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Estudo avalia como atividades para idosos impactam na saúde

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Há pacientes, denominados de hiperfrequentadores (IH), que utilizam com muita frequência a Atenção Primária à Saúde (APS), ocasionando grande número de prescrições e de referências para outros níveis de cuidado. Esse indicativo despertou o interesse da pesquisadora da Universidade Católica de Brasília (UCB) Lucy de Oliveira Gomes.

“Atividades realizadas com música para idosos proporcionam resgate de vivências do passado e do presente, levando-os a participarem efetivamente do grupo social”Lucy Gomes. coordenadora da pesquisa

Ela buscou, então, o suporte da Fundação de Apoio à Pesquisa e Inovação do Distrito Federal (FAPDF) para realizar o estudo “Idosos hiperfrequentadores na Atenção Primária à Saúde: Influência das terapias expressivas na frequência às consultas e nos distúrbios do sono.”

O projeto propôs verificar a eficácia das terapias expressivas (TE) em idosos IH (com ou sem motivo concreto) do Centro de Atenção Primária à Saúde na diminuição da frequência às consultas e nos distúrbios do sono. O estudo foi realizado no Centro de APS da Granja do Torto, com idosos acima de 60 anos, entre janeiro de 2018 e janeiro de 2020.

Instrumento terapêutico

As TEs funcionam como instrumento terapêutico complementar e utilizam atividades em grupo envolvendo música e atividade física (dança/movimento), como estratégia de cuidado com a doença, a saúde e a vida. “Atividades realizadas com música para idosos proporcionam resgate de vivências do passado e do presente, levando-os a participarem efetivamente do grupo social”, explica Lucy Gomes.

Os pesquisadores também aplicaram atividades de rodas de embalo e comunhão, encontros afetivos, além de metodologias como ninho da espécie, abraços fraternais, caminhar de confiança e caminhar com motivação afetiva.

Os idosos foram divididos em dois grupos: grupo de intervenção, composto por idosos IH com cinco ou mais consultas médicas registradas no período de 12 meses; e grupo controle, formado por idosos não IH que registraram quatro ou menos consultas médicas no mesmo período de referência.

“Provavelmente, foram o cultivo de boas relações grupais, a aceitação e a inclusão que surtiram efeitos positivos, levando à atenuação significativa da depressão, ansiedade, estresse e solidão”Lucy Gomes. coordenadora da pesquisa

“Nosso objetivo foi verificar a prevalência de transtornos do sono nos grupos IH e não IH, comparar a eficácia das terapias expressivas nos transtornos do sono dos idosos de ambos os grupos, além de delinear o perfil clínico (doenças físicas, mentais e transtornos do sono) e sociodemográfico dos idosos”, afirma a coordenadora do projeto.

Para a coleta das informações, a pesquisadora aplicou questionários sociodemográficos, clínico-funcional e de depressão, ansiedade, solidão, estresse e atividade física. Os participantes também foram submetidos a sessões de TEs duas vezes por semana, com duração média de  duas horas, totalizando 24 semanas no período de seis meses.

Resultados e aplicabilidade

Após análise de todos os dados levantados e do comportamento dos idosos após as práticas aplicadas, a cientista identificou que as TEs são eficazes para reduzir os transtornos de sono e a frequência da marcação de consultas sem necessidade real.

“Houve redução significativa do número de consultas médicas na APS durante o período de um ano após o término das sessões de terapia expressiva. Os idosos IH entraram em contato com suas emoções, convivendo com seus limites e, ao conhecer suas potencialidades e habilidades, puderam acreditar em si mesmos”, diz Lucy Gomes.

Provavelmente, a pesquisadora acrescenta, “foram o cultivo de boas relações grupais, a aceitação e a inclusão que surtiram efeitos positivos, levando à atenuação significativa da depressão, ansiedade, estresse e solidão.”

