Economia

IBGE: empresas de serviços não financeiros cresceram 1,6% em 2019

Publicado

em


O número de empresas prestadoras de serviços não financeiros cresceu 1,6% em 2019, na comparação com o ano anterior, e atingiu um total de 1,4 milhão, concentradas especialmente nos segmentos de serviços profissionais, administrativos e complementares, que correspondem a 33,2% do total, e serviços prestados principalmente às famílias, 30,3% do total. No acumulado entre 2014 e 2019, o aumento ficou em 3,8%.

Os dados foram divulgados hoje (25) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Ainda em 2019, essas empresas empregavam 12,8 milhões. Os salários, retiradas e outras remunerações somaram R$ 376,3 bilhões e a receita operacional líquida atingiu R$ 1,8 trilhão. O valor adicionado bruto ficou em R$ 1,1 trilhão.

De acordo com o IBGE, “os resultados da Pesquisa Anual de Serviços (PAS) 2019 estão inseridos em um contexto de recuperação do consumo e do poder de compra das famílias e de retomada do emprego”. Esses resultados ocorreram no cenário em que, após dois anos de retração do Produto Interno Bruto (PIB) – a soma dos bens e serviços produzidos no país -, embora ainda inferior a 2%, a economia brasileira fechava 2019 com o terceiro ano seguido de crescimento. Isso se refletiu na recuperação gradual do emprego, do consumo das famílias e da formação bruta de capital fixo, apesar de queda no consumo da administração pública.

As atividades das empresas prestadoras de serviços não financeiros em 2019 são divididas em sete grandes segmentos: serviços prestados principalmente às famílias, serviços de informação e comunicação, serviços profissionais, administrativos e complementares, transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio, atividades imobiliárias, serviços de manutenção e reparação e outras atividades de serviços. Dentro desses segmentos, a pesquisa cobre 34 atividades, formadas por agrupamentos da Classificação Nacional de Atividades Econômicas.

O analista da PAS Marcelo Miranda disse que serviços de informação e comunicação foram o único setor que registrou perda de receita operacional líquida em 2019, na comparação com 2010. “E perde a posição. Em 2010 era o segmento mais importante em número de receitas no setor de serviços e passou para a terceira posição em 2019, ultrapassado pelo segmento de serviços profissionais, administrativos e complementares”, afirmou, em entrevista à Agência Brasil.

Na mesma comparação com 2010, o segmento de transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio tem se mantido em primeiro lugar. “[O segmento de] transportes é a dinâmica do Brasil. Dentro desse setor, nós temos a atividade de transporte de cargas e essa foi a mais importante receita operacional líquida em 2019 e ao longo dos últimos dez anos. Por isso, transportes acabam figurando na primeira posição”, observou.

Pessoas ocupadas

Em relação a 2018, a pesquisa mostrou aumento de 2,1% no número de pessoas ocupadas nos serviços. O segmento que mais cresceu em termos percentuais no período foi o de serviços de informação e comunicação, com alta de 5,5%. O único que registrou queda (-1,5%) foram os serviços prestados principalmente às famílias. Segundo o IBGE, o resultado foi influenciado especialmente pela retração da atividade de serviços de alimentação, que teve diminuição de 42,5 mil pessoas, sendo a maior queda absoluta entre os 34 agrupamentos da área.

Em termos absolutos, serviços profissionais, administrativos e complementares tiveram o maior acréscimo, de 200,1 mil pessoas. Entre os 34 agrupamentos de serviços, o de seleção, agenciamento e locação de mão de obra foi o que registrou maior alta (10,7%). No mesmo período, a maior queda (-24,8%) ficou com o segmento de agências de notícias e outras atividades de serviços de informação.

No acumulado entre 2014 e 2019, a PAS indicou queda de 1,2% no número de pessoas ocupadas. A retração foi influenciada sobretudo pelo segmento de transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio (-7,7%). Entre os 34 agrupamentos, o de compra, venda e aluguel de imóveis próprios foi o que teve a maior alta (23,9%) no período.

Salários

As remunerações pagas em serviços cresceram 2,9% em 2019, na comparação com o ano anterior. No acumulado entre 2014 e 2019, no entanto, elas caíram 0,8%. Entre os segmentos, dois tiveram queda em 2019 e no mesmo percentual (-0,3%): serviços prestados principalmente às famílias e serviços de manutenção e reparação. Já no acumulado, quatro segmentos recuaram, sendo a maior a queda de 7,3% nos transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio. Os demais foram serviços de informação e comunicação, de manutenção e reparação (-1,0%) e serviços profissionais, administrativos e complementares (-0,4%).

Regiões

Miranda disse que entre as regiões do país, a Sudeste continua sendo a mais importante tanto no número de empresas quanto na receita bruta, em salários, retiradas e outras remunerações e ainda no total de pessoal ocupado. “Olhando as outras regiões, a Sudeste, liderada pelos estados de São Paulo, do Rio de Janeiro e de Minas Gerais. “Nas variáveis estudadas, o que a gente viu foi uma perda de participação, apesar de a região ainda figurar como a principal. Por exemplo, em receita bruta em 2019, o total de receitas gerado no Brasil pelo setor de serviços foi liderado pela Região Sudeste, que representou 63,9% do total. O que se vê é uma perda de participação ao longo dos dez anos”. O Sudeste, no entanto, ainda figura como a grande região, junto com o Sul, Centro-Oeste e Nordeste, com destaque para a Região Sul que ganhou, nos dez anos, 1,3 ponto percentual em participação em receita bruta.

