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Manifestação na USP pede punição por atos antidemocráticos em Brasília

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Sob gritos de “Sem Anistia” e “Não Passarão”, o salão nobre da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), no Largo São Francisco, em São Paulo, ficou lotado de estudantes, autoridades, de representantes de movimentos sociais e de pessoas da sociedade civil, em um ato pela democracia, nesta segunda-feira (9).

O ato na faculdade é uma resposta à invasão e depredação das sedes dos Três Poderes ontem (8) em Brasília, por golpistas apoiadores de Bolsonaro, que não aceitam o resultado das eleições presidenciais de outubro. Para os que estiveram hoje na Faculdade de Direito da USP, o que ocorreu ontem em Brasília foi um atentado contra o estado democrático de direito e uma “tentativa frustrada de golpe de Estado”.

Durante o ato de hoje, autoridades, estudantes e a população em geral pediram punição aos responsáveis, inclusive para os que financiaram os atentados e também para as autoridades que se omitiram para coibir os crimes ocorridos ontem. Eles reforçaram que, atentar contra a democracia, é crime previsto na Constituição e deve ser punido.

O ato foi realizado no mesmo local onde, no dia 11 de agosto do ano passado, a instituição promoveu a leitura de uma carta em defesa da democracia. Aquele ato foi considerado um marco da reação da sociedade civil às ameaças contra as eleições e as instituições brasileiras.

“Não há e nem haverá anistia”, disse hoje o reitor da USP, Carlos Gilberto Carlotti Júnior. “A depredação das sedes dos Três Poderes só serviu para cobrir a nossa pátria de vergonha. Estamos aqui para exigir, sem meias palavras, que os responsáveis pelos crimes de barbárie sejam todos eles, seus financiadores e seus agentes, investigados, julgados e punidos na forma da lei”, acrescentou ele, sendo aplaudido pelo público.

“É preciso identificar e punir essas pessoas”, disse hoje (9) a presidenta da Ordem dos Advogados do Brasil de São Paulo (OAB-SP), Patricia Vanzolini. “É preciso esclarecer a sociedade que isso [que ocorreu ontem] é crime e não será tolerado”, falou ela.

Durante sua fala, Patrícia defendeu as ações do Supremo Tribunal Federal (STF) que determinaram, por exemplo, a remoção de perfis bolsonaristas de redes sociais. Segundo ela, as ações do STF estavam sendo consideradas “invasivas demais” ou “antidemocráticas”, inclusive pela comunidade jurídica.

“Olhando em retrospecto, se havia alguma suspeita de que o Supremo estava indo longe demais, agora conseguimos perceber que, se era isso que o Supremo pretendia evitar, se era com essa ameaça que estávamos lidando, essas medidas eram necessárias”, disse ela.

“Violação, depredação, ameaça e golpe não pertencem ao jogo democrático e não podem ser aceitos nesse universo”, disse Patrícia Vanzolini.

Para o procurador-geral de Justiça de São Paulo, Mário Sarrubo, o que aconteceu em Brasília ontem foi orquestrado por “verdadeiras organizações criminosas”.

“Para o Ministério Público de São Paulo, são verdadeiras organizações criminosas que estão procurando subverter a ordem democrática e patrocinar o golpe de estado contra a nossa democracia, que foi duramente conquistada com vidas de estudantes, trabalhadores, advogados e membros da nossa sociedade civil”, disse ele.

Diretórios

Representantes dos diretórios acadêmicos chegaram a pedir a prisão do ex-presidente da República Jair Bolsonaro, pedido que foi acompanhado por gritos da plateia presente ao movimento pela democracia.

“É urgente e necessário não só a identificação e prisão de bolsonaristas que acampam em suas cidades ou que depredaram Brasília ontem, mas também de quem os financiam e os aparelham. Precisamos desbolsonarizar o Brasil, a começar pela urgente prisão de Jair Bolsonaro e de seus cúmplices”, disse Davi Bonfim, do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da USP.

