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Movimento nas fronteiras brasileiras caiu 67,8% em 2020

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As restrições à mobilidade internacional de pessoas, impostas por diversos países por causa da pandemia, levaram à redução de 67,8% nos movimentos de entrada e saída do Brasil, na comparação com o observado no ano de 2019. Os dados constam no relatório anual do Observatório das Imigrações Internacionais (OBMigra), vinculado ao Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), e foram apresentados em evento virtual nesta terça-feira (22). 

Segundo o relatório, enquanto em 2019 circularam cerca de 14 milhões de pessoas nos pontos de fronteira do Brasil, no ano passado esse número foi de cerca de 4 milhões. Os dados foram elaborados pelo OBMigra a partir dos registros da Polícia Federal, por meio do Sistema de Tráfego Internacional (STI). O movimento se refere tanto a brasileiros, que entram ou saem do país em viagens ao exterior, quanto a estrangeiros que embarcam ou desembarcam do Brasil.

Depois dos brasileiros, que compõem a maior parte desse movimento nas fronteiras, os argentinos foram a nacionalidade que mais se movimentou no país (1,9 milhão), seguido de cidadãos dos Estados Unidos (318 mil), chilenos (288 mil), paraguaios (278 mil) e uruguaios (251 mil).    

Imigração

A pandemia também implicou uma forte queda no número de registros de imigrantes no ano de 2020, quando comparados a 2019, com redução de quase 50%, informa o relatório. A diminuição foi mais brusca entre as mulheres temporárias (55%) e menos intensa para os imigrantes que obtiveram registros de residentes (24%).

A maior parte dos imigrantes são oriundos da Venezuela e do Haiti, que juntos responderam por quase 70% dos registros em 2020. Por causa da pandemia, a cidade de Manaus ocupou o segundo posto como lugar de residência dos imigrantes (12,6 mil), atrás apenas de Boa Vista (138 mil), que já ocupa a primeira posição há alguns anos, após o aumento do fluxo migratório de venezuelanos ao Brasil. Com isso, a cidade de São Paulo, que historicamente sempre foi a principal cidade com imigrantes no país, caiu para o terceiro lugar (12 mil). 

Solicitações de refúgio

Os dados sobre solicitações de reconhecimento da condição de refugiado em 2020 também registraram queda por causa da pandemia, com 28.899 pedidos, mas mantiveram o mesmo perfil migratório de anos anteriores. Em primeiro lugar, a Venezuela aparece como sendo o principal país de origem desses solicitantes, com 17.899 pedidos, seguido do Haiti, com 6.613 e de Cuba, com 1.347 pedidos.  

Nos últimos três anos, os venezuelanos são a nacionalidade que mais ingressou com pedidos de refúgio no país (132,5 mil), seguida por haitianos (30,2 mil) e cubanos (8,1 mil). No caso dos cubanos, nacionalidade que não figurava tradicionalmente nas primeiras posições, a explicação é a tentativa de permanência no país de médicos que atuaram no Programa Mais Médicos até 2018, quando o governo do país caribenho suspendeu o acordo com o Brasil .  

Ao longo de 2020, mais de 81% das solicitações de refúgio no Brasil foram registradas em Roraima, seguida por São Paulo (9,7%) e Mato Grosso do Sul (3,5%). Consequentemente, as principais cidades de ingresso desses solicitantes foram Pacaraima (RR), Bonfim (RR), São Paulo, Guarulhos (SP), Corumbá (MS) e Boa Vista.

Mercado de trabalho

Com base em dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), o relatório de migração internacional de 2020 aponta que foram gerados 23.945 postos de trabalho para imigrantes no mercado formal. Entre as principais nacionalidades, haitianos e venezuelanos ocuparam juntas a quase totalidade dessas vagas. 

O volume de autorizações de trabalho para fins laborais e investimentos, segundo o relatório, registrou redução de 16,8% na modalidade residência e de 39% na modalidade residência prévia, na comparação com 2019. As principais nacionalidades beneficiadas

com as autorizações foram filipina, chinesa, estadunidense, italiana e indiana. A concessão de visto a trabalhadores qualificados também foi afetada, com diminuição de 21,8% em relação a 2019. Os países que mais registraram essas autorizações foram China, Estados Unidos, Japão e França.

