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Menos julgamentos, mais tratamento: o desafio de enfrentar a obesidade

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Não é uma questão meramente estética ou mesmo individual: a obesidade é um problema a ser enfrentado de maneira profissional pelos serviços de saúde para garantir o bem-estar da população. O desafio é lembrado todos os anos em 11 de outubro, Dia Nacional de Prevenção da Obesidade, e diariamente faz parte do trabalho da Secretaria de Saúde do DF, desde o atendimento na rede de atenção primária até o acompanhamento especializado.

“A obesidade não é apenas uma questão de força de vontade. Depende do ambiente em que a pessoa está inserida, depende da oferta de alimentos no ambiente em que se reside ou trabalha”, explica a gerente de Serviços de Nutrição da Secretaria de Saúde do DF, Caroline Rebelo.

Dentro da estratégia de saúde da família, por vezes, toda a alimentação de uma família deve ser modificada. “É uma doença multifatorial, então não existe um fator que seja mais importante do que outro para o desenvolvimento da obesidade. Podem envolver questões psicológicas, uso de medicamentos, mau hábito alimentar, sedentarismo, por exemplo”, completa a nutricionista.

Entre 2003 e 2021, a proporção de indivíduos com obesidade saltou de 12% para 26% da população, segundo o Ministério da Saúde | Fotos: Divulgação/Secretaria da Saúde

A porta de entrada para o tratamento na rede são as Unidades Básicas de Saúde. É onde os pacientes, que muitas vezes procuram a assistência médica por queixas diversas, recebem o primeiro acompanhamento para tratar a obesidade. Desde o início o tratamento é interdisciplinar, com nutricionistas, psicólogos, endocrinologistas e cardiologistas.

Dependendo do caso, a pessoa poderá ser encaminhada para uma unidade especializada, como o Centro Especializado em Diabetes, Obesidade e Hipertensão (Cedoh), localizado na Asa Norte. Ali, uma equipe multidisciplinar pode acompanhar o desenvolvimento dos pacientes em diversos aspectos da vida.

“Não basta só fazer dieta e atividade física. Existe todo o contexto, como controlar o stress, uma boa quantidade de sono, ingestão de água. Por isso é muito importante ter uma equipe multiprofissional”, conta a endocrinologista Alexandra Rubim, gerente do Cedoh. O encaminhamento para cirurgias bariátricas ocorre apenas com o aval da equipe, que analisa o caso de cada paciente.

No DF, dados da Secretaria de Saúde indicam que cerca 70,28% dos adultos acompanhados pela Atenção Primária à Saúde estavam com excesso de peso em 2020, contra 59,84% em 2015

Acolhimento e união de esforços

A palavra-chave do atendimento é acolhimento. “A pessoa fica envergonhada, se sente julgada. Quando ela chega a um serviço de saúde onde ela é acolhida, onde ela é ouvida, isso traz todo um impacto diferente”, diz Alexandra. Combater o preconceito é uma das metas da Secretaria de Saúde. O tema esteve em pauta em capacitações que envolveram cerca de 240 servidores nos últimos anos, todos com a responsabilidade de atuarem como multiplicadores nas suas unidades. As formações também incluíram os procedimentos de como acolher os pacientes e encaminhar o tratamento.

Isso porque outro aspecto apontado como relevante é a necessidade da abordagem múltipla. “Não é possível realizar o enfrentamento da obesidade sem que haja ações intersetoriais”, diz a nutricionista Caroline Rebelo.

Ações educativas, de esporte, de lazer, de transportes e até de segurança pública entram no enfrentamento integral da obesidade como uma doença em ampla expansão na sociedade. No DF, destacam-se, por exemplo, as iniciativas da Secretaria de Educação para combater a obesidade infantil e os projetos de segurança alimentar da Secretaria de Desenvolvimento Social, que incentivam o consumo de alimentos saudáveis pela população em vulnerabilidade.

“A meta não é ser magro, é ter consciência”

A frase é de Regina Lopes, de 53 anos, moradora do Guará. Quatro anos atrás, ela, que tem 1,57m de altura, chegou aos 106 quilos. “Eu cheguei a um ponto em que achava que estava com outra doença”, conta. A estratégia para vencer o desafio de controlar o peso teve como foco o acolhimento.

