Política

O bem entra pela boca

Publicado

em


O Dia da Saúde e da Nutrição, comemorado em 31 de março, é um momento oportuno para a avaliação e intercâmbio sobre práticas de saúde relacionadas à alimentação e nutrição. É necessário o cuidado com o estado nutricional da população, o consumo alimentar, atividade física e sobre a importância de políticas públicas, principalmente preventivas, tais como acompanhamento do estado de saúde da população, orientação para a redução do consumo de sal, açúcar e alimentos ultraprocessados no domicílio e fora de casa, promoção de mudanças na rotulagem dos alimentos, além do estímulo à prática de atividade física.

As recomendações são da mestre em Nutrição e Saúde Nágila Araújo de Carvalho, nutricionista da Coordenação Estadual de Alimentação e Nutrição/Gerência de Vigilância Epidemiológica de Agravos Não Transmissíveis e Promoção da  Saúde da Superintendência de Vigilância em Saúde (Suvisa), da Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO). 

“A alimentação adequada e saudável é um direito humano básico e fundamental para a saúde e envolve a garantia ao acesso permanente e regular, de forma socialmente justa, a uma prática alimentar adequada aos aspectos biológicos e sociais do indivíduo”, pontua Nágila. “E que deve estar em acordo com as necessidades alimentares especiais; ser referenciada culturalmente; acessível do ponto de vista físico e financeiro; harmônica em quantidade e qualidade, atendendo aos princípios da variedade, equilíbrio, moderação e prazer; e baseada em práticas produtivas adequadas”, prossegue.

Por sua vez, o médico e deputado Gustavo Sebba (PSDB), presidente da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), pactua a mesma opinião ao ressaltar que “a nutrição é um elemento essencial para a saúde e o bem-estar”. 

“Com uma alimentação correta, a gente consegue evitar inúmeras condições e doenças que afetam a saúde. Por isso, é fundamental definir políticas públicas eficientes nesse sentido, e é ainda mais importante que isso seja feito de forma educativa, ensinando desde cedo a importância da boa nutrição para que as novas gerações tenham isso enraizado na sua maneira de viver”, afirma o parlamentar.

Contudo, segundo Sebba, se tem visto que aumentou a pressão social por um estilo de vida saudável na mesma proporção que aumentou o número de pessoas com sobrepeso e obesidade. Na opinião do parlamentar, os motivos são complexos, mas o poder público precisa estar atento a isso, pois as consequências impactam diretamente nos custos das políticas de saúde.

Para Gustavo, é preocupante, por exemplo, que tenha crescido o número de pessoas em situação de insegurança alimentar no Brasil, uma tendência que surgiu com a pandemia e se agravou com a inflação.  

“Simplificando, isso significa que o brasileiro mais humilde não está necessariamente passando fome, mas ele não está consumindo os nutrientes essenciais para uma vida saudável. Isso ocorre porque a alimentação saudável está sendo substituída por alimentos ultraprocessados”, reconhece o parlamentar. 

Gustavo  Sebba ainda detalha que, como o preço dos alimentos aumentou, o consumidor faz trocas que não são boas do ponto de vista nutritivo. “O preço da carne fresca subiu, o brasileiro compra um congelado. As verduras subiram, o consumidor compra um pacote de bolachas. Como as frutas subiram, o suco ficou mais caro e ele compra o refrigerante. Essas escolhas pesam menos no bolso, mas entregam menos nutrientes e causam riscos à saúde no médio e no longo prazo.”.

Gustavo salienta, ainda, ser por essa razão que é comum se observar no Brasil uma pessoa em situação de miséria com sobrepeso, pois é mais barato para ela se alimentar com produtos ultracalóricos.

“O problema está claro, mas falta encontrar soluções. Por isso, é essencial que Legislativo e Executivo trabalhem de forma conjunta para buscar saídas para esse problema. O Dia da Saúde e Nutrição é um desses momentos. A data traz o tema para um holofote e exige que sejam dadas respostas”, realça o legislador.

Excesso de peso e obesidade

Por sua vez, a mestre em Nutrição e Saúde reitera que o excesso de peso, em especial a obesidade, é um problema de saúde pública de importância internacional e nacional devido ao aumento da prevalência nos últimos anos desde a infância, principalmente entre adolescentes e adultos. 

No Brasil, de acordo com dados do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional do Ministério da Saúde (Sisvan), em 2020 a prevalência de excesso de peso (sobrepeso + obesidade) foi de 15,9%, 31,7%, 31,8%, 66,4% entre crianças menores de 5 anos, crianças de 5 a 9 anos, adolescentes e adultos, respectivamente. Isso demonstra um aumento progressivo entre as faixas etárias. 