Edição: Aline Leal

Fonte: EBC Geral

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Ação Social

No primeiro ano de governo, 24,4 milhões deixam de passar fome

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Insegurança alimentar e nutricional grave cai 11,4 pontos percentuais em 2023, numa projeção a partir de informações da Escala Brasileira de Segurança Alimentar (EBIA), divulgada pelo IBGE com base na PNAD Contínua

Cozinhas solidárias, programas de transferência de renda, retomada do crescimento e valorização do salário mínimo compõem a lista de ações que contribuem para a redução da fome no país. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

No Brasil, 24,4 milhões de pessoas deixaram a situação de fome em 2023. O número de pessoas que enfrentam a insegurança alimentar e nutricional grave passou de 33,1 milhões em 2022 (15,5% da população) para 8,7 milhões em 2023 (4,1%). Isso representa queda de 11,4 pontos percentuais numa projeção feita a partir de dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC), divulgada nesta quinta-feira, 25 de abril, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O amplo conjunto de políticas e programas sociais reunidos no Plano Brasil Sem Fome, a retomada do crescimento da economia e a valorização do salário mínimo são alguns fatores que recolocam o país em lugar de destaque da agenda de combate à fome no mundo. Tirar o Brasil novamente do Mapa da Fome é do presidente Lula” Wellington Dias, ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome

Na coletiva de imprensa para divulgação do estudo, o ministro Wellington Dias (Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome), avaliou que o avanço é resultado do esforço federal em retomar e reestruturar políticas de redução da fome e da pobreza. “O amplo conjunto de políticas e programas sociais reunidos no Plano Brasil Sem Fome, a retomada do crescimento da economia e a valorização do salário mínimo são alguns fatores que recolocam o país em lugar de destaque da agenda de combate à fome no mundo. Tirar o Brasil novamente do Mapa da Fome é do presidente Lula”, disse.

Para o ministro, o grande desafio agora é incluir essas 8,7 milhões de pessoas que ainda estão em insegurança alimentar grave em políticas de transferência de renda e de acesso à alimentação. “Vamos fortalecer ainda mais a Busca Ativa”, completou Dias, em referência ao trabalho para identificar e incluir em programas sociais as pessoas que mais precisam.

PESQUISA — As informações divulgadas nesta quinta são referentes ao quarto trimestre do ano passado. Foram obtidas por meio do questionário da Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA). O ministro lembrou que o governo passado não deu condições ao IBGE para realizar a pesquisa. Por isso, a Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Penssan) aplicou o EBIA com metodologia similar à do IBGE em 2022, quando o Brasil enfrentava a pandemia de Covid-19 e um cenário de desmonte de políticas, agravado por inflação de alimentos, desemprego, endividamento e ausência de estratégias de proteção social. Esse estudo chegou ao número de 33,1 milhões de pessoas em segurança alimentar grave na época.

A secretária extraordinária de Combate à Pobreza e à Fome do MDS, Valéria Burity, lembra que mesmo em comparação aos resultados de 2018, último ano em que o IBGE fez o levantamento formal, os números apresentados nesta quinta são positivos. À época havia 4,6% de domicílios em insegurança alimentar grave. Agora são 4,1%, o segundo melhor resultado em toda a série histórica do EBIA.

“Estamos falando de mais de 20 milhões de pessoas que hoje conseguem acesso à alimentação e estão livres da fome. Esses resultados mostram o acerto de uma estratégia de enfrentamento à fome que vem sendo empreendida pelo governo, que é apoiada tanto em programas sociais como na condução de uma política econômica que gera crescimento econômico, reduz desigualdades e gera acesso a emprego e renda”.

