Geral
Petas de projeto social vão para as cestas básicas dos candangos
![](https://gazetaplay.com.br/wp-content/uploads/sites/3/infocoweb/2021/09/16/thumbnail-for-332510.jpg)
12 mil unidades das Petas do Frei chegam toda semana a Brasília
Um projeto social que nasceu dentro de uma igreja vai integrar as cestas básicas distribuídas pelo Governo do Distrito Federal (GDF). O anúncio foi feito na noite desta quarta-feira (15), por determinação do próprio governador Ibaneis Rocha, durante o lançamento das Petas do Frei, pacote de biscoitos de polvilho que, durante a pandemia, se tornou o ganha-pão de muitas famílias que passavam por situação de vulnerabilidade social.
Tudo começou em agosto de 2020, quando, segundo o idealizador do projeto, frei Rogério Soares, muitas pessoas chegavam à Igreja Sagrado Coração de Jesus e Nossa Senhora das Mercês, na Asa Sul, pedindo ajuda. “Pediam de tudo, do alimento ao gás, mas, mesmo que conseguíssemos dar isso tudo para as pessoas, uma hora iria acabar, e elas precisariam de mais. Então, pensei em uma forma de geração de renda para que pudessem tirar o sustento a partir dali”, explica o religioso.
E assim nasceu a marca Petas do Frei. Fabricados em Anápolis (GO), os biscoitos são ensacados em Brasília, ganham adesivos e, então, são entregues a dezenas de pessoas desempregadas que vendem os produtos nas ruas da cidade. Os produtos são levados em consignação e, com o dinheiro gerado pelas vendas, paga-se o custo, enquanto o restante – o lucro- fica para o vendedor.
Um reforço
“A qualidade é muito boa, e estamos apostando no sucesso do produto”Mário Habka, empresário
“Eu agradeço muito a oportunidade porque foi uma luz quando fiquei desempregada durante a pandemia. Acreditei no produto e saí para vender. Ofereço as petas até nos sinais [semáforos] e vendo bastante; está dando para pagar as contas”, contou Maria do Socorro Lima, a primeira vendedora das Petas do Frei. De agosto para cá, ela não só consegue o sustento da família por meio do projeto, como também já tem um CNPJ como Microempreendedor Individual (MEI).
![](https://www.urgentenews.com.br/wp-content/uploads/2021/09/16/176e1a22f3c022c591c3983483d2bda5.jpg)
Juntamente com os cerca de 30 vendedores dos biscoitos, a marca cresceu. Com ajuda da fábrica goiana, ganhou embalagem personalizada e agora, está nas prateleiras de uma grande rede de supermercados do Distrito Federal, onde o produto passará a ser vendido. Atualmente, 12 mil unidades chegam semanalmente à capital federal – somando com o supermercado e os vendedores individuais. “A qualidade é muito boa, e estamos apostando no sucesso do produto”, garantiu o empresário Mário Habka.
Com a garantia de obter uma renda que varia entre R$ 100 e R$ 150 por dia, os vendedores do biscoito participam, todas as quintas-feiras pela manhã, de cursos gratuitos de formação empreendedora oferecidos pelo frei Rogério. Lá, aprendem educação financeira, técnicas de venda e empreendedorismo. “São matérias essenciais para desenvolvimento deles”, enfatizou o criador do projeto, que incentiva a formalização para que os vendedores possam ter acesso à seguridade social, de saúde e aposentadoria.
Redução do ICMS
“É uma experiência que deveria ser seguida no Brasil inteiro; e, entendendo o valor desse projeto, o governador Ibaneis Rocha anunciou que os biscoitos, a partir de agora, estarão nas cestas básicas, diminuindo o ICMS do produto, o que vai garantir maior produção e gerar renda”, explicou o vice-governador Paco Britto.
De acordo com Paco, a situação de vulnerabilidade precisa ser passageira. “Este governo apoia qualquer iniciativa que ajude a reinserir pessoas de volta à sociedade, como trabalhadores capazes de colocar o alimento dentro de suas casas”, frisou. Ele elencou, ainda, iniciativas criadas pelo GDF para ajudar a população mais carente e prejudicada pelos efeitos da pandemia da covid-19.
“O governador lançou o cartão Vale-Gás, oferece os cartões para compra de material escolar, cestas básicas e atendimento nos centros de referência de assistência social [unidades do Cras], mas não deixou, nesse tempo, que as obras parassem. Para se ter uma ideia, isso gerou cerca de 50 mil empregos diretos em meio à crise econômica e de desemprego causadas pela pandemia”, completou o vice.
Geral
Programa Cisternas avança e promove cidadania às famílias do Semiárido nordestino
![](https://gazetaplay.com.br/wp-content/uploads/sites/3/2024/06/9bc809c5-c117-46a6-b575-5e4ca148a9a1.jpeg)
No Semiárido nordestino, um sonho começa a ganhar forma. A retomada do Programa Cisternas vem enchendo a casa das famílias de esperança. Em meio às obras de uma cisterna para a produção de alimentos em sua propriedade, Jamile da Silva, 26 anos, faz planos para o futuro. A tecnologia de acesso à água, combinada com o recurso do Programa Fomento Rural, vai proporcionar a ela uma renda extra.
Essa cisterna vai me ajudar na atividade produtiva, vou saber que estou consumindo alimento saudável. E o Fomento vai me dar uma garantia de ter uma criação melhor, que eu preciso também, de caprinos e ovinos” Jamile da Silva, produtora rural
A produtora mora na comunidade Pau Preto, zona rural de Juazeiro, ao norte da Bahia. “O Programa Cisternas é perfeito”, definiu Jamile, sorridente. São mais de 42 mil cisternas contratadas, a partir de convênio entre o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS) e o Consórcio Nordeste. A parceria, formalizada em maio deste ano, contempla os nove estados nordestinos.
