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“Encheu, viu!?”…e é hoje um dos mais belos cartões-postais de BSB

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Carlos Vogado, policial civil aposentado, nasceu há 61 anos, na Vila Amaury, que ficou submersa com a formação do lago artificial | Foto: Joel Rodrigues

“O jornalista Gustavo Corção, do jornal O Globo, disse, à época, que o terreno era cheio de pedregulho e arenoso. Por isso, não acreditava que se formaria o lago ali. Quando Juscelino inaugurou a barragem, mandou um telegrama para o jornalista, com a frase: ‘Encheu, viu!?’Maria Alice Vasconcelos, gerente do Arquivo Público responsável por pesquisa sobre o Lago Paranoá

Quem vê o Lago Paranoá ali, servindo de cartão-postal e de lazer para os brasilienses e turistas, talvez nem imagine que uma cidade inteira – ou o que sobrou dela – repousa sob suas águas. Brinquedos, objetos pessoais, utensílios domésticos e até mesmo um ônibus estão enterrados em seus 38 metros de profundidade, sem deixar esquecido que, antes das águas rolarem por ali, milhares de pessoas viveram na chamada Vila Amaury.

O policial civil aposentado Carlos Vogado, 61 anos, nasceu na vila onde moravam aproximadamente 16 mil operários que, assim como seu pai, vieram ajudar a construir os monumentos de Brasília. “Meu pai contava que todos se conheciam e era um lugar muito tranquilo. Nasci lá, pelas mãos da minha avó, que ajudou a fazer muitos partos na vila também”, relembra ele.

Pesquisa do Arquivo Nacional mostra que a construção do lago foi prevista na seleção do projeto da nova capital | Foto: Arquivo Público do DF

Retirada às pressas

Vogado não chegou a morar na Vila Amaury – assim chamada porque, à época, o servidor da Novacap Amaury Almeida era o responsável pelos moradores. Logo em seguida ao seu nascimento, abriram as comportas e o lago começou a encher. “As famílias precisaram ser retiradas dali depressa e acabou que muitos pertences foram sendo deixados para trás”, conta ele.

Mas, por que a pressa, se o lago levou oito meses para encher? “A barragem foi fechada em 12 de setembro de 1959. Quando começou a encher, o governo pediu que os habitantes da vila se retirassem. Alguns ficaram por não terem para onde ir. Outros por acreditarem que o governo daria um jeito de eles ficarem por ali. Então, saíram no limite e foram deixando as coisas para trás”, conta a gerente de Capacitação do Arquivo Público, Maria Alice Telles de Vasconcelos.

A servidora foi responsável por pesquisa sobre o Lago Paranoá para uma das cinco exposições criadas pelo órgão para celebrar os 61 anos de Brasília, disponível no site do órgão.

“Ele está em uma área de proteção ambiental, por ser considerado de alto valor ecológico e paisagístico. Além disso, muitos esportistas se destacaram usando o lago para treinar. E temos a quarta maior frota náutica do país”Denise Coelho, historiadora e professora da Secretaria de Educação

“Temos imagens cedidas por uma empresa de mergulho que mostram pedaços de muro, restos do que um dia teria sido uma fogueira, óculos, muitos objetos pessoais que ajudam a contar a história daquele lugar”, destaca.

Telegrama

E não foram somente os moradores que ficaram incrédulos quanto à formação do grande lago artificial. “O jornalista Gustavo Corção, correspondente do jornal O Globo, disse, à época, que o terreno era cheio de pedregulho e arenoso. Por isso, não acreditava que se formaria o lago ali. Quando Juscelino inaugurou a barragem, mandou um telegrama para o jornalista, com a frase: ‘Encheu, viu!?’”, conta Maria Alice. Segundo a servidora, o Arquivo Público do DF está em busca desse telegrama para compor o acervo do órgão.

Origem antiga

O Lago Paranoá, porém, não foi uma invenção de Juscelino Kubitschek. Foi o botânico francês Auguste François Marie Glaziou o primeiro a perceber o potencial hídrico que alimentava o rio Paranoá. Ele foi um dos integrantes da Missão Cruls, que visitou a região entre 1892 e 1894.