Assim, a pesquisa indica que a oferta de um cuidado em saúde completo aos pacientes da terceira idade é capaz não apenas de elevar a qualidade de vida e reduzir a incidência de problemas psicológicos nessa população, como também de reduzir os custos do Sistema Único de Saúde (SUS) no atendimento a idosos.

Para tanto, a pesquisadora aponta a necessidade de capacitação dos profissionais para a realização dessa atenção em saúde de forma holística, buscando práticas mais humanizadas. “É imprescindível implantação de grupos de promoção de saúde em todas as Unidades Básicas de Saúde (UBS), visando um envelhecimento saudável com um cuidado holístico”, finaliza.

A pesquisa foi fomentada pela Chamada FAPDF/MS-DECIT/CNPQ/SESDF 01/2016 – Programa de Pesquisa para o SUS: Gestão Compartilhada em Saúde, cujo objetivo foi apoiar a execução de projetos de pesquisa científica, tecnológica e de inovação que promovam a formação e a melhoria da qualidade da atenção à saúde no DF, no contexto do SUS.

Confira a apresentação final de resultados da pesquisa aqui.

*Com informações da FAPDF

Fonte: Governo DF

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Programa Cisternas avança e promove cidadania às famílias do Semiárido nordestino

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Nova etapa de execução é concretizada via convênio entre MDS e Consórcio Nordeste, no valor de R$ 311 milhões. Na área rural de Juazeiro (BA), os moradores estão otimistas com as novas possibilidades trazidas pelo acesso à água

No Semiárido nordestino, um sonho começa a ganhar forma. A retomada do Programa Cisternas vem enchendo a casa das famílias de esperança. Em meio às obras de uma cisterna para a produção de alimentos em sua propriedade, Jamile da Silva, 26 anos, faz planos para o futuro. A tecnologia de acesso à água, combinada com o recurso do Programa Fomento Rural, vai proporcionar a ela uma renda extra.

Essa cisterna vai me ajudar na atividade produtiva, vou saber que estou consumindo alimento saudável. E o Fomento vai me dar uma garantia de ter uma criação melhor, que eu preciso também, de caprinos e ovinos” Jamile da Silva, produtora rural

A produtora mora na comunidade Pau Preto, zona rural de Juazeiro, ao norte da Bahia. “O Programa Cisternas é perfeito”, definiu Jamile, sorridente. São mais de 42 mil cisternas contratadas, a partir de convênio entre o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS) e o Consórcio Nordeste. A parceria, formalizada em maio deste ano, contempla os nove estados nordestinos.

O investimento é de quase R$ 300 milhões do Governo Federal, por meio do MDS, e de outros R$ 12 milhões de contrapartida dos estados. O convênio prevê a instalação de 39 mil tecnologias de acesso à água para consumo humano e 2,89 mil sistemas para consumo animal e produção de alimentos. As famílias que recebem as cisternas para a produção de alimentos também são inseridas no Programa Fomento Rural, em um repasse de R$ 13,3 milhões pelo acordo.

Além de oferecer assistência técnica, o Fomento Rural transfere o valor de R$ 4,6 mil diretamente para os beneficiados. São grandes conquistas para Jamile da Silva, que pensa em alternativas de expansão produtiva, a partir do recurso, da cisterna concluída e da capacitação para trabalhar em novas culturas. Ela também quer melhorar as condições do local onde cria caprinos e ovinos, a começar pela construção de um teto para os animais.

“Essa cisterna vai me ajudar na atividade produtiva, vou saber que estou consumindo alimento saudável. E o Fomento vai me dar uma garantia de ter uma criação melhor, que eu preciso também, de caprinos e ovinos”, projetou Jamile, enquanto acompanha em detalhes o processo de construção da estrutura. Nascida e criada na zona rural, é nessa mesma terra em Juazeiro que ela quer continuar a escrever sua história.

A realidade que o Programa Cisternas desenha para as famílias é possível graças à retomada, em 2023, dos investimentos na ação. Trata-se de uma política pública que assegura o direito de acesso a água.