Esses resultados mostram o acerto de uma estratégia de enfrentamento à fome que é apoiada tanto em programas sociais como na condução de uma política econômica que gera crescimento econômico, reduz desigualdades e gera acesso a emprego e renda” Valéria Burity, secretária extraordinária de Combate à Pobreza e à Fome do MDS 

Valéria também destacou como ponto importante da estratégia de combate à fome a retomada da governança de segurança alimentar pelo Governo Federal, com garantia de participação social. “O presidente Lula e o ministro Wellington foram responsáveis pela retomada do Sistema de Segurança Alimentar e Nutricional, a restituição do Conselho de Segurança Alimentar e da Câmara de Segurança Alimentar, com 24 ministérios que têm a missão de articular políticas dessa área. E, no fim do ano passado, foi realizada a Conferência de Segurança Alimentar e Nutricional”, relatou.

A secretária nacional de Avaliação, Gestão da Informação e Cadastro Único do MDS, Letícia Bartholo, ressaltou o retorno da parceria do governo com o IBGE. “Depois do período da fila do osso, em que o Brasil viveu muita miséria e fome, uma das primeiras ações do MDS nessa nova gestão foi buscar o IBGE para retomar a parceria e medir a insegurança alimentar dos brasileiros”, recordou.

SUBINDO – A proporção de domicílios em segurança alimentar atingiu nível máximo em 2013, (77,4%), tempo em que o país deixou o Mapa da Fome, mas caiu em 2017-2018 (63,3%). Em 2023, subiu para 72,4%. “Após a tendência de aumento da segurança alimentar nos anos de 2004, 2009 e 2013, os dados obtidos em 2017-2018 foram marcados pela redução no predomínio de domicílios particulares que tinham acesso à alimentação adequada. Em 2023 aconteceu o contrário, ou seja, houve aumento da proporção de domicílios em segurança alimentar, assim como redução na proporção de todos os graus de insegurança alimentar”, explicou André Martins, analista da pesquisa.

 

Dados apontam a evolução da segurança alimentar no Brasil

 

NOVO BOLSA FAMÍLIA — Entre os fatores que contribuíram para o avanço apontado pela pesquisa do IBGE, está o novo Bolsa Família, lançado em março de 2023, que garante uma renda mínima de R$ 600 por domicílio. O programa incluiu em sua cesta o Benefício Primeira Infância, um adicional de R$ 150 por criança de zero a seis anos na composição familiar. O novo modelo, com foco na primeira infância, reduziu a 91,7% a pobreza nesta faixa etária. A nova versão do programa inclui, ainda, um adicional de R$ 50 para gestantes, mães em fase de amamentação e crianças de sete a 18 anos.

BPC – O ministro Wellington Dias também ressaltou a proteção social gerada pelo Benefício de Prestação Continuada (BPC), que garante um salário mínimo para pessoas aposentadas, pensionistas e com deficiência em situação de vulnerabilidade social. “Vale mencionar que o efeito econômico da Previdência e do BPC foi potencializado pelo esforço administrativo de reduzir as filas de espera para acesso aos benefícios”, disse.

MERENDA – Outra política de combate à pobreza e à fome, o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) garante refeições diárias a 40 milhões de estudantes da rede pública em todo o país e foi reajustado em 2023, após cinco anos sem aumento.

PAA – O Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) é um dos 80 programas e ações que compõem a estratégia do Plano Brasil Sem Fome. Ele assegura produção e renda aos agricultores familiares, com compra direta dos produtos para serem distribuídos na rede socioassistencial, de saúde, educação e outros equipamentos públicos. Com a participação de 24 ministérios, o Plano cria instrumentos para promover a alimentação saudável contra diversas formas de má nutrição.

ECONOMIA – No cenário macroeconômico, houve um crescimento do PIB de 2,9% e o IPCA calculado para o grupo de alimentos caiu de 11,6% em 2022 para 1,03% em 2023. É a menor taxa desde 2017.  O mercado de trabalho ganhou força e a taxa de desemprego caiu de 9,6%, em 2022, para 7,8% no ano seguinte. A massa mensal de rendimento recebido de todos os trabalhadores alcançou R$ 295,6 bilhões, maior valor da série histórica da PNAD-C.

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