Em Goiás os resultados de excesso de peso seguem a tendência nacional, e quando avaliada a obesidade observa-se prevalência de 7,4%, 17,7%, 14,4% e 31,6% entre crianças menores de 5 anos, de 5 a 9 anos, adolescentes e adultos, respectivamente. Entre idosos do estado, a prevalência de sobrepeso é de 48,4%.

Além do monitoramento dos dados de estado nutricional, dados de consumo alimentar da população podem ser obtidos pelo Sisvan. “Nos últimos cinco anos observou-se em Goiás um aumento do aleitamento materno exclusivo até os 6 meses e do aleitamento continuado até os 2 anos”, informa a nutricionista. 

“Por outro lado, os dados indicaram uma alta prevalência de consumo de alimentos ultraprocessados — alimentos industrializados ricos e sal e açúcar, além de conservantes e corantes, e bebidas adoçadas —, refrigerantes e sucos adoçados, principalmente entre crianças acima de 5 anos e entre os adolescentes”, contabiliza Nágila. “Esses alimentos já são introduzidos para muitas crianças menores de 2 anos, quando ocorre a introdução alimentar”, completa.

Orientações

O Ministério da Saúde, por meio da Coordenação Geral de Alimentação e Nutrição, tem lançado materiais técnico-informativos e estratégias para o enfrentamento do excesso de peso e da obesidade no Brasil, como instrutivos de abordagem coletiva para o manejo da obesidade no SUS, instrutivo de cuidado de crianças e adolescentes na atenção primária à saúde (APS). Outro material importante é o Manual de Atenção às Pessoas com Sobrepeso e Obesidade na APS, com orientações práticas para o planejamento de ações e atendimento dos indivíduos com excesso de peso usuários do SUS.

“São inúmeras frentes de trabalho, e em Goiás a Secretaria de Estado da Saúde desenvolve capacitações com profissionais da saúde dos municípios para a divulgação desses materiais e estratégias para que sejam implementadas a nível local”, explica a mestre em Saúde e Nutrição. 

“Além disso, capacita esses profissionais quanto ao uso dos sistemas de monitoramento do estado nutricional e de consumo alimentar da população para que a gestão municipal de saúde tenha subsídios para o planejamento das ações de saúde relacionadas à alimentação e nutrição focadas no enfrentamento ao excesso de peso”, pontua Carvalho. 

Ela assinala que outro trabalho em andamento é a construção da linha de cuidado da obesidade pela SES de Goiás. “Duas estratégias importantes de enfrentamento à obesidade infantil do Ministério da Saúde que estão implantadas e são implementadas em Goiás são o Programa Crescer Saudável e o Proteja”, enuncia a nutricionista. 

“O primeiro foi lançado em 2017 e consiste em um conjunto de ações a serem realizadas no âmbito do Programa Saúde na Escola com o objetivo de contribuir para a promoção da saúde, prevenção e cuidado das crianças com obesidade matriculadas na Educação Infantil (creches e pré-escolas) e Ensino Fundamental I”, complementa a profissional.

Ela detalha que os eixos prioritários de ação são a vigilância alimentar e nutricional – avaliação de peso e altura -, a promoção da alimentação adequada e saudável, o incentivo às práticas de atividade física e ações de cuidado para crianças com obesidade. Em Goiás, são 207 municípios aderidos ao programa. 

Já o Proteja é uma iniciativa nova, publicada em 2021, voltada para a prevenção e controle da obesidade infantil e suas consequências, utilizando intervenções efetivas e de alto impacto. “Cada letra da palavra representa um conjunto de ações a serem desenvolvidas pelos municípios: P – primeiro contato, R – responsabilização, O – organização, T – transformação, E – educação, J – janela de oportunidade. A – ambiente. É uma estratégia ampla e está em fase de implementação e foram contemplados 24 municípios goianos para o primeiro ciclo (2022/2024)”, detalha Nágila. 

Obesidade infantil

A prevenção e controle da obesidade infantil envolvem estratégias diversificadas para serem mais efetivas, pois é um problema complexo e multifatorial. “Essas estratégias englobam: ações na atenção primária à saúde – avaliação nutricional e do consumo alimentar e educação e orientação nutricionais nas consultas”, exemplifica. 

Além disso, Nágila recomenda ambientes alimentares saudáveis, ou seja, alimentos saudáveis e adequados acessíveis para as famílias e para as crianças, seja em casa ou no comércio próximo à residência; atividade física, ao favorecer a prática da atividade física pelas crianças, evitando o sedentarismo, seja dentro e fora da escola.

