Nacional

UFRJ: soluções para mudança climática não estão à altura dos problemas

Publicado

em

 A pesquisa Mudanças Climáticas e Desenvolvimento Econômico: percepções da população da Região Metropolitana do Rio de Janeiro divulgada hoje (24), no campus da Praia Vermelha da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), revela a defasagem entre a gravidade do problema e o tipo de solução que as pessoas conseguem vislumbrar sobre os efeitos do aquecimento global em seu dia a dia.

A sondagem qualitativa foi feita pelo Laboratório Conexões do Clima, do Fórum de Ciência e Cultura da instituição, em março, e fez um diagnóstico sobre como as classes B e C percebem estes efeitos.

“Todo mundo vê que é um problema grave, que é um problema enorme, mas a solução é, ao mesmo tempo, ou abstrata ou individual. Não está à altura nem do tamanho nem da gravidade do problema”, disse à Agência Brasil a coordenadora do Fórum de Ciência e Cultura, Tatiana Roque. “O principal é isso: as pessoas veem o problema, mas não sabem qual é a solução”.

A pesquisa envolveu oito grupos focais, cada um com 8 a 10 pessoas, com idades entre 18 e 50 anos, das classes B e C. A partir daí, foram estabelecidas dinâmicas com debates de até duas horas de duração com cada grupo.

Desastres

Uma segunda conclusão importante é que uma das principais maneiras pelas quais o problema das mudanças climáticas chega às pessoas é por meio dos desastres ambientais, como as enchentes provocadas pelas chuvas em Petrópolis, região serrana do Rio de Janeiro; na Bahia e em Minas Gerais, além das queimadas.

“Isso as pessoas citaram como questão importante e recorrente que, em geral, elas enxergam como associadas às mudanças climáticas, sim. Embora isso seja um problema muito antigo, as pessoas sabem que está ficando mais frequente, mais recorrente e mais intenso com as mudanças climáticas. Só que elas não sabem o que fazer”.

Segundo a coordenadora, há percepção de que algo grave está acontecendo, com mais desastres, chuvas mais fortes e mais frequentes, e estações do ano mais indefinidas. “Apesar de não haver dentro desse grupo pesquisado uma formulação mais precisa sobre o tema, há uma percepção instintiva de que vivemos uma crise ambiental grave e que as consequências podem ser devastadoras”, explicou.

Perfil

A pesquisa reuniu oito grupos focais, cada um formado por oito a dez a pessoas com idades entre 18 e 50 anos, das classes B e C. A partir daí, foram estabelecidas dinâmicas com debates de até duas horas de duração com cada grupo. Tatiana Roque explicou que os grupos têm perfil bem parecido e, portanto, não houve distinções entre eles. “Escolhemos esse perfil porque são pessoas que, em geral, são mais fluidas, mudam de posição política, não têm uma posição política definida. A gente não queria pessoas identificadas com uma preferência política, para poder entender como pensam as pessoas do meio, as nem-nem”.

Na maioria, os entrevistados associam problemas, como as enchentes, ao problema dos resíduos, ou lixo, que a própria população joga nas ruas, rios e mares. “Elas associam as enchentes às mudanças climáticas também, sabem que isso vai ficar mais grave. Elas sabem que uma maneira de, pelo menos, resolver os efeitos disso seria cuidando do lixo, mas elas não veem mais esperança no Poder Público. Elas só veem como solução as ações individuais. Essa foi uma coisa bem surpreendente da pesquisa”.

Tatiana acrescentou que os entrevistados percebem também a desigualdade existente no tratamento ou enfrentamento do problema. Ou seja, se uma pessoa perde tudo, mas tem mais condições, ela vai poder comprar tudo de novo. As pessoas mais pobres, não podem. O problema afeta diferentemente as pessoas mais pobres e aquelas com mais condições financeiras.

A conclusão da pesquisa é que “é preciso territorializar o debate climático e ambiental, aterrissar as questões, torná-las mais palpáveis e relacionadas com os problemas quotidianos e com o modelo econômico, que não é visto como relacionado às questões ambientais e climática. Essas ainda têm algo de etéreo e abstrato diante de urgências cotidianas”, disse Tatiana.

Conscientização

A pesquisa do Laboratório Conexões do Clima vai mostrar como os pesquisadores da UFRJ que trabalham sobre esse tema das mudanças do clima podem ajudar na conscientização da população sobre a necessidade e a urgência de enfrentar esse problema. Tatiana Roque disse que, a partir daí, vão delinear ações que possam ser feitos a partir da universidade, especialmente aquelas relativas à educação ambiental visando aumentar a possibilidade de engajamento das pessoas para enfrentar essa questão.

O Fórum de Ciência já está fazendo um curso para jovens sobre mudanças do clima em vários territórios do estado do Rio de Janeiro e o núcleo da capital pretende realizar no dia 11 de junho uma mobilização sobre a questão da despoluição da Baía de Guanabara, que também foi um tema muito citado na pesquisa. Esse é um caso que evidencia a má educação do povo que joga lixo e polui, por um lado; e a ineficiência das políticas públicas, por outro.

Além disso, o Laboratório de Conexões do Clima vai efetuar ações na Semana do Meio Ambiente, no período e 6 a 14 de junho, em alusão ao Dia Internacional do Meio Ambiente, que se comemora no dia 5 daquele mês. A programação ainda está sendo elaborada, mas já estão previstas iniciativas no Museu Nacional e palestras e debates pina própria UFRJ.