A perda da Região Sudeste foi atribuída pelo analista principalmente ao Rio de Janeiro, estado com maior queda de receita operacional bruta ao longo de dez anos. “Ainda assim, mesmo perdendo participação em relação aos outros estados, continua sendo o segundo que mais gera receita no setor de serviços no Brasil”, disse Miranda. Ele acrescentou que como destaques na Região Sul estão os estados do Paraná, que briga com o Rio Grande do Sul pelo quarto e quinto lugar, e Santa Catarina, o que mais ganhou participação no período e está em sexto lugar entre as receitas do país.

Mudanças nos segmentos

Entre 2010 e 2019, o IBGE notou alterações entre os segmentos. Miranda afirmou que o segmento de serviços de informação e comunicação, que reúne telecomunicações, tecnologia da informação, serviços audiovisuais, edição, integração e impressão, agência de notícias e outros serviços, foi muito atingido. Conforme o analista, em 2010, telecomunicações era a principal atividade do país e representava 15,3 % da receita operacional líquida gerada, mas perdeu muito pela dinâmica do setor.

“O setor de telecomunicações foi perdendo um pouco de espaço. Os torpedos e SMS, que em 2010 eram muito utilizados, perderam espaço para mensagens em aplicativos de via instantânea. Hoje em dia, se faz muito mais ligações por meio de aplicativos do que utilizando a rede de telecomunicações, ou seja, se usa mais pela internet que está dentro do segmento de tecnologia da informação. Foi a atividade que mais perdeu espaço nos últimos dez anos, cerca de 10 pontos percentuais, e tecnologia da informação foi a que mais ganhou, então, a gente viu essa mudança”, completou.

Pesquisa

A Pesquisa Anual de Serviços é realizada desde 1998 pelo IBGE e mostra as características estruturais da oferta de serviços não financeiros pelas empresas brasileiras. Para o instituto, “os dados são importantes na análise e no planejamento econômico, tanto de empresas do setor privado quanto nos diferentes níveis de governo”.

O IBGE informou que “o setor de serviços tem como característica um alto nível de heterogeneidade, com segmentos mais tradicionais, como é o caso dos prestados principalmente às famílias, até atividades de alta intensidade tecnológica, a exemplo dos serviços de informação e comunicação. Atualmente, as atividades de serviços respondem pela maior parte do PIB do país”.

Edição: Graça Adjuto

Comentários do Facebook
Continue lendo
Propaganda
Clique para comentar

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Economia

Goiás conquista nota “A” na classificação de desempenho do Regime de Recuperação Fiscal

Publicados

em

Órgão ligado ao Ministério da Fazenda volta a atribuir nota máxima ao estado por cumprimento de compromissos do RRF

Goiás recebeu mais uma nota “A” na classificação de desempenho feita pelo Conselho de Supervisão do Regime de Recuperação Fiscal (RRF). O documento do Ministério da Fazenda atesta que Goiás cumpriu todas as metas acordadas no RRF no segundo semestre de 2023, mantendo o bom desempenho alcançado no primeiro semestre do ano passado.

A nota “A” foi atribuída a Goiás por “não terem sido verificadas violações às vedações na lei ou atrasos nas medidas de ajuste fiscal e constatado o cumprimento das metas e compromissos fiscais”, atesta o relatório. O documento é elaborado, semestralmente, pelo Conselho que monitora as ações do estado ao longo do período de vigência do RRF, tendo por foco a manutenção das condições e ações pactuadas no plano.

A classificação de desempenho é determinada com base na apuração dos indicadores de inadimplência com relação às vedações previstas no art. 8º da LC nº 159/2017, além da implementação das medidas de ajuste e do atendimento dos compromissos previstos no Plano de Recuperação Fiscal.

“Mais uma vez o Conselho de Supervisão do RRF atesta a postura fiscal exemplar do Governo de Goiás. Assumimos e honramos nossos compromissos com o RRF, porque isso significa melhorar cada vez mais a saúde financeira do estado”, destaca o governador Ronaldo Caiado. De acordo com ele, é justamente a gestão rigorosa das contas que permite ao estado investir em educação, saúde, segurança pública e programas sociais.

Para a secretária da Economia, Selene Peres Peres Nunes, a permanência do estado com a nota máxima reconhece o compromisso fiscal da atual gestão e também credencia Goiás a colocar em discussão aperfeiçoamentos necessários para as regras do RRF, em especial no que tange à atual regra de correção do teto de gastos da Lei Complementar nº 159/2017. “O atual critério, que reajusta o teto de gastos apenas pela inflação, é injustificadamente rígido a médio prazo, penalizando estados que, como Goiás, seguem um caminho responsável”, frisou ela.

A manutenção da nota “A”, a máxima na classificação, é “reflexo do compromisso do Governo Estadual e de todas as áreas da Economia, sobretudo, a Assessoria Especial de Monitoramento Fiscal e Planejamento Financeiro, no desempenho de um trabalho meticuloso e responsável”, avalia o subsecretário do Tesouro Estadual, Wederson Xavier. Ele lembra que “mesmo antes da adesão ao RRF, cuja vigência se iniciou em janeiro de 2022, Goiás demonstrou cumprimento exemplar de todas as exigências e regramentos associados”.

O resultado foi comunicado à Secretaria da Economia na última terça-feira (30/4). O Conselho de Supervisão do RRF de Goiás é composto por representantes do Ministério da Fazenda, do Tribunal de Contas da União e do Estado de Goiás.

Fotos: Secom / Secretaria da Economia – Governo de Goiás

Comentários do Facebook
Continue lendo

MAIS LIDAS DA SEMANA