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Diálogo no Escuro convida público a vivenciar o mundo sem enxergar

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Imagine uma cidade em total escuridão onde nada pudesse ser visto e nenhuma luz entrasse. Por 45 minutos, você passaria por bares, pontes, parques e cruzamentos de carros, mas eles só seriam percebidos por meio de sons, cheiros ou toques. Assim é a sensação proposta pela nova exposição em cartaz no Unibes Cultural, que fica ao lado do Metrô Sumaré, em São  Paulo, chamada de Diálogo no Escuro.

A mostra, criada na Alemanha, já esteve em cartaz por mais de 40 países, entre eles, o Brasil. Ela já passou por São Paulo e volta para mais uma temporada. “Essa é uma exposição que foi montada na Alemanha em 1989”, disse Andrea Calina, curadora da promoção no Brasil. “Ela já passou por 170 cidades e 47 países e está fixa hoje em 29 localidades. Ela já foi vista por dez milhões de pessoas”, afirmou ela, em entrevista à Agência Brasil.

São quatro ambientes que reproduzem uma cidade atual. E a ideia é que qualquer pessoa possa vivenciar o mundo de uma forma diferente: sem o sentido da visão, mas praticando a empatia. “Muitas das mensagens da mostra – além da inclusão e da diversidade e de se discutir os preconceitos entre nós e eles, com quem eu me pareço ou quem é igual a mim – trazem também  reflexões sobre o pós pandemia, como é a escuta ativa, a comunicação humana, a solidariedade, a cooperação, a compaixão”, explicou Andrea.

Ao entrar na sala expositiva, a pessoa recebe uma bengala em que uma de mãos ficará sempre apoiada. Com a ajuda de um guia, o visitante irá explorar os ambientes com a outra mão e se reconhecer como parte de um novo mundo.

Cego aos 13 anos

Ao final, o divertido guia da exposição, Sonny Pólito, termina a experiência promovendo um bate-papo com o visitante. É então que ele finalmente conta sua história: ele ficou cego aos 13 anos de idade.

“Comecei a perder minha visão com dez anos de idade. Com 12 ou 13 anos deixei de enxergar os livros e as revistas. Mas consegui terminar os meus estudos. Hoje, sou formado, terminei a faculdade e passei por várias empresas”, revelou ele.

Pólito é um dos fundadores da startup [empresa emergente] Inclue. E, na exposição, ele é o guia que conduz uma pessoa com visão a se locomover por uma cidade onde nada é visto. “Fui treinado para poder fazer com que a experiência seja a melhor possível. E, se possível, inesquecível”, contou.

“As pessoas entram aqui com muito medo porque é escuro. É uma barreira. Mas, no fim, nosso objetivo é fazer com que elas possam andar e entender como é viver sem o sentido da visão. É se aproximar um pouquinho da escuridão e entender como essas pessoas vivem sem enxergar. Elas vão passar por vários ambientes que são do cotidiano, do dia a dia. E elas vão entender como é tocar, ouvir e usar os outros sentidos. É uma troca: lá fora as pessoas me guiam. Aqui dentro, eu posso guiar as pessoas para que elas possam passar por essa experiência”, acrescentou o guia.

A reportagem da Agência Brasil participou dessa experiência junto com um grupo de estudantes e pôde sentir, por exemplo, a dificuldade que é deslocar o seu pé de uma calçada mais alta para a rua. E, depois, ter que atravessar essa rua rapidamente, antes que o semáforo [sinal luminoso] volte a fechar para o pedestre. Lembrando que, na exposição, o semáforo é adaptado, emitindo som para auxiliar o pedestre sobre o momento em que ele pode atravessar a rua. Mas, no dia a dia, poucos desses semáforos realmente existem ou funcionam.

Experiência

O estudante e funcionário de uma rede de varejo Fernando Freire de Oliveira, 18 anos, participou desse grupo onde esteve a reportagem. “É uma experiência bem diferente. É difícil eu me orientar sem ter a minha visão, que é algo que eu mais presto atenção na minha vida”, contou ele.