Entre os presentes ao ato, que durou pouco mais de uma hora, estava o Padre Júlio Lancellotti, que tem um trabalho voltado à população em situação de rua. Para ele, o ato de hoje foi importante por ser um “repúdio a toda forma de terrorismo e toda forma de ataque à democracia e à liberdade do nosso povo. Quem foi atacado foi o povo brasileiro em sua liberdade e sua dignidade”.

Edição: Denise Griesinger

Fonte: EBC Geral

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Ação Social

No primeiro ano de governo, 24,4 milhões deixam de passar fome

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Insegurança alimentar e nutricional grave cai 11,4 pontos percentuais em 2023, numa projeção a partir de informações da Escala Brasileira de Segurança Alimentar (EBIA), divulgada pelo IBGE com base na PNAD Contínua

Cozinhas solidárias, programas de transferência de renda, retomada do crescimento e valorização do salário mínimo compõem a lista de ações que contribuem para a redução da fome no país. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

No Brasil, 24,4 milhões de pessoas deixaram a situação de fome em 2023. O número de pessoas que enfrentam a insegurança alimentar e nutricional grave passou de 33,1 milhões em 2022 (15,5% da população) para 8,7 milhões em 2023 (4,1%). Isso representa queda de 11,4 pontos percentuais numa projeção feita a partir de dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC), divulgada nesta quinta-feira, 25 de abril, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O amplo conjunto de políticas e programas sociais reunidos no Plano Brasil Sem Fome, a retomada do crescimento da economia e a valorização do salário mínimo são alguns fatores que recolocam o país em lugar de destaque da agenda de combate à fome no mundo. Tirar o Brasil novamente do Mapa da Fome é do presidente Lula” Wellington Dias, ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome

Na coletiva de imprensa para divulgação do estudo, o ministro Wellington Dias (Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome), avaliou que o avanço é resultado do esforço federal em retomar e reestruturar políticas de redução da fome e da pobreza. “O amplo conjunto de políticas e programas sociais reunidos no Plano Brasil Sem Fome, a retomada do crescimento da economia e a valorização do salário mínimo são alguns fatores que recolocam o país em lugar de destaque da agenda de combate à fome no mundo. Tirar o Brasil novamente do Mapa da Fome é do presidente Lula”, disse.

Para o ministro, o grande desafio agora é incluir essas 8,7 milhões de pessoas que ainda estão em insegurança alimentar grave em políticas de transferência de renda e de acesso à alimentação. “Vamos fortalecer ainda mais a Busca Ativa”, completou Dias, em referência ao trabalho para identificar e incluir em programas sociais as pessoas que mais precisam.

PESQUISA — As informações divulgadas nesta quinta são referentes ao quarto trimestre do ano passado. Foram obtidas por meio do questionário da Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA). O ministro lembrou que o governo passado não deu condições ao IBGE para realizar a pesquisa. Por isso, a Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Penssan) aplicou o EBIA com metodologia similar à do IBGE em 2022, quando o Brasil enfrentava a pandemia de Covid-19 e um cenário de desmonte de políticas, agravado por inflação de alimentos, desemprego, endividamento e ausência de estratégias de proteção social. Esse estudo chegou ao número de 33,1 milhões de pessoas em segurança alimentar grave na época.

A secretária extraordinária de Combate à Pobreza e à Fome do MDS, Valéria Burity, lembra que mesmo em comparação aos resultados de 2018, último ano em que o IBGE fez o levantamento formal, os números apresentados nesta quinta são positivos. À época havia 4,6% de domicílios em insegurança alimentar grave. Agora são 4,1%, o segundo melhor resultado em toda a série histórica do EBIA.

“Estamos falando de mais de 20 milhões de pessoas que hoje conseguem acesso à alimentação e estão livres da fome. Esses resultados mostram o acerto de uma estratégia de enfrentamento à fome que vem sendo empreendida pelo governo, que é apoiada tanto em programas sociais como na condução de uma política econômica que gera crescimento econômico, reduz desigualdades e gera acesso a emprego e renda”.

