Política

Trabalho seguro e saudável

Publicado

em

Nesta quinta-feira, 28, é comemorado o Dia Mundial da Segurança e Saúde do Trabalho – data estabelecida, em 2003, pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) em memória às vítimas de acidentes e doenças relacionadas ao trabalho. No Brasil, a data foi instituída pela Lei nº 11.121/2005.

O objetivo desse dia é minimizar o alto índice de acidentes e doenças ocupacionais, promovendo eventos ao redor do mundo que divulguem informações e a conscientização dos riscos de acidentes de trabalho.

O presidente da Comissão de Saúde, deputado Gustavo Sebba (PSDB), afirma que é as pessoas costumam passar pelo menos um terço do dia em ambiente de trabalho, o que dá uma dimensão da importância que o trabalho tem e revela o quanto é necessário discutir segurança e saúde em tais ambientes. “O debate precisa ser frequente, pois o mercado de trabalho muda constantemente e surgem novos desafios a cada dia. Por exemplo, a pandemia revelou uma série de novas questões relacionadas ao teletrabalho, o home office, questionamentos que antes eram desconhecidos ou ignorados.”

De acordo com o parlamentar, a busca por um ambiente de trabalho mais seguro e mais saudável passa inevitavelmente pelo diálogo e intercâmbio de vivências, além, claro, da capacitação de funcionários em relação ao tema e da preocupação do empregador em garantir o melhor ambiente para os colaboradores da empresa.

“Hoje, em decorrência da pandemia, o ambiente de trabalho não se restringe mais ao estabelecimento comercial. Muitas funções são desempenhadas de forma remota e é preciso que o contratante se preocupe com a qualidade de vida desses trabalhadores porque isso influencia diretamente no sucesso do seu empreendimento. Como esse é um debate que está nascendo agora, estamos longe da fórmula do sucesso, mas o Direito, a Medicina e demais cursos de saúde e gestão têm avançado na busca por respostas, principalmente replicando experiências bem sucedidas”, destacou Sebba.

O médico acredita, ainda, que os parlamentares da Casa de Leis precisam estar atentos para provocar o Executivo a promover políticas públicas que estimulem um trabalho mais seguro e saudável, tanto para servidores públicos, uma vez que o Estado é um grande empregador, quanto para o setor privado. “Um estado negligente nesse sentido vai ser eventualmente prejudicado de diversas formas, seja onerando o sistema público de saúde ou até mesmo perdendo receitas por consequência da baixa produção de riqueza”, disse.

De acordo com dados atualizados do Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho , desenvolvido e mantido pelo Ministério Público do Trabalho (MPT), em cooperação com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), no âmbito da Iniciativa SmartLab de Trabalho Decente, nos últimos 10 anos (2012-2021), no Brasil, 22.954 pessoas morreram em acidentes de trabalho.

Nesse mesmo período, foram registradas 6,2 milhões de Comunicações de Acidentes de Trabalho (CATs) e o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) concedeu 2,5 milhões de benefícios previdenciários acidentários, incluindo auxílios-doença, aposentadorias por invalidez, pensões por morte e auxílios-acidente. Ainda durante essa última década, o gasto previdenciário ultrapassou os R$ 120 bilhões somente com despesas acidentárias.

Pandemia da covid-19

Em dois anos de pandemia, entre 2020 e 2021, foram registradas 33 mil CATs e 163 mil afastamentos com casos de COVID-19, de acordo com o Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho. Entre as ocupações mais frequentemente informadas nas comunicações estão: técnicos de enfermagem (35%); enfermeiros (12%); auxiliares de enfermagem (5%); faxineiros (3%) e auxiliares de escritório (3%).

Quanto aos afastamentos, as ocupações mais atingidas no biênio foram a de faxineiros (5%), vendedores de comércio varejista (4%), alimentadores de linha de produção (4%), auxiliares de escritório em geral (3%) e motoristas de caminhão (3%). 

Os profissionais do setor de atendimento hospitalar continuam a ter a maior quantidade de notificações em números absolutos e percentuais no biênio 2020-2021, se considerado o conjunto de ocupações e a totalidade de comunicações de acidentes de trabalho. Técnicos e técnicas de enfermagem não apenas sofreram a maior quantidade de acidentes notificados em relação a outras ocupações, mas passaram de 6% total no biênio 2018-2019 (59.094 CATs) para 9% do total (72.326 CATs) no biênio 2020-2021, um aumento de 22%.

Dentre outros setores, que sofreram aumento no número total de acidentes notificados na comparação dos biênios, está o de abate de suínos, aves e outros pequenos animais. Esses foram de 21.185 acidentes em 2018-2019 para 22.443 em 2020-2021, ou seja, uma elevação de 6%.

O que é acidente de trabalho?

