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Resto de construção civil vira tijolo ecológico e gera renda

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Produzir tijolo à base de restos da construção civil. A ideia surgiu ainda em 2014 pelo morador da Estrutural e diretor do Instituto Mover a Vida, Paulo Batista, e agora, com apoio do Governo do Distrito Federal, começa a ganhar força para se tornar uma realidade. Em um galpão do Scia, cedido pelo Serviço de Limpeza Urbana (SLU) em junho deste ano, as duas máquinas de prensagem já foram instaladas e começaram a produzir os primeiros tijolos a partir da areia recebida na Unidade de Recebimento de Entulhos (URE).

Tijolos já contam com selo de qualidade do Inmetro e têm patente; só falta escoar a produção | Fotos: Divulgação/SLU

O idealizador do projeto agora trabalha para formalização da cooperativa “Prosperar” e já conta com uma lista de pelo menos 40 pessoas interessadas em participar da iniciativa. As duas prensas instaladas têm capacidade de produzir até 10 mil tijolos por dia. Atualmente, com trabalhadores das cooperativas Cooperar Brasil e Sonho de Liberdade, já são produzidos no local cerca de 2 mil tijolos por dia.

Depois de preparados, os tijolos levam sete dias para secar e ficam prontos para uso em construção

O material bruto chega da URE, passa por uma peneira e vai para uma das prensas. Depois de preparados, os tijolos levam sete dias para secar e ficam prontos para uso em construção. De acordo com Paulo Batista, estudos técnicos apontam que o material tem excelente isolamento térmico e acústico, além de resistência superior aos tijolos comuns.

“A ideia é ampliar essa produção. Já temos selo do Inmetro atestando a qualidade do produto, fizemos a patente, com ajuda de uma assessoria jurídica, e queremos agora buscar escoamento para essa produção. Seja produzindo tijolos para contribuir com habitação social, seja comercializando para grandes empresas, queremos fazer desse projeto uma fonte de renda e trabalho para famílias da Estrutural”, explica Batista.

A Unidade de Recebimento de Entulho recebe, por dia, cerca de 5 mil toneladas de material da construção civil. Parte vira brita, areia e, agora, tijolo

Além do aspecto social, o projeto tem forte apelo ambiental, pois evita a retirada de matéria-prima da natureza para produção de insumos e reaproveita resíduos da construção civil que seriam aterrados na URE. Para permitir a doação desse material, uma Instrução Normativa foi publicada pelo SLU em junho desse ano, facilitando esse procedimento.

De acordo com o documento, “os agregados reciclados de resíduos da construção civil poderão ser doados para órgãos e entidades da administração pública, de qualquer esfera de governo, desde que situados no âmbito do Distrito Federal, às cooperativas de catadores de material reciclável e às instituições sem fins lucrativos do Distrito Federal”. A instrução ainda ressalta que a doação será permitida apenas para fins de interesse público ou interesse social.

O presidente do SLU, Silvio Vieira, ressaltou a importância do reaproveitamento de material. “A URE recebe, por dia, cerca de 5 mil toneladas de material da construção civil. Parte desse material é transformado em britas, do tipo 1, 2 e 3, além de areia. Esse material costuma ser utilizado basicamente na construção de obras públicas e agora vai poder ser aproveitado em outras coisas, como a construção de tijolos ecológicos. É uma excelente iniciativa”, declarou.

A administração do Scia/Estrutural é uma das incentivadoras dessa ideia. “Sempre apoiamos o projeto tijolo solidário, pois acreditamos que ele trará grandes benefícios para a população. Na área social, vai ajudar as nossas famílias carentes, com geração de empregos e construção de casas, através de mutirão. É um projeto que veio trazer dignidade para os nossos moradores”, afirma a administradora Vânia Gurgel.

*Com informações do SLU

Fonte: Governo DF

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Programa Cisternas avança e promove cidadania às famílias do Semiárido nordestino

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Nova etapa de execução é concretizada via convênio entre MDS e Consórcio Nordeste, no valor de R$ 311 milhões. Na área rural de Juazeiro (BA), os moradores estão otimistas com as novas possibilidades trazidas pelo acesso à água

No Semiárido nordestino, um sonho começa a ganhar forma. A retomada do Programa Cisternas vem enchendo a casa das famílias de esperança. Em meio às obras de uma cisterna para a produção de alimentos em sua propriedade, Jamile da Silva, 26 anos, faz planos para o futuro. A tecnologia de acesso à água, combinada com o recurso do Programa Fomento Rural, vai proporcionar a ela uma renda extra.

Essa cisterna vai me ajudar na atividade produtiva, vou saber que estou consumindo alimento saudável. E o Fomento vai me dar uma garantia de ter uma criação melhor, que eu preciso também, de caprinos e ovinos” Jamile da Silva, produtora rural

A produtora mora na comunidade Pau Preto, zona rural de Juazeiro, ao norte da Bahia. “O Programa Cisternas é perfeito”, definiu Jamile, sorridente. São mais de 42 mil cisternas contratadas, a partir de convênio entre o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS) e o Consórcio Nordeste. A parceria, formalizada em maio deste ano, contempla os nove estados nordestinos.

