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Guardiões rurais levam proteção e orientação ao campo

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“O Guardião Rural gerou uma empatia entre a comunidade e a tropa, uma formação de vínculo”Christiano Fontes, produtor rural

Áreas rurais extensas e que até poucos anos atrás eram consideradas vulneráveis no Distrito Federal agora vivem um novo momento no quesito segurança. Passaram a ser monitoradas e conhecidas, graças ao trabalho do Batalhão de Policiamento Rural da Polícia Militar (BP Rural). A adesão dos moradores e produtores ao programa Guardião Rural só aumenta, ao passo que o tempo de resposta a alguma ocorrência é reduzido.

O aviso é claro: área está sob monitoramento constante. Moradores agradecem | Fotos: Divulgação/PMDF

Nesses territórios é comum encontrar experiências de pânico, como a vivida pelo produtor rural Christiano Fontes, 45 anos, dono de uma chácara no Incra 7, em Ceilândia. Há cinco anos, ele foi vítima de uma tentativa de assalto na propriedade. Marginais que atuavam na região tentaram invadir sua residência.

Segundo Christiano, a sensação de medo era grande. “Acionamos a polícia na época, mas o atendimento demorou mais de 20 minutos”, recorda.  Atualmente, sua propriedade é monitorada pelo BP Rural, e ele passou a fazer parte de um grupo de WhatsApp criado pela corporação para a sua região.

Atualmente, o produtor diz sentir-se bem mais tranquilo.  “O episódio não se repetiu, e hoje temos uma sensação de segurança grande”, diz. “O Guardião Rural gerou uma empatia entre a comunidade e a tropa, uma formação de vínculo”.

Interação com a comunidade

“Muitos fazendeiros conhecem os policiais pelo nome, e, aos poucos, mapeamos a característica de cada propriedade” Major Adauton Santana, comandante do BP Rural

O BP Rural tem hoje uma tropa de 150 homens e três companhias que atendem a área de campo no DF: Leste, Oeste e Sul (veja quadro). O programa Guardião Rural leva segurança a áreas acessadas por estradas de terra e que, muitas vezes, apresentam sinal de celular precário. Já são cerca de 400 propriedades rurais atendidas.

“É o que chamo de policiamento de proximidade: aproximar a polícia da comunidade, visitar as propriedades semanalmente e se comunicar sempre”, explica o comandante do Batalhão de Policiamento Rural no DF, major Adauton Santana.

Com o aplicativo desenvolvido especialmente para a região, a comunidade pode trocar mensagens e, em contato com o batalhão, enviar a localização da propriedade. “O morador entende que tem policiais à disposição”, diz o comandante. “Muitos fazendeiros conhecem os policiais pelo nome, e, aos poucos, mapeamos a característica de cada propriedade”.

A agilidade no atendimento é vital. “Hoje, usando a ferramenta [aplicativo], conseguimos enviar uma viatura ao local em cerca de cinco minutos”, conta o gestor do batalhão. A maioria das chácaras, lembra, já está georreferenciada pela Polícia Militar. Segundo o major, são 30 grupos de emergência no aplicativo, distribuídos por 27 subáreas de policiamento rural. Para os que ainda não têm o aplicativo, os telefones do BP Rural podem ser acionados 24 horas. As rondas são feitas semanalmente, inclusive com orientações e dicas de segurança.

Para o administrador de Planaltina, Célio Rodrigues, o monitoramento ostensivo da PM e o contato direto com a população são primordiais. “Temos a maior área rural do DF e sabemos o quanto é importante levar segurança para toda essa região, principalmente nos locais mais isolados e sem sinal de telefone”, ressalta.

Placa reflexiva

Policiais do BP Rural em reunião com a comunidade: parceria e segurança para todos

Para participar do programa Guardião Rural, basta procurar a associação de moradores ou o Conselho Comunitário de Segurança para acionar o batalhão. Os militares fazem uma palestra de sensibilização e cadastram os interessados no programa.

Além da participação nas comunidades do aplicativo, o proprietário recebe uma placa confeccionada pela polícia, desde que cumpra alguns requisitos, como possuir a documentação do terreno.

A placa reflexiva, que passou a ser almejada pelos fazendeiros, tem um QR Code com o número do cadastro e deve ser colocada na entrada da propriedade. Ela avisa que o local é monitorado pela polícia e, por meio do código, os policiais acessam a ficha do morador e dos bens da propriedade, agilizando o atendimento.

Arte: Agência Brasília
Fonte: Governo DF

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Programa Cisternas avança e promove cidadania às famílias do Semiárido nordestino

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Nova etapa de execução é concretizada via convênio entre MDS e Consórcio Nordeste, no valor de R$ 311 milhões. Na área rural de Juazeiro (BA), os moradores estão otimistas com as novas possibilidades trazidas pelo acesso à água

No Semiárido nordestino, um sonho começa a ganhar forma. A retomada do Programa Cisternas vem enchendo a casa das famílias de esperança. Em meio às obras de uma cisterna para a produção de alimentos em sua propriedade, Jamile da Silva, 26 anos, faz planos para o futuro. A tecnologia de acesso à água, combinada com o recurso do Programa Fomento Rural, vai proporcionar a ela uma renda extra.

Essa cisterna vai me ajudar na atividade produtiva, vou saber que estou consumindo alimento saudável. E o Fomento vai me dar uma garantia de ter uma criação melhor, que eu preciso também, de caprinos e ovinos” Jamile da Silva, produtora rural

A produtora mora na comunidade Pau Preto, zona rural de Juazeiro, ao norte da Bahia. “O Programa Cisternas é perfeito”, definiu Jamile, sorridente. São mais de 42 mil cisternas contratadas, a partir de convênio entre o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS) e o Consórcio Nordeste. A parceria, formalizada em maio deste ano, contempla os nove estados nordestinos.

