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Réptil de 225 milhões de anos não é pterossauro, mostra estudo

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Pesquisa feita por especialistas brasileiros concluiu que o Faxinalipterus minimus, proveniente de rochas do Triássico, com cerca de 25 milhões de anos, encontrado no Rio Grande do Sulnão é um réptil alado, como se pensava. O estudo, de pesquisadores do Museu Nacional, das universidades federais de Santa Maria, Regional do Cariri, Federal do Pampa, Federal do Rio Grande do Sul e do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe/UFRJ), foi publicado com destaque na revista científica PeerJ.

O mais importante do trabalho, segundo o diretor do Museu Nacional (MN), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Alexander Kellner, é provar que a instituição está viva “e que, graças aos pesquisadores e às parcerias, consegue produzir ciência de qualidade. A descoberta feita agora é importante porque mexe com as ideias que se têm com relação à evolução do voo dos répteis, afirmou Kellner. Ele reforçou a necessidade de se investir em ciência básica, porque é desse modo que os pesquisadores conseguem produzir.

Em 2010, um grupo de cientistas, liderados por José Fernando Bonaparte, um dos principais paleontólogos que estudam répteis fósseis na América Latina, que morreu em 2020, descreveu dois exemplares coletados anteriormente, em 2002 e 2005. Atribuíram os dois a uma mesma espécie que denominaram Faxinalipterus minimus, que acreditavam se tratar de réptil alado, um pterossauro, que são os primeiros vertebrados adaptados ao voo ativo e parentes dos dinossauros.

Espécies diferentes

“Seria uma descoberta muito importante o primeiro réptil do Triássico brasileiro, de 225 milhões de anos”, disse Kellner, especialista em répteis voadores. Por isso, ele foi ver o material coletado. Ao examinar, porém, reconheceu de imediato que não era de um pterossauro, ou seja, um réptil alado. “Levantei o problema, de que havia de colocar esses dois exemplares – uma arcada superior e um esqueleto pós-craniano – em um mesmo grupo que parecia não ser. Ou seja, eu achava que eram duas espécies diferentes”, disse o diretor. Kellner observou que diversos ossos poderiam estar mal identificados e havia falta de características diagnósticas dos pterossauros, entre elas a ausência de feições específicas no úmero (osso do braço), como uma projetada crista deltopeitoral.

O material foi preparado em detalhes antes que se avançasse nos estudos, e outros pesquisadores foram convidados a participar do projeto. Uma das integrantes do grupo lembrou que o pessoal do Centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica da Quarta Colônia (Cappa), da Universidade Federal de Santa Maria, tem trabalhado nessa região. Os pesquisadores foram convidados a participar do estudo. “Eles tinham, dentro do material coletado recentemente, um crânio, parte da cabeça de um animal muito parecido com um daqueles exemplares”. A partir daí, redescreveram o Faxinalipterus minimus e propuseram nova espécie de réptil, o Maehary bonapartei, de pequenas dimensões, considerado o mais basal da linha evolutiva que deu origem aos pterossauros. “O nosso trabalho foi além da redescrição, e a gente descobriu que os dois estariam classificados na linha evolutiva dos pterossauros”.

Segundo Alexander Kellner, a descoberta mostra que se investir em pesquisa científica, ”o Brasil tem capacitações muito boas, pessoas que fazem trabalhos muito importantes. Basta incentivar a pesquisa básica, que anda tão abandonada no país”. Do ponto de vista científico, o importante é mostrar que existe naquela região do sítio fossilífero Linha São Luiz, localizado no município de Faxinal do Soturno (RS), um depósito interessante, que pode fornecer mais exemplares desses animais pequenos, classificados na base da origem dos répteis alados, os pterossauros.

Alçando voo

Kellner afirmou que o estudo “vai permitir entender melhor como esses animais aprenderam a voar, quais foram as mudanças que ocorreram para que eles, finalmente, alçassem voo”. Segundo Kellner, isso demonstra que a área é muito importante e que é preciso continuar atuando na pesquisa. “O trabalho será muito citado, porque é relevante para essa discussão toda da origem do voo dos vertebrados”, acrescentou.

A ideia é que a colaboração iniciada na pesquisa tenha prosseguimento. “O pessoal do Capa está fazendo um trabalho muito sério, muito bom, e a gente, realmente, gostaria de continuar trabalhando com eles na descoberta de outros exemplares fantásticos, como o Maehary bonapartei.

