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Flip chega à 20ª edição e homenageia escritora Maria Firmina dos Reis

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Com o desafio de trazer para o centro da cena escritores e artistas colocados à margem, a Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) chega à 20ª edição com o tema Ver o Invisível e homenagem à escritora Maria Firmina dos Reis. O evento também traz como novidade a artista homenageada, a fotógrafa Claudia Andujar.

A festa literária, que retorna à cidade de Paraty, na costa verde fluminense, entre os dias 23 e 27 de novembro, depois de dois anos em formato online por causa da pandemia de covid-19, teve sua programação anunciada nesta terça-feira (13). A curadoria do evento foi coletiva, feita pela jornalista, tradutora e editora gaúcha Fernanda Bastos, a professora da Universidade Federal da Bahia Milena Britto e o professor da Universidade de Princeton Pedro Meira Monteiro.

A 20ª Flip é realizada no ano do Bicentenário da Independência, do centenário da Semana de Arte Moderna e do bicentenário de Maria Firmina dos Reis e representa o trabalho pela palavra e por um ambiente cultural e educacional mais acolhedor. Para os curadores da festa, falar de Maria Firmina dos Reis é conectar o Brasil consigo mesmo, trazendo histórias e trajetórias diversas e marginalizadas.

De acordo com Fernanda Basctos, a escritora, uma mulher negra que viveu nas bordas do país no século 19, criou personagens e narrativas que têm inspirado coletivos de leitura, professoras e autoras contemporâneas com sua abordagem de um Brasil real e ficcional que atravessa 200 anos de uma independência controversa.

Fernanda disse que a intenção é “dar o recado” a partir da homenagem a Maria Firmina, uma autora negra maranhense, de cuja imagem não se dispõe. “Temos apenas aproximações, mas achamos importante mexer com isso, em um momento em que a imagem é tão importante. Trabalhamos com uma autora que foi ignorada por muito tempo e agora tem sido trabalhada por pesquisadores, mulheres, principalmente, que também são marginalizados, assim como foi Maria Firmina.”

Com pouca informação sobre a escritora, estima-se que Maria Firmina tenha nascido em 1822, sendo autora do primeiro romance abolicionista do país, Úrsula, lançado em 1859. Escritora e educadora, sofreu com o “apagamento” histórico e vem sendo redescoberta no Brasil e no exterior. Publicou contos e poemas em jornais, compôs o Hino da Libertação dos Escravos e fundou uma escola gratuita para crianças. Maria Firmina morreu em 1917, sem qualquer prestígio.

Fotógrafa homenageada

A fotógrafa suíça Claudia Andujar e o xamã indígena Davi Kopenawa, pajé e presidente da Hutukara Associação Yanomami, participam de mesa que a Flip dedicada aos índios e à Amazônia (Fernando Frazão/Agência Brasil) A fotógrafa suíça Claudia Andujar e o xamã indígena Davi Kopenawa, pajé e presidente da Hutukara Associação Yanomami, participam de mesa que a Flip dedicada aos índios e à Amazônia (Fernando Frazão/Agência Brasil)

A fotógrafa Claudia Andujar e o xamã indígena Davi Kopenawa, em participação na Festa Literária Internacional de Paraty – Fernando Frazão/Arquivo/Agência Brasil

Como artista homenageada, a Flip deste ano joga luz sobre a obra de Claudia Andujar, fotógrafa nascida na Suíça em 1931, que se estabeleceu no Brasil em 1955, depois de passar por alguns países fugindo da perseguição aos judeus durante a Segunda Guerra Mundial. Por décadas, percorreu o país trabalhando para revistas como Life, Aperture, Look, Cláudia, Quatro Rodas e Setenta e, como freelancer, para a revista Realidade.

A partir da década de 1970, Claudia participou de exposições no Brasil e no exterior, com destaque para a 27ª Bienal de São Paulo e para a exposição Yanomami, na Fundação Cartier de Arte Contemporânea, em Paris, no ano de 2002.

De acordo com o curador Pedro Meira Monteiro, a sensibilidade no olhar da fotógrafa dialoga com o tema dos invisíveis proposto pela Flip.

