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Prefeitura de SP anuncia desmonte da aglomeração na Cracolândia

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A prefeitura de São Paulo divulgou hoje (23) que houve o desmonte da grande concentração de pessoas em uso abusivo de álcool e drogas na região da Cracolândia, no centro da cidade, após ações integradas entre os governos municipal e de São Paulo. No entanto, entidade que atua na região afirma que o que houve foi um deslocamento da população em situação de rua da frente da Estação Julio Prestes para o entorno e que ela continua desassistida de políticas públicas.

Segundo o município, uma série de ações integradas entre os governos municipal e estadual “conseguiu pela primeira vez em trinta anos que o tráfico abandonasse a maior concentração de venda de drogas a céu aberto do país”, na Cracolândia. Para evitar novas concentrações, a prefeitura informou que, junto ao estado, conta com a Polícia Civil e a Guarda Civil Metropolitana (GCM).

No comunicado divulgado, o secretário-executivo de Projetos Estratégicos da prefeitura, Alexis Vargas, disse que, “ainda que haja alguma dispersão, com grupos menores, é possível oferecer políticas públicas com melhores resultados, com aceitação de tratamento e acolhimento nas redes municipal de saúde e assistência social”. Segundo ele, “as ações de segurança também se tornam mais eficazes”.

De acordo com a prefeitura, as ações realizadas tiveram como base quatro pilares: a ampliação e melhoria da oferta de tratamento e de serviços de acolhimento aos usuários que fazem uso abusivo de álcool e outras drogas e estão em situação de vulnerabilidade; a requalificação urbana do território, que incluiu a construção de moradias, a desapropriação de imóveis, o fechamento de imóveis irregulares e a construção de escola e hospital; o combate ao tráfico e o compartilhamento de inteligência e de informações, com planejamento integrado de diversos órgãos municipais e estaduais.

Deslocamento

O movimento Craco Resiste, que defende os direitos da população em situação de rua na região, disse que o que se conseguiu, após as ações, foi deslocar as pessoas para outros pontos na mesma região, sendo que a maior parte foi para a Praça Princesa Isabel, que já havia se tornado símbolo do crescimento da população em situação de rua na cidade.

“Não tem desmonte, o fluxo só mudou de lugar. Essa não é a primeira vez. Eu estou aqui há dez anos, nesses meus dez anos de Cracolândia, eu já vi ela na [rua dos] Gusmões, na [rua do] Triunfo, na Praça General Osório, já vi em vários lugares. Não existiu um desmonte, acho importante dizer isso, só foi uma mudança, mais uma das tantas mudanças que acontecem nessa região”, disse Rafael Escobar, integrante d’A Craco Resiste.

Escobar criticou o modelo de serviços oferecidos pelo município. “Albergue não é solução, aglomerar pessoas nunca foi solução. Solução é emprego, é moradia digna, não é dividir um quarto com 140 pessoas, é ter um quarto próprio, ou dividir no máximo com uma pessoa ou duas que tenha vínculo; é um projeto de saúde multissetorial. Não é isso que a prefeitura está oferecendo”, disse.

Prisões

O secretário Alexis Vargas disse que houve a prisão de 92 traficantes na região. “Este é o resultado de um trabalho árduo, persistente e integrado que teve início com o Programa Redenção em 2017 e recebeu um importante reforço com a Operação Caronte da Polícia Civil no combate ao tráfico de drogas na região central”, disse Vargas.

Em relação ao combate ao tráfico, Escobar afirma ser uma “balela” e disse que quem apanha são os usuários de drogas. “Não acabou [o tráfico], eu vejo essa retirada de traficantes que eles dizem fazer há 10 anos e todo dia tem um novo. A grande lógica é a seguinte: não adianta fechar a farmácia, se a distribuidora ainda está a mil, vai só abrir outras farmácias. Tem que combater a distribuidora, que não está na Cracolândia.”