“A parte mais difícil foi quando chegamos ao bar e era muito aberto e todo mundo acabou se perdendo. O Sonny teve que buscar a gente em cada canto da sala”, disse ele, sobre a experiência na sala expositiva.

“Não tive medo, mas uma sensação de desorientação, de não saber onde estava, de me sentir perdido. E de ter que precisar da ajuda de outras pessoas para conseguir me mexer. A gente vê aqui a necessidade de olhar mais para essas pessoas que têm deficiência”, explicou Fernando.

O jovem aprendiz Lucas de Lima Oliveira, 19 anos, é deficiente visual total. “Perdi a visão aos seis anos de idade em decorrência de uma trombose e pressão intracraniana. E, de uns três ou quatro anos para cá, estou me adaptando muito bem, totalmente. Depois que eu perdi a visão, automaticamente tive a sensação de que precisaria me adaptar ao novo mundo. E agora estou fazendo tudo diferente”, revelou.

A curadora da Unibes Cultural, Andrea Calina, e o guia do educativo, Sonny Pólito, na exposição Diálogo no Escuro, na Unibes Cultural. A curadora da Unibes Cultural, Andrea Calina, e o guia do educativo, Sonny Pólito, na exposição Diálogo no Escuro, na Unibes Cultural.

A curadora da Unibes Cultural, Andrea Calina, e o guia do educativo, Sonny Pólito, na exposição Diálogo no Escuro, na Unibes Cultural. – Rovena Rosa/Agência Brasil

Ao lado dos amigos, Lucas também passou pela experiência da exposição. E não teve dificuldades para enfrentar os desafios que eram apresentados pela sala. “Consegui me orientar bem. Foi uma das melhores salas [em que estive]. Me adaptei muito rápido. Aqui, eu consegui me locomover bem, mas acho que, por já ter passado por muitos lugares, sempre tenho uma dimensão de onde estou entrando por conta do barulho, se é um lugar muito grande”, disse.

Ele comparou a experiência na sala expositiva com estar em uma cidade real. “Já começa pelas calçadas: aqui não tem buracos nas calçadas. A gente anda e não tem essas coisas. Quando simularam a gente atravessar a rua, aqui [na exposição] não tinha buraco. Não corremos risco de tropeçar”, opinou.

Destacando que muitas cidades não estão preparadas para incluir as pessoas com deficiência, Lucas citou algumas dificuldades que enfrenta na vida cotidiana. “As ruas não estão adaptadas para a gente. Há buracos. O piso tátil as vezes não está presente em todo lugar”, observou.

Para a curadora da mostra, a exposição ajuda a provocar transformações. “Essa exposição é muito importante porque causa uma mudança na sociedade: uma mudança para quem trabalha porque se quebra preconceitos e barreiras e aumenta a empregabilidade; e uma mudança para quem vem, porque a pessoa se coloca no lugar do outro, exercitando a empatia. É uma mudança para a sociedade, tornando-a mais inclusiva”, finalizou Andrea.

A exposição é gratuita às quintas-feiras. Mais informações podem ser obtidas no site.

Edição: Kleber Sampaio

Fonte: EBC Geral

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Lula segue para o Rio Grande do Sul, acompanhado de ministros e líderes dos poderes Legislativo e Judiciário

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Estado registra 329 municípios atingidos e 686.482 pessoas afetadas. A frente fria tem previsão de altos volumes de chuva para o norte do Rio Grande do Sul, todo o estado de Santa Catarina e sul do Paraná

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, seguiu para o Rio Grande do Sul na manhã deste domingo, 5 de maio, acompanhado por uma comitiva de ministros e líderes dos poderes Legislativo e Judiciário. O grupo se une aos ministros Paulo Pimenta (Secretaria de Comunicação Social) e Waldez Góes (Integração e Desenvolvimento Regional), que já estão no estado e acompanham de perto as ações de socorro e assistência do Governo Federal à população gaúcha.

