Geral
Vila Telebrasília celebra 65 anos com investimentos do GDF
A Vila Telebrasília completa, neste sábado(4), 65 anos. Situada às margens da Via L4 Sul, a comunidade tem como cartão de visitas um disputado campo de futebol sintético. Abriga ruas estreitas, diversas esquinas – o que não é comum na capital – e cerca de 5,5 mil moradores.
Um café da manhã organizado pela comunidade marcou a comemoração da data, na Praça da Resistência, a mais conhecida do local. Antigo acampamento onde moravam funcionários de construtoras que ergueram Brasília, a pequena vila hoje está urbanizada e recebe cuidados do Governo do Distrito Federal (GDF). Serviços intensificados ao longo da semana passada.
O programa GDF Presente reuniu um conjunto de órgãos nos preparativos para a festa de aniversário. Novacap, Detran, Serviço de Limpeza Urbana (SLU) e a Administração Regional do Plano Piloto participaram. As ruas e quebra-molas foram todos sinalizados. Árvores foram podadas e servidores trabalharam reforçando a capina, a limpeza dos parquinhos e de espaços comuns, além das ações de manutenção de vias e do tapa-buracos.
“Foi um grande mutirão para manutenção e conservação dos espaços públicos da vila. Um cuidado especial para o dia”, explica a administradora Ilka Teodoro. Além disso, as sete praças do bairro também estão sendo reformadas por meio de um projeto da Terracap, que investirá R$ 1,2 milhão na empreitada.
Trata-se de espaços que mexem com a memória afetiva da comunidade. A pracinha da Capela São Pedro Nolasco já está de calçadas novas, paisagismo em andamento e bancos de concreto serão logo instalados. Ali, há três décadas, morava o aposentado Geraldo Arão, 64. Com a construção da igrejinha, ele se mudou para outra rua.
5,5 milé o número de moradores da localidade
Tranquilidade e resistência
A família Arão se instalou em 1976 na Vila Telebrasília e de lá não saiu mais. Geraldo, seus quatro irmãos, e os filhos André (31) e Aline (35) são conhecidos na comunidade. “Eu falo que ter chegado aqui na vila e conseguido fazer minha casa foi como ganhar na loteria”, orgulha-se. “Aqui é muito tranquilo, todo mundo se conhece e foi onde criei meus três filhos”, completa.
A próxima praça da lista é a da Resistência, em frente à residência de Neide Peixoto. A aposentada de 65 anos é popular no bairro, onde desembarcou há 41 anos. “No início, aqui era considerada uma área irregular e os governantes queriam nos tirar. Resistimos nessa praça. Era nela que nos reuníamos e pensávamos em soluções”, explica Neide.
Ela se recorda de como a vila mudou nas últimas quatro décadas. “Quando cheguei junto com meu esposo, era muita poeira e barracos beirando o Lago Paranoá. Parecia uma fazenda”, revela Neide. “Com o passar dos anos, ficou bom demais e somos agradecidos ao governo. Melhor que aqui, só o céu”, arrisca.
Creche será construída
Uma benfeitoria que a população logo receberá é a primeira creche da região. Ela será construída em uma parceria do GDF com o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) e está em fase de licitação. Caberá à Novacap erguer o espaço infantil que terá investimentos de aproximadamente R$ 4 milhões.
E os cuidados estão em dia na vilarejo onde andar a pé é um hábito. Semanalmente, o Polo Central Adjacente 3 do GDF Presente passa pelo bairro do Plano Piloto.
“Temos feito serviços intensos na região. Cuidando de parquinhos, reformando as calçadas, poda de árvores. E tapamos todos os buracos das pistas. Foram 20 toneladas de massa asfáltica usadas para ‘zerar’ as ruas”, finaliza o coordenador do polo, Alexandro César.
Geral
Programa Cisternas avança e promove cidadania às famílias do Semiárido nordestino
No Semiárido nordestino, um sonho começa a ganhar forma. A retomada do Programa Cisternas vem enchendo a casa das famílias de esperança. Em meio às obras de uma cisterna para a produção de alimentos em sua propriedade, Jamile da Silva, 26 anos, faz planos para o futuro. A tecnologia de acesso à água, combinada com o recurso do Programa Fomento Rural, vai proporcionar a ela uma renda extra.
Essa cisterna vai me ajudar na atividade produtiva, vou saber que estou consumindo alimento saudável. E o Fomento vai me dar uma garantia de ter uma criação melhor, que eu preciso também, de caprinos e ovinos” Jamile da Silva, produtora rural
A produtora mora na comunidade Pau Preto, zona rural de Juazeiro, ao norte da Bahia. “O Programa Cisternas é perfeito”, definiu Jamile, sorridente. São mais de 42 mil cisternas contratadas, a partir de convênio entre o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS) e o Consórcio Nordeste. A parceria, formalizada em maio deste ano, contempla os nove estados nordestinos.
