Saúde

Fiocruz e Mapa mapeiam produção de plantas medicinais no Brasil

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A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) apresentaram hoje (24) os resultados do maior diagnóstico já realizado no Brasil sobre o potencial produtivo de plantas medicinais, aromáticas, condimentares e alimentícias. Ao todo, foram mapeadas as cadeias de valor de 26 espécies de plantas. Para cada uma delas foram identificados os produtores, as formas de escoamento dos produtos, os potenciais consumidores, além dos principais desafios e formas de aprimorar a produção.

“Acreditamos que esse pode ser um campo de muita geração de renda para nossos agricultores”, diz o secretário de Agricultura Familiar e Cooperativismo do Mapa, Fernando Schwanke. “O Brasil é um grande importador de óleos de outros países quando temos a agricultora familiar que pode produzir muitas dessas plantas e agregar valor para si e para a sociedade como um todo”, acrescenta.

O mapeamento faz parte do Projeto ArticulaFito – Cadeias de Valor em Plantas Medicinais e os resultados estão disponíveis nas redes sociais. A pesquisa foi apresentada no seminário online  “Cadeias de Valor em Plantas Medicinais e a Agenda 2030: contribuições da sociobiodiversidade para reflexão sobre novos modelos de produção para a  preservação da vida e da saúde no planeta”, que pode ser acessado na íntegra na internet.

Entre os produtos mapeados estão, por exemplo, o chá medicinal de hortelã, semente de sucupira, pílula artesanal de babosa, semente de umburana, óleo extravirgem e farinha de babaçu, amêndoa da castanha-do-pará e o repelente de andiroba.

“A crise ambiental que estamos vivendo colocou novos desafios e esse desafio do desenvolvimento sustentável se coloca exatamente no nosso ponto central ao valorizarmos os produtos da sociobiodiversidade, ao valorizarmos as populações tradicionais que são as grandes protetoras dos nossos biomas”, diz o coordenador de Relações Institucionais da Fiocruz, Valcler Rangel.

Um dos objetivos do mapeamento, segundo a coordenadora técnica e executiva do ArticulaFito, Joseane Carvalho Costa é fazer com que todos que participam de alguma forma dessa cadeia, desde os produtores até os consumidores finais valorizem e conheçam cada uma das etapas. “Quando a gente está consumindo o produto de óleo de castanha na clínica de estética, precisamos saber o quanto nesse produto está embutido de desigualdades o quanto está embutido exploração de trabalho. É uma virada no modo de como se consome, esse novo modo de mudar esse padrão de relação de consumo”.

Mapeamento  

Entre 2015 e 2018, o ArticulaFito realizou uma série de oficinas com atores da sociedade civil, representantes governamentais, universidades, entre outros atores para mapear as cadeias de valor dessas plantas com potencial fitoterápico, cosmético e alimentar. Foram identificados os insumos, as formas de coleta, beneficiamento, o mercado e o consumo, além das fragilidades, as potencialidades, os gargalos e os desafios.

Dentre os principais desafios estão a capacitação de pessoal, a adequação dos produtos às normas sanitárias, a comunicação e formas de expandir a comercialização. O desmatamento é um fator que impacta a produção. Das 26 espécies de plantas, 18 são extrativas e oito, cultivadas.

“A maioria desses produtos extrativos estão entrando em extinção, estão com problema de desmatamento, queimadas, isso tudo está gerando problema sério de produção. O manejo adequado é necessário para que a gente supere e consiga reverter a situação”, diz Joseane.

A quebradeira de coco, integrante do Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu Cledeneuza Oliveira é uma das trabalhadoras impactadas diretamente. “Nos sentimos ameaçadas porque as regiões onde há mais quebradeiras é onde tem mais fazendeiros e donos da terra que nos proíbem de catar coco, derrubam os babaçuais mais próximos às vilas e isso dificulta nossa produção”, diz. “Um ano colhemos mais produtos, no outro, já mataram as palmeiras. É uma coisa que entristece a gente, porque temos uma boa produção”.

Programas

O ArticulaFito prevê uma série de ações para preservar as produções e incentivar esses mercados. Entre elas, estão capacitações, pesquisa e desenvolvimento, intercâmbio de experiências, feiras e eventos para promoção comercial, arranjos institucionais, inclusive com o Sistema Único de Saúde (SUS) e acompanhamento técnico aos empreendimentos mapeados.