Conforme lembra Denise Coelho, historiadora e professora da Secretaria de Educação, quando foi lançado o concurso para a escolha do projeto de construção de Brasília, os concorrentes já sabiam que deveriam contemplar um lago.

“Glaziou já vislumbrou o lago como espaço de lazer e embelezamento. Tanto que, quando lançaram o concurso, o projeto vencedor deveria ter um lago com acesso liberado e suas margens deveriam ser preservadas”, complementa Denise.

Meio ambiente e esporte

Hoje, o Lago Paranoá cumpre seu papel. “Ele está em uma área de proteção ambiental, por ser considerado de alto valor ecológico e paisagístico. Tem várias espécies de faunas silvestres, peixes. Tem três ilhas registradas. Além disso, muitos esportistas se destacaram usando o lago para treinar. E temos a quarta maior frota náutica do país”, elenca a historiadora.

O Lago Paranoá tem cerca de 40km de comprimento, um perímetro de 112km e profundidade de 38 metros. Com o formato de uma tarântula ou de um polvo de cinco braços, cada um deles é um fio d’água, rio, córrego, riacho e ribeirão (Bananal, Torto, Gama, Riacho Fundo/Cabeça de Veado e Paranoá). Ainda tem três ilhas registradas: do Paranoá, dos Clubes e do Retiro.

Fonte: Governo DF

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Webinário Junho Verde debate instrução normativa ambiental

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No âmbito das comemorações relacionadas ao mês do meio ambiente, o Instituto Brasília Ambiental, juntamente com a Secretaria do Meio Ambiente (Sema), transmitiu, nesta segunda-feira (21), pelo canal do YouTube da autarquia, o terceiro dia do webinário Junho Verde, com foco na Instrução Normativa (IN) nº 33, que estabelece procedimentos de recuperação ambiental no Distrito Federal.

No início da live, o titular da Superintendência de Licenciamento Ambiental (Sulam) do instituto, Alisson Neves, falou sobre a importância dos mecanismos de recuperação saudável do meio ambiente. Destacou três pontos fundamentais para o processo: a recuperação ambiental não é atividade potencialmente poluidora; o dano ambiental não deve ser terceirizado ao órgão ambiental e os processos de recuperação devem ser apresentados pelos interessados.

Em seguida, a jornalista Bárbara Xavier, da Assessoria de Comunicação do Brasília Ambiental, abriu os trabalhos, apresentando as participantes do órgão – a diretora de Licenciamento Ambiental, Juliana de Castro, e a engenheira Heloísa Carvalho. As palestrantes falaram sobre o ato administrativo, recordando seu histórico e destacando atualizações e inovações do processo.

Em relação à inovação trazida pela IN 33/2020, Juliana de Castro citou a emissão de autorização por adesão e compromisso: “Consiste num documento em que o interessado se compromete a cumprir todas as exigências preestabelecidas pelo órgão ambiental. Ainda está em fase de teste, mas nós estamos confiantes no sucesso desta medida, de maneira a aproximar o interessado do órgão ambiental”.

“A publicação dessa Instrução Normativa foi só o início de um grande trabalho que ainda perdura. À medida que vamos executando, nós vamos amadurecendo as ideias”Heloísa Carvalho, analista do Brasília Ambiental

A respeito da organização e efetividade dos processos de recuperação ambiental, Heloísa Carvalho falou sobre os objetivos, tanto para recomposição de vegetação nativa quanto para reabilitação ecológica. Também abordou os atos motivadores, relatórios de monitoramento, indicadores e quitação da obrigação, entre outros itens. “A publicação dessa Instrução Normativa foi só o início de um grande trabalho que ainda perdura. À medida que vamos executando, nós vamos amadurecendo as ideias”, explicou a engenheira.

O encerramento do webinário Junho Verde, iniciado no dia 7, será na próxima segunda-feira (28), com o tema “A tecnologia a serviço do meio ambiente do DF”, também com transmissão ao vivo pelo YouTube do Brasília Ambiental, a partir das 10h. Confira aqui a programação completa do evento.

*Com informações do Brasília Ambiental

Fonte: Governo DF

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