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Plataforma reúne levantamento de empresas de realidade estendida

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Usando óculos de realidade virtual, o participante se vê imerso em uma cidade, observando e experimentando cenas cotidianas vividas por personagens ilustrados. O enredo, de ascensão e queda de uma sociedade dividida, é do filme curta metragem interativo From the Main Square, que em português, em tradução livre, significa Da Praça Principal. O curta, dirigido pelo brasileiro Pedro Harres, recebeu, este ano, o grande prêmio do júri em realidade virtual, no Festival de Veneza.

Esta é apenas uma das produções em realidade virtual em que há brasileiros envolvidos. Tanto no Brasil quanto no mundo, termos como realidade virtual, realidade aumentada e realidade mista, todas sob o guarda-chuva da chamada realidade estendida (XR), têm ganhado força. São experiências de imersão que combinam elementos reais e virtuais, assim como as interações entre homem e máquina. 

Para dimensionar esse mercado no Brasil o Centro de Análise do Cinema e Audiovisual da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e o Programa de Pós-Graduação em Mídias Criativas da Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) fizeram um mapeamento inédito das empresas que atuam nesse setor. Agora, o Mapeamento do Ecossistema XR no Brasil está disponível na internet, em plataforma  que será lançada sábado (29) na 46ª Mostra Internacional de Cinema, na Cinemateca, em São Paulo. 

A pesquisa mostra que, das 138 empresas mapeadas pertencentes à cadeia produtiva da indústria criativa no país, cerca de 70%, o equivalente a 96, já trabalham com XR. Elas estão concentradas, principalmente, nas cidades de São Paulo (35) e do Rio de Janeiro (19). A maioria é microempresa (40,58%) e de microempreendedores individuais (20,57%). Segundo a pesquisa, por ser ligada à área de inovação, o mercado concentra-se em startups e clusters de inovação. 

“A gente tem capacidade, tem técnica. A vantagem [dessa tecnologia] é que ela vai nos colocar de fato no caminho da indústria 4.0”, diz a professora da UFRJ e produtora audiovisual, Inês Maciel, que realizou a pesquisa. Ines explica que a tecnologia tem diversas possibilidades de uso que vão desde o cinema, até a capacitação profissional e mesmo o monitoramento a distância de determinados ambientes, entre outros. 

“Essa tecnologia proporciona a sensação de presença na situação imersiva. Essa sensação fica registrada no cérebro como memória vivida. Se fica registrada dessa forma, você aprende mais rápido, é como se estivesse aprendendo na prática”, diz. Ela cita, como exemplos, simulações de situações de risco onde profissionais podem ser treinados primeiramente com a realidade virtual antes de ir a campo, o que reduz os custos da formação. Empresas de agronegócio que fazem monitoramento por drones podem permitir que alguém esteja no escritório acompanhando tudo com óculos de realidade virtual, sem precisar se deslocar. 

Segundo Ines, essa é uma tecnologia nova que está sendo pesquisada e desenvolvida no mundo inteiro. De acordo com ela, é o momento para o Brasil investir na área e se inserir mundialmente. “É uma tecnologia que está nascendo, todo mundo está criando a partir do zero. É nessa hora que se consegue a liderança. Depois que a tecnologia está estabelecida não se consegue ser líder. Esse é o momento crucial, tem que investir agora”, defende. 

A pesquisadora também aponta a necessidade de incentivos que levem a tecnologia para outras regiões do país, a fim de reduzir a concentração no eixo Rio-São Paulo e, assim, atender melhor às especificidades brasileiras.

Outra preocupação é com a evasão de mão de obra capacitada do país. “O potencial do XR brasileiro é enorme, só que não se consegue ficar aqui. Quando começa a crescer, ganha asas e não tem mais como voar aqui. Tem que ir para fora. É como se tivéssemos um berçário de aviões”, diz Inês. Pedro Harres está entre os que buscaram financiamento fora. O filme, premiado internacionalmente, é uma produção alemã. 

Mapeamento XR

O levantamento foi feito nos meses de julho e agosto de 2020. Os dados mostram ainda que essa indústria sofreu impacto da pandemia de covid-19. Grande parte das empresas (43%) declarou que teve redução considerável nos negócios durante a pandemia e 18% disseram, à época, que havia probabilidade alta ou muito alta de fecharem os negócios nos meses seguintes. 

