Nacional
Cresce índice de pessoas que gostariam de se mudar da capital paulista
Cresceu o percentual de pessoas que deixariam de viver na cidade de São Paulo se pudessem. Segundo a pesquisa Viver em São Paulo: Qualidade de Vida, divulgada hoje (24) pela Rede Nossa São Paulo, 61% dos moradores se mudariam da capital paulista se pudessem. Em 2021, o índice era 57% e, em 2020, 60%.
Para elaboração do estudo, foram ouvidas 800 pessoas com mais de 16 anos de idade, ao longo de dezembro de 2022.
O percentual é maior entre a população com idade entre 35 e 44 anos (70%) e entre os que residem na zona leste da cidade (69%). As pessoas que vivem na zona leste são também as que pior avaliação da administração municipal, com 49% considerando o trabalho da prefeitura paulistana ruim ou péssimo. Na média geral da cidade, esse número fica em 44%.
Levando em consideração o bairro onde moram, os itens em que a prefeitura teve pior avaliação foram cultura e habitação, com 40% da população afirmando que a administração municipal não fez nenhum investimento nessas áreas. Em relação a esses mesmos itens, 47% da população considera que a administração municipal fez poucos investimentos na região onde vivem.
A área mais bem avaliada foi a infraestrutura, que inclui asfaltamento e iluminação, nesse quesito 26% consideraram que não foi feito nenhum investimento no seu bairro e 63%, poucos investimentos. Em nenhum item a opinião de que foram feitos muitos investimentos chegou a 10%. No transporte público, 9% acreditam que foram alocados muitos recursos na área, sendo o maior resultado.
Sobre a avaliação da prefeitura, 44% disseram que a gestão tem sido ruim ou péssima, o mesmo percentual acha que o trabalho da administração municipal é regular, e 9% disseram considerar os resultados bons ou ótimos. Em 2021, consideravam a gestão municipal ótima ou boa 13% e regular, 39%. O percentual de ruim ou péssimo era de 45% na pesquisa anterior.
Na zona leste, o percentual dos que acham que o trabalho da prefeitura é ruim ou péssimo chega a 49%. Na zona norte, o índice fica em 32% e no centro, em 35%. Por área de investimento, o melhor resultado para a prefeitura é sobre transporte na zona oeste, onde 15% acreditam que têm sido feitos muitos investimentos. O pior é em habitação na zona sul, onde 45% avaliam que não houve nenhum investimento, seguido por cultura na zona leste, com 44%.
Sobre a Câmara de Vereadores, 7% dizem que o trabalho da Casa é bom, 31% regular e 54%, ruim ou péssimo.
Sinais preocupantes
Para o coordenador da Rede Nossa São Paulo, Jorge Abrahão, a avaliação da sociedade sobre as instituições chama a atenção e parece diminuir o interesse das pessoas de participar dos processos políticos institucionais. “Com a baixa avaliação da prefeitura e a baixa avaliação da Câmara [Municipal], nós vamos tendo alguns sinais que nos remetem a preocupações aos poderes constituídos, às instituições, à participação da sociedade”, enfatizou durante a apresentação dos dados da pesquisa.
Os resultados na capital paulista podem ser um indício, na avaliação de Abrahão, de que a percepção da população sobre as instâncias de poder seja parecida em outras partes do país. “Se isso está acontecendo aqui na cidade mais rica e complexa do Brasil, que é São Paulo, serve como um alerta para nós de como isso está acontecendo no restante do Brasil”, disse.
O contexto desfavorável dos últimos anos pode ser, segundo ele, um dos fatores que influenciaram nessa avaliação pela sociedade. “Essa pesquisa foi feita em um contexto em que nós viemos de anos difíceis. Nós viemos de uma pandemia [de covid-19]. Nós viemos, economicamente, de um processo bastante complicado com as questões de desemprego, inflação, as questões sociais de aumento da fome”, ponderou.