Esses resultados mostram o acerto de uma estratégia de enfrentamento à fome que é apoiada tanto em programas sociais como na condução de uma política econômica que gera crescimento econômico, reduz desigualdades e gera acesso a emprego e renda” Valéria Burity, secretária extraordinária de Combate à Pobreza e à Fome do MDS 

Valéria também destacou como ponto importante da estratégia de combate à fome a retomada da governança de segurança alimentar pelo Governo Federal, com garantia de participação social. “O presidente Lula e o ministro Wellington foram responsáveis pela retomada do Sistema de Segurança Alimentar e Nutricional, a restituição do Conselho de Segurança Alimentar e da Câmara de Segurança Alimentar, com 24 ministérios que têm a missão de articular políticas dessa área. E, no fim do ano passado, foi realizada a Conferência de Segurança Alimentar e Nutricional”, relatou.

A secretária nacional de Avaliação, Gestão da Informação e Cadastro Único do MDS, Letícia Bartholo, ressaltou o retorno da parceria do governo com o IBGE. “Depois do período da fila do osso, em que o Brasil viveu muita miséria e fome, uma das primeiras ações do MDS nessa nova gestão foi buscar o IBGE para retomar a parceria e medir a insegurança alimentar dos brasileiros”, recordou.

SUBINDO – A proporção de domicílios em segurança alimentar atingiu nível máximo em 2013, (77,4%), tempo em que o país deixou o Mapa da Fome, mas caiu em 2017-2018 (63,3%). Em 2023, subiu para 72,4%. “Após a tendência de aumento da segurança alimentar nos anos de 2004, 2009 e 2013, os dados obtidos em 2017-2018 foram marcados pela redução no predomínio de domicílios particulares que tinham acesso à alimentação adequada. Em 2023 aconteceu o contrário, ou seja, houve aumento da proporção de domicílios em segurança alimentar, assim como redução na proporção de todos os graus de insegurança alimentar”, explicou André Martins, analista da pesquisa.

 

Dados apontam a evolução da segurança alimentar no Brasil

 

NOVO BOLSA FAMÍLIA — Entre os fatores que contribuíram para o avanço apontado pela pesquisa do IBGE, está o novo Bolsa Família, lançado em março de 2023, que garante uma renda mínima de R$ 600 por domicílio. O programa incluiu em sua cesta o Benefício Primeira Infância, um adicional de R$ 150 por criança de zero a seis anos na composição familiar. O novo modelo, com foco na primeira infância, reduziu a 91,7% a pobreza nesta faixa etária. A nova versão do programa inclui, ainda, um adicional de R$ 50 para gestantes, mães em fase de amamentação e crianças de sete a 18 anos.

BPC – O ministro Wellington Dias também ressaltou a proteção social gerada pelo Benefício de Prestação Continuada (BPC), que garante um salário mínimo para pessoas aposentadas, pensionistas e com deficiência em situação de vulnerabilidade social. “Vale mencionar que o efeito econômico da Previdência e do BPC foi potencializado pelo esforço administrativo de reduzir as filas de espera para acesso aos benefícios”, disse.

MERENDA – Outra política de combate à pobreza e à fome, o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) garante refeições diárias a 40 milhões de estudantes da rede pública em todo o país e foi reajustado em 2023, após cinco anos sem aumento.

PAA – O Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) é um dos 80 programas e ações que compõem a estratégia do Plano Brasil Sem Fome. Ele assegura produção e renda aos agricultores familiares, com compra direta dos produtos para serem distribuídos na rede socioassistencial, de saúde, educação e outros equipamentos públicos. Com a participação de 24 ministérios, o Plano cria instrumentos para promover a alimentação saudável contra diversas formas de má nutrição.

ECONOMIA – No cenário macroeconômico, houve um crescimento do PIB de 2,9% e o IPCA calculado para o grupo de alimentos caiu de 11,6% em 2022 para 1,03% em 2023. É a menor taxa desde 2017.  O mercado de trabalho ganhou força e a taxa de desemprego caiu de 9,6%, em 2022, para 7,8% no ano seguinte. A massa mensal de rendimento recebido de todos os trabalhadores alcançou R$ 295,6 bilhões, maior valor da série histórica da PNAD-C.

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