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Painel lança olhar sociológico sobre a economia pós-pandemia

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A pandemia de covid-19 afetou profundamente as economias globais, as relações humanas, as tecnologias e outras tantas coisas em diversos níveis. Mas o mundo um dia voltará a ser o mesmo que nós conhecíamos? Este é um debate crescente em todo o mundo e foi o tema central do painel “Um olhar sociológico sobre a Economia do Pós-Pandemia”, promovido pela Secretaria de Economia em seu canal no YouTube, nesta quarta-feira (18), dentro do projeto Tempo de Economia.

O secretário André Clemente recebeu em reunião virtual os professores e sociólogos para debater sobre as consequências da pandemia sobre a economia global | Foto: Divulgação/Secretaria de Economia do DF

O secretário de Economia, André Clemente, recebeu como convidados para a discussão os professores Antônio Flávio Testa, doutor em Sociologia, cientista político e antropólogo, e Carla Ribeiro Testa, advogada e mestre em Sociologia. O consenso do debate foi de que não há espaço para uma suposta volta à normalidade. “Impossível as coisas voltarem a ser como eram. Aconteceram muitas mutações na sociedade. A pandemia trouxe doenças variadas, traumas psicológicos absurdos, mudanças na organização familiar e nas ordens do trabalho”, apontou Antônio Flávio Testa.

“Precisamos saber para onde vamos, não podemos errar em decisões que impactam tanto na vida das pessoas. Há muito, o Estado deixou de ser meio e passou a ser fim. Temos que inverter isso, pois a sociedade é o fim. As entregas são para as pessoas”André Clemente, secretário de Economia

Segundo Carla Ribeiro Testa, a pandemia também escancarou as fragilidades individuais e coletivas de diferentes formas. “A pandemia revelou a grande fragilidade da nossa condição contemporânea, o nosso medo. A pandemia é para todos, mas a quarentena não. A pandemia afetou a sociedade de forma assimétrica, piorou o quadro de desigualdade social no Brasil e potencializou as exclusões”, enumerou a professora.

O secretário André Clemente lembrou o papel do Estado na vida das pessoas e destacou a importância de entender esse chamado “novo normal” na tomada de decisões por parte dos gestores públicos. “Precisamos saber para onde vamos, não podemos errar em decisões que impactam tanto na vida das pessoas. Há muito, o Estado deixou de ser meio e passou a ser fim. Temos que inverter isso, pois a sociedade é o fim. As entregas são para as pessoas”, afirmou.

“É um fórum que deve ser permanente, porque muitas questões virão à tona a partir dessa intersecção de problemas econômicos, sociais e psicológicos no pós-pandemia. Muitas políticas públicas precisarão ser desenvolvidas a partir dessa multidisciplinaridade”Antônio Flávio Testa, doutor em Sociologia, cientista político e antropólogo

Segundo ele, a velocidade nas mudanças desde o estabelecimento da pandemia obrigou o setor público a abrir espaços de discussão mais amplos e buscar alternativas para os problemas quase que em tempo real. “A própria burocracia está se adaptando aos novos tempos. As velhas receitas e velhas lições sobre gestão pública já não servem mais. Precisamos nos reinventar o tempo todo”, disse André Clemente. “Essa capacidade de olhar o cenário e redefinir rumos precisa estar muito bem alicerçada em valores, princípios e muito conhecimento. Essa base é que dá segurança na tempestade para que se tomem as decisões corretas”, frisou.

Antônio Flávio concordou com a urgência dos debates para a indicação de um novo rumo social. “É um fórum que deve ser permanente, porque muitas questões virão à tona a partir dessa intersecção de problemas econômicos, sociais e psicológicos no pós-pandemia. Muitas políticas públicas precisarão ser desenvolvidas a partir dessa multidisciplinaridade”, afirmou.

A professora Carla Ribeiro explicou que uma alteração profunda no contrato social pode ser esperada para o futuro. Ela lembrou momentos-chave importantes da humanidade, como a Revolução Industrial, o surgimento do comunismo e a recente Revolução Digital na promoção de mudanças sociais estruturais.

“A Revolução Digital 4.0 não pareceu ser suficiente para formular um novo contrato social. E a pandemia? Será que ela terá essa força? Será uma oportunidade de formular esse novo contrato social”, apontou ela. “O colonialismo e o patriarcado ainda estão vivos e se reforçam nesse momento de crise aguda. No pós-pandemia, sairemos mais pobres, com maior concentração de riqueza, menos globais, mais digitalizados, mais isolados, mais ansiosos. Devemos investir em ações que aumentem a justiça social e diminuam as desigualdades”, avaliou.

O secretário André Clemente afirmou que o poder público deve estar preparado para essas mudanças sociais que criam novas necessidades, novos anseios da população e novas formas de ação. “Precisamos fazer um diagnóstico, saber onde estamos, para onde queremos ir e construir essas pontes”, explicou. “Não podemos desconsiderar as pequenas iniciativas, pois podem ser as sementes que vão mudar o sistema. Os grandes projetos podem começar fazendo o mínimo e o necessário. Aos poucos se vê o resultado em uma comunidade e, de repente, você muda o país”, disse.

Por fim, o professor Antônio Flávio fez uma dura avaliação da posição brasileira no mundo atual. Ele lembrou que o país é uma das maiores economias do mundo e um dos cinco maiores produtores de alimento do planeta, mas convive pacificamente com insegurança alimentar, desemprego e desigualdade social. “Precisamos, mais do que nunca, nos unir em torno de um projeto nacional. As contradições do Estado brasileiro exigirão uma capacidade de se antecipar aos problemas, de vencer as mentalidades políticas e burocráticas de que é melhor manter tudo como está ao invés de se antecipar às possibilidades de mudanças que virão em uma velocidade cada vez mais rápida”, finalizou.

