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Data celebra o profissional que promove a saúde mental. Na Alego, 12 psicólogos integram o serviço de saúde da Casa

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A psicologia remonta suas origens na filosofia grega dos renomados filósofos Platão e Aristóteles, por meio do pensamento dialético que se estrutura pela linguagem sendo capaz de promover a cura através da palavra. É, também, por meio da palavra, mas, nessa ocasião em sua forma escrita, que neste dia 27 de agosto é celebrado o Dia do Psicólogo. A data foi sancionada pela Lei 4.119 de 1962, que regulamenta a profissão da Psicologia, capaz de se firmar, a partir de então, como independente de outras áreas do saber. 

Nos primórdios da psicologia, a visão acerca da profissão ainda era imbuída de muitos dogmas e preconceitos, especialmente no que tange a existência da loucura. Muitos foram os desafios impostos e as conquistas culminaram na Constituição de 1988, com o artigo 196 preconizando que a saúde é “um direito de todos e dever do Estado”. A partir disso, em 1990, é inaugurado o Sistema Único de Saúde (SUS), que exige novas teorias e práticas em saúde. 

Uma década depois, o país assistia a Reforma Psiquiátrica, que aconteceu sob a regência da Lei 10.216 de 2001, promovendo o fechamento gradual de manicômios em todo o território. A Lei Antimanicomial, como ficou conhecida, liberta os pacientes encarcerados em hospitais psiquiátricos e convoca a família, a sociedade e os Centros de Atenção Psicossocial (Caps) para cuidar dessas pessoas com transtorno mental severo e persistente e suas famílias, trazendo uma mudança de paradigma. 

Em substituição aos hospitais psiquiátricos, o Ministério da Saúde determina que o acolhimento dos pacientes com transtornos mentais, em tratamento não hospitalar, seja realizado pelos Caps trazendo uma visão mais humanizada. A função é prestar assistência psicológica e médica, com uma visão mais abrangente, através de equipes multiprofissionais, visando a reintegração do doente à sociedade. 

Graças ao surgimento da psicologia enquanto profissão, as práticas relacionadas à saúde mental puderam ser reavaliadas no Brasil, abandonando antigos métodos, muitos dos quais sem nenhum embasamento científico, dando origem a uma maior sistematização de ações alicerçadas nos pilares da promoção, prevenção e recuperação da saúde, conforme estabelecida pela Organização Mundial de Saúde (OMS). 

Apesar de soar como sendo um tanto utópico, esse novo conceito preconizado pela OMS, representa um grande avanço, pois amplia o modelo biomédico. A partir de então, passa a considerar não só as questões físicas e orgânicas, mas também começa a abarcar as questões de ordem social, econômica, cultural, emocional — o que implica novos desafios para esse campo. Nesse sentido, a psicologia dá início ao trabalho interdisciplinar, na tentativa de atender a complexidade das exigências impostas pela nova realidade.    

Atualmente, os profissionais da área estão inseridos nos mais diversos espaços institucionais e comunitários, no âmbito da saúde, educação, trabalho, lazer, meio ambiente, comunicação social, justiça, segurança e assistência social.  

Psicologia mostra sua evolução 

Ao falar sobre os progressos relacionados à área, a psicóloga Adriana de Carvalho Froes entende que a principal mudança que ocorreu desde a regulamentação do curso de psicologia foi o reconhecimento da profissão como sendo importante para a construção da saúde mental. “Inicialmente as pessoas relacionavam a procura deste profissional com a loucura, demonstrando um preconceito velado, mas a psicologia atua exatamente no sentido contrário, pois ela promove a saúde mental e fortalece o indivíduo.” 

Compondo os quadros do serviço de saúde da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego) há mais de 13 anos, Adriana Froes ressalta que, apesar de todos os avanços das últimas décadas, a psicologia, ainda, tem um espaço muito grande para ser conquistado, especialmente na saúde pública. “Nesse contexto, é possível ter uma atuação muito mais ampla para a promoção de uma boa saúde mental para toda a comunidade.”

A profissional afirma que é importante lembrar que o objeto de estudo da psicologia é o homem, então, o psicólogo tem lugar em qualquer espaço. 

Adriana argumenta que a popularização da psicologia abre caminhos para discussões de temáticas mais difíceis e nem por isso menos importantes e, em contrapartida, também traz conceitos sobre a felicidade. “Outro fator a ser levado em conta é a parceria estabelecida com as demais áreas da saúde, onde, por exemplo, algumas especialidades médicas estão sendo muito requisitadas graças a uma nova ordem imposta pelo uso considerado exagerado das recentes tecnologias”, explica a comportamentalista.

Na obra Evolução, Cultura e Comportamento Humano, os autores tomam como ponto de partida a abordagem da psicologia evolucionista mostrando que é possível perceber o quão intrincada e complexa é a relação entre ambiente sociocultural e aspectos biológicos, pontos que são bastante considerados quando se trata dos avanços do mundo digital. Considerando o funcionamento mental, a consequência da adaptação é uma modificação relativamente duradoura na arquitetura da mente, imprimindo certos registros neurais que possibilitam alterações biológicas e comportamentais. Esse processo é complexo, porque leva em conta uma interlocução permanente com os contextos geográficos, sociais e históricos nos quais os indivíduos estão inseridos. 

Crise de valores?

“Como humanidade temos uma crise de valores incrível e muito reforçada pela possibilidade das coisas serem digitais, criando uma ilusão de ser tudo muito fácil. A sociedade está abrindo mão de muitos valores e tudo isso tem um preço. O mundo digital está vendendo muitas facilidades e se sobrepondo sobre muitas coisas por ser lucrativo, mas ele não é composto dos princípios necessários para sustentar a boa saúde mental”, explica a psicóloga da Alego que atende crianças a partir dos 13 anos. 

