Nacional
Entidades apuram caso de menina yanomami morta por garimpeiros
Entidades civis e órgãos federais, em Roraima, acompanham a denúncia de uma adolescente, de 12 anos, que foi estuprada e morta por garimpeiros na comunidade Aracaçá, na região Waiakás, na Terra Yanomami, em Roraima. O caso foi relatado por Júnior Hekurari Yanomami, liderança indígena, em um vídeo nas redes sociais na segunda-feira (25).
A Fundação Nacional do Índio (Funai) informou, em nota, que acompanha o caso por meio de unidade descentralizada na região, em articulação com as forças de segurança e disse estar “à disposição para colaborar com os trabalhos de proteção à comunidade”.
No vídeo em que traz a denúncia, muito emocionado, Júnior Hekurari conta que recebeu informações de que garimpeiros invadiram a comunidade. “Os garimpeiros violentaram, estupraram ela [a adolescente] e ocasionou o óbito. O corpo da adolescente está na comunidade. Também me informaram que uma criança e uma mulher foram levadas, a criança está desaparecida no rio”, relatou.
Ele informou que iria até o local no dia seguinte. A Agência Brasil tentou contato com a liderança indígena, mas o telefone estava fora de área.
A Hutukara Associação Yanomami (HAY) disse, por meio de nota, que está acompanhando o caso, apurando os fatos e encaminhará o que for necessário às autoridades. A entidade chamou atenção para “o fato de que, se confirmado, este não é um caso isolado”.
“Infelizmente, episódios de violência sexual contra crianças, adolescentes e mulheres Yanomami praticados por garimpeiros invasores já foram registrados em outras regiões e foram publicados no relatório Yanomami Sob Ataque”, aponta a nota assinada por Dário Vitório Kopenawa, que preside a associação.
O relatório, divulgado neste mês, aponta, por exemplo, que, em 2021, o garimpo ilegal avançou 46% na comparação com 2020. No ano passado, foi registrado um crescimento de 30% em relação ao período anterior. De 2016 a 2020, o garimpo na Terra Indígena Yanomami aumentou 3.350%, segundo o estudo da Hutukara. Os yanomamis pedem a atuação do Poder Público e a retirada dos invasores.
O Ministério Público Federal em Roraima (MPF/RR) informou, por meio da assessoria de imprensa, que está acompanhando o caso e busca, junto às instituições competentes, a apuração dos fatos. O órgão informou que não se manifesta sobre procedimentos ou investigações em andamento.
A Funai destacou também que promove atividades permanentes na região por meio das suas Bases de Proteção Etnoambiental (Bapes), que são responsáveis “por ações contínuas de proteção, fiscalização e vigilância territorial, além de coibição de ilícitos, controle de acesso, acompanhamento de ações de saúde, entre outros”.
O órgão informou ainda que tem atuado em ações de fiscalização em articulação com os órgãos ambientais e de segurança pública, tendo realizado mais de 1,2 mil ações nos últimos anos.
Edição: Fábio Massalli
Nacional
“Caminhos assistenciais” do Governo Federal liberam rodovias para garantir abastecimento do Rio Grande do Sul
Prioridade é a liberação ágil de trechos essenciais para assegurar o fluxo de veículos com suprimentos, comida, oxigênio e combustível
Com mais de 400 cidades atingidas pelo alto volume de chuvas que caiu sobre o território gaúcho, o Governo Federal desenvolveu um plano emergencial para reestabelecer o fluxo viário em rotas estratégicas para assegurar o atendimento da população e impedir o desabastecimento de itens essenciais para a população do Rio Grande do Sul.
“Esses caminhos assistenciais, como estamos chamando, são para garantir salvamento e abastecimento do estado, sobretudo com oxigênio e remédio, comida e água, além da chegada de combustível, para não haver outras paralisações nesta crise e intensificarem ainda mais o sofrimento do povo gaúcho neste momento”, informou o ministro dos Transportes, Renan Filho. “É um plano de trabalho com prioridades a serem adotadas em 48 horas”.
Para isso, são usados maquinários pesados, como tratores, escavadeiras, guindastes e caminhões. Há cerca de 200 equipamentos e 600 homens atuando diretamente no estado. Em alguns pontos de rompimento de trechos de estrada, a solução é preencher as brechas com pedras para permitir a passagem dos veículos. Um dos trechos liberados é a BR 290, que liga Porto Alegre a Santa Maria e segue até a fronteira com a Argentina, por onde passa 30% do comércio internacional do país. Equipes do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), de concessionárias e da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) seguem no para restabelecer o fluxo viário.
“Liberamos o fluxo na BR 290. O momento é de trabalhar pela preservação da vida, reencontro das famílias e reconstrução do Rio Grande do Sul. Nesses caminhos serão permitidos transporte de alimentos, remédios, oxigênio, combustíveis, resgates e pacientes em ambulâncias”, comentou o ministro.
Já estão liberados também trechos das BRs-116/RS, entre Estância Velha a Nova Petrópolis; de Vacaria a Campestre da Serra; e de Caxias a São Marcos. Também foi restabelecido o fluxo na BR-392/RS, de Santa Maria a Caçapava do Sul, possibilitando o acesso ao Porto de Rio Grande, beneficiando a região de Pelotas. Até esta quarta-feira (8/5), serão realizadas ainda as seguintes liberações: na BR-116/RS, sentido norte do estado, no trecho do Viaduto da Scharlau, e a ponte sobre o Rio dos Sinos.
Na BR-470, passagem liberada de Carlos Barbosa a Montenegro; na BR-386, a ponte sobre o rio Taquari, em Estrela e Lajeado também teve o fluxo retomado, assim como na BR-290, de Eldorado a Santa Maria, com construção de um bueiro. Já no caso da BR-158, de Santa Maria a Cruz Alta, o trânsito ainda ocorre com escolta, apenas para passagens de veículos emergenciais, pois há risco no trajeto. Trânsito liberado também na BR-448, a Rodovia do Parque.
Para o ministro, chama a atenção nesse desastre a amplitude, a velocidade com que as águas subiram e a demora no escoamento, o que dificulta o dimensionamento da crise e o atendimento. “A prioridade agora é salvar vidas, liberar vias para passagem de equipes de resgate e pronto socorro e, depois, pensarmos na reconstrução”, listou.
1 BILHÃO – Em reunião com parlamentares na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, o ministro ainda informou que cerca de R$ 1 bilhão serão destinados pelo Governo Federal à reconstrução de rodovias federais, além do orçamento previamente destinado ao estado de R$ 1,7 bilhão.
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