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Engenheiro com paralisia cria dispositivos para deficiência física

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Os obstáculos sempre estiverem presentes na vida do engenheiro da computação Junior Prado, de 31 anos. Ele nasceu com paralisia cerebral e, com o apoio do pai, conseguiu aos poucos se adaptar aos estudos. As dificuldades o incentivaram a ajudar pessoas com deficiência motora a enfrentar as mesmas barreiras. 

Recém formado em mestrado, no curso de Engenharia Elétrica e de Computação, no Campus da Universidade Federal do Ceará (UFC) em Sobral, Júnior Prado desenvolveu três dispositivos que melhoram a vida de quem tem deficiência motora e, assim, possibilitam a independência no uso do computador.  

Prado descreveu a maneira como a vida escolar o motivou a desenvolver projetos. “As escolas não aceitavam pessoas com deficiência, na época. Meu pai tentou várias delas, e acabaram indicando a Apae de Sobral. Na triagem, a médica disse que, no meu caso, não seria interessante estudar lá. Eu poderia receber atendimento médico nas áreas de fonoaudiologia, fisioterapia e terapia ocupacional, porque o meu sistema cognitivo não tinha sido afetado. Assim, eu deveria ter aulas em escolas regulares. Meu pai voltou a tentar e conseguiu me matricular em uma escola particular pequena e eu comecei a estudar com 8 anos de idade, depois que fiz uma cirurgia e aprendi a andar.” 

Engenheiro Junior Prado apresenta o AdaptMouse versão 3.0 na Demo Day, última fase dos Corredores Digitais edição 2020/2021 Engenheiro Junior Prado apresenta o AdaptMouse versão 3.0 na Demo Day, última fase dos Corredores Digitais edição 2020/2021

Engenheiro Junior Prado apresenta o AdaptMouse versão 3.0 na Demo Day, última fase dos Corredores Digitais edição 2020/2021 – Junior Prado/Arquivo Pessoal

O engenheiro disse que passou por muitas dificuldades durante a vida escolar porque não conseguia escrever. Ele contava com a ajuda dos colegas para fazer anotações durante as aulas. As provas eram feitas oralmente. “Os professores sempre tiveram que adaptar minhas necessidades, eu sempre quis mostrar que era capaz de fazer a mesma avaliação que os outros, porém de maneira adaptada. Então,algumas avaliações eram ditadas.”

Pensando nas dificuldades, o engenheiro elaborou, junto a equipe do Grupo de Tecnologias Assistidas e Educacionais (TAE), do campus da Universidade Federal do Ceará (UFC), em Sobral, os três novos dispositivos, que têm como vantagem o baixo custo. As peças estão em fase de aperfeiçoamento e Júnior já mira as perspectivas de comercialização.

Dispositivos

Foi na graduação que o engenheiro pensou em desenvolver o AdaptMouse. “Estava desenvolvendo um trabalho na Apae de Sobral. É interessante dizer que eu tive o primeiro contato com a Apae quando eu era pequeno, e depois voltei como professor. Passei cerca de 10 anos desenvolvendo trabalhos e um projeto de inclusão digital. 

“A Apae recebeu um incentivo financeiro para montar um laboratório equipado com produtos adaptados. Mas não tinha o produto para ser comprado no Brasil, então os produtos foram importados por valores altos, totalmente inviáveis para um usuário comum.”

Ao analisar o mouse importado, Júnior teve a ideia de desenvolver algo semelhante com custo menor. A nova tecnologia beneficia pessoas com mobilidade reduzida nos membros superiores, como as que têm paralisia cerebral. Em 2019, o projeto ganhou a competição Maker Challenge, do governo do Ceará, recebendo um ano de incubação gratuita no Parque de Desenvolvimento Tecnológico (Padetec).

