Nacional
Aos 74 anos, morre no Rio de Janeiro o ator Pedro Paulo Rangel
O ator Pedro Paulo Rangel morreu hoje (21), às 5h40, na Casa de Saúde São José, no Humaitá, zona sul do Rio de Janeiro, onde estava internado desde o fim de outubro para tratar de uma descompensação do quadro de enfisema pulmonar. Ainda não há informação sobre horário e local de velório e enterro do artista.
Por causa da evolução da doença, o ator de 74 anos precisou ser entubado na madrugada do último dia 10. Naquele dia a equipe médica que o atendia, considerou que o quadro clínico do artista era delicado e inspirava cuidados.
No dia 14, embora ainda estivesse com um quadro grave, a boa resposta ao antibiótico e melhora dos resultados de exames de sangue levaram à suspensão da sedação “na tentativa de retirada da ventilação mecânica”, informou um boletim médico.
Depois de 48 horas da interrupção da sedação, Pedro Paulo Rangel começou a despertar e a equipe médica começou a avaliar a retirada do respirador. “A resposta à infecção é positiva e sustentada nos últimos dias, porém houve alteração da função renal. O quadro permanece grave”, completou a equipe em novo boletim divulgado pela Casa de Saúde São José, no dia 16.
Carreira
A trajetória de Pedro Paulo Rangel nas artes começou cedo. Ainda adolescente o filho dos funcionários públicos Alzira Marques Rangel e Lélio Rangel, escreveu a peça Quando os Pais Entram de Férias. Como ator foi convidado a participar do elenco da peça infantil O Bruxo e a Rainha, de Pedro Reis, na Igreja de Santa Terezinha, em Copacabana, na zona sul. Lá ele conheceu o ator Marco Nanini, com quem frequentou o curso de Formação de Atores no Conservatório Nacional de Teatro, atual escola de teatro da UNIRIO.
A primeira experiência em teatro profissional foi em 1968, na peça Roda Viva, de Chico Buarque e com direção de José Celso Martinez Corrêa, em São Paulo. O artista integrou ainda o Grupo Oficina e em 1969, atuou na peça Galileo Galilei, de Bertolt Brecht, também com direção de José Celso.
O primeiro papel protagonista foi em 1970, em Jorginho, o Machão, de Leilah Assumpção, dirigido por Clóvis Bueno. Dois anos depois fez a peça Castro Alves Pede Passagem, de Gianfrancesco Guarnieri, e voltou para o Rio de Janeiro.
A atuação na peça A Aurora da Minha Vida, de Naum Alves de Sousa, lhe rendeu seu primeiro Prêmio Moliére de melhor ator, em 1982. Depois disso recebeu mais dois: em 1989, por sua interpretação em Machado em Cena – Um Sarau Carioca, de Luís de Lima; e em 1994, no monólogo O Sermão da Quarta-feira de Cinzas, de Moacir Chaves, como o Padre Antônio Vieira.
Na televisão, o ator fez personagens memoráveis. A estreia foi em 1969 na Rede Tupi de São Paulo, no elenco da telenovela Super Plá de Bráulio Pedroso. Na mesma emissora atuou em outras duas novelas: Toninho on The Rocks, de Teixeira Filho, em 1970; e Dinheiro Vivo, de Mário Prata, em 1979.
Em 1972 começou na TV Globo e logo se destacou na novela Bicho do Mato, de Chico de Assis e Renato Corrêa e Castro. Em 1979 voltou à Rede Tupi de São Paulo e dois anos depois retornou à Rede Globo para uma infinidade de personagens com grandes destaques em novelas como Gabriela, A Indomada e Pecado Capital, além de minisséries como Um Só Coração e Quinto dos Infernos.
Ainda na emissora, a carreira do ator passou pelos humorísticos TV Pirata e Viva o Gordo.
Repercussão
A morte do ator causou comoção entre amigos. O autor de novelas e escritor Walcyr Carrasco, que escreveu a novela O Cravo e a Rosa, lamentou a perda. “Cumpriu sua missão aqui na terra o querido e talentoso ator Pedro Paulo Rangel, aos 74 anos. Uma grande perda! Sentiremos muitas saudades! Meus sentimentos aos amigos e familiares. Vá em paz, seu Calixto!”, disse no seu perfil no Twitter, lembrando o nome do personagem que é um dos maiores sucessos de Pedro Paulo.