O investimento é de quase R$ 300 milhões do Governo Federal, por meio do MDS, e de outros R$ 12 milhões de contrapartida dos estados. O convênio prevê a instalação de 39 mil tecnologias de acesso à água para consumo humano e 2,89 mil sistemas para consumo animal e produção de alimentos. As famílias que recebem as cisternas para a produção de alimentos também são inseridas no Programa Fomento Rural, em um repasse de R$ 13,3 milhões pelo acordo.

Além de oferecer assistência técnica, o Fomento Rural transfere o valor de R$ 4,6 mil diretamente para os beneficiados. São grandes conquistas para Jamile da Silva, que pensa em alternativas de expansão produtiva, a partir do recurso, da cisterna concluída e da capacitação para trabalhar em novas culturas. Ela também quer melhorar as condições do local onde cria caprinos e ovinos, a começar pela construção de um teto para os animais.

“Essa cisterna vai me ajudar na atividade produtiva, vou saber que estou consumindo alimento saudável. E o Fomento vai me dar uma garantia de ter uma criação melhor, que eu preciso também, de caprinos e ovinos”, projetou Jamile, enquanto acompanha em detalhes o processo de construção da estrutura. Nascida e criada na zona rural, é nessa mesma terra em Juazeiro que ela quer continuar a escrever sua história.

A realidade que o Programa Cisternas desenha para as famílias é possível graças à retomada, em 2023, dos investimentos na ação. Trata-se de uma política pública que assegura o direito de acesso a água.

PERSPECTIVA — À sombra de uma árvore no quintal de casa, na comunidade Arapuá Novo, a produtora rural Maria Sonia Oliveira espera com tranquilidade o período de chuvas na região, quando será possível captar a água, armazenar e, finalmente, utilizá-la. Os 60 anos de vida, completados no último mês, são morando sobre o mesmo chão de terra em Juazeiro. Maria Sonia recorda da época em que a família não tinha cisterna em casa.

“A primeira cisterna foi um sonho, quando a gente conseguiu, há quase 20 anos. Porque a gente tinha uma dificuldade enorme de carregar a água. Tinha que buscar água longe, colocar na cabeça, era um peso”, lembrou aliviada. “Agora, com essa outra, vai ser ainda melhor, porque é para produção”, disse, mirando o futuro.

A poucos quilômetros da propriedade em que Maria Sonia cria caprinos, a família de André Nascimento também tem na pequena agricultura o meio de subsistência. É da atividade no campo que o produtor colhe qualidade de vida para os três filhos. Ao lado da esposa, Márcia Cristina, ele enxerga no Programa Cisternas a chance de ampliar e otimizar a produção na área em que vivem.

Aos 43 anos, essa será a primeira vez que o agricultor vai manejar uma horta. “Vou plantar coentro, alface, tomatinho… Vai ser pra gente comer em casa, um alimento saudável, e se for possível, até ter uma rendinha extra pra família”, planeja André, com entusiasmo.

CAPACITAÇÃO — O assessoramento técnico para as famílias que atuarão com as cisternas de produção de alimentos, tem o papel de educar e dar suporte, para que a atividade seja executada com segurança. Dessa forma, Jamile, Maria e André são acompanhados por profissionais com experiência e que conhecem o potencial produtivo da região.

Nas comunidades rurais de Juazeiro, a assistência é feita pelo Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada (IRPAA). “É um trabalho que fortalece a função da assessoria técnica, porque a gente conversa com eles, tira dúvidas e até ajuda a escolher qual atividade produtiva eles querem desenvolver”, explicou Andressa Menezes, técnica do IRPAA.

“A retomada do Programa Cisternas consolida o que nós defendemos, que é a convivência com o Semiárido. É um processo que integra a família, porque todos participam”, completou.

O desenho do programa beneficia todos os envolvidos, de uma ponta a outra, como é o caso do pedreiro Flávio Rodrigues, que nunca havia trabalhado na construção civil. Ele passou por uma capacitação, esse ano, e agarrou a oportunidade. Desde que assumiu a função, perdeu as contas de quantas cisternas já ajudou a construir.

“Quero aprender mais ainda, desde moleque tinha vontade de ser pedreiro, e quero aproveitar a oportunidade de trabalhar na área. A cisterna é um presente, eu só tenho a agradecer ao programa, à ASA, a todos”, declarou Flávio. Entre o início e a entrega, a construção de cada cisterna pode variar entre sete e 15 dias, em média.

A Articulação Semiárido Brasileiro (ASA) é uma rede que defende, propaga e desenvolve o projeto de convivência com o bioma. A entidade é composta por mais de três mil organizações da sociedade civil, como sindicatos rurais, associações de agricultores e agricultoras, cooperativas, organizações não governamentais e institutos, como o IRPAA.

AVANÇO — Ao resgatar o Programa Cisternas, em 2023, após longo período sem incentivos, o Governo Federal investiu R$ 600 milhões e contratou 62,7 mil unidades, sendo 58,2 mil para o Semiárido e as demais para a região Amazônica.

As tecnologias sociais de acesso à água são um importante equipamento para a convivência com as regiões, promovendo dignidade, saúde, segurança alimentar e melhores condições de vida. Além disso, pesquisas científicas mostram a importância desses sistemas na saúde de gestantes e recém-nascidos.

 

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