Edição: Maria Claudia

Fonte: EBC Geral

Comentários do Facebook

Nacional

Lula segue para o Rio Grande do Sul, acompanhado de ministros e líderes dos poderes Legislativo e Judiciário

Publicados

em

Estado registra 329 municípios atingidos e 686.482 pessoas afetadas. A frente fria tem previsão de altos volumes de chuva para o norte do Rio Grande do Sul, todo o estado de Santa Catarina e sul do Paraná

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, seguiu para o Rio Grande do Sul na manhã deste domingo, 5 de maio, acompanhado por uma comitiva de ministros e líderes dos poderes Legislativo e Judiciário. O grupo se une aos ministros Paulo Pimenta (Secretaria de Comunicação Social) e Waldez Góes (Integração e Desenvolvimento Regional), que já estão no estado e acompanham de perto as ações de socorro e assistência do Governo Federal à população gaúcha.

Embarcaram com o presidente a primeira-dama, Janja Lula, e os ministros Rui Costa (Casa Civil), José Mucio (Defesa), Fernando Haddad (Fazenda), Renan Filho (Transportes), Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos), Camilo Santana (Educação), Nísia Trindade (Saúde), Luiz Marinho (Trabalho e Emprego), Wellington Dias (Desenvolvimento Social e Combate à Fome), Marina Silva (Meio Ambiente e Mudança do Clima), Jader Filho (Cidades), Márcio Macêdo (Secretaria-Geral) e Alexandre Padilha (Secretaria de Relações Institucionais). Também seguem para o Rio Grande do Sul os presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco, e da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, os ministros Edson Fachin (STF) e Bruno Dantas (presidente do Tribunal de Contas da União), além do comandante do Exército Brasileiro, general Tomás Paiva.

Neste domingo, durante o Regina Caeli (uma das peças da liturgia católica, denominadas “antífonas marianas”), o Papa Francisco manifestou solidariedade e dirigiu suas orações aos povos dos estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, afetados pelas fortes chuvas e enchentes.

Atualizações nas ações de socorro e assistência ao Rio Grande do Sul

Ministério da Defesa
Resgate de pessoas isoladas em Lajeado, Encantado, Taquari, Estrela, Nova Santa Rita, Montenegro, Sinimbu, Canoas, Bento Gonçalves, Campo Bom e São Sebastião do Caí. Em São Gabriel, Bagé, Alegrete e Cristal, também foram realizadas operações de apoio à reestruturação de imóveis destruídos e realocação de pessoas desabrigadas. Em Candelária e São Valentim do Sul, o contingente ainda realizou a desobstrução de vias. Em Restinga Seca, atuaram para o lançamento de uma ponte e restituição dos acessos. Em Porto Alegre e Cachoeira do Sul, atuaram no apoio à organização e distribuição de doações e aos abrigos de desabrigados. Foram realizados 9.749 resgates nos últimos dias, sendo 402 aéreos, 2.340 fluviais e 7.007 terrestres – 69 pessoas demandaram um trabalho de evacuação aeromédica. São 647 militares das Forças Armadas envolvidos nas operações, sendo 426 do Exército, 155 da Marinha e 66 da Força Aérea.

Força Aérea Brasileira (FAB)
Nesta madrugada, a aeronave KC-390 Millennium transportou mais de 18 toneladas de materiais do Grupamento de Apoio Logístico de Campanha (GALC). Decolou da Base Aérea do Galeão, no Rio de Janeiro (RJ) com destino à Base Aérea de Canoas, transportando geradores, banheiros químicos, barracas operacionais, colchões, materiais de apoio elétrico e hidráulico que vão prover suporte de alimentação, alojamento, higienização (banho e sanitários) e manutenção da assistência à população gaúcha. Além de toda a carga, a aeronave ainda transportou 14 militares do GALC, que farão a montagem de toda a estrutura em Canoas. A atuação desse efetivo tem a finalidade de apoiar logisticamente as operações na calamidade pública.

Polícia Rodoviária Federal (PRF)
No balanço da manhã, a PRF apontou a previsão de reforço de 75 agentes no efetivo envolvido nas operações. Até o momento, estão destacados 99. A força relatou extrema dificuldade de movimentação do efetivo em razão dos pontos bloqueados. Estão empregadas na operação 20 viaturas e três aeronaves. Cento e cinquenta resgates terrestres já foram realizados e 54 pessoas (e três animais) demandaram resgate aéreo.

BALANÇO — De acordo com a última atualização do governo estadual, são 329 municípios atingidos e já são 686.482 pessoas afetadas. O estado contabiliza 79.253 desalojadas e outras 14.447 pessoas em abrigos, com 72 mortes, 150 feridos e 103 desaparecidas.

PREVISÃO DO TEMPO — De acordo com os órgãos de monitoramento e previsão hidrometeorológica — Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), Serviço Geológico do Brasil (SGB) e Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) — a frente fria tem previsão de altos volumes de chuva para o norte do Rio Grande do Sul, todo o estado de Santa Catarina e sul do Paraná.

Comentários do Facebook
Continue lendo

MAIS LIDAS DA SEMANA