O investimento é de quase R$ 300 milhões do Governo Federal, por meio do MDS, e de outros R$ 12 milhões de contrapartida dos estados. O convênio prevê a instalação de 39 mil tecnologias de acesso à água para consumo humano e 2,89 mil sistemas para consumo animal e produção de alimentos. As famílias que recebem as cisternas para a produção de alimentos também são inseridas no Programa Fomento Rural, em um repasse de R$ 13,3 milhões pelo acordo.
Além de oferecer assistência técnica, o Fomento Rural transfere o valor de R$ 4,6 mil diretamente para os beneficiados. São grandes conquistas para Jamile da Silva, que pensa em alternativas de expansão produtiva, a partir do recurso, da cisterna concluída e da capacitação para trabalhar em novas culturas. Ela também quer melhorar as condições do local onde cria caprinos e ovinos, a começar pela construção de um teto para os animais.
“Essa cisterna vai me ajudar na atividade produtiva, vou saber que estou consumindo alimento saudável. E o Fomento vai me dar uma garantia de ter uma criação melhor, que eu preciso também, de caprinos e ovinos”, projetou Jamile, enquanto acompanha em detalhes o processo de construção da estrutura. Nascida e criada na zona rural, é nessa mesma terra em Juazeiro que ela quer continuar a escrever sua história.
A realidade que o Programa Cisternas desenha para as famílias é possível graças à retomada, em 2023, dos investimentos na ação. Trata-se de uma política pública que assegura o direito de acesso a água.
PERSPECTIVA — À sombra de uma árvore no quintal de casa, na comunidade Arapuá Novo, a produtora rural Maria Sonia Oliveira espera com tranquilidade o período de chuvas na região, quando será possível captar a água, armazenar e, finalmente, utilizá-la. Os 60 anos de vida, completados no último mês, são morando sobre o mesmo chão de terra em Juazeiro. Maria Sonia recorda da época em que a família não tinha cisterna em casa.
“A primeira cisterna foi um sonho, quando a gente conseguiu, há quase 20 anos. Porque a gente tinha uma dificuldade enorme de carregar a água. Tinha que buscar água longe, colocar na cabeça, era um peso”, lembrou aliviada. “Agora, com essa outra, vai ser ainda melhor, porque é para produção”, disse, mirando o futuro.
A poucos quilômetros da propriedade em que Maria Sonia cria caprinos, a família de André Nascimento também tem na pequena agricultura o meio de subsistência. É da atividade no campo que o produtor colhe qualidade de vida para os três filhos. Ao lado da esposa, Márcia Cristina, ele enxerga no Programa Cisternas a chance de ampliar e otimizar a produção na área em que vivem.
Aos 43 anos, essa será a primeira vez que o agricultor vai manejar uma horta. “Vou plantar coentro, alface, tomatinho… Vai ser pra gente comer em casa, um alimento saudável, e se for possível, até ter uma rendinha extra pra família”, planeja André, com entusiasmo.
CAPACITAÇÃO — O assessoramento técnico para as famílias que atuarão com as cisternas de produção de alimentos, tem o papel de educar e dar suporte, para que a atividade seja executada com segurança. Dessa forma, Jamile, Maria e André são acompanhados por profissionais com experiência e que conhecem o potencial produtivo da região.
Nas comunidades rurais de Juazeiro, a assistência é feita pelo Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada (IRPAA). “É um trabalho que fortalece a função da assessoria técnica, porque a gente conversa com eles, tira dúvidas e até ajuda a escolher qual atividade produtiva eles querem desenvolver”, explicou Andressa Menezes, técnica do IRPAA.
“A retomada do Programa Cisternas consolida o que nós defendemos, que é a convivência com o Semiárido. É um processo que integra a família, porque todos participam”, completou.
O desenho do programa beneficia todos os envolvidos, de uma ponta a outra, como é o caso do pedreiro Flávio Rodrigues, que nunca havia trabalhado na construção civil. Ele passou por uma capacitação, esse ano, e agarrou a oportunidade. Desde que assumiu a função, perdeu as contas de quantas cisternas já ajudou a construir.
“Quero aprender mais ainda, desde moleque tinha vontade de ser pedreiro, e quero aproveitar a oportunidade de trabalhar na área. A cisterna é um presente, eu só tenho a agradecer ao programa, à ASA, a todos”, declarou Flávio. Entre o início e a entrega, a construção de cada cisterna pode variar entre sete e 15 dias, em média.
A Articulação Semiárido Brasileiro (ASA) é uma rede que defende, propaga e desenvolve o projeto de convivência com o bioma. A entidade é composta por mais de três mil organizações da sociedade civil, como sindicatos rurais, associações de agricultores e agricultoras, cooperativas, organizações não governamentais e institutos, como o IRPAA.
AVANÇO — Ao resgatar o Programa Cisternas, em 2023, após longo período sem incentivos, o Governo Federal investiu R$ 600 milhões e contratou 62,7 mil unidades, sendo 58,2 mil para o Semiárido e as demais para a região Amazônica.
As tecnologias sociais de acesso à água são um importante equipamento para a convivência com as regiões, promovendo dignidade, saúde, segurança alimentar e melhores condições de vida. Além disso, pesquisas científicas mostram a importância desses sistemas na saúde de gestantes e recém-nascidos.
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