O ator, humorista e escritor Gregório Duvivier, disse que está triste com a partida do amigo. “Era um ator delicioso de assistir. Coloria, com carisma infinito, qualquer cena. Emprestava humanidade a personagens coadjuvantes, sempre tridimensional. Inventou um jeito próprio de falar, meio afrancesado, mas muito carioca, hilário”, postou no Twitter.
Em entrevista à Globonews, a atriz Lília Cabral disse que para ela, PP, como chamava o amigo, é um dos maiores atores do Brasil. “PP você vai fazer muita falta para muita gente”, disse emocionada. Também ao canal, o ator Diogo Vilela contou que o amigo era um gênio. “É muito difícil falar sobre o PP, para mim um gênio, um ator genial. Eu estou muito emocionado”.
O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva também postou uma mensagem em seu perfil no Twitter. “Soube agora da morte do ator Pedro Paulo Rangel. Uma triste perda para a dramaturgia brasileira. Pedro Paulo fez história nas novelas, no humor e nos teatros do país com seu talento e dedicação. Meu abraço fraterno aos familiares, fãs e amigos”.
Edição: Denise Griesinger
Fonte: EBC Geral
Ação Social
No primeiro ano de governo, 24,4 milhões deixam de passar fome
Cozinhas solidárias, programas de transferência de renda, retomada do crescimento e valorização do salário mínimo compõem a lista de ações que contribuem para a redução da fome no país. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
No Brasil, 24,4 milhões de pessoas deixaram a situação de fome em 2023. O número de pessoas que enfrentam a insegurança alimentar e nutricional grave passou de 33,1 milhões em 2022 (15,5% da população) para 8,7 milhões em 2023 (4,1%). Isso representa queda de 11,4 pontos percentuais numa projeção feita a partir de dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC), divulgada nesta quinta-feira, 25 de abril, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O amplo conjunto de políticas e programas sociais reunidos no Plano Brasil Sem Fome, a retomada do crescimento da economia e a valorização do salário mínimo são alguns fatores que recolocam o país em lugar de destaque da agenda de combate à fome no mundo. Tirar o Brasil novamente do Mapa da Fome é do presidente Lula” Wellington Dias, ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome
Na coletiva de imprensa para divulgação do estudo, o ministro Wellington Dias (Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome), avaliou que o avanço é resultado do esforço federal em retomar e reestruturar políticas de redução da fome e da pobreza. “O amplo conjunto de políticas e programas sociais reunidos no Plano Brasil Sem Fome, a retomada do crescimento da economia e a valorização do salário mínimo são alguns fatores que recolocam o país em lugar de destaque da agenda de combate à fome no mundo. Tirar o Brasil novamente do Mapa da Fome é do presidente Lula”, disse.
Para o ministro, o grande desafio agora é incluir essas 8,7 milhões de pessoas que ainda estão em insegurança alimentar grave em políticas de transferência de renda e de acesso à alimentação. “Vamos fortalecer ainda mais a Busca Ativa”, completou Dias, em referência ao trabalho para identificar e incluir em programas sociais as pessoas que mais precisam.
PESQUISA — As informações divulgadas nesta quinta são referentes ao quarto trimestre do ano passado. Foram obtidas por meio do questionário da Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA). O ministro lembrou que o governo passado não deu condições ao IBGE para realizar a pesquisa. Por isso, a Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Penssan) aplicou o EBIA com metodologia similar à do IBGE em 2022, quando o Brasil enfrentava a pandemia de Covid-19 e um cenário de desmonte de políticas, agravado por inflação de alimentos, desemprego, endividamento e ausência de estratégias de proteção social. Esse estudo chegou ao número de 33,1 milhões de pessoas em segurança alimentar grave na época.
A secretária extraordinária de Combate à Pobreza e à Fome do MDS, Valéria Burity, lembra que mesmo em comparação aos resultados de 2018, último ano em que o IBGE fez o levantamento formal, os números apresentados nesta quinta são positivos. À época havia 4,6% de domicílios em insegurança alimentar grave. Agora são 4,1%, o segundo melhor resultado em toda a série histórica do EBIA.
“Estamos falando de mais de 20 milhões de pessoas que hoje conseguem acesso à alimentação e estão livres da fome. Esses resultados mostram o acerto de uma estratégia de enfrentamento à fome que vem sendo empreendida pelo governo, que é apoiada tanto em programas sociais como na condução de uma política econômica que gera crescimento econômico, reduz desigualdades e gera acesso a emprego e renda”.
