Minas Gerais

Projeto da Emater-MG impulsiona artesanato de retalhos em Ouro Preto

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O Dia Nacional do Artesão é comemorado nesta sexta-feira (19/3), mesmo dia de São José, não por acaso considerado o padroeiro do profissional que pratica arte ou ofício manual. Pela tradição cristã, José, pai de Jesus Cristo, era carpinteiro e realizava o trabalho de maneira artesanal, o que explica a escolha de seu nome para proteger os que exercem essa atividade.  

Histórias à parte sobre a origem da data, o trabalho do artesão é fator de geração de renda, inclusão social e valorização cultural para muitas famílias do país, inclusive daquelas que vivem no meio rural e são da agricultura familiar. Sem contar sua importância no estímulo à cadeia do turismo.

Emater-MG / Divulgação

Para a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG) que presta assistência técnica a esse público do campo, a data, instituída em 2015 por lei federal, merece ser reconhecida e fortalecida por sua importância. Entre vários trabalhos executados com esse segmento rural, uma iniciativa ganhou destaque recentemente no município de Ouro Preto.  É o projeto “Arte e Cultura com Criatividade e Geração de Renda”. 

Incentivo

O projeto está impulsionando o artesanato feito de retalhos de tecido, por um grupo de 15 artesãs da comunidade rural de Maciel, distrito de São Bartolomeu. O trabalho envolve parceria entre Emater-MG, Ministério Público do Trabalho, Prefeitura de Ouro Preto e Associação dos Artesãos e Agricultores de Maciel. A verba, no valor de R$ 50,3 mil, vem do Ministério Público do Trabalho, Comarca de Ouro Preto, que liberou recursos de multas compensatórias das mineradoras da região.

A ideia, que já está em ação, é qualificar artisticamente as peças produzidas, agregando valor para firmar uma identidade, conquistar uma marca, aumentar a rentabilidade e avançar na comercialização. Isso está sendo feito por meio de diversas oficinas de costura criativa e bordado, inclusive com a contratação do designer de artesanato Renato Imbroisi.

A proposta é inovar na produção, antes marcada pela rusticidade no acabamento, cores desconectadas e misturas de matéria-prima, dando agora uma outra roupagem aos produtos. Tudo isso, com o aproveitamento da habilidade natural das artesãs nas emendas, tendo como inspiração as coisas e a cultura do lugar.

Emendas

“Esteticamente a proposta é trabalhar com essas emendas de tecidos e bordados. Estamos trabalhando nas oficinas os desenhos feitos por elas, tendo como referência aquele território. São aves e outros animais, plantas, casais e pessoas. São essas figuras da comunidade que elas transferiram para os riscos e estão sendo transferidos para os bordados”, explica a coordenadora técnica estadual de Artesanato e Turismo Rural da Emater-MG, Cléa Venina.

Segundo a coordenadora, antes do atual projeto, a produção era limitada à confecção de colchas, tapetes e fronhas, com emendas de retalhos. Agora elas   estão produzindo bolsa, carteira, nécessaire e outros produtos nessa linha, além de avançar na produção mais elaborada de colchas e fronhas com as emendas. Cléa nega que seja a técnica de patchwork, que também reúne tecidos de várias cores, tamanhos e formas para fazer colchas e outras peças de enxoval.

“A tradição e a identidade desse grupo de mulheres de Maciel sempre foram a emenda de retalhos. Agora, elas estão evoluindo com esse projeto. Estão emendando retalhos e bordados. O patchwork é uma coisa muito engessada. Ele dá pouco espaço a essa criatividade, para esse trabalho que o Renato Imbroisi desenvolveu com as artesãs. Então, a emenda de pedacinhos de retalhos de trabalhos de uma com o trabalho de outra é muito mais que o patchwork”, esclarece.

No final de fevereiro, o designer de artesanato promoveu uma oficina para as mulheres da comunidade. “A ideia é que, nesses primeiros exercícios, a gente veja o que cada uma delas consegue fazer com o menor retalho possível.  Como elas conseguem emendar esse retalho e criar histórias, dando formas de animais, de flores, casas, frutas.  Saber como é que elas vão recortar isso e vão aplicar no trabalho das colchas que são as referências e as histórias dessas artesãs de Maciel”, conta.

Conforme explica Cléa Venina, um dos primeiros passos do projeto foi fazer o diagnóstico da atividade na localidade. “Nós fomos até a comunidade conversar com elas, e planejar a execução do projeto. Depois fizemos várias oficinas de bordado, de costura criativa e aí que entrou a grande oficina com o designer Renato Imbroise, que é um designer renomado no Brasil. Até no exterior ele tem um nome significativo”, observa.