Em 2019, o Mapa lançou o programa Bioeconomia Brasil – Sociobiodiversidade, com o objetivo de organizar políticas públicas e realizar ações para fortalecer as cadeias produtivas que usam os recursos naturais de forma sustentável.

O Coordenador-geral de Extrativismo do Mapa, Marco Aurélio Pavarino, destaca, por exemplo, o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar Bioeconomia, linha de crédito voltada ao financiamento de agricultores e produtores rurais familiares para investimento na utilização de tecnologias de energia renovável, tecnologias ambientais, armazenamento hídrico, pequenos aproveitamentos hidroenergéticos, silvicultura e adoção de práticas conservacionistas e de correção da acidez e fertilidade do solo, visando sua recuperação e melhoramento da capacidade produtiva.

De acordo com o Censo Agropecuário de 2017 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 77% dos estabelecimentos rurais no Brasil são classificados como agricultura familiar, o que equivale a 3,9 milhões de estabelecimentos. Eles ocupam 23%, ou 89 milhões de hectares, do total da área ocupada por estabelecimentos rurais no país. Sozinhos, concentram 67% do pessoal empregado em agropecuária e são responsáveis por 23% da produção.  

Edição: Valéria Aguiar

Fonte: EBC Saúde

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Saúde estadual alerta: vacinas evitam internações e mortes

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Secretaria de Saúde relata aumento de internações e mortes por dengue e influenza, principalmente entre idosos e crianças

Doenças como dengue e influenza em Goiás têm provocado aumento de diagnósticos e internações, com mais mortes. Desde o início do ano, já foram registrados mais de 150 óbitos por dengue. Já a Síndrome Respiratória Aguda Grave (Srag) resultou em 179 óbitos, principalmente entre crianças menores de 2 anos (16 mortes), e idosos com 60 anos. Dentre as principais causas, pode estar a baixa cobertura vacinal para dengue e Influenza.

A grande preocupação da Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO), no momento, é com a alteração da sazonalidade da dengue e doenças respiratórias, como a influenza, com as mudanças climáticas, que já começam neste mês. Segundo a superintendente de Vigilância em Saúde, Flúvia Amorim, o histórico de Srag mostra aumento de casos neste período, quando começam as inversões térmicas. “É nesta época que começam a circular os vírus respiratórios, de forma mais intensa”, explica.

Flúvia Amorim chama a atenção, principalmente, para os extremos das faixas etárias, que são crianças e idosos, as principais vítimas de doenças respiratórias. “Para essas pessoas, o quadro pode ser muito grave. Por isso, não deixem de se vacinar”, orienta. “Se você faz parte de algum dos grupos prioritários, procure rapidamente o posto de vacinação”, continua Flúvia, para lembrar que, embora haja vacina disponível contra a influenza em todos os postos de vacinação dos 246 municípios, apenas 20,82% do público-alvo (grupos prioritários) buscaram o imunizante. Já em relação a Covid-19, a cobertura vacinal está em 20,82%. “A vacina demora dez dias para fazer efeito. Então, quanto mais rápido se vacinar, mais rápido a pessoa estará protegida”, avisa.

A Superintendente de Regulação, Controle e Avaliação da SES, Amanda Limongi, também reforça a importância da vacinação. “É o meio mais eficaz de prevenir internações, tanto de dengue quanto de Síndromes Respiratórias Agudas Graves”, afirma, ao confirmar que o “encontro” de casos de dengue e doenças respiratórias tem demandado mais internações em Goiás.

Ela faz um apelo também à população dos municípios que ainda dispõem de vacinas contra a dengue. “Dos 246 municípios goianos, 155 ‘zeraram’ seus estoques, mas ainda faltam 10 mil doses a serem aplicadas”, explica. A superintendente se refere ao restante das 158,5 mil doses recebidas do Ministério da Saúde e que vão vencer em 30 de abril, mesmo com a ampliação da idade para pessoas de 4 a 59 anos. Essa ampliação vale apenas para esses lotes do imunizante. Para a próxima, já está definido o retorno das idades de 10 a 14 anos, para o público-alvo.

Fotos: Iron Braz / Secretaria de Estado da Saúde – Governo de Goiás

 

 

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