O investimento é de quase R$ 300 milhões do Governo Federal, por meio do MDS, e de outros R$ 12 milhões de contrapartida dos estados. O convênio prevê a instalação de 39 mil tecnologias de acesso à água para consumo humano e 2,89 mil sistemas para consumo animal e produção de alimentos. As famílias que recebem as cisternas para a produção de alimentos também são inseridas no Programa Fomento Rural, em um repasse de R$ 13,3 milhões pelo acordo.

Além de oferecer assistência técnica, o Fomento Rural transfere o valor de R$ 4,6 mil diretamente para os beneficiados. São grandes conquistas para Jamile da Silva, que pensa em alternativas de expansão produtiva, a partir do recurso, da cisterna concluída e da capacitação para trabalhar em novas culturas. Ela também quer melhorar as condições do local onde cria caprinos e ovinos, a começar pela construção de um teto para os animais.

“Essa cisterna vai me ajudar na atividade produtiva, vou saber que estou consumindo alimento saudável. E o Fomento vai me dar uma garantia de ter uma criação melhor, que eu preciso também, de caprinos e ovinos”, projetou Jamile, enquanto acompanha em detalhes o processo de construção da estrutura. Nascida e criada na zona rural, é nessa mesma terra em Juazeiro que ela quer continuar a escrever sua história.

A realidade que o Programa Cisternas desenha para as famílias é possível graças à retomada, em 2023, dos investimentos na ação. Trata-se de uma política pública que assegura o direito de acesso a água.

PERSPECTIVA — À sombra de uma árvore no quintal de casa, na comunidade Arapuá Novo, a produtora rural Maria Sonia Oliveira espera com tranquilidade o período de chuvas na região, quando será possível captar a água, armazenar e, finalmente, utilizá-la. Os 60 anos de vida, completados no último mês, são morando sobre o mesmo chão de terra em Juazeiro. Maria Sonia recorda da época em que a família não tinha cisterna em casa.

“A primeira cisterna foi um sonho, quando a gente conseguiu, há quase 20 anos. Porque a gente tinha uma dificuldade enorme de carregar a água. Tinha que buscar água longe, colocar na cabeça, era um peso”, lembrou aliviada. “Agora, com essa outra, vai ser ainda melhor, porque é para produção”, disse, mirando o futuro.

A poucos quilômetros da propriedade em que Maria Sonia cria caprinos, a família de André Nascimento também tem na pequena agricultura o meio de subsistência. É da atividade no campo que o produtor colhe qualidade de vida para os três filhos. Ao lado da esposa, Márcia Cristina, ele enxerga no Programa Cisternas a chance de ampliar e otimizar a produção na área em que vivem.

Aos 43 anos, essa será a primeira vez que o agricultor vai manejar uma horta. “Vou plantar coentro, alface, tomatinho… Vai ser pra gente comer em casa, um alimento saudável, e se for possível, até ter uma rendinha extra pra família”, planeja André, com entusiasmo.

CAPACITAÇÃO — O assessoramento técnico para as famílias que atuarão com as cisternas de produção de alimentos, tem o papel de educar e dar suporte, para que a atividade seja executada com segurança. Dessa forma, Jamile, Maria e André são acompanhados por profissionais com experiência e que conhecem o potencial produtivo da região.

Nas comunidades rurais de Juazeiro, a assistência é feita pelo Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada (IRPAA). “É um trabalho que fortalece a função da assessoria técnica, porque a gente conversa com eles, tira dúvidas e até ajuda a escolher qual atividade produtiva eles querem desenvolver”, explicou Andressa Menezes, técnica do IRPAA.

“A retomada do Programa Cisternas consolida o que nós defendemos, que é a convivência com o Semiárido. É um processo que integra a família, porque todos participam”, completou.

O desenho do programa beneficia todos os envolvidos, de uma ponta a outra, como é o caso do pedreiro Flávio Rodrigues, que nunca havia trabalhado na construção civil. Ele passou por uma capacitação, esse ano, e agarrou a oportunidade. Desde que assumiu a função, perdeu as contas de quantas cisternas já ajudou a construir.

“Quero aprender mais ainda, desde moleque tinha vontade de ser pedreiro, e quero aproveitar a oportunidade de trabalhar na área. A cisterna é um presente, eu só tenho a agradecer ao programa, à ASA, a todos”, declarou Flávio. Entre o início e a entrega, a construção de cada cisterna pode variar entre sete e 15 dias, em média.

A Articulação Semiárido Brasileiro (ASA) é uma rede que defende, propaga e desenvolve o projeto de convivência com o bioma. A entidade é composta por mais de três mil organizações da sociedade civil, como sindicatos rurais, associações de agricultores e agricultoras, cooperativas, organizações não governamentais e institutos, como o IRPAA.

AVANÇO — Ao resgatar o Programa Cisternas, em 2023, após longo período sem incentivos, o Governo Federal investiu R$ 600 milhões e contratou 62,7 mil unidades, sendo 58,2 mil para o Semiárido e as demais para a região Amazônica.

As tecnologias sociais de acesso à água são um importante equipamento para a convivência com as regiões, promovendo dignidade, saúde, segurança alimentar e melhores condições de vida. Além disso, pesquisas científicas mostram a importância desses sistemas na saúde de gestantes e recém-nascidos.

 

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