O investimento é de quase R$ 300 milhões do Governo Federal, por meio do MDS, e de outros R$ 12 milhões de contrapartida dos estados. O convênio prevê a instalação de 39 mil tecnologias de acesso à água para consumo humano e 2,89 mil sistemas para consumo animal e produção de alimentos. As famílias que recebem as cisternas para a produção de alimentos também são inseridas no Programa Fomento Rural, em um repasse de R$ 13,3 milhões pelo acordo.
Além de oferecer assistência técnica, o Fomento Rural transfere o valor de R$ 4,6 mil diretamente para os beneficiados. São grandes conquistas para Jamile da Silva, que pensa em alternativas de expansão produtiva, a partir do recurso, da cisterna concluída e da capacitação para trabalhar em novas culturas. Ela também quer melhorar as condições do local onde cria caprinos e ovinos, a começar pela construção de um teto para os animais.
“Essa cisterna vai me ajudar na atividade produtiva, vou saber que estou consumindo alimento saudável. E o Fomento vai me dar uma garantia de ter uma criação melhor, que eu preciso também, de caprinos e ovinos”, projetou Jamile, enquanto acompanha em detalhes o processo de construção da estrutura. Nascida e criada na zona rural, é nessa mesma terra em Juazeiro que ela quer continuar a escrever sua história.
A realidade que o Programa Cisternas desenha para as famílias é possível graças à retomada, em 2023, dos investimentos na ação. Trata-se de uma política pública que assegura o direito de acesso a água.
PERSPECTIVA — À sombra de uma árvore no quintal de casa, na comunidade Arapuá Novo, a produtora rural Maria Sonia Oliveira espera com tranquilidade o período de chuvas na região, quando será possível captar a água, armazenar e, finalmente, utilizá-la. Os 60 anos de vida, completados no último mês, são morando sobre o mesmo chão de terra em Juazeiro. Maria Sonia recorda da época em que a família não tinha cisterna em casa.
“A primeira cisterna foi um sonho, quando a gente conseguiu, há quase 20 anos. Porque a gente tinha uma dificuldade enorme de carregar a água. Tinha que buscar água longe, colocar na cabeça, era um peso”, lembrou aliviada. “Agora, com essa outra, vai ser ainda melhor, porque é para produção”, disse, mirando o futuro.
A poucos quilômetros da propriedade em que Maria Sonia cria caprinos, a família de André Nascimento também tem na pequena agricultura o meio de subsistência. É da atividade no campo que o produtor colhe qualidade de vida para os três filhos. Ao lado da esposa, Márcia Cristina, ele enxerga no Programa Cisternas a chance de ampliar e otimizar a produção na área em que vivem.
Aos 43 anos, essa será a primeira vez que o agricultor vai manejar uma horta. “Vou plantar coentro, alface, tomatinho… Vai ser pra gente comer em casa, um alimento saudável, e se for possível, até ter uma rendinha extra pra família”, planeja André, com entusiasmo.
CAPACITAÇÃO — O assessoramento técnico para as famílias que atuarão com as cisternas de produção de alimentos, tem o papel de educar e dar suporte, para que a atividade seja executada com segurança. Dessa forma, Jamile, Maria e André são acompanhados por profissionais com experiência e que conhecem o potencial produtivo da região.
Nas comunidades rurais de Juazeiro, a assistência é feita pelo Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada (IRPAA). “É um trabalho que fortalece a função da assessoria técnica, porque a gente conversa com eles, tira dúvidas e até ajuda a escolher qual atividade produtiva eles querem desenvolver”, explicou Andressa Menezes, técnica do IRPAA.
“A retomada do Programa Cisternas consolida o que nós defendemos, que é a convivência com o Semiárido. É um processo que integra a família, porque todos participam”, completou.
O desenho do programa beneficia todos os envolvidos, de uma ponta a outra, como é o caso do pedreiro Flávio Rodrigues, que nunca havia trabalhado na construção civil. Ele passou por uma capacitação, esse ano, e agarrou a oportunidade. Desde que assumiu a função, perdeu as contas de quantas cisternas já ajudou a construir.
“Quero aprender mais ainda, desde moleque tinha vontade de ser pedreiro, e quero aproveitar a oportunidade de trabalhar na área. A cisterna é um presente, eu só tenho a agradecer ao programa, à ASA, a todos”, declarou Flávio. Entre o início e a entrega, a construção de cada cisterna pode variar entre sete e 15 dias, em média.
A Articulação Semiárido Brasileiro (ASA) é uma rede que defende, propaga e desenvolve o projeto de convivência com o bioma. A entidade é composta por mais de três mil organizações da sociedade civil, como sindicatos rurais, associações de agricultores e agricultoras, cooperativas, organizações não governamentais e institutos, como o IRPAA.
AVANÇO — Ao resgatar o Programa Cisternas, em 2023, após longo período sem incentivos, o Governo Federal investiu R$ 600 milhões e contratou 62,7 mil unidades, sendo 58,2 mil para o Semiárido e as demais para a região Amazônica.
As tecnologias sociais de acesso à água são um importante equipamento para a convivência com as regiões, promovendo dignidade, saúde, segurança alimentar e melhores condições de vida. Além disso, pesquisas científicas mostram a importância desses sistemas na saúde de gestantes e recém-nascidos.