De acordo com Adriana Froes, a internet vende um mundo perfeito que se assemelha à ficção, mas que não existe de fato, mas tem o poder de criar uma grande ilusão estabelecendo praticamente uma realidade paralela. “Infelizmente, o vício digital está deixando os consultórios lotados. O excesso de ferramentas digitais tem causado graves consequências, especialmente para crianças e adolescentes que ainda estão em processo de desenvolvimento e formação”, destaca a especialista.  

Por meio da observação dos casos clínicos é possível perceber que as crianças não estão vivendo a sua infância, pontua a psicóloga. Ela diz que os pequenos incorporam hábitos de pessoas adultas muito cedo. “Isso tem efeito muito significativo na antecipação dos sinais da puberdade pela estimulação de hormônios, aumento da obesidade, baixa taxa de vitamina D”, afirma, pontuando que são questões que estão lotando os consultórios de psiquiatras, ginecologistas e endocrinologistas. 

“A primeira recomendação dos endocrinologistas quando percebem a puberdade precoce é que a criança seja menos exposta ao celular, tablet, videogame e computador. A segunda é que a família procure um psicólogo. Quando recebo esses casos, normalmente recorrentes já a partir dos 11 anos, a primeira medida é trazer o uso dos equipamentos digitais para um nível minimamente razoável”, descreve Adriana Froes.  

Ela lembra que quanto aos efeitos do mundo digital que vêm sendo explorado pelas crianças e adolescentes, outro fator que preocupa é que os pequenos estão sendo treinados a ler somente textos curtos, postados nas redes sociais, o que tem reflexo para além da barreira da aprendizagem. “A dificuldade de atenção, concentração, assimilação e memória vem sendo percebidas nas escolas públicas e privadas. É preciso que os pais estejam atentos e orientem seus filhos a fazer escolhas mais conscientes”, recomenda a profissional.

A psicóloga observa que o uso das tecnologias veio para ficar. “O que precisa ser feito, então, é ensinar os menores a fazer escolhas mais conscientes. É extremamente importante que os pais acompanhem o conteúdo acessado pelos filhos na internet e nas redes sociais. Essa é a melhor maneira de garantir para as crianças e adolescentes um acesso seguro e com o mínimo de impactos negativos para a infância”, avalia. 

Dentro do Parlamento goiano, uma equipe de 12 psicólogos integra o serviço de saúde da Casa, que está preparada para oferecer as mais diferentes abordagens no atendimento aos servidores e dependentes da Alego, com condições de contemplar praticamente pessoas de qualquer idade. “Temos uma demanda muito alta, mas com ótimos resultados”, assegura Adriana Froes. 

Fonte: Assembleia Legislativa de GO

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“Temos que governar com o espírito de JK”, defende Caiado em encontro nacional de lideranças

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Na 2ª edição do Seminário Brasil Hoje, em São Paulo, o governador falou sobre clima de acirramento da política nacional e soluções reais para problemas da população

No debate sobre desafios e oportunidades para os estados, em São Paulo, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, citou o ex-presidente Juscelino Kubitschek (JK), que comandou o país entre 1956 e 1961 em clima de coalizão. “Foi esse homem que deu conta de fazer todo o desenvolvimento, destacar o Centro-Oeste e o Norte do país”, disse Caiado. A fala foi durante a segunda edição do Seminário Brasil Hoje, realizado nesta segunda-feira (22/04).

O evento reuniu lideranças políticas e do setor privado para debater o cenário econômico atual. “Ninguém governa brigando, nesse clima de acirramento político. O presidente hoje tem que governar com o espírito que JK teve, de poder, se preocupar com matérias relevantes”, disse Caiado. Ao lado do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, o goiano encerrou o evento, com a mediação do jornalista Willian Waack.

Em seminário nacional, Caiado fala que presidente da República deve seguir exemplo de JK

Em seminário nacional, Caiado fala que presidente da República deve seguir exemplo de JK

Caiado relembrou que, à época de JK, o país também vivia grande clima de polarização política, com diversas forças tentando derrubar o presidente. Ao ser resolvida a crise, JK pediu calma e que o deixassem trabalhar pelo país, sem também promover clima de revanchismo contra adversários.

“Essa polarização é deletéria, todo mundo pode contribuir para seu fim”, disse Tarcísio ao concordar com Caiado. Para ele, o Judiciário, Legislativo, a mídia e mais setores da sociedade também devem atuar para descomprimir o debate. “Estamos cada dia mais próximos do limite, a população não aguenta”, alertou Tarcísio. O encontro foi promovido pela organização Esfera Brasil, que se intitula “apartidária e independente”, com transmissão ao vivo via internet.

Sobre desafios da segurança pública nos estados, Caiado ressaltou que “bandido tem que cumprir pena, e não ficar fazendo falsa política social”. Ele destacou ainda a necessidade do combate às facções criminosas que dominam diversos pontos, nas grandes metrópoles. “Ter territórios onde não se pode entrar significa que não temos um estado democrático de direito”, afirmou.

Como resultado das ações do Governo de Goiás, ele citou que o estado hoje não tem nenhum território dominado por facções e é exemplo nacional em segurança pública.

Seminário
Também integraram a programação do seminário o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, além de outras autoridades. Nos demais painéis, foram abordados temas como as perspectivas para as eleições municipais, comunicação, meio ambiente e integração e inovação de cadeias produtivas.

Fotos:_Julia Fagundes Esfera / Secretaria de Comunicação – Governo de Goiás

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