Geral

Saiba como buscar atendimento para transtornos mentais

Publicado

em


A pandemia de covid-19 chamou a atenção para os transtornos mentais. O isolamento social, o medo em torno da doença e o luto foram fatores complicadores para a saúde mental da população, resultando em novos casos de depressão, ansiedade e outros distúrbios psicológicos, além do agravamento de pacientes já diagnosticados.

“Se a pessoa precisar de um acesso mais diferenciado ou de um atendimento especializado, a própria unidade básica de saúde fará esse encaminhamento” Vanessa Soublin, diretora de Serviços de Saúde Mental da Secretaria de Saúde

“Do começo de agosto do ano passado para cá, vimos um aumento muito grande nos casos, que estão chegando de uma maneira agravada”, afirma a diretora de Serviços de Saúde Mental da Secretaria de Saúde (SES), Vanessa Soublin. “Também temos uma mudança no perfil do paciente”. Ela explica que houve maior incidência de casos de depressão grave, ansiedade e de tentativa de suicídio nos atendimentos públicos.

A rede pública de saúde do Distrito Federal conta com serviços especializados e multifatoriais para o tratamento psicossocial que se diferenciam de acordo com a gravidade do transtorno.

Pacientes com demandas gerais e iniciais de saúde mental são orientados a procurar uma unidade básica de saúde para avaliação e classificação do risco psicológico. “A UBS ordena o cuidado; se a pessoa precisar de um acesso mais diferenciado ou de um atendimento especializado, a própria unidade básica de saúde fará esse encaminhamento”, explica Vanessa.

As ações são abarcadas nos diversos níveis de atenção à saúde, desde atividades de prevenção até o tratamento terapêutico, com apoio de equipes multidisciplinares. Quando necessário, o paciente é encaminhado para acompanhamento psicológico ambulatorial ou de outros serviços de saúde mental.

Atendimento especializado

Os tratamentos especializados ocorrem em ambulatórios como o Centro de Orientação Médico-Psicopedagógica (Compp) e o Adolescentro, voltados para crianças e adolescentes, e nas unidades do Centro de Atenção Psicossocial (Caps), que atendem pessoas em intenso sofrimento psíquico causado por transtornos mentais graves e persistentes, inclusive uso abusivo de álcool e drogas.

Em situações de crise aguda relacionada a sofrimento psíquico, decorrente de transtornos mentais ou abuso de drogas, os usuários são assistidos nos hospitais gerais ou em unidades de pronto atendimento (UPAs).

O DF ainda possui mais um serviço especializado. O Núcleo de Saúde Mental do Samu (Nusam) tem atendimento 24 horas com assistência presencial e telefônica pelo 192. São atendidas pessoas com sofrimento e transtornos mentais agudos, graves e persistentes, com agitação psicomotora, autoagressividade ou agressividade a outros, comportamento violento com riscos para si, outras pessoas ou ao patrimônio e em crise psicótica.

Funcionamento do Caps

O DF conta com 18 centros de atenção psicossocial divididos em seis tipos de atendimento para pessoas com problemas mentais graves e abuso de álcool e drogas. O serviço público está inserido nas comunidades e funciona de porta aberta, sem a necessidade de encaminhamento para acolhimento.

“Os atendimentos são realizados por equipes multiprofissionais”, explica Vanessa Soublin. “Temos consultas, atendimentos individuais e em grupo, interconsulta, visita domiciliar e articulação de rede.”

No ano passado, as unidades do Caps tiveram 156.295 atendimentos. Em 2021, só entre janeiro e julho, foram registrados 118.138 atendimentos. “No início da pandemia, vimos uma diminuição [dos atendimentos] pelas regras de distanciamento social e pelo receio das pessoas de saírem de casa”, analisa Vanessa. “De agosto do ano passado para cá, vemos uma manutenção do aumento da demanda. [As unidades do] Caps têm acolhido muito mais pessoas diariamente”.

Conheça, abaixo, os  diferentes tipos de Caps.