Esses resultados mostram o acerto de uma estratégia de enfrentamento à fome que é apoiada tanto em programas sociais como na condução de uma política econômica que gera crescimento econômico, reduz desigualdades e gera acesso a emprego e renda” Valéria Burity, secretária extraordinária de Combate à Pobreza e à Fome do MDS
Valéria também destacou como ponto importante da estratégia de combate à fome a retomada da governança de segurança alimentar pelo Governo Federal, com garantia de participação social. “O presidente Lula e o ministro Wellington foram responsáveis pela retomada do Sistema de Segurança Alimentar e Nutricional, a restituição do Conselho de Segurança Alimentar e da Câmara de Segurança Alimentar, com 24 ministérios que têm a missão de articular políticas dessa área. E, no fim do ano passado, foi realizada a Conferência de Segurança Alimentar e Nutricional”, relatou.
A secretária nacional de Avaliação, Gestão da Informação e Cadastro Único do MDS, Letícia Bartholo, ressaltou o retorno da parceria do governo com o IBGE. “Depois do período da fila do osso, em que o Brasil viveu muita miséria e fome, uma das primeiras ações do MDS nessa nova gestão foi buscar o IBGE para retomar a parceria e medir a insegurança alimentar dos brasileiros”, recordou.
SUBINDO – A proporção de domicílios em segurança alimentar atingiu nível máximo em 2013, (77,4%), tempo em que o país deixou o Mapa da Fome, mas caiu em 2017-2018 (63,3%). Em 2023, subiu para 72,4%. “Após a tendência de aumento da segurança alimentar nos anos de 2004, 2009 e 2013, os dados obtidos em 2017-2018 foram marcados pela redução no predomínio de domicílios particulares que tinham acesso à alimentação adequada. Em 2023 aconteceu o contrário, ou seja, houve aumento da proporção de domicílios em segurança alimentar, assim como redução na proporção de todos os graus de insegurança alimentar”, explicou André Martins, analista da pesquisa.
NOVO BOLSA FAMÍLIA — Entre os fatores que contribuíram para o avanço apontado pela pesquisa do IBGE, está o novo Bolsa Família, lançado em março de 2023, que garante uma renda mínima de R$ 600 por domicílio. O programa incluiu em sua cesta o Benefício Primeira Infância, um adicional de R$ 150 por criança de zero a seis anos na composição familiar. O novo modelo, com foco na primeira infância, reduziu a 91,7% a pobreza nesta faixa etária. A nova versão do programa inclui, ainda, um adicional de R$ 50 para gestantes, mães em fase de amamentação e crianças de sete a 18 anos.
BPC – O ministro Wellington Dias também ressaltou a proteção social gerada pelo Benefício de Prestação Continuada (BPC), que garante um salário mínimo para pessoas aposentadas, pensionistas e com deficiência em situação de vulnerabilidade social. “Vale mencionar que o efeito econômico da Previdência e do BPC foi potencializado pelo esforço administrativo de reduzir as filas de espera para acesso aos benefícios”, disse.
MERENDA – Outra política de combate à pobreza e à fome, o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) garante refeições diárias a 40 milhões de estudantes da rede pública em todo o país e foi reajustado em 2023, após cinco anos sem aumento.
PAA – O Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) é um dos 80 programas e ações que compõem a estratégia do Plano Brasil Sem Fome. Ele assegura produção e renda aos agricultores familiares, com compra direta dos produtos para serem distribuídos na rede socioassistencial, de saúde, educação e outros equipamentos públicos. Com a participação de 24 ministérios, o Plano cria instrumentos para promover a alimentação saudável contra diversas formas de má nutrição.
ECONOMIA – No cenário macroeconômico, houve um crescimento do PIB de 2,9% e o IPCA calculado para o grupo de alimentos caiu de 11,6% em 2022 para 1,03% em 2023. É a menor taxa desde 2017. O mercado de trabalho ganhou força e a taxa de desemprego caiu de 9,6%, em 2022, para 7,8% no ano seguinte. A massa mensal de rendimento recebido de todos os trabalhadores alcançou R$ 295,6 bilhões, maior valor da série histórica da PNAD-C.
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