Em nota divulgada pela Craco Resiste, o movimento afirma que, em 2021, houve supostas operações contra o tráfico. “Foram meses em que a Polícia Civil prendeu por diversas vezes os supostos traficantes da Cracolândia. Ações truculentas, em que apesar de serem apresentadas como ‘inteligência’, eram horas de humilhação para centenas de pessoas que ficavam sentadas sob o sol ou a chuva, sendo revistadas e agredidas com armas químicas”, diz o comunicado.

Edição: Fábio Massalli

Fonte: EBC Geral

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Ação Social

No primeiro ano de governo, 24,4 milhões deixam de passar fome

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Insegurança alimentar e nutricional grave cai 11,4 pontos percentuais em 2023, numa projeção a partir de informações da Escala Brasileira de Segurança Alimentar (EBIA), divulgada pelo IBGE com base na PNAD Contínua

Cozinhas solidárias, programas de transferência de renda, retomada do crescimento e valorização do salário mínimo compõem a lista de ações que contribuem para a redução da fome no país. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

No Brasil, 24,4 milhões de pessoas deixaram a situação de fome em 2023. O número de pessoas que enfrentam a insegurança alimentar e nutricional grave passou de 33,1 milhões em 2022 (15,5% da população) para 8,7 milhões em 2023 (4,1%). Isso representa queda de 11,4 pontos percentuais numa projeção feita a partir de dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC), divulgada nesta quinta-feira, 25 de abril, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O amplo conjunto de políticas e programas sociais reunidos no Plano Brasil Sem Fome, a retomada do crescimento da economia e a valorização do salário mínimo são alguns fatores que recolocam o país em lugar de destaque da agenda de combate à fome no mundo. Tirar o Brasil novamente do Mapa da Fome é do presidente Lula” Wellington Dias, ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome

Na coletiva de imprensa para divulgação do estudo, o ministro Wellington Dias (Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome), avaliou que o avanço é resultado do esforço federal em retomar e reestruturar políticas de redução da fome e da pobreza. “O amplo conjunto de políticas e programas sociais reunidos no Plano Brasil Sem Fome, a retomada do crescimento da economia e a valorização do salário mínimo são alguns fatores que recolocam o país em lugar de destaque da agenda de combate à fome no mundo. Tirar o Brasil novamente do Mapa da Fome é do presidente Lula”, disse.

Para o ministro, o grande desafio agora é incluir essas 8,7 milhões de pessoas que ainda estão em insegurança alimentar grave em políticas de transferência de renda e de acesso à alimentação. “Vamos fortalecer ainda mais a Busca Ativa”, completou Dias, em referência ao trabalho para identificar e incluir em programas sociais as pessoas que mais precisam.

PESQUISA — As informações divulgadas nesta quinta são referentes ao quarto trimestre do ano passado. Foram obtidas por meio do questionário da Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA). O ministro lembrou que o governo passado não deu condições ao IBGE para realizar a pesquisa. Por isso, a Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Penssan) aplicou o EBIA com metodologia similar à do IBGE em 2022, quando o Brasil enfrentava a pandemia de Covid-19 e um cenário de desmonte de políticas, agravado por inflação de alimentos, desemprego, endividamento e ausência de estratégias de proteção social. Esse estudo chegou ao número de 33,1 milhões de pessoas em segurança alimentar grave na época.

A secretária extraordinária de Combate à Pobreza e à Fome do MDS, Valéria Burity, lembra que mesmo em comparação aos resultados de 2018, último ano em que o IBGE fez o levantamento formal, os números apresentados nesta quinta são positivos. À época havia 4,6% de domicílios em insegurança alimentar grave. Agora são 4,1%, o segundo melhor resultado em toda a série histórica do EBIA.

“Estamos falando de mais de 20 milhões de pessoas que hoje conseguem acesso à alimentação e estão livres da fome. Esses resultados mostram o acerto de uma estratégia de enfrentamento à fome que vem sendo empreendida pelo governo, que é apoiada tanto em programas sociais como na condução de uma política econômica que gera crescimento econômico, reduz desigualdades e gera acesso a emprego e renda”.

