasil, equivalente a 38% do total nacional, segundo o Censo Agro 2017 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). “O que ajuda a explicar esse protagonismo [do búfalo] é justamente o aproveitamento do leite para a produção de queijo”, afirma o professor de Geografia da Universidade Estadual do Pará Benedito Ely Valente da Cruz.

Cremoso e suave

O queijo do Marajó O queijo do Marajó

As duas variedades do queijo do Marajó, creme e manteiga, têm a mesma base: massa coalhada e leite – TV Brasil/Divulgação

O queijo, de textura cremosa e paladar suave, tem duas variedades: creme e manteiga. A base dos dois é a mesma, massa coalhada e leite. A diferença é que o tipo creme leva creme de leite no preparo e o manteiga, manteiga de garrafa. Os dois ingredientes são obtidos do próprio soro que sai como subproduto da coalhada. Em vez do processo de cura ou maturação por que passam muitos queijos, o do Marajó é cozido, num processo que se chama “fritura”.

Gabriela Gouvêa, que é produtora de queijo assim como o pai, Tonga, explica que a suavidade do produto do Marajó vem da composição físico-química do leite, que tem teores de proteínas superiores, de minerais, como cálcio, ferro, e isso tem toda uma relação na produção do derivado.

Além de proprietária da Fazenda Mironga, Gabriela está à frente da Associação de Produtores de Leite e Queijo do Marajó. Juntos, os produtores trabalham para que o queijo marajoara tenha destaque nos roteiros turísticos de quem visita a região. A chamada Rota do Queijo sugere ao turista serviços e roteiros que se relacionam à produção do laticínio, passando por queijarias, cafés, restaurantes e sorveterias.

“Havia restaurantes que serviam pratos com queijo do Marajó, mas não destacavam o ingrediente no cardápio. É um trabalho de valorização do produto”, enfatiza Gabriela. A Mironga também recebe grupos de turistas para a chamada Vivência, em que os visitantes são convidados a conhecer a história da família, dos búfalos e do queijo; a tocar os animais; e a degustar os laticínios da fazenda.

Há 25 anos no mercado, o produtor Prudêncio Paixão não tira os olhos da produção: vigia o leite dia e noite para acompanhar o momento exato em que o produto coalha, de forma totalmente natural. Em sua casa, o ofício é passado de geração em geração, e hoje ele se orgulha de mudar a vida de outras famílias da região. “O meu sonho é ver todos os produtores de queijo aqui no Marajó certificados e vendendo um produto de qualidade.”

O episódio Uma Fatia de Marajó, do programa Caminhos da Reportagem, da TV Brasil, foi ao ar no último domingo (13). Confira:

Edição: Nádia Franco

Fonte: EBC Economia

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Sorteio da Nota Fiscal Goiana premia moradores de 34 municípios

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Ao todo foram 158 ganhadores em abril. Prêmio máximo de R$ 50 mil foi sorteado para uma moradora de Goiânia

O Governo de Goiás, por meio da Secretaria da Economia, realizou na manhã desta quinta-feira (25/04), o sorteio mensal da Nota Fiscal Goiana (NFG) com premiações que somam R$ 200 mil. O maior prêmio, de R$ 50 mil, saiu para a moradora da capital, Catarina Amato Ferreira. A relação de todos os ganhadores já está disponível para consulta no site do programa.

O coordenador da Nota Fiscal Goiana, Leonardo Vieira de Paula, revela que a ganhadora do prêmio máximo concorreu com 16 bilhetes, em um universo de quase 3,7 milhões gerados para essa edição, de número 88. Foram consideradas as notas fiscais com CPF das compras do mês de março no varejo goiano.

Outros 157 inscritos tiveram seus bilhetes sorteados e vão ganhar os demais prêmios: três de R$ 10 mil; quatro de R$ 5 mil; 50 de R$ 1 mil e 100 de R$ 500,00 cada. Os nomes dos ganhadores já estão divulgados no site do programa https://goias.gov.br/nfgoiana, que também deve ser acessado para solicitar o pagamento do dinheiro.

Do total, 80 residem em Goiânia, 15 em Aparecida de Goiânia, nove em Anápolis, cinco em Trindade e cinco em Rio Verde. Moradores de outras 28 cidades goianas e dois do Distrito Federal também foram sorteados. A premiação foi acompanhada por vários servidores da Economia e pelo superintendente de Informações Fiscais, Luciano Pessoa.

Dia das Mães
Quem não foi sorteado neste sorteio pode continuar pedindo o CPF na nota para concorrer à edição de maio, prevista para o final do mês. “O Dia das Mães é uma das datas em que o comércio está mais aquecido. Então, é uma excelente oportunidade para os participantes no programa aumentarem suas chances de ganhar. A compra pode ser de qualquer valor, não existe valor mínimo, basta ter o CPF na nota para concorrer. Ao somar R$ 100 em compras, o inscrito ganha um bilhete”, detalha Leonardo.

Quem ainda não é inscrito, terá a oportunidade de participar do sorteio de maio desde que se inscreva, pelo site, e peça o CPF na nota em todos os estabelecimentos do varejo goiano. A NFG também concede desconto de até 10% no valor do IPVA do participante, além de beneficiar os times de futebol da primeira divisão do campeonato goiano.

Fotos: Secretaria da Economia / Secretaria da Economia – Governo de Goiás

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