  • Capsi (Centro de Atenção Psicossocial Infantojuvenil)
    Atendimento de crianças e adolescentes até 17 anos, para casos de transtornos mentais graves, e até os 15 anos, para pacientes que fazem uso de substâncias psicoativas. Unidades no Plano Piloto (SMHN, Quadra 3, Ed. Compp), Taguatinga (QNF, AE 24), Recanto das Emas (Quadra 307, A/E 1, no Centro de Saúde 1) e Sobradinho (Quadra 4, AE, lote 6). Funciona de segunda a sexta, em horário comercial.
  • Caps I
    Atendimento a pessoas de todas as idades com sofrimento psíquico intenso e uso de álcool e outras drogas. Unidade em Brazlândia (Quadra 1, AE 2). Funciona de segunda a sexta, em horário comercial.
  • Caps II
    Atende pessoas a partir de 18 anos com intenso sofrimento psíquico. Unidades no Paranoá (Quadra 2, Conjunto K, AE 1, no Setor Hospitalar do Paranoá), Planaltina (Via W/L 4, Setor Hospitalar Oeste), Brasília (SCRLN 905, SAP 1), Taguatinga (QNA 39, AE 19, Taguatinga Norte) e Riacho Fundo (EPNB, Km 2, Granja do Riacho Fundo). Funciona de segunda a sexta, em horário comercial.
  • Caps III
     Atendimento de pessoas a partir de 18 anos com sofrimento psíquico decorrente de transtornos mentais graves e persistentes. Unidade em Samambaia (Quadra 302, Conjunto 5). Funciona 24 horas, incluindo fins de semana e feriados.
  • Caps AD II (Centro de Atenção Psicossocial Álcool e outras Drogas 2)
    Atende pessoas a partir de 16 anos com sofrimento psíquico decorrente do uso de álcool e outras drogas. Unidades no Guará (QE 23, AE), Santa Maria (Quadra 312, Conjunto H), Sobradinho (AR 17, Chácara 14) e Itapoã (Anexo II, Complexo Administrativo do Itapoã). Funciona de segunda a sexta, em horário comercial.
  • Caps AD III
    Atende pessoas a partir de 16 anos com sofrimento psíquico decorrente do uso de álcool e outras drogas. Unidades em Ceilândia (QNN 01, Conjunto A), Samambaia (QS 107, Conjunto. 8) e Brasília (SCS, Quadra 5, Bloco C). Funciona 24 horas, incluindo fins de semana e feriados.
Fonte: Governo DF

Comentários do Facebook

Geral

Programa Cisternas avança e promove cidadania às famílias do Semiárido nordestino

Publicados

em

Nova etapa de execução é concretizada via convênio entre MDS e Consórcio Nordeste, no valor de R$ 311 milhões. Na área rural de Juazeiro (BA), os moradores estão otimistas com as novas possibilidades trazidas pelo acesso à água

No Semiárido nordestino, um sonho começa a ganhar forma. A retomada do Programa Cisternas vem enchendo a casa das famílias de esperança. Em meio às obras de uma cisterna para a produção de alimentos em sua propriedade, Jamile da Silva, 26 anos, faz planos para o futuro. A tecnologia de acesso à água, combinada com o recurso do Programa Fomento Rural, vai proporcionar a ela uma renda extra.

Essa cisterna vai me ajudar na atividade produtiva, vou saber que estou consumindo alimento saudável. E o Fomento vai me dar uma garantia de ter uma criação melhor, que eu preciso também, de caprinos e ovinos” Jamile da Silva, produtora rural

A produtora mora na comunidade Pau Preto, zona rural de Juazeiro, ao norte da Bahia. “O Programa Cisternas é perfeito”, definiu Jamile, sorridente. São mais de 42 mil cisternas contratadas, a partir de convênio entre o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS) e o Consórcio Nordeste. A parceria, formalizada em maio deste ano, contempla os nove estados nordestinos.

O investimento é de quase R$ 300 milhões do Governo Federal, por meio do MDS, e de outros R$ 12 milhões de contrapartida dos estados. O convênio prevê a instalação de 39 mil tecnologias de acesso à água para consumo humano e 2,89 mil sistemas para consumo animal e produção de alimentos. As famílias que recebem as cisternas para a produção de alimentos também são inseridas no Programa Fomento Rural, em um repasse de R$ 13,3 milhões pelo acordo.

Além de oferecer assistência técnica, o Fomento Rural transfere o valor de R$ 4,6 mil diretamente para os beneficiados. São grandes conquistas para Jamile da Silva, que pensa em alternativas de expansão produtiva, a partir do recurso, da cisterna concluída e da capacitação para trabalhar em novas culturas. Ela também quer melhorar as condições do local onde cria caprinos e ovinos, a começar pela construção de um teto para os animais.