A porta de entrada para o tratamento, na rede, de casos de obesidade são as Unidades Básicas de Saúde | Fotos: Divulgação/Secretaria da Saúde

O tratamento começou na UBS 1 do Guará, a mais próxima de sua residência. Capacitado, o médico de plantão soube explicar que o desafio de saúde era enfrentar a obesidade. “Se todo profissional de saúde agisse dessa forma, talvez o índice de obesidade no Brasil não estivesse tão alto. Entre o paciente e o profissional de saúde tem que existir a sinceridade. Entre os familiares também”, diz Regina.

Encaminhada ao Cedoh, ela participou de atendimentos em grupo por dois anos. O diferencial, revela, foi a presença de uma equipe capacitada. “Foi um período de muito acolhimento e de um trabalho árduo. Eu tive nutricionista, endocrinologista, psicólogo, terapeuta e fui muito bem assistida. Tem os profissionais de saúde e tem a nossa boa vontade também.”

Hoje, com cuidados na alimentação e prática de exercícios físicos, ela se orgulha por conseguir se manter na faixa de peso esperada para o seu biotipo e, principalmente, por se sentir com uma qualidade de vida maior. “Eu não sou magra, nem gorda. Estou com um peso bacana e me sentindo bem.”

Aumento do número de casos

Segundo o Ministério da Saúde, o excesso de peso atinge 96 milhões de pessoas no Brasil. Entre 2003 e 2021, a proporção de indivíduos com obesidade saltou de 12% para 26% da população. Dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS 2019) apontam que a condição de obesidade já afeta cerca de 41,2 milhões de adultos, com distribuição maior em mulheres (29,5%) do que em homens (21,8%).

A preocupação aumentou com a pandemia de covid-19: pacientes nesta condição apresentaram maiores complicações, tempo de internação e índice de óbitos

No DF, dados da Secretaria de Saúde indicam que cerca 70,28% dos adultos acompanhados pela Atenção Primária à Saúde estavam com excesso de peso em 2020, contra 59,84% em 2015. O excesso de peso foi registrado, no ano passado, em 55,04% dos idosos, 50,4% das gestantes, 34,98% dos adolescentes, 27,9% das crianças de 5 a 10 anos de idade e 7,87% das crianças abaixo dos 5 anos.

A obesidade é apontada como fator de risco para doenças cardiovasculares, distúrbios musculoesqueléticos, problemas psicológicos e câncer. A preocupação aumentou com a pandemia de covid-19: pacientes nesta condição apresentaram maiores complicações, tempo de internação e índice de óbitos.

Quem é considerado obeso?

O critério utilizado para avaliar e classificar o estado nutricional de uma pessoa é o Índice de Massa Corporal (IMC), de acordo com as recomendações da Organização Mundial de Saúde. A fórmula para o cálculo do IMC é peso (em kg) dividido pelo quadrado da altura (em metros). Por exemplo: uma pessoa de 80 quilos e 1,70 de altura deve dividir 82 por 1,70×1,70, obtendo o IMC de 27,68.

A pessoa é classificada com excesso de peso quando o IMC é igual ou superior a 25 kg/m² e classificada com obesidade quando o IMC é igual ou superior a 30 kg/m². Vale lembrar também que a doença possui três estágios: a obesidade de grau 1 (IMC>30 kg/m² e IMC35 kg/m² e IMC40).

*Com informações da Secretaria de Saúde

Fonte: Governo DF

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Ministério da Saúde já enviou 25 toneladas de medicamentos e insumos para atender população gaúcha

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Nos últimos dias, cem kits de medicamentos e insumos, com capacidade para atender a até 1.500 pessoas durante um mês, chegaram ao estado. Programa Nacional de Imunizações enviará, nesta semana, 600 doses de imunoglobulina ao Rio Grande do Sul

Ministério da Saúde já enviou um total de 25 toneladas de medicamentos e insumos para o Rio Grande do Sul. O objetivo é manter o estado abastecido durante a calamidade provocada pelas severas enchentes dos últimos dias.

A informação foi divulgada na tarde desta segunda-feira, 13 de maio, no Hospital Conceição, em Porto Alegre, durante entrevista coletiva para rádios regionais.

