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Bolsa Família estende atenção a mais vulneráveis e tem 2,7 milhões de beneficiários com renda ampliada

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Número de famílias com catadores de recicláveis, em situação de rua, indígenas e quilombolas no programa supera um milhão. Na outra ponta, 2,7 milhões de famílias entraram na regra de proteção por aumento de renda. Pagamentos têm início nesta sexta, 15/3

De um lado, a capacidade de identificar e contemplar com o Bolsa Família quem realmente precisa, com mais de um milhão de beneficiários atendidos em algumas das camadas mais vulneráveis, como catadores de recicláveis, pessoas em situação de rua, indígenas e quilombolas. Do outro, uma base de dados que indica melhoria qualitativa na ampliação de renda do grupo de beneficiários, com 2,7 milhões de famílias na chamada regra de proteção.

O Bolsa Família está permitindo que a gente se dê com o mundo globalizado, do branco. A gente vive da roça, da natureza. O programa ajuda a garantir mais comida e roupas que precisa para a criança estudar
CARLINHA LINS YANOMAMI
Beneficiária do Bolsa Família em São Gabriel da Cachoeira (AM)

Ao todo, o Bolsa Família contempla em março 20,89 milhões de famílias, a partir de um investimento federal de R$ 14,1 bilhões e valor médio de repasse de R$ 679,23. O cronograma de pagamento tem início nesta sexta-feira, 15/3, e segue até o dia 28, de acordo com o final do Número de Identificação Social (NIS) de cada integrante (confira abaixo o cronograma de pagamentos).

BUSCA ATIVA — A chegada a camadas prioritárias e mais sensíveis da sociedade é um dos efeitos do trabalho de busca ativa que passou a ser prioridade do Governo Federal desde a retomada do programa, em março de 2023. Trata-se de um processo integrado e em parceria estados e municípios e que conta com o auxílio dos profissionais dos Centros de Referência em Assistência Social (CRAS).

 Confira os dados do Bolsa Família divididos pelas 27 unidades federativas

“Estamos de um lado atualizando o cadastro e fazendo busca ativa. Tínhamos fora, aproximadamente, 11 milhões de pessoas. Já chegamos a 10 milhões. Isso não é pouco. E qualquer pessoa pode ajudar. Se encontrar alguém pedindo dinheiro, passando fome, é perguntar e orientar. Ver se já está no Cadastro Único. Orientar a pessoa a ir ao Centro de Referência Social fazer o cadastro. A partir dali, abrem-se portas”, afirma o ministro Wellington Dias, do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome.

Retrato disso é a indígena Carlinha Lins Santos Yanomami, de São Gabriel da Cachoeira, no Amazonas. O programa chegou a ela recentemente e mudou os horizontes e a segurança alimentar da família. “Agora estamos integrados. É através dele que compramos roupinhas, material escolar. O Bolsa Família está permitindo que a gente se dê com o mundo globalizado, do branco. A gente vive da roça, da natureza. O programa ajuda a garantir mais comida e roupas que precisa para a criança estudar”, relata.

Calendário de pagamentos do Bolsa Família em março de 2024 - Fonte: MDS | Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome
Infográfico 1 – Calendário de pagamentos do Bolsa Família em março de 2024 – Fonte: MDS

REGRA DE PROTEÇÃO — Na outra ponta, o cenário econômico com desemprego em baixa, mais de 100 milhões de pessoas no mercado de trabalho, inflação dentro da meta e crescimento econômico acima do esperado em 2023 repercute na Regra de Proteção.

A ferramenta incluída no Bolsa Família no ano passado permite aos beneficiários permanecerem no programa por até dois anos mesmo depois de conseguirem emprego com carteira assinada ou aumento de renda até o limite de meio salário mínimo por integrante da família. O número de pessoas nessa condição passou de 2,2 milhões em fevereiro para 2,73 milhões em março. Nesse caso, a família recebe 50% do valor do Bolsa Família. Se por algum acaso perder o emprego, volta a receber o benefício integralmente.