Prefeitura
Em nota, a prefeitura de São Paulo comentou os resultados da pesquisa. Segundo a administração municipal, devido à pandemia de covid-19 nos últimos dois anos, os investimentos foram concentrados nas áreas de saúde e social. “Não descuidou, no entanto, da zeladoria, educação, transporte público, formação de mão de obra e geração de emprego e renda e está ampliando a quantia a ser aplicada na cidade”, acrescenta o comunicado.
Esse trabalho, na avaliação da prefeitura, é reconhecido pela população – “o próprio levantamento mostra que 53% dos paulistanos não reprovam a atual gestão”, destaca a nota. Além disso, de acordo com a administração municipal, o montante de recursos investidos na cidade devem passar de R$ 9 bilhões no ano passado para R$ 11,1 bilhões em 2023.
Edição: Juliana Andrade
Fonte: EBC Geral
Ação Social
No primeiro ano de governo, 24,4 milhões deixam de passar fome
Cozinhas solidárias, programas de transferência de renda, retomada do crescimento e valorização do salário mínimo compõem a lista de ações que contribuem para a redução da fome no país. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
No Brasil, 24,4 milhões de pessoas deixaram a situação de fome em 2023. O número de pessoas que enfrentam a insegurança alimentar e nutricional grave passou de 33,1 milhões em 2022 (15,5% da população) para 8,7 milhões em 2023 (4,1%). Isso representa queda de 11,4 pontos percentuais numa projeção feita a partir de dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC), divulgada nesta quinta-feira, 25 de abril, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O amplo conjunto de políticas e programas sociais reunidos no Plano Brasil Sem Fome, a retomada do crescimento da economia e a valorização do salário mínimo são alguns fatores que recolocam o país em lugar de destaque da agenda de combate à fome no mundo. Tirar o Brasil novamente do Mapa da Fome é do presidente Lula” Wellington Dias, ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome
Na coletiva de imprensa para divulgação do estudo, o ministro Wellington Dias (Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome), avaliou que o avanço é resultado do esforço federal em retomar e reestruturar políticas de redução da fome e da pobreza. “O amplo conjunto de políticas e programas sociais reunidos no Plano Brasil Sem Fome, a retomada do crescimento da economia e a valorização do salário mínimo são alguns fatores que recolocam o país em lugar de destaque da agenda de combate à fome no mundo. Tirar o Brasil novamente do Mapa da Fome é do presidente Lula”, disse.
Para o ministro, o grande desafio agora é incluir essas 8,7 milhões de pessoas que ainda estão em insegurança alimentar grave em políticas de transferência de renda e de acesso à alimentação. “Vamos fortalecer ainda mais a Busca Ativa”, completou Dias, em referência ao trabalho para identificar e incluir em programas sociais as pessoas que mais precisam.
PESQUISA — As informações divulgadas nesta quinta são referentes ao quarto trimestre do ano passado. Foram obtidas por meio do questionário da Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA). O ministro lembrou que o governo passado não deu condições ao IBGE para realizar a pesquisa. Por isso, a Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Penssan) aplicou o EBIA com metodologia similar à do IBGE em 2022, quando o Brasil enfrentava a pandemia de Covid-19 e um cenário de desmonte de políticas, agravado por inflação de alimentos, desemprego, endividamento e ausência de estratégias de proteção social. Esse estudo chegou ao número de 33,1 milhões de pessoas em segurança alimentar grave na época.
A secretária extraordinária de Combate à Pobreza e à Fome do MDS, Valéria Burity, lembra que mesmo em comparação aos resultados de 2018, último ano em que o IBGE fez o levantamento formal, os números apresentados nesta quinta são positivos. À época havia 4,6% de domicílios em insegurança alimentar grave. Agora são 4,1%, o segundo melhor resultado em toda a série histórica do EBIA.
“Estamos falando de mais de 20 milhões de pessoas que hoje conseguem acesso à alimentação e estão livres da fome. Esses resultados mostram o acerto de uma estratégia de enfrentamento à fome que vem sendo empreendida pelo governo, que é apoiada tanto em programas sociais como na condução de uma política econômica que gera crescimento econômico, reduz desigualdades e gera acesso a emprego e renda”.
