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Escola Politécnica da UFRJ comemora 230 anos no Rio

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A Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), primeira escola de ensino superior de engenharia do Brasil e das Américas e sétima do mundo, comemorou nesta sexta-feira (16) os 230 anos de criação, com uma atuação ininterrupta, apesar das mudanças políticas e de Estado ocorridas no país, desde o Brasil Colônia.

À Agência Brasil, a diretora da Politécnica, Cláudia Morgado, destacou o caráter inclusivo da escola que sempre teve alunos negros, “mesmo antes da abolição da escravatura”. O primeiro e, talvez, o mais famoso engenheiro negro brasileiro foi André Rebouças, filho de uma escrava alforriada.

Nascido em 1838 e morto em 1898, André Rebouças foi um dos grandes engenheiros brasileiros da época do Império. Foi aluno e professor da Escola Central do Exército, origem da Escola Politécnica da UFRJ. Ele e o irmão Antônio Rebouças (1839-1874) foram os primeiros afrodescendentes formados em engenharia no país, em 1860. Antônio morreu cedo. Os dois se destacaram pela competência profissional. André foi ainda um dos principais abolicionistas de sua época.

Os irmãos Rebouças dão nome às galerias do túnel que liga o Rio Comprido à Lagoa, no Rio de Janeiro, cidade onde chegaram em 1846, com a família, vindos da Bahia, onde nasceram. Depois de formados, estudaram por um ano e sete meses na Europa, onde se especializaram na construção de estradas de ferro e portos marítimos. Juntos, os irmãos trabalharam no Paraná, onde desenvolveram a Ferrovia Paranaguá-Curitiba, considerada a maior obra férrea nacional.

Medalhas

Durante a solenidade comemorativa do aniversário da Politécnica, realizada no Museu Histórico Nacional, na Praça XV, região central do Rio, foram entregues as medalhas André Rebouças e dos 230 anos da instituição a 35 profissionais indicados pelo Conselho Departamental da UFRJ.

O objetivo foi valorizar personalidades da engenharia nacional, professores, ex-funcionários e servidores da ativa que contribuíram por uma engenharia de excelência no Brasil.

Entre os nomes estão dirigentes de instituições que contribuíram para a qualidade das novas diretrizes curriculares nacionais em engenharia, em 2019. São eles Carlos Ivan, presidente da Fundação Getulio Vargas (FGV); Francis Bogossian, presidente da Academia Nacional de Engenharia (ANE); Luís Antônio Cosenza, presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio de Janeiro (CREA-RJ); Pedro Celestino, ex-presidente do Clube de Engenharia e presidente da Internacional de Consultoria e Planejamento S.A. (Icoplan); e Wagner Victer, ex-secretário de Educação do Estado do Rio de Janeiro e diretor da Assembleia Legislativa (Alerj).

“O André Rebouças é uma personalidade que representa o espírito do engenheiro politécnico. Ele foi humanista, um grande engenheiro, empresário. Pensava em políticas públicas. Enfim, tem um pensamento de abolição da miséria no Brasil, não era somente da abolição da escravatura. Ele é, realmente, um ícone que a gente tem dentro da história e representa diversos egressos e engenheiros formados em outras escolas que exercem funções importantes no Brasil e que fazem a construção do país e fazem a gente avançar socialmente”, lembrou Cláudia Morgado.

Ele foi também professor da cadeira de Resistência dos Materiais da Escola Politécnica. A Medalha André Rebouças foi criada em 2017, possui sua face esculpida e tem os dizeres “Mérito da Polytechnica do Rio de Janeiro André Rebouças”.

Já a Medalha dos 230 anos foi desenhada exclusivamente para o evento. Traz a fachada do prédio do Largo de São Francisco, endereço mais longo da instituição, desde sua denominação como Escola Central Real Academia Militar (1812), depois Escola Central (1858), Escola Polytechnica (1874-1937) e Escola Nacional de Engenharia (1937-1965). Hoje, a Escola Politécnica está localizada no Centro de Tecnologia, na Ilha do Fundão. Em 2003, a unidade voltou a se intitular com o atual nome de Escola Politécnica da UFRJ

Cláudia informou que, em 1920, a Politécnica passou a ser um dos pilares mestres da universidade, sendo, atualmente, uma das maiores unidades de graduação da universidade, com mais de 12% de graduados, “todos com nota máxima no Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP). A gente é responsável pelos bons indicadores da UFRJ”. A medalha foi concedida a professores ativos e aposentados da Politécnica.

Reestruturação

A escola está promovendo uma grande reestruturação nos planos pedagógicos dos cursos, alinhados às novas diretrizes curriculares, visando maior integração com a indústria. Foi criado um escritório de carreiras, um centro de acolhimento e suporte acadêmico para atender às diversas demandas sociais e emocionais dos alunos.

Segundo a diretora, o nível de evasão é baixo, menos de 10%, mas a retenção ainda é alta. A ideia é “buscar uma forma mais prática e aplicada dos cálculos e das físicas, usando mais computação, usando mais investimento em infraestrutura, porque a engenharia hoje é mais cara do que no passado”, afirmou.

De acordo com Cláudia, há pouco tempo, tudo era muito dificultado. Hoje, com acesso à internet, é preciso ter o mundo digital e equipamentos, principalmente para que alunos com insuficiência econômica tenham igualdade de condições de ter uma boa formação em engenharia.