A plataforma, realizada pelo Instituto das Indústrias Criativas, com patrocínio da Spcine, tem o objetivo de fornecer dados para subsidiar novas políticas para a área. É possível fazer consultas por financiamento, mercado, categorias de atuação, pesquisa e desenvolvimento, percepção do mercado, região e porte das empresas.

Edição: Graça Adjuto

Fonte: EBC Geral

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“Caminhos assistenciais” do Governo Federal liberam rodovias para garantir abastecimento do Rio Grande do Sul

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Prioridade é a liberação ágil de trechos essenciais para assegurar o fluxo de veículos com suprimentos, comida, oxigênio e combustível

Com mais de 400 cidades atingidas pelo alto volume de chuvas que caiu sobre o território gaúcho, o Governo Federal desenvolveu um plano emergencial para reestabelecer o fluxo viário em rotas estratégicas para assegurar o atendimento da população e impedir o desabastecimento de itens essenciais para a população do Rio Grande do Sul.

“Esses caminhos assistenciais, como estamos chamando, são para garantir salvamento e abastecimento do estado, sobretudo com oxigênio e remédio, comida e água, além da chegada de combustível, para não haver outras paralisações nesta crise e intensificarem ainda mais o sofrimento do povo gaúcho neste momento”, informou o ministro dos Transportes, Renan Filho. “É um plano de trabalho com prioridades a serem adotadas em 48 horas”.

Para isso, são usados maquinários pesados, como tratores, escavadeiras, guindastes e caminhões. Há cerca de 200 equipamentos e 600 homens atuando diretamente no estado. Em alguns pontos de rompimento de trechos de estrada, a solução é preencher as brechas com pedras para permitir a passagem dos veículos. Um dos trechos liberados é a BR 290, que liga Porto Alegre a Santa Maria e segue até a fronteira com a Argentina, por onde passa 30% do comércio internacional do país. Equipes do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), de concessionárias e da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) seguem no para restabelecer o fluxo viário.

“Liberamos o fluxo na BR 290. O momento é de trabalhar pela preservação da vida, reencontro das famílias e reconstrução do Rio Grande do Sul. Nesses caminhos serão permitidos transporte de alimentos, remédios, oxigênio, combustíveis, resgates e pacientes em ambulâncias”, comentou o ministro.

Já estão liberados também trechos das BRs-116/RS, entre Estância Velha a Nova Petrópolis; de Vacaria a Campestre da Serra; e de Caxias a São Marcos. Também foi restabelecido o fluxo na BR-392/RS, de Santa Maria a Caçapava do Sul, possibilitando o acesso ao Porto de Rio Grande, beneficiando a região de Pelotas. Até esta quarta-feira (8/5), serão realizadas ainda as seguintes liberações: na BR-116/RS, sentido norte do estado, no trecho do Viaduto da Scharlau, e a ponte sobre o Rio dos Sinos.

 

Na BR-470, passagem liberada de Carlos Barbosa a Montenegro; na BR-386, a ponte sobre o rio Taquari, em Estrela e Lajeado também teve o fluxo retomado, assim como na BR-290, de Eldorado a Santa Maria, com construção de um bueiro. Já no caso da BR-158, de Santa Maria a Cruz Alta, o trânsito ainda ocorre com escolta, apenas para passagens de veículos emergenciais, pois há risco no trajeto. Trânsito liberado também na BR-448, a Rodovia do Parque.

Para o ministro, chama a atenção nesse desastre a amplitude, a velocidade com que as águas subiram e a demora no escoamento, o que dificulta o dimensionamento da crise e o atendimento. “A prioridade agora é salvar vidas, liberar vias para passagem de equipes de resgate e pronto socorro e, depois, pensarmos na reconstrução”, listou.

Rodovias liberadas e em processo de liberação

1 BILHÃO – Em reunião com parlamentares na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, o ministro ainda informou que cerca de R$ 1 bilhão serão destinados pelo Governo Federal à reconstrução de rodovias federais, além do orçamento previamente destinado ao estado de R$ 1,7 bilhão.

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