Estamos de um lado atualizando o cadastro e fazendo busca ativa. Tínhamos fora, aproximadamente, 11 milhões de pessoas. Já chegamos a 10 milhões. E qualquer pessoa pode ajudar. Se encontrar alguém pedindo dinheiro, passando fome, é perguntar e orientar. Ver se já está no Cadastro Único. Orientar a pessoa a ir ao Centro de Referência. A partir daí, abrem-se portas WELLINGTON DIAS Ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome 

Rafaella Cristina, de 25 anos, é representante deste grupo. Beneficiária do Bolsa Família, ela assinou a carteira de trabalho pela primeira vez e atua como operadora de cafeteria no mercado Atacadão, em Teresina, no Piauí. Mãe de Nycollas Emanuel, de cinco anos, ela recebe o benefício desde 2020, no período da pandemia. “Com este emprego agora, tenho a oportunidade de oferecer coisas melhores para meu filho. Está sendo uma experiência maravilhosa, uma oportunidade que nunca tive antes”, comemora.

“O Governo Federal lançou novamente várias políticas: o novo Bolsa Família, o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), voltou a alimentação escolar, o aumento real do salário mínimo, caiu a inflação, os juros, o governo passou a cuidar das pessoas endividadas, veio o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Tudo isso resulta numa orquestra positiva que comemoramos hoje”, afirmou o ministro Wellington Dias, durante participação no programa Bom Dia, Ministro, nesta quarta-feira, 13 de março.

Ele  também celebra o dado, divulgado nesta semana por um estudo do Instituto Fome Zero, de que 13 milhões de pessoas deixaram de passar fome em 2023. “Historicamente, é a maior queda na história, você tirar, num ano de arrumação da casa, 13 milhões de pessoas do Mapa da Fome. Isso mostra o tamanho da nossa responsabilidade. Vamos seguir trabalhando para alcançar outros”, completou.

CRIANÇAS E ADOLESCENTES — Dentro da cesta de benefícios estabelecida com a retomada do Bolsa Família, 24,61 milhões de pessoas, entre recém-nascidos e crianças e adolescentes de até 18 recebem os benefícios adicionais de R$ 150 ou R$ 50 em março. São 9,44 milhões de crianças de zero a seis anos no Benefício Primeira Infância (BPI), no valor de R$ 150. Para isso, serão investidos R$ 1,33 bilhão em recursos federais. Outras 12,44 milhões de crianças e adolescentes de sete a 16 anos recebem o Benefício Variável Familiar Criança e somam-se a 2,73 milhões de adolescentes de 16 anos a 18 anos amparados pelo Benefício Variável Familiar Adolescente. Ambos garantem um adicional de R$ 50 a cada integrante da família nestas faixas etárias.

GESTANTES E NUTRIZES — Em março, R$ 17,9 milhões serão destinados ao pagamento do adicional de R$ 50 para 377.643 gestantes nas famílias beneficiárias e outros R$ 28,7 milhões chegarão a 595.665 nutrizes de todo o país.

Detalhamento de repasses do Bolsa Família em março de 2024 - Fonte: MDS | Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome
Infográfico 2 – Detalhamento de repasses do Bolsa Família em março de 2024 – Fonte: MDS

PROTAGONISMO FEMININO — Como de praxe no programa de transferência de renda, o predomínio é de mulheres como responsável familiar: 83,4% em março.

Com este emprego agora, tenho a oportunidade de oferecer coisas melhores para meu filho. Está sendo uma experiência maravilhosa, uma oportunidade que nunca tive antes RAFAELLA CRISTINA que conquistou emprego com carteira assinada e segue no programa

UNIFICADO — Em 147 municípios de 11 estados, o pagamento do Bolsa Família de março será unificado, ou seja, 100% dos repasses serão no primeiro dia do calendário. São municípios afligidos por chuvas, inundações, estiagens e acidentes naturais. A lista contempla 39 municípios da Bahia, 32 do Rio Grande do Sul, 19 do Acre, 15 do Ceará, 12 do Paraná, 9 em Roraima, 9 no Rio de Janeiro, 7 em Sergipe, 3 em São Paulo e um no Amapá e no Espírito Santo. A medida apoiará mais de 1,11 milhão de famílias com um repasse de R$ 759,63 milhões.

REGIÕES — Na divisão por regiões, o Nordeste concentra o maior número de famílias beneficiárias em março de 2024. São 9,46 milhões de contempladas, a partir de um investimento de R$ 6,4 bilhões. Na sequência aparece o Sudeste, com 6,19 milhões de famílias e aporte de R$ 4,1 bilhões. A região Norte reúne 2,5 milhões de famílias por meio de um investimento de R$ 1,8 bilhão. É no Norte que está o maior valor médio por beneficiário do país: R$ 718,23. No Sul, são 1,4 milhão de beneficiários e R$ 974,24 milhões em investimentos do Governo Federal. Por fim, a região Centro-Oeste concentra 1,1 milhão de famílias e um repasse de R$ 798,96 milhões.

