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Bombeiros encontram crânio durante buscas em Brumadinho

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O Corpo de Bombeiros de Minas Gerais anunciou hoje (21) ter localizado um crânio com parte da arcada dentária durante buscas em área atingida na tragédia em Brumadinho (MG). Por enquanto, não é possível afirmar se ele pertence a uma vítima ainda desaparecida. A confirmação dependerá da perícia a cargo da Polícia Civil de Minas Gerais.

A tragédia ocorreu em janeiro de 2019, quando a ruptura de uma barragem da Vale liberou uma avalanche de rejeitos que causou destruição de comunidades, degradação ambiental e poluição do Rio Paraopeba. A maioria das vítimas são trabalhadores da própria mineradora ou de empresas terceirizadas que prestavam serviço na mina. Passados cerca de 3 anos e meio, a buscas pelos corpos continua. Das 270 pessoas que perderam suas vidas, quatro ainda não foram localizadas.

De acordo com nota divulgada pelos bombeiros, o crânio foi encontrado na quinta-feira (15) durante o processo de vistoria do rejeito na área batizada de Remanso 3. “Foi realizada uma análise criteriosa do cenário e iniciados os trabalhos de recolhimento dos segmentos ósseos que se encontravam na concha da escavadeira e sobre o solo. Após nova escavação controlada de parte da área, foram encontrados cinco segmentos e uma ossada incompleta”, disse o Corpo de Bombeiros.

Desde a tragédia, as operações de busca do Corpo de Bombeiros sofreram apenas duas paralisações, ambas devido às restrições impostas nos momentos de agravamento da pandemia da covid-19. Os esforços são acompanhados de perto pela Associação dos Familiares de Vítimas e Atingidos (Avabrum), criada pelos familiares dos mortos na tragédia. A entidade contabiliza 272 óbitos porque inclui na conta os bebês de duas vítimas grávidas.

“Seguimos crendo que as quatro jóias serão encontradas e os familiares terão esse acalento do encontro”, registra postagem realizada hoje (21) nas redes sociais da Avabrum.

Processo na Alemanha

Nesta segunda-feira (19), ocorreu uma nova audiência em uma ação sobre a tragédia que tramita nos tribunais alemães. Trata-se de um processo movido por 183 parentes de pessoas mortas e diversos trabalhadores sobreviventes. Eles cobram indenização da Tüv Süd, empresa alemã que assinou a declaração de estabilidade da barragem que se rompeu. O documento, que deve ser apresentado duas vezes ao ano à Agência Nacional de Mineração (ANM), é obrigatório para manter as operações da estrutura. Sem ele, as atividades devem ser paralisadas.

A presidente da Avabrum, Alexandra Andrade, participou da audiência acompanhada de mais uma diretora da entidade. As vítimas são representadas pelo escritório Advocacia Garcez, que tem parceria com os advogados alemães Ruediger Helm e Ulrich Von Jeinsen. Ambos têm experiência em direito internacional nos casos de tragédias. Ulrich von Jeinsen atuou, por exemplo, no pleito de reparação a familiares de vítimas da queda de um avião Concorde, da Air France, que deixou mais de 100 mortos em 2000 ao explodir no trajeto de Paris a Nova York.

Esse não é o único processo movido contra a Tüv Süd na Justiça alemã. O escritório inglês Pogust Goodhead representa outras famílias e também as prefeituras de Brumadinho e Mário Campos. Anteriormente chamado de PGMBM, trata-se do mesmo escritório que defende vítimas da tragédia que ocorreu em Mariana (MG) perante os tribunais do Reino Unido. O alvo é a mineradora BHP Billiton. Ela é, junto com a Vale, acionista da Samarco, responsável pela barragem que se rompeu em 2015 causando 19 mortes e impactos ambientais na Bacia do Rio Doce.

No Brasil, uma ação criminal tramita na Justiça mineira com base na denúncia apresentada pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG). São réus 16 pessoas, sendo 11 funcionários da Vale e cinco da Tüv Süd. Para o MPMG, as duas empresas tinham conhecimento da situação crítica da barragem.

Na esfera cível foi fechado no ano passado um acordo de reparação dos danos entre a Vale, o governo de Minas Gerais, o MPMG, o Ministério Público Federal (MPF) e a Defensoria Pública do estado. Foram previstos diversos projetos que demandarão R$ 37,68 bilhões da mineradora para ações de recuperação socioambiental, medidas voltadas para garantir a segurança hídrica, melhorias dos serviços públicos e obras de mobilidade urbana, entre outras iniciativas.