“Ainda na graduação consegui desenvolver o primeiro protótipo do mouse adaptado. Esse protótipo atendia as mesmas funcionalidades do mouse importado, com algumas funções extras que o outro não tinha. Terminei a graduação e, logo em seguida, ingressei no curso de mestrado em engenharia elétrica e computação. Segui os estudos a respeito de tecnologia assistida, que na época ainda era um tema novo no meio científico e aí fomos aprimorando os conhecimentos”.

O projeto de pesquisa do mestrado foi desenvolver uma interface, de acordo com Júnior. “Através do uso de sinais eletromiográficos, que são sinais produzidos pela contração e relaxamento muscular, os sinais são captados por eletrodos e o sistema consegue identificar qual foi o movimento realizado, apenas pelas características dos sinais e ele traduzia em uma ação do computador. Na ocasião, o sistema controlava um edição de texto. Através de quatro movimentos de mão, o usuário conseguia usar o editor para escrever palavras e dados.” 

Em paralelo a essa interface, ainda no mestrado, ocorreu o aprimoramento do AdaptMouse. “Foi feita uma modelagem em 3D e ele foi produzido usando uma impressora 3D. Essa foi a versão 2.0. Atualmente estou coordenando um laboratório Maker, desenvolvemos vários tipos de tecnologia e dentre elas as tecnologias assistidas”.  

Atualmente, o laboratório coordenado por Prado está desenvolvendo a versão 3.0 e a versão 4.0 desses dispositivos. “O intuito do projeto é que consiga sair de fato um produto que venha a compor o mercado nacional e que chegue a tantos usuários com deficiência que necessitam de um dispositivo que consiga fazer essa interação dele com o computador”, afirmou.

Perspectivas 

O projeto de mestrado, com a interface usando sinais eletromiográficos, tem o propósito de continuidade, explicou o engenheiro. “O projeto eletromiográfico para aplicação desse mesmo sistema para controle de outras máquinas: imagine uma pessoa que perdeu uma mão, um braço, através de sinais musculares de outras partes do corpo poder fazer a movimentação a partir de reconhecimento do sinal. Uma outra possibilidade para uma pessoa tetraplégica seria, através do reconhecimento de sinais ópticos, controlar um ambiente. Tudo isso são projetos que, com certeza, ajudarão muitas pessoas”, acredita o engenheiro. 

Atualmente, o AdaptMouse está sendo desenvolvido no laboratório do Instituto Cearense de Tecnologia (Icetel). Essa última versão conta com um programa de inovação Corredores Digitais, voltado para o desenvolvimento de empresas, produtos e negócios em áreas estratégicas da economia do estado do Ceará.

Apoiado em conhecimento científico, tecnológico e de mercado, o programa atende a projetos inovadores em diferentes fases, de ideação à expansão de mercado.

“Neste projeto, atuo como coordenador do laboratório e a equipe composta por dois estagiários, Alexandre Magno e o Joel Carneiro, estudantes de graduação de mecatrônica, que desenvolvem a última versão, que foi uma das finalistas da primeira edição do programa Corredores Digitais, em 2020 e 2021”. 

Edição: Maria Claudia

Fonte: EBC Geral

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Lula segue para o Rio Grande do Sul, acompanhado de ministros e líderes dos poderes Legislativo e Judiciário

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Estado registra 329 municípios atingidos e 686.482 pessoas afetadas. A frente fria tem previsão de altos volumes de chuva para o norte do Rio Grande do Sul, todo o estado de Santa Catarina e sul do Paraná

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, seguiu para o Rio Grande do Sul na manhã deste domingo, 5 de maio, acompanhado por uma comitiva de ministros e líderes dos poderes Legislativo e Judiciário. O grupo se une aos ministros Paulo Pimenta (Secretaria de Comunicação Social) e Waldez Góes (Integração e Desenvolvimento Regional), que já estão no estado e acompanham de perto as ações de socorro e assistência do Governo Federal à população gaúcha.