Esses resultados mostram o acerto de uma estratégia de enfrentamento à fome que é apoiada tanto em programas sociais como na condução de uma política econômica que gera crescimento econômico, reduz desigualdades e gera acesso a emprego e renda” Valéria Burity, secretária extraordinária de Combate à Pobreza e à Fome do MDS
Valéria também destacou como ponto importante da estratégia de combate à fome a retomada da governança de segurança alimentar pelo Governo Federal, com garantia de participação social. “O presidente Lula e o ministro Wellington foram responsáveis pela retomada do Sistema de Segurança Alimentar e Nutricional, a restituição do Conselho de Segurança Alimentar e da Câmara de Segurança Alimentar, com 24 ministérios que têm a missão de articular políticas dessa área. E, no fim do ano passado, foi realizada a Conferência de Segurança Alimentar e Nutricional”, relatou.
A secretária nacional de Avaliação, Gestão da Informação e Cadastro Único do MDS, Letícia Bartholo, ressaltou o retorno da parceria do governo com o IBGE. “Depois do período da fila do osso, em que o Brasil viveu muita miséria e fome, uma das primeiras ações do MDS nessa nova gestão foi buscar o IBGE para retomar a parceria e medir a insegurança alimentar dos brasileiros”, recordou.
SUBINDO – A proporção de domicílios em segurança alimentar atingiu nível máximo em 2013, (77,4%), tempo em que o país deixou o Mapa da Fome, mas caiu em 2017-2018 (63,3%). Em 2023, subiu para 72,4%. “Após a tendência de aumento da segurança alimentar nos anos de 2004, 2009 e 2013, os dados obtidos em 2017-2018 foram marcados pela redução no predomínio de domicílios particulares que tinham acesso à alimentação adequada. Em 2023 aconteceu o contrário, ou seja, houve aumento da proporção de domicílios em segurança alimentar, assim como redução na proporção de todos os graus de insegurança alimentar”, explicou André Martins, analista da pesquisa.
NOVO BOLSA FAMÍLIA — Entre os fatores que contribuíram para o avanço apontado pela pesquisa do IBGE, está o novo Bolsa Família, lançado em março de 2023, que garante uma renda mínima de R$ 600 por domicílio. O programa incluiu em sua cesta o Benefício Primeira Infância, um adicional de R$ 150 por criança de zero a seis anos na composição familiar. O novo modelo, com foco na primeira infância, reduziu a 91,7% a pobreza nesta faixa etária. A nova versão do programa inclui, ainda, um adicional de R$ 50 para gestantes, mães em fase de amamentação e crianças de sete a 18 anos.
BPC – O ministro Wellington Dias também ressaltou a proteção social gerada pelo Benefício de Prestação Continuada (BPC), que garante um salário mínimo para pessoas aposentadas, pensionistas e com deficiência em situação de vulnerabilidade social. “Vale mencionar que o efeito econômico da Previdência e do BPC foi potencializado pelo esforço administrativo de reduzir as filas de espera para acesso aos benefícios”, disse.
MERENDA – Outra política de combate à pobreza e à fome, o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) garante refeições diárias a 40 milhões de estudantes da rede pública em todo o país e foi reajustado em 2023, após cinco anos sem aumento.
PAA – O Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) é um dos 80 programas e ações que compõem a estratégia do Plano Brasil Sem Fome. Ele assegura produção e renda aos agricultores familiares, com compra direta dos produtos para serem distribuídos na rede socioassistencial, de saúde, educação e outros equipamentos públicos. Com a participação de 24 ministérios, o Plano cria instrumentos para promover a alimentação saudável contra diversas formas de má nutrição.
ECONOMIA – No cenário macroeconômico, houve um crescimento do PIB de 2,9% e o IPCA calculado para o grupo de alimentos caiu de 11,6% em 2022 para 1,03% em 2023. É a menor taxa desde 2017. O mercado de trabalho ganhou força e a taxa de desemprego caiu de 9,6%, em 2022, para 7,8% no ano seguinte. A massa mensal de rendimento recebido de todos os trabalhadores alcançou R$ 295,6 bilhões, maior valor da série histórica da PNAD-C.
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