“O trabalho da Claudia Andujar é um tributo à sensibilidade diante daqueles que estão à margem. A própria produção fotográfica dela tem muito a ver com a literatura, a fotografia é muito narrativa, é sobre essa aproximação, a construção de uma relação com o outro e, ao mesmo tempo, é uma produção que nunca apaga esse outro. A fotografia da Claudia é o próprio exercício de ensina a ver o invisível”, afirmou.

Curadoria coletiva

Pela segunda vez, a Flip tem curadoria coletiva e se posiciona como um laboratório de reflexão, com encontros e atividades que buscam pensar saídas para as crises contemporâneas. Segundo a professora Milena Britto, a curadoria buscou trabalhar a literatura em seu conceito expandido, incluindo todas as manifestações artísticas para alavancar narrativas que inspiram a cooperar e seguir em frente.

“Como conciliar tantas diferenças, em um país tão caudaloso, tão complexo? Como colocar linguagens que são visíveis para poucos? É impossível tentar traduzir o país. Ver o invisível é, de alguma forma, colocar em conversa algumas manifestações, propostas, criações, linguagens que talvez sejam visíveis para poucos, mas, quando se juntam com algo que é diferente e de alguma forma se encontram na fronteira, seja no suporte, em linguagens polifônicas, em linguagens variadas”, questionou a curadora.

A Flip terá 17 mesas no evento principal, com convidados como Teresa Cárdenas, Patricia Lino, Ricardo Aleixo e Benjamin Labatut. Maria Firmina Reis terá duas mesas em sua homenagem: Pátrios Lares, com Ana Flávia Magalhães Pinto (Unicamp e Selo Negro Edições), Fernanda Miranda (Malê) e Midria (Jandaíra); e Minha Liberdade, com Lilia Schwarcz (Companhia das Letras e Cobogó) e Eduardo de Assis Duarte (Editora Malê, Pallas e UFMG).

A homenagem à fotógrafa Claudia Andujar será na mesa Livre e infinito, com Nay Jinknss.

Edição: Nádia Franco

Fonte: EBC Geral

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Governo lança campanha “Fé no Brasil” e destaca avanços na economia

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Iniciativa ressalta resultados alcançados em pouco mais de um ano da atual gestão federal, a partir de políticas que fomentam a geração de empregos e combatem as desigualdades

Menor taxa de desemprego em nove anos. Crescimento do salário mínimo acima da inflação. Isenção de imposto de renda para mais de 15 milhões de pessoas. Retorno do Brasil à lista das dez maiores economias do mundo. Dívidas de mais de 14 milhões de brasileiros negociadas pelo Desenrola. Esses e outros avanços atingidos a partir de políticas públicas do Governo Federal estão destacados na campanha publicitária batizada de “Fé no Brasil“, lançada nesta quarta-feira, 1º de maio, Dia do Trabalhador.

As peças partem do conceito de que, mesmo que as pessoas tenham pensamentos diferentes, existem realizações e conquistas que são positivas para todos. O primeiro vídeo retrata um almoço de domingo de uma família brasileira, em que a preferência de alguns é por carne, enquanto a de outros é por legumes. Contudo, o principal é que todos tenham acesso à alimentação.

Por isso, o Governo investe em políticas de redução da fome e da pobreza, além de impulsionar a economia e a geração de empregos. Ações que já geraram resultados positivos. Em 2023, primeiro ano da atual gestão, 24,4 milhões de pessoas deixaram de passar fome no Brasil. O número de pessoas que enfrentam a insegurança alimentar e nutricional grave caiu 11,4 pontos percentuais entre 2022 e 2023, segundo projeção feita a partir de dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

SÓ O COMEÇO — Além de ressaltar avanços já alcançados, a campanha indica que o país trilha um caminho de progresso e convida a população a ter esperança e fé em tempos melhores. “A gente pode até pensar diferente, mas nisso o brasileiro concorda: quando a economia melhora, é bom para você, para a sua família, é bom para todo mundo. Isso é só o começo, tem muito trabalho pela frente. Fé no Brasil. A gente está no rumo certo”.

Dividida em quatro temáticas de interesse da sociedade (economia, educação, saúde e agro), a campanha conta com um filme base para cada eixo. Com 60 segundos de duração, cada um deles apresenta nuances de discurso para conversar com diferentes faixas da população, tanto na mídia tradicional quanto no ambiente digital. A campanha terá duração de seis semanas.

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