Embarcaram com o presidente a primeira-dama, Janja Lula, e os ministros Rui Costa (Casa Civil), José Mucio (Defesa), Fernando Haddad (Fazenda), Renan Filho (Transportes), Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos), Camilo Santana (Educação), Nísia Trindade (Saúde), Luiz Marinho (Trabalho e Emprego), Wellington Dias (Desenvolvimento Social e Combate à Fome), Marina Silva (Meio Ambiente e Mudança do Clima), Jader Filho (Cidades), Márcio Macêdo (Secretaria-Geral) e Alexandre Padilha (Secretaria de Relações Institucionais). Também seguem para o Rio Grande do Sul os presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco, e da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, os ministros Edson Fachin (STF) e Bruno Dantas (presidente do Tribunal de Contas da União), além do comandante do Exército Brasileiro, general Tomás Paiva.

Neste domingo, durante o Regina Caeli (uma das peças da liturgia católica, denominadas “antífonas marianas”), o Papa Francisco manifestou solidariedade e dirigiu suas orações aos povos dos estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, afetados pelas fortes chuvas e enchentes.

Atualizações nas ações de socorro e assistência ao Rio Grande do Sul

Ministério da Defesa
Resgate de pessoas isoladas em Lajeado, Encantado, Taquari, Estrela, Nova Santa Rita, Montenegro, Sinimbu, Canoas, Bento Gonçalves, Campo Bom e São Sebastião do Caí. Em São Gabriel, Bagé, Alegrete e Cristal, também foram realizadas operações de apoio à reestruturação de imóveis destruídos e realocação de pessoas desabrigadas. Em Candelária e São Valentim do Sul, o contingente ainda realizou a desobstrução de vias. Em Restinga Seca, atuaram para o lançamento de uma ponte e restituição dos acessos. Em Porto Alegre e Cachoeira do Sul, atuaram no apoio à organização e distribuição de doações e aos abrigos de desabrigados. Foram realizados 9.749 resgates nos últimos dias, sendo 402 aéreos, 2.340 fluviais e 7.007 terrestres – 69 pessoas demandaram um trabalho de evacuação aeromédica. São 647 militares das Forças Armadas envolvidos nas operações, sendo 426 do Exército, 155 da Marinha e 66 da Força Aérea.

Força Aérea Brasileira (FAB)
Nesta madrugada, a aeronave KC-390 Millennium transportou mais de 18 toneladas de materiais do Grupamento de Apoio Logístico de Campanha (GALC). Decolou da Base Aérea do Galeão, no Rio de Janeiro (RJ) com destino à Base Aérea de Canoas, transportando geradores, banheiros químicos, barracas operacionais, colchões, materiais de apoio elétrico e hidráulico que vão prover suporte de alimentação, alojamento, higienização (banho e sanitários) e manutenção da assistência à população gaúcha. Além de toda a carga, a aeronave ainda transportou 14 militares do GALC, que farão a montagem de toda a estrutura em Canoas. A atuação desse efetivo tem a finalidade de apoiar logisticamente as operações na calamidade pública.

Polícia Rodoviária Federal (PRF)
No balanço da manhã, a PRF apontou a previsão de reforço de 75 agentes no efetivo envolvido nas operações. Até o momento, estão destacados 99. A força relatou extrema dificuldade de movimentação do efetivo em razão dos pontos bloqueados. Estão empregadas na operação 20 viaturas e três aeronaves. Cento e cinquenta resgates terrestres já foram realizados e 54 pessoas (e três animais) demandaram resgate aéreo.

BALANÇO — De acordo com a última atualização do governo estadual, são 329 municípios atingidos e já são 686.482 pessoas afetadas. O estado contabiliza 79.253 desalojadas e outras 14.447 pessoas em abrigos, com 72 mortes, 150 feridos e 103 desaparecidas.

PREVISÃO DO TEMPO — De acordo com os órgãos de monitoramento e previsão hidrometeorológica — Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), Serviço Geológico do Brasil (SGB) e Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) — a frente fria tem previsão de altos volumes de chuva para o norte do Rio Grande do Sul, todo o estado de Santa Catarina e sul do Paraná.

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