*Com informações da Secretaria de Economia do DF

Fonte: Governo DF

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Ministério da Saúde já enviou 25 toneladas de medicamentos e insumos para atender população gaúcha

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Nos últimos dias, cem kits de medicamentos e insumos, com capacidade para atender a até 1.500 pessoas durante um mês, chegaram ao estado. Programa Nacional de Imunizações enviará, nesta semana, 600 doses de imunoglobulina ao Rio Grande do Sul

Ministério da Saúde já enviou um total de 25 toneladas de medicamentos e insumos para o Rio Grande do Sul. O objetivo é manter o estado abastecido durante a calamidade provocada pelas severas enchentes dos últimos dias.

A informação foi divulgada na tarde desta segunda-feira, 13 de maio, no Hospital Conceição, em Porto Alegre, durante entrevista coletiva para rádios regionais.

Cem kits de medicamentos e insumos – com capacidade para atender a até 1.500 pessoas durante um mês – chegaram nos últimos dias ao estado. Conhecido como kit emergencial, ele é composto por oito caixas que, somadas, pesam 250 kg. Além de remédios, o conjunto inclui também luvas, seringas, ataduras, etc.

Vale destacar que o volume não considera outros repasses de medicamentos, vacinas e insumos que estão sendo enviados para repor os estoques perdidos com as enchentes e os que já estavam previstos na rotina. A título de comparação, em todo o ano passado, foram distribuídos 106 kits para emergências no Brasil.

Durante o balanço, o secretário de Atenção Primária à Saúde, Felipe Proenço, detalhou a operação de hospitais de campanha no estado. Foi confirmado que a Força Nacional do Sistema Único de Saúde (SUS) irá operar quatro hospitais de campanha no estado.

Um já funciona em Canoas, outro está sendo montado na capital gaúcha e um terceiro em São Leopoldo. A destinação da quarta unidade ainda será definida. Desde o início da calamidade no Rio Grande do Sul, o Ministério da Saúde já enviou recursos para 246 unidades de assistência.

ALERTA PARA GRIPE — O diretor do Departamento de Emergências em Saúde Pública (Desp) do Ministério da Saúde, Márcio Garcia, fez um alerta para doenças respiratórias. Com as aglomerações em abrigos e a temperatura baixando, a preocupação é com o aumento do número de casos de gripe e covid-19.

“A combinação é favorável para o aumento dessas doenças. As pessoas vacinadas vão estar mais protegidas. Diminuem as chances de adquirir a doença ou de evoluir para um caso de Síndrome Respiratória Aguda Grave”, frisou.

NÚMEROS — Veja a seguir alguns números das ações no RS apresentadas durante a coletiva:

Balanço de atendimentos

  • Total: 1.600 / Hospital Campanha (HCamp) de Canoas: 1034
  • Equipes volantes: 548
  • Encaminhamento ou transferência para outra unidade: 57
  • Remoções aéreas: 25
  • Atendimentos psicossociais: 22

Força de trabalho:

  • 134 profissionais em atuação;
  • 6 equipes volantes (13 enfermeiros + 9 médicos);
  • 15 equipes aeromédicas (15 enfermeiros + 15 médicos);
  • 62 profissionais no HCamp;
  • 19 profissionais de gestão;
  • 1 equipe psicossocial (5 psicólogas)

Recursos aplicados:

  • Medida provisória (MP) de liberação de crédito extraordinário, editada pelo presidente Lula, no domingo (12), traz a liberação de R$ 861 milhões para ações de saúde primária e especializada, vigilância epidemiológica, assistência farmacêutica e contratação temporária de profissionais;
  • Antecipação de R$ 40 milhões para compra de medicamentos;
  • Antecipação do pagamento do piso aos profissionais de enfermagem do estado. O total do repasse é de R$ 30 milhões;
  • Repasse, em parcela única, de R$ 63,1 milhões do Fundo Nacional de Saúde à Secretaria Estadual de Saúde e aos fundos municipais de saúde do Rio Grande do Sul;
  • Liberação, de forma imediata, no dia 6 de maio, de R$ 534 milhões em emendas individuais de congressistas do Rio Grande do Sul para auxiliar os municípios do estado afetados pelas enchentes. As emendas estavam alocadas na área da Saúde.

IMUNOGLOBULINA  — Programa Nacional de Imunizações (PNI) enviará, nesta semana, 600 doses de imunoglobulina à população do Rio Grande do Sul. As imunoglobulinas são proteínas utilizadas pelo organismo para combater um determinado antígeno, como vírus e bactérias, por exemplo.

Além disso, o Ministério da Saúde também vai destinar 1,1 mil frascos de soro; 416 mil doses de vacinas contra hepatite A, raiva, poliomielite e influenza, e 134 mil doses de covid-19. A destinação de todos esses insumos foi debatida, nesta segunda-feira (13), durante reunião de monitoramento do Centro de Operações de Emergência (COE) para chuvas intensas e inundações na Região Sul.

“Neste momento, as síndromes respiratórias também passam a ser um problema. Por isso, estamos focados em proteger a população gaúcha. Precisamos de uma ação ativa para vacinar inclusive dentro dos abrigos”, afirmou, na reunião, a secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente, Ethel Maciel.

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