A preparação do material original foi feita no Museu Nacional. “Felizmente, tivemos a possibilidade de fotografar em detalhe todo o exemplar”, disse Orlando Grillo, que teve o cuidado de reproduzir, em forma de desenhos, cada detalhe anatômico dos ossos do Faxinalipterus. Com a ajuda de um tomógrafo, o enigma foi revelado. “A tomografia computadorizada tem sido uma ferramenta cada vez mais utilizada nos estudos paleontológicos”, observou Ricardo Lopes, da Coppe/UFRJ. “É uma análise não destrutiva, que permite a visualização de detalhes anatômicos ainda recobertos pela rocha sedimentar onde o fóssil está preservado”, complementou Olga Araújo, também da Coppe.

No sítio Linha de São Luiz, já foram encontrados diversos fósseis, como parentes próximos dos mamíferos, dinossauros e outros répteis. A região onde foram realizadas as escavações fica localizada no território do Geoparque Quarta Colônia Aspirante Unesco.

O nome do gênero da nova espécie vem de Ma’ehary, uma expressão do povo Guarani-Kaiowa que significa “quem olha para o céu”, em alusão à sua posição na linha evolutiva dos répteis, sendo o mais primitivo dos Pterosauromorpha, grupo que inclui os pterossauros. 

Edição: Graça Adjuto

Fonte: EBC Geral

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“Caminhos assistenciais” do Governo Federal liberam rodovias para garantir abastecimento do Rio Grande do Sul

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Prioridade é a liberação ágil de trechos essenciais para assegurar o fluxo de veículos com suprimentos, comida, oxigênio e combustível

Com mais de 400 cidades atingidas pelo alto volume de chuvas que caiu sobre o território gaúcho, o Governo Federal desenvolveu um plano emergencial para reestabelecer o fluxo viário em rotas estratégicas para assegurar o atendimento da população e impedir o desabastecimento de itens essenciais para a população do Rio Grande do Sul.

“Esses caminhos assistenciais, como estamos chamando, são para garantir salvamento e abastecimento do estado, sobretudo com oxigênio e remédio, comida e água, além da chegada de combustível, para não haver outras paralisações nesta crise e intensificarem ainda mais o sofrimento do povo gaúcho neste momento”, informou o ministro dos Transportes, Renan Filho. “É um plano de trabalho com prioridades a serem adotadas em 48 horas”.

Para isso, são usados maquinários pesados, como tratores, escavadeiras, guindastes e caminhões. Há cerca de 200 equipamentos e 600 homens atuando diretamente no estado. Em alguns pontos de rompimento de trechos de estrada, a solução é preencher as brechas com pedras para permitir a passagem dos veículos. Um dos trechos liberados é a BR 290, que liga Porto Alegre a Santa Maria e segue até a fronteira com a Argentina, por onde passa 30% do comércio internacional do país. Equipes do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), de concessionárias e da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) seguem no para restabelecer o fluxo viário.

“Liberamos o fluxo na BR 290. O momento é de trabalhar pela preservação da vida, reencontro das famílias e reconstrução do Rio Grande do Sul. Nesses caminhos serão permitidos transporte de alimentos, remédios, oxigênio, combustíveis, resgates e pacientes em ambulâncias”, comentou o ministro.

Já estão liberados também trechos das BRs-116/RS, entre Estância Velha a Nova Petrópolis; de Vacaria a Campestre da Serra; e de Caxias a São Marcos. Também foi restabelecido o fluxo na BR-392/RS, de Santa Maria a Caçapava do Sul, possibilitando o acesso ao Porto de Rio Grande, beneficiando a região de Pelotas. Até esta quarta-feira (8/5), serão realizadas ainda as seguintes liberações: na BR-116/RS, sentido norte do estado, no trecho do Viaduto da Scharlau, e a ponte sobre o Rio dos Sinos.

 

Na BR-470, passagem liberada de Carlos Barbosa a Montenegro; na BR-386, a ponte sobre o rio Taquari, em Estrela e Lajeado também teve o fluxo retomado, assim como na BR-290, de Eldorado a Santa Maria, com construção de um bueiro. Já no caso da BR-158, de Santa Maria a Cruz Alta, o trânsito ainda ocorre com escolta, apenas para passagens de veículos emergenciais, pois há risco no trajeto. Trânsito liberado também na BR-448, a Rodovia do Parque.

Para o ministro, chama a atenção nesse desastre a amplitude, a velocidade com que as águas subiram e a demora no escoamento, o que dificulta o dimensionamento da crise e o atendimento. “A prioridade agora é salvar vidas, liberar vias para passagem de equipes de resgate e pronto socorro e, depois, pensarmos na reconstrução”, listou.

Rodovias liberadas e em processo de liberação

1 BILHÃO – Em reunião com parlamentares na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, o ministro ainda informou que cerca de R$ 1 bilhão serão destinados pelo Governo Federal à reconstrução de rodovias federais, além do orçamento previamente destinado ao estado de R$ 1,7 bilhão.

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