Política
Força-tarefa para diminuir os impactos
Responsável por 2,26 milhões de casos registrados em 2020, o câncer de mama se tornou o tipo de câncer mais diagnosticado no mundo. Esse também é o tipo de câncer que mais acomete mulheres, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), representando cerca de 15,5% dos óbitos. Para esse ano, o Inca prevê 66 mil novos diagnósticos e mais de 18 mil mortes.
Além da grande incidência de casos, os especialistas alertam que a pandemia de covid-19 interrompeu o acesso a exames eletivos para diagnóstico de câncer. A queda das consultas de rotina por causa do isolamento pode levar, inclusive, a uma explosão de casos de câncer nos próximos anos, é o que afirma o médico oncologista clínico Gabriel Felipe Santiago.
Embora a situação esteja melhor que a do ano passado, quando 33% disseram ter sofrido mudanças no tratamento, e agora 24%, Santiago afirma que a queda nos investimentos públicos e a falta de medidas estruturadas pelas autoridades podem agravar a situação. “Essa falta de atendimento pode gerar uma elevação no número de casos da doença, em estágio avançado, no período pós-pandemia”, pontua. “Isso porque a descoberta tardia, bem como a ausência de cuidados e atenção necessárias, podem estimular o agravamento do câncer”, ressalta Gabriel. “As pessoas não têm conseguido acessar o tratamento no tempo adequado. Acreditamos que vamos sair da pandemia e vamos enfrentar uma epidemia de casos avançados de câncer”, alerta o oncologista.
Conscientização e tratamento
Entre as sugestões apresentadas por especialistas e institutos está a criação de uma força-tarefa para o reagendamento de consultas e exames. Gabriel Santiago ressalta que, cada vez mais, tem aparecido nos consultórios pacientes com câncer avançado e metastático. “A queda de exames e diagnósticos para o câncer causará um grande impacto ao sistema de saúde. Com mais casos avançados, o custo do tratamento é maior e as chances de cura diminuem consideravelmente”, frisa. Para ele, a prevenção é o melhor tratamento, pois possibilita o diagnóstico precoce e evita o agravamento da doença. Ao receber o diagnóstico positivo, o tratamento pode variar conforme o estágio.
Novos tipos de tratamentos
Apesar desse cenário preocupante, o oncologista também destaca a evolução e o uso das novas tecnologias no tratamento da doença. A quimioterapia, por exemplo, um dos tratamentos mais conhecidos, foi considerada, durante décadas, “a regra” para tratar o câncer de mama e outros cânceres, mas pode estar com os dias contados. “Testes genéticos agora podem revelar se a quimioterapia de fato seria benéfica ou não”, afirma o oncologista.
De acordo com ele, a chegada da tecnologia genômica permitiu o desenvolvimento de novos testes baseados na biologia. Ao contrário dos fatores prognósticos anatômicos, os testes genômicos podem apresentar uma interação entre a natureza dos genes incluídos em um perfil específico e o benefício da terapia sistêmica. Esses podem ser avaliados por plataformas avançadas como Oncotype, MammaPrint, Breast Cancer Index (BCI), entre outros, que tentam, por meio do estudo genômico do tumor, mostrar se o paciente teria benefício ou não com quimioterapia pós-operatória (adjuvante).
“A utilização das assinaturas genômicas auxilia, de maneira substancial, a decisão da terapia adjuvante, mas o custo desses testes ainda é elevado, o que dificulta o acesso e limita seu uso na prática diária”, explica. “Infelizmente, o teste ainda tem um valor elevado, gira em torno de R$ 13 mil. Não está disponível nos planos e no Sistema Único de Saúde (SUS), mas as empresas apresentam condições de pagamento em até dez vezes”, informa o médico.
Segundo Santiago, esses estudos desenvolvidos na área da oncologia clínica estão apresentando inovações no tratamento de câncer de mama inicial. “São novos testes baseados em biologia molecular e análise gênica. Por meio deles, podemos prever se um determinado tipo de câncer de mama em estágio inicial tem maior risco de recidiva após o tratamento inicial”, esclarece. De acordo com o oncologista, o teste pode ser feito na biópsia inicial ou na biópsia da cirurgia. Com essa informação, os médicos podem saber quais mulheres que apresentam tumores mamários iniciais (com receptores hormonais positivos, HER 2 negativo e até dois linfonodos positivos) podem se beneficiar da quimioterapia após a cirurgia.
Outro estudo brasileiro, conduzido pelo Hospital Pérola Byington, de São Paulo, também apontou que as pacientes que apresentaram característica de doença inicial, onde haveria uma indicação de quimioterapia pós-operatória, puderam se poupar do referido tratamento. “Estamos falando de uma redução de 70% na indicação de um tratamento quimioterápico através da determinação desse teste genômico. Ele poupa muitas pacientes de um tratamento desnecessário, algo que é muito importante nesse período de pandemia, uma vez que a quimioterapia provoca redução da imunidade”, finaliza o médico.
Política
“Temos que governar com o espírito de JK”, defende Caiado em encontro nacional de lideranças
Na 2ª edição do Seminário Brasil Hoje, em São Paulo, o governador falou sobre clima de acirramento da política nacional e soluções reais para problemas da população
No debate sobre desafios e oportunidades para os estados, em São Paulo, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, citou o ex-presidente Juscelino Kubitschek (JK), que comandou o país entre 1956 e 1961 em clima de coalizão. “Foi esse homem que deu conta de fazer todo o desenvolvimento, destacar o Centro-Oeste e o Norte do país”, disse Caiado. A fala foi durante a segunda edição do Seminário Brasil Hoje, realizado nesta segunda-feira (22/04).
O evento reuniu lideranças políticas e do setor privado para debater o cenário econômico atual. “Ninguém governa brigando, nesse clima de acirramento político. O presidente hoje tem que governar com o espírito que JK teve, de poder, se preocupar com matérias relevantes”, disse Caiado. Ao lado do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, o goiano encerrou o evento, com a mediação do jornalista Willian Waack.
Caiado relembrou que, à época de JK, o país também vivia grande clima de polarização política, com diversas forças tentando derrubar o presidente. Ao ser resolvida a crise, JK pediu calma e que o deixassem trabalhar pelo país, sem também promover clima de revanchismo contra adversários.
“Essa polarização é deletéria, todo mundo pode contribuir para seu fim”, disse Tarcísio ao concordar com Caiado. Para ele, o Judiciário, Legislativo, a mídia e mais setores da sociedade também devem atuar para descomprimir o debate. “Estamos cada dia mais próximos do limite, a população não aguenta”, alertou Tarcísio. O encontro foi promovido pela organização Esfera Brasil, que se intitula “apartidária e independente”, com transmissão ao vivo via internet.
Sobre desafios da segurança pública nos estados, Caiado ressaltou que “bandido tem que cumprir pena, e não ficar fazendo falsa política social”. Ele destacou ainda a necessidade do combate às facções criminosas que dominam diversos pontos, nas grandes metrópoles. “Ter territórios onde não se pode entrar significa que não temos um estado democrático de direito”, afirmou.
Como resultado das ações do Governo de Goiás, ele citou que o estado hoje não tem nenhum território dominado por facções e é exemplo nacional em segurança pública.
Seminário
Também integraram a programação do seminário o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, além de outras autoridades. Nos demais painéis, foram abordados temas como as perspectivas para as eleições municipais, comunicação, meio ambiente e integração e inovação de cadeias produtivas.
Fotos:_Julia Fagundes Esfera / Secretaria de Comunicação – Governo de Goiás
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