No entanto, as indenizações individuais e trabalhistas que devem ser pagas às vítimas não foram abarcadas nesse acordo e são discutidas em negociações específicas. Existem acordos com o Ministério Público do Trabalho (MPT), com a Defensoria Pública de Minas Gerais e também com sindicatos que fixaram parâmetros e procedimentos para pagamento de valores indenizatórios. No entanto, muitas famílias descontentes buscaram individualmente a esfera judicial para resolver divergências com a Vale.

Edição: Fernando Fraga

Fonte: EBC Geral

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“Caminhos assistenciais” do Governo Federal liberam rodovias para garantir abastecimento do Rio Grande do Sul

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Prioridade é a liberação ágil de trechos essenciais para assegurar o fluxo de veículos com suprimentos, comida, oxigênio e combustível

Com mais de 400 cidades atingidas pelo alto volume de chuvas que caiu sobre o território gaúcho, o Governo Federal desenvolveu um plano emergencial para reestabelecer o fluxo viário em rotas estratégicas para assegurar o atendimento da população e impedir o desabastecimento de itens essenciais para a população do Rio Grande do Sul.

“Esses caminhos assistenciais, como estamos chamando, são para garantir salvamento e abastecimento do estado, sobretudo com oxigênio e remédio, comida e água, além da chegada de combustível, para não haver outras paralisações nesta crise e intensificarem ainda mais o sofrimento do povo gaúcho neste momento”, informou o ministro dos Transportes, Renan Filho. “É um plano de trabalho com prioridades a serem adotadas em 48 horas”.

Para isso, são usados maquinários pesados, como tratores, escavadeiras, guindastes e caminhões. Há cerca de 200 equipamentos e 600 homens atuando diretamente no estado. Em alguns pontos de rompimento de trechos de estrada, a solução é preencher as brechas com pedras para permitir a passagem dos veículos. Um dos trechos liberados é a BR 290, que liga Porto Alegre a Santa Maria e segue até a fronteira com a Argentina, por onde passa 30% do comércio internacional do país. Equipes do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), de concessionárias e da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) seguem no para restabelecer o fluxo viário.

“Liberamos o fluxo na BR 290. O momento é de trabalhar pela preservação da vida, reencontro das famílias e reconstrução do Rio Grande do Sul. Nesses caminhos serão permitidos transporte de alimentos, remédios, oxigênio, combustíveis, resgates e pacientes em ambulâncias”, comentou o ministro.

Já estão liberados também trechos das BRs-116/RS, entre Estância Velha a Nova Petrópolis; de Vacaria a Campestre da Serra; e de Caxias a São Marcos. Também foi restabelecido o fluxo na BR-392/RS, de Santa Maria a Caçapava do Sul, possibilitando o acesso ao Porto de Rio Grande, beneficiando a região de Pelotas. Até esta quarta-feira (8/5), serão realizadas ainda as seguintes liberações: na BR-116/RS, sentido norte do estado, no trecho do Viaduto da Scharlau, e a ponte sobre o Rio dos Sinos.

 

Na BR-470, passagem liberada de Carlos Barbosa a Montenegro; na BR-386, a ponte sobre o rio Taquari, em Estrela e Lajeado também teve o fluxo retomado, assim como na BR-290, de Eldorado a Santa Maria, com construção de um bueiro. Já no caso da BR-158, de Santa Maria a Cruz Alta, o trânsito ainda ocorre com escolta, apenas para passagens de veículos emergenciais, pois há risco no trajeto. Trânsito liberado também na BR-448, a Rodovia do Parque.

Para o ministro, chama a atenção nesse desastre a amplitude, a velocidade com que as águas subiram e a demora no escoamento, o que dificulta o dimensionamento da crise e o atendimento. “A prioridade agora é salvar vidas, liberar vias para passagem de equipes de resgate e pronto socorro e, depois, pensarmos na reconstrução”, listou.

Rodovias liberadas e em processo de liberação

1 BILHÃO – Em reunião com parlamentares na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, o ministro ainda informou que cerca de R$ 1 bilhão serão destinados pelo Governo Federal à reconstrução de rodovias federais, além do orçamento previamente destinado ao estado de R$ 1,7 bilhão.

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