Saúde

Consultas regulares ao médico podem afastar risco de glaucoma

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O presidente da Sociedade Brasileira de Glaucoma (SBG), Augusto Paranhos Jr., disse hoje (26), Dia Nacional de Combate ao Glaucoma, que é preciso estar atento à doença que, no estágio inicial, não apresenta sintomas. “Se o paciente esperar ter sintoma para fazer o diagnóstico, a probabilidade de ele ficar cego é muito grande”. O médico alertou que é preciso visitar o oftalmologista mesmo sem queixa, lembrando que há doenças que são silenciosas, como essa.

Em entrevista à Agência Brasil, Paranhos Jr. explicou que existe um nervo que faz conexão do olho com o cérebro. “Toda imagem que chega ao fundo do olho, que é luz, é processada e se transforma em impulso elétrico que passa pelos neurônios desse nervo e faz conexão com o cérebro. O glaucoma é a morte da célula que faz a conexão do olho com o cérebro”. De acordo com o especialista, essa célula não se regenera e, quando morre, isso ocorre sem causar inflamação, ou seja, não causa dor. Por isso, a pessoa não percebe.

“Como a gente tem muitas células, no começo praticamente um conjunto de células acaba cumprindo o papel de algumas que estão se perdendo. E, para complicar um pouco, se existe um glaucoma mais avançado em um olho em relação ao outro, com os dois olhos abertos o cérebro simplesmente anula a região onde a visão está mais prejudicada”. Isso significa que quando há queixa de baixa visual por causa do glaucoma, o paciente já perdeu muito do nervo.

Sem queixa

O presidente da SBG comparou o glaucoma ao câncer de útero, nas mulheres, e ao câncer de próstata, nos homens. “Se a mulher for esperar ter sintoma de câncer de útero para procurar o médico, ela morre de câncer de útero”. O mesmo acontece com o homem, no câncer de próstata. Com o glaucoma é igual, assegurou o oftalmologista.

Em razão da pandemia de covid-19, uma das especialidades que mais sofreram impacto pelo fato de o paciente deixar de ir às consultas foi a oftalmologia, o que é compreensível. A prevalência aumenta à medida que a pessoa vai envelhecendo, embora haja glaucomas em bebês e em pacientes mais jovens. O paciente idoso foi o que ficou mais confinado em casa e acabou não aparecendo no consultório para ter o diagnóstico. “As doenças crônicas ficaram dessassistidas, desde o câncer até as oftalmológicas”.

O médico ressaltou que para diagnosticar o glaucoma, é preciso fazer um exame completo, que significa mais do que um exame de óculos. É preciso dilatar a pupila, fazer exame de fundo de olho, do campo visual.

Fatores de risco

Paranhos Jr. reafirmou que todas as pessoas devem procurar o oftalmologista. Ele destacou, entre os fatores de risco para o glaucoma, a raça negra. “Os pacientes afrodescendentes têm muito mais chance de ter glaucoma do que os brancos. Ninguém sabe por quê, é uma tendência da raça. Como a hipertensão arterial é mais grave no paciente negro, o glaucoma também. É uma suscetibilidade da raça”. O mesmo ocorre no paciente oriental, que tem mais glaucoma de pressão normal. O glaucoma é pressão alta no olho. Nas pessoas orientais, prevalece o glaucoma de pressão normal e o glaucoma de ângulo fechado crônico, enquanto na raça negra domina o glaucoma primário de ângulo aberto.

Segundo o especialista, existem mais de 30 tipos de glaucoma, cada um com seu fator de risco. Para o glaucoma primário de ângulo aberto, o principal fator é a pressão alta no olho, e a única forma de tratar é baixando essa pressão. A história familiar é outro fator de risco importante.

Quem tem pai ou irmão cego por glaucoma deve procurar o médico, passar por exame completo e ser acompanhado. Quem tem antecedente familiar, precisa ir regularmente ao oftalmologista para verificar. Outro fator de risco é miopia, para glaucoma de ângulo aberto, e hipermetropia, para glaucoma de ângulo fechado.

Paranhos Jr. deixou claro que uma vez feito o diagnóstico, o tratamento “não melhora em nada a visão do paciente, porque ele serve para deixar de piorar. Não tratar significa perder tudo, ficar cego. Isso significa muita coisa”. O paciente não deve parar a medicação. Para definir se o tratamento está adequado, ele tem que fazer avaliação de como está funcionando o olho, ou seja, o campo visual, e medir algumas estruturas que estão alteradas no glaucoma, que é a fotografia do nervo óptico e a tomografia de olho. Acrescentou que o paciente com glaucoma tem que ser muito bem acompanhado pelo oftalmologista para saber qual a melhor abordagem de tratamento, a fim de que não avance rápido e ele acabe perdendo a visão.