PERSPECTIVA — À sombra de uma árvore no quintal de casa, na comunidade Arapuá Novo, a produtora rural Maria Sonia Oliveira espera com tranquilidade o período de chuvas na região, quando será possível captar a água, armazenar e, finalmente, utilizá-la. Os 60 anos de vida, completados no último mês, são morando sobre o mesmo chão de terra em Juazeiro. Maria Sonia recorda da época em que a família não tinha cisterna em casa.

“A primeira cisterna foi um sonho, quando a gente conseguiu, há quase 20 anos. Porque a gente tinha uma dificuldade enorme de carregar a água. Tinha que buscar água longe, colocar na cabeça, era um peso”, lembrou aliviada. “Agora, com essa outra, vai ser ainda melhor, porque é para produção”, disse, mirando o futuro.

A poucos quilômetros da propriedade em que Maria Sonia cria caprinos, a família de André Nascimento também tem na pequena agricultura o meio de subsistência. É da atividade no campo que o produtor colhe qualidade de vida para os três filhos. Ao lado da esposa, Márcia Cristina, ele enxerga no Programa Cisternas a chance de ampliar e otimizar a produção na área em que vivem.

Aos 43 anos, essa será a primeira vez que o agricultor vai manejar uma horta. “Vou plantar coentro, alface, tomatinho… Vai ser pra gente comer em casa, um alimento saudável, e se for possível, até ter uma rendinha extra pra família”, planeja André, com entusiasmo.

CAPACITAÇÃO — O assessoramento técnico para as famílias que atuarão com as cisternas de produção de alimentos, tem o papel de educar e dar suporte, para que a atividade seja executada com segurança. Dessa forma, Jamile, Maria e André são acompanhados por profissionais com experiência e que conhecem o potencial produtivo da região.

Nas comunidades rurais de Juazeiro, a assistência é feita pelo Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada (IRPAA). “É um trabalho que fortalece a função da assessoria técnica, porque a gente conversa com eles, tira dúvidas e até ajuda a escolher qual atividade produtiva eles querem desenvolver”, explicou Andressa Menezes, técnica do IRPAA.

“A retomada do Programa Cisternas consolida o que nós defendemos, que é a convivência com o Semiárido. É um processo que integra a família, porque todos participam”, completou.

O desenho do programa beneficia todos os envolvidos, de uma ponta a outra, como é o caso do pedreiro Flávio Rodrigues, que nunca havia trabalhado na construção civil. Ele passou por uma capacitação, esse ano, e agarrou a oportunidade. Desde que assumiu a função, perdeu as contas de quantas cisternas já ajudou a construir.

“Quero aprender mais ainda, desde moleque tinha vontade de ser pedreiro, e quero aproveitar a oportunidade de trabalhar na área. A cisterna é um presente, eu só tenho a agradecer ao programa, à ASA, a todos”, declarou Flávio. Entre o início e a entrega, a construção de cada cisterna pode variar entre sete e 15 dias, em média.

A Articulação Semiárido Brasileiro (ASA) é uma rede que defende, propaga e desenvolve o projeto de convivência com o bioma. A entidade é composta por mais de três mil organizações da sociedade civil, como sindicatos rurais, associações de agricultores e agricultoras, cooperativas, organizações não governamentais e institutos, como o IRPAA.

AVANÇO — Ao resgatar o Programa Cisternas, em 2023, após longo período sem incentivos, o Governo Federal investiu R$ 600 milhões e contratou 62,7 mil unidades, sendo 58,2 mil para o Semiárido e as demais para a região Amazônica.

As tecnologias sociais de acesso à água são um importante equipamento para a convivência com as regiões, promovendo dignidade, saúde, segurança alimentar e melhores condições de vida. Além disso, pesquisas científicas mostram a importância desses sistemas na saúde de gestantes e recém-nascidos.

 

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