A artesã Lúcia Nazaré Bento confirma como a autoestima elevada também pode ajudar uma atividade empreendedora. “Esse projeto é muito importante. Trabalhar com o Renato Imbroisi tá ajudando demais a gente. Estamos vendo até onde podemos chegar. Temos capacidade, competência e potencial pra isso e esse empurrãozinho do Renato, junto com a Emater e Ministério Público ajuda muito. Empurrãozinho não, empurrãozão. Isso aqui tá maravilhoso. Além disso, é uma terapia para todas. Bom demais”, afirma.

Outras ações dessa etapa do projeto, que deverá durar até meados de agosto deste ano, prevê a aquisição de material de consumo, equipamentos, divulgação e catálogo de produtos, entre outros materiais gráficos. “A gente acredita que esse trabalho está sendo tão bem estruturado, que vai continuar”, argumenta a coordenadora técnica estadual de Artesanato e Turismo Rural da Emater-MG.

Começo

Há cerca de 15 anos, os agricultores da comunidade contam com apoio e orientação técnica do escritório local da Emater-MG. A empresa, vinculada à Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), ajudou a criar a Associação dos Artesãos e Agricultores de Maciel, visando união e melhorias coletivas para a comunidade. Nessa época, por meio de parceria com o Instituto Dervixe, do ramo de educação em Ouro Preto, a associação construiu um galpão. O abrigo é, hoje, a sede das atividades da lugar e onde o projeto “Arte e Cultura com Criatividade e Geração de Renda” está sendo implementado.

A técnica do escritório local da Emater-MG de Ouro Preto, Berenice Esteves, conta que as sementes do projeto atual foram lançadas há oito anos, quando a comunidade adquiriu cinco máquinas de costura para iniciar uma atividade produtiva no local, com o apoio da Secretaria Municipal de Agricultura.  De acordo Esteves, com essa conquista foi possível dar continuidade ao trabalho, buscando apoio municipal e de pessoas para orientar a costura.

“Elaboramos projetos para a compra de máquinas de costura, para as mulheres trabalharem e aperfeiçoarem seu trabalho. A partir daí o grupo foi aumentando. Teve altos e baixos por questões econômicas. Mas agora com esse projeto, que teve o apoio do Ministério Público do Trabalho, financiando a atividade, além da participação da Emater e da prefeitura municipal, as artesãs estão tendo a oportunidade de contratar pessoas que são referências no trabalho do artesanato”, comemora.

Turismo

A Comunidade de Maciel está localizada a 32 km da área urbana de Ouro Preto e possui cerca de 35 casas com aproximadamente 102 pessoas. Os residentes são, em maioria, agricultores familiares e alguns não possuem terras nem para o plantio de subsistência. Estas famílias buscam complemento de renda fora da comunidade, nos trabalhos de capina, plantio, roçando pastos e outros serviços. Com isto, as mulheres e jovens não encontram atividade, ficam em casa fazendo apenas o serviço doméstico, sem nenhuma renda.

Dentre as principais atividades econômicas de Ouro Preto, destaca-se o turismo. E o artesanato é parte fundamental da cadeia produtiva do turismo e permite interação entre comunidades rurais produtoras e turistas.

 “O turismo em Ouro preto é muito forte e o artesanato de Maciel valoriza a cadeia produtiva do turismo como um todo”, destacou o gerente da unidade regional da Emater-MG, em Belo Horizonte, Vitório Freitas. Para ele, Maciel é uma comunidade que preserva as tradições culturais, os valores, a inserção da família, mas está sempre se inovando, buscando o que pode ser melhorado. “Esse é um processo fundamental e a Emater-MG precisa estar nessa construção”, pontua.

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Minas Gerais

Alunos voltam às aulas presenciais em 85 escolas de Minas Gerais

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Nesta segunda-feira (21/6), 85 escolas em 16 municípios retomaram as atividades presenciais no modelo híbrido desenvolvido pela Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais (SEE/MG). A semana marca importante passo nas atividades da rede estadual, após quase um ano e meio de ensino remoto.

Com toda segurança e cuidado com a comunidade escolar, foram aplicados os protocolos sanitários, definidos pelo Comitê Extraordinário Covid-19 e Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), e implementado um checklist nas unidades de ensino para garantir que todos estejam e se sintam seguros neste momento.

A retomada está sendo feita, nesta semana, em escolas de municípios localizados nas ondas amarela e/ou verde do Plano Minas Consciente, e nos quais as prefeituras não apresentaram nenhuma restrição.