A diretora explicou que a Escola Politécnica sempre foi, historicamente, uma das unidades com orçamento muito baixo, comparativamente com outras unidades da UFRJ. Para 2023, porém, ela estimou que o orçamento deverá subir para cerca de R$ 700 mil, para 5,4 mil alunos de treze cursos de engenharia. “É a maior unidade de graduação”, reiterou.

Recital

Para celebrar ainda os 230 anos da Escola Politécnica, a Escola de Música da universidade, por meio do projeto Ópera na UFRJ, estreou o recital Eternamente, do diretor musical e roteirista Lenine Santos. A obra mostra ao público parte da coleção de canções do compositor brasileiro Antônio Carlos Gomes (1836-1896), escritas no período do segundo império no Brasil, que trazem a crônica de costumes da época.

Em português, italiano e francês, as canções são parte importante da produção de Carlos Gomes, considerado o maior compositor de óperas das Américas. O projeto tem apoio do Programa de Apoio às Artes (Proart) do Fórum de Ciência e Cultura (FCC). 

Edição: Maria Claudia

Fonte: EBC Geral

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Educação

Em função da calamidade no Rio Grande do Sul, Governo adia Concurso Público Nacional Unificado

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A nova data será anunciada quando houver condições climáticas e logísticas de aplicação da prova em todo o território nacional

Em razão da situação de calamidade pública no Rio Grande do Sul, o Concurso Público Nacional Unificado (CPNU) será adiado em todo o país. A nova data vai ser anunciada assim que houver condições climáticas e logísticas de aplicação da prova em todo o território nacional. O anúncio foi feito na tarde desta sexta-feira, 3 de maio, pela ministra da Gestão e Inovação nos Serviços Públicos, Esther Dweck.

A decisão foi tomada de forma coletiva, após análise das condições no Rio Grande do Sul, em conjunto com a Advocacia-Geral da União (AGU), a Defensoria Pública da União (DPU) e a Procuradoria-geral do Estado do Rio Grande do Sul, além do Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI). A oficialização da medida foi efetivada a partir de um Termo de Acordo (confira em anexo).

“Essa decisão de adiamento busca garantir a integridade dos participantes, inclusive sua integridade física nas regiões onde seria impossível o deslocamento. Mas é uma integridade em todas as dimensões, preservando a vida das pessoas e também conferindo segurança jurídica ao concurso, que é algo essencial para todo mundo que está prestando concurso”, afirmou Esther Dweck.

A ministra assegurou que nos próximos dias, após a resolução das questões logísticas envolvidas, será anunciada a nova data. “Não temos uma nova data. Eu quero deixar claro que podemos, nas próximas semanas, divulgar a nova data. Nesse momento, toda a questão logística envolvida com a prova não nos permite dar uma nova data com segurança. A gente imagina que algumas semanas, ou até menos, a gente consiga divulgar a nova data”, enfatizou.

A ministra Esther Dweck enfatizou que a solução é a mais segura para todos em todo o país, ao garantir as mesmas chances para todos os candidatos em todos os lugares. “O adiamento reforça o compromisso do governo com a construção de um país melhor, um país mais inclusivo, com respeito ao próximo e a construção de uma democracia com a cara do Brasil. Por isso a gente não pode deixar ninguém de fora”, declarou Dweck.

O governo ouviu a população gaúcha e decidiu pelo adiamento. O Brasil se solidariza com o Rio Grande do Sul neste momento de dificuldades e vai prestar toda ajuda necessária” Paulo Pimenta, ministro da Secom

EMERGÊNCIA – Para o ministro Paulo Pimenta, a decisão, além de garantir isonomia a todos os candidatos, permite ao Governo Federal focar ainda mais os esforços na ajuda humanitária necessária ao Rio Grande do Sul. “O governo federal ouviu a população gaúcha e decidiu pelo adiamento da prova em todo Brasil. O Brasil se solidariza com o Rio Grande do Sul neste momento de dificuldades e vai prestar toda ajuda necessária”, disse.

O ministro afirmou que o foco do Governo Federal está no resgate das vítimas e restabelecimento das condições básicas de infraestrutura, como desobstrução de vias e restabelecimento de serviços essenciais, como energia elétrica e comunicações. Ele destacou que, devido à continuidade das chuvas, ainda não é possível calcular o alcance total dos danos. “Isso é aquilo que chamamos de segunda etapa: trabalho de reconstrução. E esse levantamento dos valores se dará a partir do plano de trabalho apresentado por cada município e pelo estado, mediante homologação da defesa civil”.

Pimenta disse que não há um valor acordado, mas assegurou que o Governo Federal não estabelecerá um limite para os recursos e irá prover o suporte financeiro necessário para a reconstrução das cidades. “O que o presidente Lula afirmou ontem é que não há limite definido. Vamos disponibilizar o recurso necessário para que, nas questões de responsabilidade do Governo Federal, todos os pleitos de reconstrução sejam atendidos”, declarou. Pimenta e o ministro da Integração de do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, voltam neste sábado para o Rio Grande do Sul para instalar um escritório de governo no estado.

ENEM DOS CONCURSOS – Conhecido como Enem dos Concursos por sua abrangência, o Concurso unificado tem mais de 2,14 milhões de inscritos de todas as regiões do país. Eles vão concorrer a 6.640 vagas em 21 órgãos da Administração Pública Federal. Quando remarcadas, as provas devem ocorrer em 228 municípios de todos os estados e no Distrito Federal.

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