Cem kits de medicamentos e insumos – com capacidade para atender a até 1.500 pessoas durante um mês – chegaram nos últimos dias ao estado. Conhecido como kit emergencial, ele é composto por oito caixas que, somadas, pesam 250 kg. Além de remédios, o conjunto inclui também luvas, seringas, ataduras, etc.

Vale destacar que o volume não considera outros repasses de medicamentos, vacinas e insumos que estão sendo enviados para repor os estoques perdidos com as enchentes e os que já estavam previstos na rotina. A título de comparação, em todo o ano passado, foram distribuídos 106 kits para emergências no Brasil.

Durante o balanço, o secretário de Atenção Primária à Saúde, Felipe Proenço, detalhou a operação de hospitais de campanha no estado. Foi confirmado que a Força Nacional do Sistema Único de Saúde (SUS) irá operar quatro hospitais de campanha no estado.

Um já funciona em Canoas, outro está sendo montado na capital gaúcha e um terceiro em São Leopoldo. A destinação da quarta unidade ainda será definida. Desde o início da calamidade no Rio Grande do Sul, o Ministério da Saúde já enviou recursos para 246 unidades de assistência.

ALERTA PARA GRIPE — O diretor do Departamento de Emergências em Saúde Pública (Desp) do Ministério da Saúde, Márcio Garcia, fez um alerta para doenças respiratórias. Com as aglomerações em abrigos e a temperatura baixando, a preocupação é com o aumento do número de casos de gripe e covid-19.

“A combinação é favorável para o aumento dessas doenças. As pessoas vacinadas vão estar mais protegidas. Diminuem as chances de adquirir a doença ou de evoluir para um caso de Síndrome Respiratória Aguda Grave”, frisou.

NÚMEROS — Veja a seguir alguns números das ações no RS apresentadas durante a coletiva:

Balanço de atendimentos

  • Total: 1.600 / Hospital Campanha (HCamp) de Canoas: 1034
  • Equipes volantes: 548
  • Encaminhamento ou transferência para outra unidade: 57
  • Remoções aéreas: 25
  • Atendimentos psicossociais: 22

Força de trabalho:

  • 134 profissionais em atuação;
  • 6 equipes volantes (13 enfermeiros + 9 médicos);
  • 15 equipes aeromédicas (15 enfermeiros + 15 médicos);
  • 62 profissionais no HCamp;
  • 19 profissionais de gestão;
  • 1 equipe psicossocial (5 psicólogas)

Recursos aplicados:

  • Medida provisória (MP) de liberação de crédito extraordinário, editada pelo presidente Lula, no domingo (12), traz a liberação de R$ 861 milhões para ações de saúde primária e especializada, vigilância epidemiológica, assistência farmacêutica e contratação temporária de profissionais;
  • Antecipação de R$ 40 milhões para compra de medicamentos;
  • Antecipação do pagamento do piso aos profissionais de enfermagem do estado. O total do repasse é de R$ 30 milhões;
  • Repasse, em parcela única, de R$ 63,1 milhões do Fundo Nacional de Saúde à Secretaria Estadual de Saúde e aos fundos municipais de saúde do Rio Grande do Sul;
  • Liberação, de forma imediata, no dia 6 de maio, de R$ 534 milhões em emendas individuais de congressistas do Rio Grande do Sul para auxiliar os municípios do estado afetados pelas enchentes. As emendas estavam alocadas na área da Saúde.

IMUNOGLOBULINA  — Programa Nacional de Imunizações (PNI) enviará, nesta semana, 600 doses de imunoglobulina à população do Rio Grande do Sul. As imunoglobulinas são proteínas utilizadas pelo organismo para combater um determinado antígeno, como vírus e bactérias, por exemplo.

Além disso, o Ministério da Saúde também vai destinar 1,1 mil frascos de soro; 416 mil doses de vacinas contra hepatite A, raiva, poliomielite e influenza, e 134 mil doses de covid-19. A destinação de todos esses insumos foi debatida, nesta segunda-feira (13), durante reunião de monitoramento do Centro de Operações de Emergência (COE) para chuvas intensas e inundações na Região Sul.

“Neste momento, as síndromes respiratórias também passam a ser um problema. Por isso, estamos focados em proteger a população gaúcha. Precisamos de uma ação ativa para vacinar inclusive dentro dos abrigos”, afirmou, na reunião, a secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente, Ethel Maciel.

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