ESTADOS — Na divisão por estados, São Paulo concentra o maior número de beneficiários em março de 2024. São 2,56 milhões de contemplados, a partir de um investimento de R$ 1,7 bilhão, com repasse médio de R$ 669,08. Na sequência aparece a Bahia, com 2,47 milhões de beneficiários. Há outros seis estados com mais de um milhão de famílias: Rio de Janeiro (1,71 milhão), Minas Gerais (1,6 milhão), Pernambuco (1,6 milhão), Ceará (1,47 milhão), Pará (1,34 milhão) e Maranhão (1,21 milhão).

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No primeiro ano de governo, 24,4 milhões deixam de passar fome

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Insegurança alimentar e nutricional grave cai 11,4 pontos percentuais em 2023, numa projeção a partir de informações da Escala Brasileira de Segurança Alimentar (EBIA), divulgada pelo IBGE com base na PNAD Contínua

Cozinhas solidárias, programas de transferência de renda, retomada do crescimento e valorização do salário mínimo compõem a lista de ações que contribuem para a redução da fome no país. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

No Brasil, 24,4 milhões de pessoas deixaram a situação de fome em 2023. O número de pessoas que enfrentam a insegurança alimentar e nutricional grave passou de 33,1 milhões em 2022 (15,5% da população) para 8,7 milhões em 2023 (4,1%). Isso representa queda de 11,4 pontos percentuais numa projeção feita a partir de dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC), divulgada nesta quinta-feira, 25 de abril, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O amplo conjunto de políticas e programas sociais reunidos no Plano Brasil Sem Fome, a retomada do crescimento da economia e a valorização do salário mínimo são alguns fatores que recolocam o país em lugar de destaque da agenda de combate à fome no mundo. Tirar o Brasil novamente do Mapa da Fome é do presidente Lula” Wellington Dias, ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome

Na coletiva de imprensa para divulgação do estudo, o ministro Wellington Dias (Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome), avaliou que o avanço é resultado do esforço federal em retomar e reestruturar políticas de redução da fome e da pobreza. “O amplo conjunto de políticas e programas sociais reunidos no Plano Brasil Sem Fome, a retomada do crescimento da economia e a valorização do salário mínimo são alguns fatores que recolocam o país em lugar de destaque da agenda de combate à fome no mundo. Tirar o Brasil novamente do Mapa da Fome é do presidente Lula”, disse.

Para o ministro, o grande desafio agora é incluir essas 8,7 milhões de pessoas que ainda estão em insegurança alimentar grave em políticas de transferência de renda e de acesso à alimentação. “Vamos fortalecer ainda mais a Busca Ativa”, completou Dias, em referência ao trabalho para identificar e incluir em programas sociais as pessoas que mais precisam.

PESQUISA — As informações divulgadas nesta quinta são referentes ao quarto trimestre do ano passado. Foram obtidas por meio do questionário da Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA). O ministro lembrou que o governo passado não deu condições ao IBGE para realizar a pesquisa. Por isso, a Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Penssan) aplicou o EBIA com metodologia similar à do IBGE em 2022, quando o Brasil enfrentava a pandemia de Covid-19 e um cenário de desmonte de políticas, agravado por inflação de alimentos, desemprego, endividamento e ausência de estratégias de proteção social. Esse estudo chegou ao número de 33,1 milhões de pessoas em segurança alimentar grave na época.

A secretária extraordinária de Combate à Pobreza e à Fome do MDS, Valéria Burity, lembra que mesmo em comparação aos resultados de 2018, último ano em que o IBGE fez o levantamento formal, os números apresentados nesta quinta são positivos. À época havia 4,6% de domicílios em insegurança alimentar grave. Agora são 4,1%, o segundo melhor resultado em toda a série histórica do EBIA.

“Estamos falando de mais de 20 milhões de pessoas que hoje conseguem acesso à alimentação e estão livres da fome. Esses resultados mostram o acerto de uma estratégia de enfrentamento à fome que vem sendo empreendida pelo governo, que é apoiada tanto em programas sociais como na condução de uma política econômica que gera crescimento econômico, reduz desigualdades e gera acesso a emprego e renda”.

