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Comunicação inclusiva

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O Dia Internacional das Línguas de Sinais foi criado com o intuito de destacar a importância da linguagem de sinais na garantia dos direitos humanos de pessoas com limitações auditivas. A data, que foi instituída pelas Nações Unidas em 2018, relembra o aniversário de fundação da Federação Mundial dos Surdos, criada em 1951. De acordo com a entidade que representa a categoria, existem, no mundo, cerca de 70 milhões de pessoas vivendo com surdez. Mais de 80% desse contingente estão em países em desenvolvimento.  

Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), existem, no mundo, mais de 300 variantes de línguas de sinais. No Brasil, o caso está representado pela Língua Brasileira de Sinais (Libras), que compreende uma comunidade composta por mais de 5 milhões de usuários. 

O idioma, que tem suas raízes fincadas em instituição fundada durante o Império, só chegou a ser definitivamente legitimado em 2002, por pressão dos movimentos que se intensificaram no final dos anos 1990. O reconhecimento foi oficializado por meio da Lei 10.436, de 24 de abril de 2002.   

A medida possibilitou o fortalecimento progressivo das políticas de acessibilidade e inclusão para a comunidade surda do país. Resulta disso o direito de acesso às escolas regulares de ensino, inclusive às universidades, e o atendimento adequado junto aos órgãos públicos de assistência à saúde. Em 2005, a língua de sinais brasileira foi regulamentada como disciplina curricular e, em 2010, houve a regulamentação da profissão de tradutor/intérprete de Libras. 

A oferta de educação bilíngue também pode ser incluída dentre as conquistas. A medida faz parte do Estatuto da Pessoa com Deficiência, aprovado em 2015. Diferente das línguas orais-auditivas, que configuram o idioma falado, usado por pessoas não-surdas, a língua de sinais está inserida numa modalidade de comunicação identificada como visuoespacial. Isso significa que utiliza um conjunto convencionado de códigos que podem ser visualmente apreendidos a partir do movimento das mãos e outras expressões corporais auxiliares. 

Por outro lado, à semelhança das línguas faladas, a linguagem de sinais também possui uma gramática própria. Nela são igualmente respeitados aspectos linguísticos como:  fonologia, morfologia, sintaxe e semântica.

No Brasil, além da Libras, há também a Língua de sinais Kaapor Brasileira, que é igualmente conhecida por Língua de Sinais Urubu-Ka’apor. Trata-se de uma língua de sinais utilizada pelo povo indígena Ka’apor, que vive em 5 aldeias distribuídas pela região do Alto Turiaçu, no sul do estado do Maranhão. 

Em meados do século passado, o antropólogo Darcy Ribeiro documentou a alta taxa de surdez entre a população Ka’apor. Pesquisas recentes alertam sobre a ameaça de extinção dessa língua, que tem como característica mais marcante o fato de ser abraçada pela comunidade indígena em geral. Especialistas observam que essa forma comunitária de assegurar a inclusão da pessoa surda é algo considerado incomum nos demais contextos em que as línguas de sinais aparecem.   

Iniciativas parlamentares

Na atual Legislatura da Alego, o tema foi alvo de 17 projetos, todos assinados por parlamentares da Casa. Dentre esses, está o processo nº  8572/21, do deputado Francisco Oliveira (MDB). A matéria estabelece critérios para a implantação de Escola Bilíngue na Associação dos Surdos de Goiânia (ASG). Na proposta, o autor defende que a entidade adote o ensino de Libras como primeira língua, e o da Língua Portuguesa, em sua modalidade escrita, como segunda. 

Aprovada na Alego em dezembro de 2021, o projeto recebeu, no início deste ano, o veto integral da Governadoria. Nele, a Secretaria de Educação contesta o fato de a matéria estar fundamentada em antigo modelo de educação especial. Segunda a Pasta, o exemplo contraria interesses atualmente defendidos pela Federação Mundial dos Surdos referentes à inclusão, mediante garantia de acesso do público que representa, nas escolas regulares de ensino. 

O veto também traz parecer contrário do Conselho Estadual de Educação, que, por sua vez, contesta a legitimidade de intervenção do Parlamento em assuntos relativos à iniciativa privada, categoria em que se enquadra a ASG. O mesmo questionamento foi feito pela Procuradoria-Geral do Estado (PGE), que também criticou o fato da política pública proposta definir benefício de alcance restrito, apenas, à capital, enquanto deveria estar direcionada ao estado como um todo. 