Tratamentos

Em geral, o tratamento começa com laser ou colírio “O laser é ótimo, mas só serve para o glaucoma de ângulo aberto e não funciona para todo mundo – apenas para 60% a 70% dos pacientes e, praticamente, não tem risco nenhum”. Em relação ao colírio, o médico afirmou que ele consegue controlar a doença. Quando nem o laser inicial e o colírio são suficientes para alguns pacientes, esses têm que fazer algum procedimento cirúrgico e conseguem parar o processo. Adiar a cirurgia terá ônus grande, porque a doença vai avançar e a pessoa não volta ao estágio inicial.

Paranhos Jr. informou que, no ano passado, devido à pandemia, tanto os exames quanto as cirurgias despencaram. “O que se vê agora é que, a cada dia, chegam pacientes descompensados nos consultórios, por efeito do descontrole da pandemia. É preciso esclarecer a população que é errada a ideia de só procurar o médico quando tiver queixa e estar atenta aos fatores de risco. Quem fica cego pelo glaucoma é aquele que faz o diagnóstico tardio, aquele que já chegou com baixa visão e que os exames mostram que está com a doença em estágio avançado. A impressão que a gente tem é de oportunidades perdidas”, indicou o especialista.

O médico afirmou que a incidência de glaucoma no mundo em pessoas acima dos 50 anos de idade é de 2%, chegando a 3,5% na raça negra. A prevalência é entre 2% e 4%. A estimativa da Organização Mundial da Saúde (OMS) é que 65 milhões de pessoas tenham glaucoma no mundo.

Edição: Graça Adjuto

Fonte: EBC Saúde

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Saúde estadual alerta: vacinas evitam internações e mortes

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Secretaria de Saúde relata aumento de internações e mortes por dengue e influenza, principalmente entre idosos e crianças

Doenças como dengue e influenza em Goiás têm provocado aumento de diagnósticos e internações, com mais mortes. Desde o início do ano, já foram registrados mais de 150 óbitos por dengue. Já a Síndrome Respiratória Aguda Grave (Srag) resultou em 179 óbitos, principalmente entre crianças menores de 2 anos (16 mortes), e idosos com 60 anos. Dentre as principais causas, pode estar a baixa cobertura vacinal para dengue e Influenza.

A grande preocupação da Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO), no momento, é com a alteração da sazonalidade da dengue e doenças respiratórias, como a influenza, com as mudanças climáticas, que já começam neste mês. Segundo a superintendente de Vigilância em Saúde, Flúvia Amorim, o histórico de Srag mostra aumento de casos neste período, quando começam as inversões térmicas. “É nesta época que começam a circular os vírus respiratórios, de forma mais intensa”, explica.

Flúvia Amorim chama a atenção, principalmente, para os extremos das faixas etárias, que são crianças e idosos, as principais vítimas de doenças respiratórias. “Para essas pessoas, o quadro pode ser muito grave. Por isso, não deixem de se vacinar”, orienta. “Se você faz parte de algum dos grupos prioritários, procure rapidamente o posto de vacinação”, continua Flúvia, para lembrar que, embora haja vacina disponível contra a influenza em todos os postos de vacinação dos 246 municípios, apenas 20,82% do público-alvo (grupos prioritários) buscaram o imunizante. Já em relação a Covid-19, a cobertura vacinal está em 20,82%. “A vacina demora dez dias para fazer efeito. Então, quanto mais rápido se vacinar, mais rápido a pessoa estará protegida”, avisa.

A Superintendente de Regulação, Controle e Avaliação da SES, Amanda Limongi, também reforça a importância da vacinação. “É o meio mais eficaz de prevenir internações, tanto de dengue quanto de Síndromes Respiratórias Agudas Graves”, afirma, ao confirmar que o “encontro” de casos de dengue e doenças respiratórias tem demandado mais internações em Goiás.

Ela faz um apelo também à população dos municípios que ainda dispõem de vacinas contra a dengue. “Dos 246 municípios goianos, 155 ‘zeraram’ seus estoques, mas ainda faltam 10 mil doses a serem aplicadas”, explica. A superintendente se refere ao restante das 158,5 mil doses recebidas do Ministério da Saúde e que vão vencer em 30 de abril, mesmo com a ampliação da idade para pessoas de 4 a 59 anos. Essa ampliação vale apenas para esses lotes do imunizante. Para a próxima, já está definido o retorno das idades de 10 a 14 anos, para o público-alvo.

Fotos: Iron Braz / Secretaria de Estado da Saúde – Governo de Goiás

 

 

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