Além disso, a participação dos estudantes nas atividades presenciais é facultativa às famílias. Nos casos em que os pais ou responsáveis optarem por não liberar o aluno para o ensino presencial, será mantido o regime totalmente remoto, para garantir a continuidade dos estudos. O estudante que optar por permanecer com suas atividades de forma remota, continuará desenvolvendo suas atividades sem prejuízos.

Alegria pelo retorno

Na Escola Estadual Eleonora Nunes Pereira, em Itabira, a manhã foi de recepção aos alunos e comemoração pelo reencontro. Juliana Luciana Santos, mãe do aluno Davi Emmanuel Santos, destaca o acolhimento e segurança do cumprimento dos protocolos para confiar seu filho à escola. “É uma satisfação imensa ver o sorriso no rosto do meu filho, de estar de volta à escola. Conhecer os novos amigos, a professora, a escola de forma geral”, destaca.

Ainda de acordo com Juliana, perceber o trabalho para deixar o ambiente seguro a deixou tranquila. “Pude perceber os cuidados, a segurança que a escola está nos fornecendo e eu me senti muito feliz com esse cuidado com o público. Não só com as crianças; a gente pode notar, eles passam essa segurança pra gente e pudemos ver isso”, pontua.
 

SEE / Reprodução

Empolgada, a diretora da unidade de ensino, Rosilene Simone de Carvalho, recepcionou pais e alunos na entrada da escola. Emocionada com o momento, ela faz um chamado para quem ainda não pôde voltar às aulas. “Estamos preparados para receber a comunidade escolar como um todo e ter nossos alunos de volta. Portões estão abertos esperando todos os estudantes”, ressalta.  

Segurança dos protocolos

Em Morro do Pilar, a felicidade em poder voltar ao convívio escolar não foi diferente. Na porta da Escola Estadual Cardeal Mota, os alunos foram recebidos com muita alegria e, desde o momento da chegada, já começaram a ter contato com os protocolos estabelecidos para a segurança sanitária. 

A vida voltando aos corredores e salas de aula das escolas, com a presença dos alunos, é muito importante, mas ainda não foi possível em todos os municípios e regiões de Minas. Todo o processo de retomada está sendo feito de forma planejada, segura e gradual, respeitando os protocolos sanitários e as evoluções das ondas do plano Minas Consciente, que monitora os índices epidemiológicos no estado. Assim, é fundamental que as famílias fiquem atentas às comunicações feitas pelas escolas para que recebam todas as orientações necessárias. Em caso de dúvidas, o contato com o gestor escolar é de extrema importância para esclarecimentos de todas as informações.

Para que o retorno aconteça com toda segurança, todas as escolas estaduais passaram por um checklist criterioso, validado pelo diretor da escola e pelo inspetor escolar, para aplicação dos protocolos sanitários, com adequações no ambiente e disponibilização dos equipamentos de proteção e produtos de higiene e limpeza. Tudo foi feito com muito cuidado para proporcionar à comunidade escolar um ambiente seguro.

Para confirmar em qual onda do Plano Minas Consciente seu município está, acesse www.mg.gov.br/minasconsciente

Ondas

Sempre que algum município for classificado na onda amarela ou verde, podendo ser consideradas também as microrregiões, será possível a retomada das atividades presenciais, desde que não exista nenhum decreto municipal de impedimento.

Havendo disponibilidade, o retorno sempre se dará primeiramente com o acolhimento dos professores e profissionais nas escolas em uma semana e, na semana seguinte, com a volta dos alunos. Essa dinâmica gradual e alternada – de acolhimento primeiramente dos profissionais e na outra semana dos alunos – deve prevalecer para a retomada em cada unidade de ensino. Por isso, é importante que as famílias mantenham sempre o contato com a direção da escola para acompanharem as informações.

A retomada das atividades escolares presenciais começa a partir dos anos iniciais do ensino fundamental, nível de ensino com estudantes em fase de alfabetização e com maior necessidade de apoio presencial para o processo de aprendizagem e para a criação de vínculos com as escolas e os professores. No ensino híbrido, haverá alternância entre o atendimento presencial e o remoto.

Nesta semana de 21 a 25/6, por exemplo, os alunos participam das atividades pedagógicas presenciais; na semana seguinte, as unidades de ensino não terão atividades presenciais e os professores farão o atendimento pelo aplicativo Conexão Escola. Já na outra semana, as atividades voltam a ser presenciais – e assim por diante.

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