Em relatório apresentado na CCJ, que foi acatado pelo colegiado, o deputado Wilde Cambão (PSD) manifestou parecer favorável à manutenção parcial do veto, apenas no que se referiu à retirada de dispositivo explicitamente relacionado à criação de escola bilíngue na ASG. O veto com o parecer aguarda, agora, apreciação plenária em fase de votação única e secreta. Caso a interdição seja derrubada, o governador será obrigado a promulgar a matéria, seguindo orientação deliberada em Plenário.     

Já entre as tramitações mais recentes, está um projeto do deputado Talles Barreto (UB), que foi protocolado em agosto. A matéria visa garantir à pessoa com deficiência auditiva ou surdez a realização de prova de concurso em Libras. O processo de nº 10565/22 aguarda deliberação junto à Comissão de Constituição, Justiça e Redação (CCJ). 

Orientação similar é dada pelo processo 1692/22, do deputado Chico KGL (UB). A matéria visa estimular o aprendizado de Libras ao conferir aos candidatos com conhecimento avançado na área a mesma pontuação atribuída aos cursos de especialização, em avaliações de prova de títulos de concursos públicos da administração estadual. O benefício fica condicionado à apresentação de comprovante emitido por instituições de ensino devidamente licenciadas para oferta da titulação em questão.

Outro projeto de destaque, que também entrou em tramitação neste ano, é o de nº 0904/22, da deputada Delegada Adriana Accorsi (PT).  A matéria dispõe sobre a garantia de atendimento às mulheres surdas vítimas de violência doméstica e familiar, por profissionais habilitados em Libras, nas delegacias goianas. 

Fonte: Assembleia Legislativa de GO

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“Temos que governar com o espírito de JK”, defende Caiado em encontro nacional de lideranças

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Na 2ª edição do Seminário Brasil Hoje, em São Paulo, o governador falou sobre clima de acirramento da política nacional e soluções reais para problemas da população

No debate sobre desafios e oportunidades para os estados, em São Paulo, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, citou o ex-presidente Juscelino Kubitschek (JK), que comandou o país entre 1956 e 1961 em clima de coalizão. “Foi esse homem que deu conta de fazer todo o desenvolvimento, destacar o Centro-Oeste e o Norte do país”, disse Caiado. A fala foi durante a segunda edição do Seminário Brasil Hoje, realizado nesta segunda-feira (22/04).

O evento reuniu lideranças políticas e do setor privado para debater o cenário econômico atual. “Ninguém governa brigando, nesse clima de acirramento político. O presidente hoje tem que governar com o espírito que JK teve, de poder, se preocupar com matérias relevantes”, disse Caiado. Ao lado do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, o goiano encerrou o evento, com a mediação do jornalista Willian Waack.

Em seminário nacional, Caiado fala que presidente da República deve seguir exemplo de JK

Em seminário nacional, Caiado fala que presidente da República deve seguir exemplo de JK

Caiado relembrou que, à época de JK, o país também vivia grande clima de polarização política, com diversas forças tentando derrubar o presidente. Ao ser resolvida a crise, JK pediu calma e que o deixassem trabalhar pelo país, sem também promover clima de revanchismo contra adversários.

“Essa polarização é deletéria, todo mundo pode contribuir para seu fim”, disse Tarcísio ao concordar com Caiado. Para ele, o Judiciário, Legislativo, a mídia e mais setores da sociedade também devem atuar para descomprimir o debate. “Estamos cada dia mais próximos do limite, a população não aguenta”, alertou Tarcísio. O encontro foi promovido pela organização Esfera Brasil, que se intitula “apartidária e independente”, com transmissão ao vivo via internet.

Sobre desafios da segurança pública nos estados, Caiado ressaltou que “bandido tem que cumprir pena, e não ficar fazendo falsa política social”. Ele destacou ainda a necessidade do combate às facções criminosas que dominam diversos pontos, nas grandes metrópoles. “Ter territórios onde não se pode entrar significa que não temos um estado democrático de direito”, afirmou.

Como resultado das ações do Governo de Goiás, ele citou que o estado hoje não tem nenhum território dominado por facções e é exemplo nacional em segurança pública.

Seminário
Também integraram a programação do seminário o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, além de outras autoridades. Nos demais painéis, foram abordados temas como as perspectivas para as eleições municipais, comunicação, meio ambiente e integração e inovação de cadeias produtivas.

Fotos:_Julia Fagundes Esfera / Secretaria de Comunicação – Governo de Goiás

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