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Lula dedica diplomação ao povo brasileiro “por reconquista da democracia”

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O presidente do TSE, Alexandre de Moraes, e o presidente eleito Lula, na cerimônia de diplomação (Foto: Ricardo Stuckert)

“O povo brasileiro é maior do que qualquer pessoa que tentar o arbítrio nesse país”, afirmou Lula, emocionado, na cerimônia de diplomação que oficializou a vitória da democracia com a chapa Lula-Alckmin

A vitória da democracia e o início do processo de reconstrução nacional deram o tom da  solenidade de diplomação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do vice Geraldo Alckmin, que oficializou, nesta segunda-feira (12),  o resultado das eleições presidenciais. A cerimônia contou com a presença de autoridades do Judiciário, Executivo e Legislativo, entre mais de 280 convidados, como os ex-presidentes Dilma Rousseff, José Sarney, o presidente da Câmara dos Deputados Arthur Lira, o presidente do Senado Rodrigo Pacheco, deputados e senadores.

Em seu discurso, Lula afirmou que a diplomação não foi concedida apenas ao candidato Lula mas à grande maioria do povo brasileiro, que finalmente reconquistou o direito de viver em democracia. “Vocês ganharam esse diploma”, disse Lula.

Já na primeira frase do pronunciamento, Lula se emocionou e teve dificuldade para terminar. “Na primeira diplomação, em 2002, lembrei da ousadia do povo brasileiro, em conceder, para alguém tantas vezes questionado por não ter diploma universitário”, declarou, antes de cair em prantos.

“Quero pedir desculpas pela emoção, porque quem passou pelo que eu passei nesses últimos anos, estar aqui, agora… é a certeza de que Deus existe e de que o povo brasileiro é maior do que qualquer pessoa que tentar o arbítrio nesse país”, completou. 

Compromisso de vida

“Reafirmo hoje que farei todos os esforços para, juntamente com o querido companheiro Geraldo Alckmin cumprir o compromisso que assumi, não apenas na campanha, mas ao logo de toda uma vida, de fazer do Brasil um país mais desenvolvido e mais justo, com a garantia de dignidade e qualidade de vida para todos os brasileiros, sobretudo os mais necessitados”, assegurou o presidente eleito.

“Poucas vezes na história recente a democracia esteve tão ameaçada, a vontade popular foi tão colocada à prova e teve que vencer todos os obstáculos para enfim ser ouvida”, lembrou Lula.

Lula destacou o papel das instituições, em especial do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para que prevalecesse a vontade popular, enfrentando “toda sorte de ofensas, ameaças e agressões para fazer valer a soberania do voto popular”.

Frente ampla

O presidente apontou as diferenças entre seu projeto, de reconstrução do país com participação popular, e o de seu oponente, de destruição do Estado, “ancorado no poder econômico e em uma indústria de mentiras e calúnias jamais vista ao longo da nossa história”. E destacou o papel que a frente ampla formada em torno de sua candidatura teve na vitória da democracia.

“Tive o privilégio de ser apoiado por uma frente de 12 partidos no primeiro, aos quais se somaram mais dois no segundo turno”, chamou a atenção. “Uma verdadeira frente ampla contra o autoritarismo que hoje, na transição de governo, se amplia para outras legendas e fortalece o protagonismo de trabalhadores, empresários, artistas, intelectuais, cientistas e lideranças dos mais diversos e combativos movimentos populares do país”, elencou Lula.

“Essa frente se formou em torno de um firme compromisso em defesa da democracia, a origem da minha luta e o destino desse país”.

Desafios da democracia no Brasil e no mundo

Lula tratou da situação de destruição das políticas públicas provocada por Jair Bolsonaro e os ataques ao poder público institucional, a partir de um diagnóstico dos 31 grupos de trabalho do Gabinete de Transição, reunido no Centro Cultural Banco do Brasil, em Brasília. “Some-se a esse legado perverso, que recai principalmente sobre a população mais necessitada, o ataque sistemático às instituições democráticas”, afirmou Lula.

O petista falou dos desafios que a democracia enfrentará, não apenas no Brasil mas em âmbito mundial, com o recrudescimento da extrema direita. “Na América Latina, na Europa e nos EUA, os inimigos da democracia se organizam e se movimentam, usam e abusam dos mecanismos de manipulações e mentiras, disponibilizados por plataformas digitais que atuam de maneira gananciosa e absolutamente irresponsável”, alertou.