A mestre também pontua a importância da promoção da saúde nas escolas, por meio da educação alimentar e nutricional e prática de atividade física, com a realização de campanhas de comunicação em saúde, sobre alimentação saudável e saúde nas redes de comunicação e redes sociais, e ainda a implementação de medidas fiscais e protetivas de alimentos, a exemplo da legislação de rótulos de alimentos e fiscalização das indústrias alimentícias. 

Para a nutricionista, o importante é favorecer um meio ambiente saudável nas famílias, comunidades e ambientes escolares, com educação geral da população e capacitação de profissionais de saúde, das instituições educacionais e um trabalho com as indústrias de alimentos para redução de sal, açúcar e gorduras nos alimentos industrializados, além do monitoramento constante do estado nutricional e consumo alimentar da população a nível estadual, municipal e local. 

As recomendações para uma alimentação saudável e adequada estão presentes em dois guias do Ministério da Saúde e são amplamente divulgados pelas secretarias estadual e municipais de Saúde: Guia Alimentar para a População Brasileira e Guia Alimentar para Crianças Brasileiras Menores de Dois Anos. “Nestes guias, o foco é uma alimentação saudável e adequada desde o nascimento, com incentivo ao aleitamento materno exclusivo até os 6 meses e continuado até, pelo menos, os 2 anos de vida, a introdução alimentar aos 6 meses com alimentos in natura e minimamente processado, sem introdução de açúcar a alimentos ultraprocessados”, considera a profissional. 

E a partir dos 2 anos, manter a alimentação saudável, com prioridade para alimentos in natura e minimamente processados, evitando alimentos ricos em açúcar, sal e gordura e alimentos processados e ultraprocessados, ingestão adequada de água e prática de atividade física.

Comentários do Facebook

Política

“Temos que governar com o espírito de JK”, defende Caiado em encontro nacional de lideranças

Publicados

em

Na 2ª edição do Seminário Brasil Hoje, em São Paulo, o governador falou sobre clima de acirramento da política nacional e soluções reais para problemas da população

No debate sobre desafios e oportunidades para os estados, em São Paulo, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, citou o ex-presidente Juscelino Kubitschek (JK), que comandou o país entre 1956 e 1961 em clima de coalizão. “Foi esse homem que deu conta de fazer todo o desenvolvimento, destacar o Centro-Oeste e o Norte do país”, disse Caiado. A fala foi durante a segunda edição do Seminário Brasil Hoje, realizado nesta segunda-feira (22/04).

O evento reuniu lideranças políticas e do setor privado para debater o cenário econômico atual. “Ninguém governa brigando, nesse clima de acirramento político. O presidente hoje tem que governar com o espírito que JK teve, de poder, se preocupar com matérias relevantes”, disse Caiado. Ao lado do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, o goiano encerrou o evento, com a mediação do jornalista Willian Waack.

Em seminário nacional, Caiado fala que presidente da República deve seguir exemplo de JK

Em seminário nacional, Caiado fala que presidente da República deve seguir exemplo de JK

Caiado relembrou que, à época de JK, o país também vivia grande clima de polarização política, com diversas forças tentando derrubar o presidente. Ao ser resolvida a crise, JK pediu calma e que o deixassem trabalhar pelo país, sem também promover clima de revanchismo contra adversários.

“Essa polarização é deletéria, todo mundo pode contribuir para seu fim”, disse Tarcísio ao concordar com Caiado. Para ele, o Judiciário, Legislativo, a mídia e mais setores da sociedade também devem atuar para descomprimir o debate. “Estamos cada dia mais próximos do limite, a população não aguenta”, alertou Tarcísio. O encontro foi promovido pela organização Esfera Brasil, que se intitula “apartidária e independente”, com transmissão ao vivo via internet.

Sobre desafios da segurança pública nos estados, Caiado ressaltou que “bandido tem que cumprir pena, e não ficar fazendo falsa política social”. Ele destacou ainda a necessidade do combate às facções criminosas que dominam diversos pontos, nas grandes metrópoles. “Ter territórios onde não se pode entrar significa que não temos um estado democrático de direito”, afirmou.

Como resultado das ações do Governo de Goiás, ele citou que o estado hoje não tem nenhum território dominado por facções e é exemplo nacional em segurança pública.

Seminário
Também integraram a programação do seminário o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, além de outras autoridades. Nos demais painéis, foram abordados temas como as perspectivas para as eleições municipais, comunicação, meio ambiente e integração e inovação de cadeias produtivas.

Fotos:_Julia Fagundes Esfera / Secretaria de Comunicação – Governo de Goiás

Comentários do Facebook
Continue lendo

MAIS LIDAS DA SEMANA