Esses resultados mostram o acerto de uma estratégia de enfrentamento à fome que é apoiada tanto em programas sociais como na condução de uma política econômica que gera crescimento econômico, reduz desigualdades e gera acesso a emprego e renda” Valéria Burity, secretária extraordinária de Combate à Pobreza e à Fome do MDS 

Valéria também destacou como ponto importante da estratégia de combate à fome a retomada da governança de segurança alimentar pelo Governo Federal, com garantia de participação social. “O presidente Lula e o ministro Wellington foram responsáveis pela retomada do Sistema de Segurança Alimentar e Nutricional, a restituição do Conselho de Segurança Alimentar e da Câmara de Segurança Alimentar, com 24 ministérios que têm a missão de articular políticas dessa área. E, no fim do ano passado, foi realizada a Conferência de Segurança Alimentar e Nutricional”, relatou.

A secretária nacional de Avaliação, Gestão da Informação e Cadastro Único do MDS, Letícia Bartholo, ressaltou o retorno da parceria do governo com o IBGE. “Depois do período da fila do osso, em que o Brasil viveu muita miséria e fome, uma das primeiras ações do MDS nessa nova gestão foi buscar o IBGE para retomar a parceria e medir a insegurança alimentar dos brasileiros”, recordou.

SUBINDO – A proporção de domicílios em segurança alimentar atingiu nível máximo em 2013, (77,4%), tempo em que o país deixou o Mapa da Fome, mas caiu em 2017-2018 (63,3%). Em 2023, subiu para 72,4%. “Após a tendência de aumento da segurança alimentar nos anos de 2004, 2009 e 2013, os dados obtidos em 2017-2018 foram marcados pela redução no predomínio de domicílios particulares que tinham acesso à alimentação adequada. Em 2023 aconteceu o contrário, ou seja, houve aumento da proporção de domicílios em segurança alimentar, assim como redução na proporção de todos os graus de insegurança alimentar”, explicou André Martins, analista da pesquisa.

 

Dados apontam a evolução da segurança alimentar no Brasil

 

NOVO BOLSA FAMÍLIA — Entre os fatores que contribuíram para o avanço apontado pela pesquisa do IBGE, está o novo Bolsa Família, lançado em março de 2023, que garante uma renda mínima de R$ 600 por domicílio. O programa incluiu em sua cesta o Benefício Primeira Infância, um adicional de R$ 150 por criança de zero a seis anos na composição familiar. O novo modelo, com foco na primeira infância, reduziu a 91,7% a pobreza nesta faixa etária. A nova versão do programa inclui, ainda, um adicional de R$ 50 para gestantes, mães em fase de amamentação e crianças de sete a 18 anos.

BPC – O ministro Wellington Dias também ressaltou a proteção social gerada pelo Benefício de Prestação Continuada (BPC), que garante um salário mínimo para pessoas aposentadas, pensionistas e com deficiência em situação de vulnerabilidade social. “Vale mencionar que o efeito econômico da Previdência e do BPC foi potencializado pelo esforço administrativo de reduzir as filas de espera para acesso aos benefícios”, disse.

MERENDA – Outra política de combate à pobreza e à fome, o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) garante refeições diárias a 40 milhões de estudantes da rede pública em todo o país e foi reajustado em 2023, após cinco anos sem aumento.

PAA – O Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) é um dos 80 programas e ações que compõem a estratégia do Plano Brasil Sem Fome. Ele assegura produção e renda aos agricultores familiares, com compra direta dos produtos para serem distribuídos na rede socioassistencial, de saúde, educação e outros equipamentos públicos. Com a participação de 24 ministérios, o Plano cria instrumentos para promover a alimentação saudável contra diversas formas de má nutrição.

ECONOMIA – No cenário macroeconômico, houve um crescimento do PIB de 2,9% e o IPCA calculado para o grupo de alimentos caiu de 11,6% em 2022 para 1,03% em 2023. É a menor taxa desde 2017.  O mercado de trabalho ganhou força e a taxa de desemprego caiu de 9,6%, em 2022, para 7,8% no ano seguinte. A massa mensal de rendimento recebido de todos os trabalhadores alcançou R$ 295,6 bilhões, maior valor da série histórica da PNAD-C.

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