O artigo 19 da Lei nº 8.213/1991 explica que acidente de trabalho é “o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho dos segurados referidos no inciso VII do artigo 11 desta lei, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho”.

A doença profissional é desencadeada pelo exercício do trabalho, peculiar a determinada atividade e constante da respectiva relação elaborada pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social.

O que é adoecimento ocupacional?

É qualquer alteração biológica ou funcional (física ou mental) que ocorre no organismo em decorrência do exercício do trabalho. Pode ser consequência da exposição a riscos ambientais, tais como riscos químicos: poeiras, fumos, névoas, neblinas, vapores, gases e substâncias ou produtos químicos em geral; físicos: ruído, vibrações, radiações, frio, calor, umidade e biológicos: vírus, bactérias, protozoários, fungos, bacilos e parasitas. Também podem derivar de problemas na organização do trabalho, ocasionando sobrecarga física ou mental.

Projetos goianos

Em 2017, foi sancionada a Lei nº 19.745, que institui o Dia Estadual do Profissional de Segurança do Trabalho, a ser comemorado, anualmente, no dia 27 de novembro. A lei é oriunda do projeto nº 3289/16, do deputado Virmondes Cruvinel (União Brasil). O parlamentar alega que o profissional de segurança do trabalho tem uma grande responsabilidade com a promoção e preservação da saúde e integridade física dos trabalhadores. Ele ressalta que desempenhar este trabalho “exige um profundo conhecimento do que, efetivamente, significa integridade física e saúde, assim como de tudo aquilo que possa afetá-las no ambiente de trabalho ou fora dele”.

Para ele, saúde e doença são geralmente associadas apenas à medicina. “Devemos enfatizar que para termos de presença de saúde e, por via de consequência ausência de doença, temos que, primordialmente, possuir um ambiente de trabalho sadio, o que torna imperiosa a presença do exercício profissional dos profissionais engenheiros da área de segurança do trabalho”, concluiu.

Outro importante projeto é o de autoria do deputado Paulo Trabalho (PL) protocolado com o nº 3505/20, que visa proteger a integridade dos profissionais da saúde e da segurança pública, diariamente expostos ao novo coronavírus (covid-19). Se a proposta for aprovada, fica determinado que a morte ou redução da capacidade laboral, decorrentes do contágio pela covid-19, serão consideradas como acidente de trabalho para os profissionais de saúde e da segurança pública.  “Como todos sabem esses trabalhadores não foram inseridos nas medidas que visam o isolamento social, devido ao serviço que prestam à sociedade, sendo os mais expostos ao risco de contaminação pelo coronavírus, bem como ao risco de morte”, destaca o deputado.

De acordo com o parlamentar, o projeto de lei tem como objetivo, também, poupar o tempo e minimizar a angústia das famílias que precisariam comprovar que o fato foi ocasionado no ato de serviço ou acidente de trabalho, garantindo assim os direitos previdenciários, financeiros e trabalhistas inerentes aos riscos da profissão.

Já o deputado Bruno Peixoto (UB) é o autor do projeto de lei n° 4952/19, o qual prevê que em todas as obras e serviços públicos realizados ou contratadas pela Administração Pública Direta e Indireta do Estado deverá ser afixada, em local visível ao público, placa contendo os dados de identificação dos profissionais responsáveis: engenheiro de Segurança do Trabalho e técnico de Segurança do Trabalho.

De acordo com a proposta, a placa  não só tem o objetivo de identificar os profissionais responsáveis pelas questões que envolvem a segurança e higiene do trabalho nas obras e serviços contratados pela administração pública, como também sinalizar para a sociedade que as obras realizadas pelo Estado estão sob a supervisão, utilizando-se de métodos científicos e de conjunto de medidas que visam a prevenção e a diminuição dos riscos de acidentes do trabalho, tanto no interior da obra quanto no seu entorno.

Dessa forma, a prevenção de acidentes proporciona um ambiente mais seguro, saudável e produtivo para a empresa e para o Estado, especialmente para o Sistema Único de Saúde (SUS), que suporta os custos dos acidentes e doença do trabalho. Nesse caso, a fixação de placas informativas é mais uma contribuição na diminuição de riscos de acidentes e na melhoria contínua das condições do trabalho.

Empresa sem assédio

Além dessas proposituras, foi recebida pela Comissão de Constituição, Justiça e Redação (CCJ) a proposta nº 1537/22, de autoria da deputada Delegada Adriana Accorsi (PT), cujo objetivo é instituir o selo “empresa sem assédio” para promoção da segurança e boas práticas no ambiente de trabalho. Para efeito, as práticas de assédio compreendidas no texto são as mesmas estabelecidas pelo artigo 215-A e 216 do Código Penal e as práticas de assédio moral definidas pelo Ministério Público do Trabalho e demais órgãos reguladores.