“Essa cisterna vai me ajudar na atividade produtiva, vou saber que estou consumindo alimento saudável. E o Fomento vai me dar uma garantia de ter uma criação melhor, que eu preciso também, de caprinos e ovinos”, projetou Jamile, enquanto acompanha em detalhes o processo de construção da estrutura. Nascida e criada na zona rural, é nessa mesma terra em Juazeiro que ela quer continuar a escrever sua história.

A realidade que o Programa Cisternas desenha para as famílias é possível graças à retomada, em 2023, dos investimentos na ação. Trata-se de uma política pública que assegura o direito de acesso a água.

PERSPECTIVA — À sombra de uma árvore no quintal de casa, na comunidade Arapuá Novo, a produtora rural Maria Sonia Oliveira espera com tranquilidade o período de chuvas na região, quando será possível captar a água, armazenar e, finalmente, utilizá-la. Os 60 anos de vida, completados no último mês, são morando sobre o mesmo chão de terra em Juazeiro. Maria Sonia recorda da época em que a família não tinha cisterna em casa.

“A primeira cisterna foi um sonho, quando a gente conseguiu, há quase 20 anos. Porque a gente tinha uma dificuldade enorme de carregar a água. Tinha que buscar água longe, colocar na cabeça, era um peso”, lembrou aliviada. “Agora, com essa outra, vai ser ainda melhor, porque é para produção”, disse, mirando o futuro.

A poucos quilômetros da propriedade em que Maria Sonia cria caprinos, a família de André Nascimento também tem na pequena agricultura o meio de subsistência. É da atividade no campo que o produtor colhe qualidade de vida para os três filhos. Ao lado da esposa, Márcia Cristina, ele enxerga no Programa Cisternas a chance de ampliar e otimizar a produção na área em que vivem.

Aos 43 anos, essa será a primeira vez que o agricultor vai manejar uma horta. “Vou plantar coentro, alface, tomatinho… Vai ser pra gente comer em casa, um alimento saudável, e se for possível, até ter uma rendinha extra pra família”, planeja André, com entusiasmo.

CAPACITAÇÃO — O assessoramento técnico para as famílias que atuarão com as cisternas de produção de alimentos, tem o papel de educar e dar suporte, para que a atividade seja executada com segurança. Dessa forma, Jamile, Maria e André são acompanhados por profissionais com experiência e que conhecem o potencial produtivo da região.

Nas comunidades rurais de Juazeiro, a assistência é feita pelo Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada (IRPAA). “É um trabalho que fortalece a função da assessoria técnica, porque a gente conversa com eles, tira dúvidas e até ajuda a escolher qual atividade produtiva eles querem desenvolver”, explicou Andressa Menezes, técnica do IRPAA.

“A retomada do Programa Cisternas consolida o que nós defendemos, que é a convivência com o Semiárido. É um processo que integra a família, porque todos participam”, completou.

O desenho do programa beneficia todos os envolvidos, de uma ponta a outra, como é o caso do pedreiro Flávio Rodrigues, que nunca havia trabalhado na construção civil. Ele passou por uma capacitação, esse ano, e agarrou a oportunidade. Desde que assumiu a função, perdeu as contas de quantas cisternas já ajudou a construir.

“Quero aprender mais ainda, desde moleque tinha vontade de ser pedreiro, e quero aproveitar a oportunidade de trabalhar na área. A cisterna é um presente, eu só tenho a agradecer ao programa, à ASA, a todos”, declarou Flávio. Entre o início e a entrega, a construção de cada cisterna pode variar entre sete e 15 dias, em média.

A Articulação Semiárido Brasileiro (ASA) é uma rede que defende, propaga e desenvolve o projeto de convivência com o bioma. A entidade é composta por mais de três mil organizações da sociedade civil, como sindicatos rurais, associações de agricultores e agricultoras, cooperativas, organizações não governamentais e institutos, como o IRPAA.

AVANÇO — Ao resgatar o Programa Cisternas, em 2023, após longo período sem incentivos, o Governo Federal investiu R$ 600 milhões e contratou 62,7 mil unidades, sendo 58,2 mil para o Semiárido e as demais para a região Amazônica.

As tecnologias sociais de acesso à água são um importante equipamento para a convivência com as regiões, promovendo dignidade, saúde, segurança alimentar e melhores condições de vida. Além disso, pesquisas científicas mostram a importância desses sistemas na saúde de gestantes e recém-nascidos.

 

Infográfico
Comentários do Facebook
Continue lendo

MAIS LIDAS DA SEMANA