Comunicação democrática

O presidente falou da necessidade de uma nova governança global que estabeleça uma legislação internacional mais dura e eficiente no combate às mentiras de grupos extremistas. “A máquina de ataque à democracia não tem pátria nem fronteira”, advertiu.

Lula também defendeu uma comunicação democrática, inclusiva e livre de fake news. “Que fique bem claro: jamais renunciaremos à defesa intransigente da liberdade de expressão, mas defenderemos até o fim o livre acesso à informação de qualidade, sem mentiras e manipulações que levam ao ódio e à violência política”, avisou o presidente.

Democracia é cidadania

Ele reforçou que o período recente da história brasileira, em especial durante as eleições, deve servir de alerta para que a sociedade nunca mais permita os ataques que foram feitos à democracia. “É necessário tirar uma lição deste período recente em nosso país e dos abusos cometidos no processo eleitoral. Para nunca mais esquecermos. Para que nunca mais aconteça”, pediu.

“Democracia, por definição, é o governo do povo, por meio da eleição de seus representantes. Mas precisamos ir além dos dicionários”, explicou. “O povo quer mais do que simplesmente eleger seus representantes, o povo quer participação ativa nas decisões de governo”, lembrou. “Democracia é ter alimentação de qualidade, é ter emprego, saúde, educação, segurança, moradia”.

“É com o compromisso de construir um verdadeiro Estado democrático, garantir a normalidade institucional e lutar contra todas as formas de injustiça, que recebo pela terceira vez este diploma de presidente eleito do Brasil – em nome da liberdade, da dignidade e da felicidade do povo brasileiro”, concluiu Lula.

Vitória da democracia

Depois do discurso de Lula, o presidente do TSE Alexandre de Moraes também falou aos presentes, fazendo uma defesa veemente do processo eleitoral. Ele também prometeu punição para todos os que atentam contra a democracia, seja pela incitação ao ódio e à baderna, pela desinformação ou por ataques antidemocráticos.

“Essa diplomação atesta vitória plena e incontestável da democracia contra os ataques antidemocráticos, desinformação e contra o discurso de ódio proferido por diversos grupos que identificados, garanto, serão responsabilizados para que isso não retorno nas próximas eleições”, advertiu Moraes.

“Encerra-se mais um ciclo democrático, com respeito à soberania popular e à Constituição Federal e com seu término, as paixões eleitorais devem ser substituídas pelo respeitoso embate entre situação e oposição, pela necessária união de todos na constante construção de um país melhor, mais solidário e com verdadeira igualdade social”, pediu.

“Desejo ao Presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva e ao vice Presidente eleito Geraldo Alckmin, em nome de toda a Justiça Eleitoral, serenidade, êxito, paz e felicidades nessa nova missão”, encerrou o presidente do TSE.

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STF volta a derrubar restrição de mulheres em concurso da PM de Goiás

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Candidatas devem ser classificadas conforme nota da prova

O ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou nesta terça-feira (28) que mulheres sejam incluídas na lista de aprovados no concurso para a Policia Militar e Bombeiros de Goiás.

A medida foi tomada após diversas candidatas alegarem que o governo estadual descumpriu decisão anterior do ministro que proibiu a restrição de 10% das vagas para mulheres, que devem concorrer entre as vagas de ampla concorrência.

Pela nova decisão, as mulheres devem ser classificadas de acordo com a nota tirada na prova e não podem ser preteridas por candidatos homens que tiveram desempenho inferior.

“Este STF conta com inúmeros precedentes no sentido de que as restrições para ingresso de mulheres nos concursos públicos para provimento de cargos da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros afrontam os princípios da isonomia, da igualdade de gênero, da universalidade de acesso aos cargos públicos e da reserva legal”, afirmou Fux.

Em outubro do ano passado, a Procuradoria-Geral da República (PGR) entrou com 14 ações no Supremo para contestar leis que limitam a participação de mulheres em concursos públicos para a Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros. Em geral, a restrição prevista nos editais é de 10% para mulheres.

Em outras decisões, liminares de ministros do Supremo já suspenderam concursos da PM no Pará, no Rio de Janeiro, Santa Catarina e Distrito Federal.

Por André Richter – Repórter da Agência Brasil – Brasília

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