Para receber o selo, a empresa deverá designar uma autoridade interna específica responsável por coordenar e elaborar o código de ética e conduta da empresa – ou revisá-lo, incluindo novos itens ou conceitos relacionados ao assédio. Bem como dar ampla divulgação ao material produzido por intermédio de treinamentos e campanhas institucionais e publicação do material no website da empresa. 

Para justificar a iniciativa, a deputada entendeu que o assédio é um tipo de violência e causa constrangimento e humilhação para a vítima. Ela ressalta que tais condutas podem ser praticadas pelos supervisores ou colegas e “visam inferiorizar, isolar e desestabilizar mentalmente o trabalhador, muita das vezes gerando consequências psicológicas e profissionais desastrosas tanto para o empregado quanto para a empresa”, afirma.

A deputada reitera valores estabelecidos na Constituição Federal e na Declaração Universal de Direitos Humanos e que a dignidade de uma pessoa deve ser preservada no local de trabalho. A matéria foi entregue à CCJ e distribuída ao deputado Talles Barreto (UB) para relatar. Se receber aval positivo, a matéria volta para duas votações no plenário.

A importância da OIT

A OIT busca garantir a todas as pessoas o direito de trabalhar em liberdade com dignidade e segurança – o que inclui o direito a um ambiente de trabalho saudável e seguro. Em junho de 2003, a Conferência Internacional do Trabalho adotou uma resolução relativa à segurança e saúde no trabalho, destacando a gravidade dos acidentes e doenças no trabalho e reafirmando que o tema continua sendo um requisito fundamental para se alcançar a meta de promover trabalho decente.

A resolução destaca o papel mobilizador da OIT no fomento e promoção de uma cultura de prevenção em matéria de segurança e saúde e recomenda a organização de um ato internacional todos os anos. Existem mais de 70 Convenções e Recomendações da OIT sobre questões de segurança e saúde. Além disso, ela tem publicado mais de 30 repertórios de recomendações práticas sobre segurança e saúde no trabalho.

Comentários do Facebook

Política

“Temos que governar com o espírito de JK”, defende Caiado em encontro nacional de lideranças

Publicados

em

Na 2ª edição do Seminário Brasil Hoje, em São Paulo, o governador falou sobre clima de acirramento da política nacional e soluções reais para problemas da população

No debate sobre desafios e oportunidades para os estados, em São Paulo, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, citou o ex-presidente Juscelino Kubitschek (JK), que comandou o país entre 1956 e 1961 em clima de coalizão. “Foi esse homem que deu conta de fazer todo o desenvolvimento, destacar o Centro-Oeste e o Norte do país”, disse Caiado. A fala foi durante a segunda edição do Seminário Brasil Hoje, realizado nesta segunda-feira (22/04).

O evento reuniu lideranças políticas e do setor privado para debater o cenário econômico atual. “Ninguém governa brigando, nesse clima de acirramento político. O presidente hoje tem que governar com o espírito que JK teve, de poder, se preocupar com matérias relevantes”, disse Caiado. Ao lado do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, o goiano encerrou o evento, com a mediação do jornalista Willian Waack.

Em seminário nacional, Caiado fala que presidente da República deve seguir exemplo de JK

Em seminário nacional, Caiado fala que presidente da República deve seguir exemplo de JK

Caiado relembrou que, à época de JK, o país também vivia grande clima de polarização política, com diversas forças tentando derrubar o presidente. Ao ser resolvida a crise, JK pediu calma e que o deixassem trabalhar pelo país, sem também promover clima de revanchismo contra adversários.

“Essa polarização é deletéria, todo mundo pode contribuir para seu fim”, disse Tarcísio ao concordar com Caiado. Para ele, o Judiciário, Legislativo, a mídia e mais setores da sociedade também devem atuar para descomprimir o debate. “Estamos cada dia mais próximos do limite, a população não aguenta”, alertou Tarcísio. O encontro foi promovido pela organização Esfera Brasil, que se intitula “apartidária e independente”, com transmissão ao vivo via internet.

Sobre desafios da segurança pública nos estados, Caiado ressaltou que “bandido tem que cumprir pena, e não ficar fazendo falsa política social”. Ele destacou ainda a necessidade do combate às facções criminosas que dominam diversos pontos, nas grandes metrópoles. “Ter territórios onde não se pode entrar significa que não temos um estado democrático de direito”, afirmou.

Como resultado das ações do Governo de Goiás, ele citou que o estado hoje não tem nenhum território dominado por facções e é exemplo nacional em segurança pública.

Seminário
Também integraram a programação do seminário o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, além de outras autoridades. Nos demais painéis, foram abordados temas como as perspectivas para as eleições municipais, comunicação, meio ambiente e integração e inovação de cadeias produtivas.

Fotos:_Julia Fagundes Esfera / Secretaria de Comunicação – Governo de Goiás

Comentários do Facebook
Continue lendo

MAIS LIDAS DA SEMANA