Esses resultados mostram o acerto de uma estratégia de enfrentamento à fome que é apoiada tanto em programas sociais como na condução de uma política econômica que gera crescimento econômico, reduz desigualdades e gera acesso a emprego e renda” Valéria Burity, secretária extraordinária de Combate à Pobreza e à Fome do MDS 

Valéria também destacou como ponto importante da estratégia de combate à fome a retomada da governança de segurança alimentar pelo Governo Federal, com garantia de participação social. “O presidente Lula e o ministro Wellington foram responsáveis pela retomada do Sistema de Segurança Alimentar e Nutricional, a restituição do Conselho de Segurança Alimentar e da Câmara de Segurança Alimentar, com 24 ministérios que têm a missão de articular políticas dessa área. E, no fim do ano passado, foi realizada a Conferência de Segurança Alimentar e Nutricional”, relatou.

A secretária nacional de Avaliação, Gestão da Informação e Cadastro Único do MDS, Letícia Bartholo, ressaltou o retorno da parceria do governo com o IBGE. “Depois do período da fila do osso, em que o Brasil viveu muita miséria e fome, uma das primeiras ações do MDS nessa nova gestão foi buscar o IBGE para retomar a parceria e medir a insegurança alimentar dos brasileiros”, recordou.

SUBINDO – A proporção de domicílios em segurança alimentar atingiu nível máximo em 2013, (77,4%), tempo em que o país deixou o Mapa da Fome, mas caiu em 2017-2018 (63,3%). Em 2023, subiu para 72,4%. “Após a tendência de aumento da segurança alimentar nos anos de 2004, 2009 e 2013, os dados obtidos em 2017-2018 foram marcados pela redução no predomínio de domicílios particulares que tinham acesso à alimentação adequada. Em 2023 aconteceu o contrário, ou seja, houve aumento da proporção de domicílios em segurança alimentar, assim como redução na proporção de todos os graus de insegurança alimentar”, explicou André Martins, analista da pesquisa.

 

Dados apontam a evolução da segurança alimentar no Brasil

 

NOVO BOLSA FAMÍLIA — Entre os fatores que contribuíram para o avanço apontado pela pesquisa do IBGE, está o novo Bolsa Família, lançado em março de 2023, que garante uma renda mínima de R$ 600 por domicílio. O programa incluiu em sua cesta o Benefício Primeira Infância, um adicional de R$ 150 por criança de zero a seis anos na composição familiar. O novo modelo, com foco na primeira infância, reduziu a 91,7% a pobreza nesta faixa etária. A nova versão do programa inclui, ainda, um adicional de R$ 50 para gestantes, mães em fase de amamentação e crianças de sete a 18 anos.

BPC – O ministro Wellington Dias também ressaltou a proteção social gerada pelo Benefício de Prestação Continuada (BPC), que garante um salário mínimo para pessoas aposentadas, pensionistas e com deficiência em situação de vulnerabilidade social. “Vale mencionar que o efeito econômico da Previdência e do BPC foi potencializado pelo esforço administrativo de reduzir as filas de espera para acesso aos benefícios”, disse.

MERENDA – Outra política de combate à pobreza e à fome, o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) garante refeições diárias a 40 milhões de estudantes da rede pública em todo o país e foi reajustado em 2023, após cinco anos sem aumento.

PAA – O Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) é um dos 80 programas e ações que compõem a estratégia do Plano Brasil Sem Fome. Ele assegura produção e renda aos agricultores familiares, com compra direta dos produtos para serem distribuídos na rede socioassistencial, de saúde, educação e outros equipamentos públicos. Com a participação de 24 ministérios, o Plano cria instrumentos para promover a alimentação saudável contra diversas formas de má nutrição.

ECONOMIA – No cenário macroeconômico, houve um crescimento do PIB de 2,9% e o IPCA calculado para o grupo de alimentos caiu de 11,6% em 2022 para 1,03% em 2023. É a menor taxa desde 2017.  O mercado de trabalho ganhou força e a taxa de desemprego caiu de 9,6%, em 2022, para 7,8% no ano seguinte. A massa mensal de rendimento recebido de todos os trabalhadores alcançou R$ 295,6 bilhões, maior valor da série histórica da PNAD-C.

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