Embarcaram com o presidente a primeira-dama, Janja Lula, e os ministros Rui Costa (Casa Civil), José Mucio (Defesa), Fernando Haddad (Fazenda), Renan Filho (Transportes), Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos), Camilo Santana (Educação), Nísia Trindade (Saúde), Luiz Marinho (Trabalho e Emprego), Wellington Dias (Desenvolvimento Social e Combate à Fome), Marina Silva (Meio Ambiente e Mudança do Clima), Jader Filho (Cidades), Márcio Macêdo (Secretaria-Geral) e Alexandre Padilha (Secretaria de Relações Institucionais). Também seguem para o Rio Grande do Sul os presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco, e da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, os ministros Edson Fachin (STF) e Bruno Dantas (presidente do Tribunal de Contas da União), além do comandante do Exército Brasileiro, general Tomás Paiva.

Neste domingo, durante o Regina Caeli (uma das peças da liturgia católica, denominadas “antífonas marianas”), o Papa Francisco manifestou solidariedade e dirigiu suas orações aos povos dos estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, afetados pelas fortes chuvas e enchentes.

Atualizações nas ações de socorro e assistência ao Rio Grande do Sul

Ministério da Defesa
Resgate de pessoas isoladas em Lajeado, Encantado, Taquari, Estrela, Nova Santa Rita, Montenegro, Sinimbu, Canoas, Bento Gonçalves, Campo Bom e São Sebastião do Caí. Em São Gabriel, Bagé, Alegrete e Cristal, também foram realizadas operações de apoio à reestruturação de imóveis destruídos e realocação de pessoas desabrigadas. Em Candelária e São Valentim do Sul, o contingente ainda realizou a desobstrução de vias. Em Restinga Seca, atuaram para o lançamento de uma ponte e restituição dos acessos. Em Porto Alegre e Cachoeira do Sul, atuaram no apoio à organização e distribuição de doações e aos abrigos de desabrigados. Foram realizados 9.749 resgates nos últimos dias, sendo 402 aéreos, 2.340 fluviais e 7.007 terrestres – 69 pessoas demandaram um trabalho de evacuação aeromédica. São 647 militares das Forças Armadas envolvidos nas operações, sendo 426 do Exército, 155 da Marinha e 66 da Força Aérea.

Força Aérea Brasileira (FAB)
Nesta madrugada, a aeronave KC-390 Millennium transportou mais de 18 toneladas de materiais do Grupamento de Apoio Logístico de Campanha (GALC). Decolou da Base Aérea do Galeão, no Rio de Janeiro (RJ) com destino à Base Aérea de Canoas, transportando geradores, banheiros químicos, barracas operacionais, colchões, materiais de apoio elétrico e hidráulico que vão prover suporte de alimentação, alojamento, higienização (banho e sanitários) e manutenção da assistência à população gaúcha. Além de toda a carga, a aeronave ainda transportou 14 militares do GALC, que farão a montagem de toda a estrutura em Canoas. A atuação desse efetivo tem a finalidade de apoiar logisticamente as operações na calamidade pública.

Polícia Rodoviária Federal (PRF)
No balanço da manhã, a PRF apontou a previsão de reforço de 75 agentes no efetivo envolvido nas operações. Até o momento, estão destacados 99. A força relatou extrema dificuldade de movimentação do efetivo em razão dos pontos bloqueados. Estão empregadas na operação 20 viaturas e três aeronaves. Cento e cinquenta resgates terrestres já foram realizados e 54 pessoas (e três animais) demandaram resgate aéreo.

BALANÇO — De acordo com a última atualização do governo estadual, são 329 municípios atingidos e já são 686.482 pessoas afetadas. O estado contabiliza 79.253 desalojadas e outras 14.447 pessoas em abrigos, com 72 mortes, 150 feridos e 103 desaparecidas.

PREVISÃO DO TEMPO — De acordo com os órgãos de monitoramento e previsão hidrometeorológica — Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), Serviço Geológico do Brasil (SGB) e Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) — a frente fria tem previsão de altos volumes de chuva para o norte do Rio Grande do Sul, todo o estado de Santa Catarina e sul do Paraná.

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