Nacional
Colorido do bordado filé de Alagoas encanta artesãs francesas
Artesãs brasileiras, as filezeiras alagoanas – bordadeiras que usam a técnica do bordado filé – mantém diálogo e trocam experiências com artesãs da França que usam o bordado para preservar a cultura da região. A iniciativa partiu das brasileiras, em meio ao processo de organização e defesa do artesanato que virou símbolo do estado e é fonte de renda para muitas famílias que vivem na Região das Lagoas Mundaú e Manguaba.
Em 2019, as artesãs enviaram uma carta e várias peças bordadas de presente para a Maison Du Filet Brodé, que tem sede na cidade de Plouénan, na região da Bretanha. O nome filé vem do francês filet e significa rede. O artesanato consiste em bordado sobre uma rede parecida com a da pesca. Apesar da origem francesa da palavra, há estudos que indicam que o filé pode ter surgido na Pérsia ou no Egito Antigo. A prática está presente em vários países da Europa e tem destaque na Península Ibérica.
O interlocutor das artesãs alagoanas na França foi o antropólogo e professor da Universidade Federal de Alagoas, Bruno Cavalcanti. Segundo ele, o material enviado do Brasil “teve uma recepção muito boa, muito positiva” e virou notícia nos jornais locais. O antropólogo observou que as francesas não fazem uso comercial do artesanato. Elas bordam para preservar a cultura da região. “E, aqui, nós temos uma situação inversa, já que a atividade está ligada à subsistência, à luta pela renda familiar. O processo de incorporar o valor patrimonial envolve educação, conhecimento, valorização do que se faz e isso leva um certo tempo e precisa também de certos elementos estimuladores.”
Conhecer as origens e comparar a técnica de bordado feita em outros estados e países fazem parte do fortalecimento do filé, acredita Marta Melo, arquiteta e consultora do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).
“A gente começou a identificar livros e manuais de outras regiões enquanto as artesãs cumpriam as exigências para reconhecimento da Região das Lagoas Mundaú e Manguaba como Indicação Geográfica do bordado filé.”
As bordadeiras tiveram que colocar no papel os critérios que definem um autêntico filé. O resultado foi o Caderno de Instruções do Filé, que reúne pontos tradicionais, cujos nomes são bastante singulares, como besourinho, jasmim, olho de pombo, caneludo, entre outros.
“Nós, filezeiras, não sabíamos que o filé tinha vindo junto com os colonizadores, que o filé é antigo, então isso fez com que a gente tivesse muito orgulho de fazer um trabalho milenar. E isso foi o que despertou na gente a vontade de aprender muito mais sobre essa história”, afirma a artesã Petrúcia Ferreira Lopes, vice-presidente do Inbordal.
A partir do contato com as francesas, as artesãs passaram a estudar os tutoriais em vídeo produzidos pelas colegas europeias. Segundo Marta, mesmo em outro idioma, elas têm facilidade para entender a mensagem porque a técnica é praticamente a mesma.
A presidente do Inbordal, Maylda Cristina Soares da Silva, contou que o ponto que as francesas chamam de espiritual é conhecido por elas como ponto antigo. “Eu aprendi que a técnica delas é mais fácil e eu estou usando”, conta.
Depois do primeiro contato, as francesas colocaram os produtos brasileiros em exposição e fizeram uma oficina sobre o bordado de Alagoas. As cores do filé brasileiro chamaram a atenção. “Eles amaram o nosso colorido, né? Eles não têm o colorido que nós temos aqui.” “Foi maravilhoso!”, diz Maylda. “O colorido é a alma, digamos assim, do nosso filé”, explica.
Para que cada artesã não precise comprar tantos novelos para fazer uma peça, as lojas vendem o chamado bolo de linha. É uma técnica que as bordadeiras desenvolveram que consiste em juntar os fios de novelos de cores diferentes e enrolar até formar o bolo colorido com o peso equivalente ao de um novelo. “A gente só encontra isso em lojinhas de bairro, onde já sabem que a artesã trabalha dessa maneira”, explica a presidente do Inbordal.
O filé de Alagoas é feito em linha mercerizada 100% algodão. Para entender melhor o comportamento da matéria-prima, o Inbordal fez um convênio com a fábrica de linhas Círculo, que envolveu também o Sebrae e a Fundação Municipal de Ação Cultural (FMAC) de Maceió. A proposta inicial era melhorar a matéria-prima, ter informações sobre quanto a linha pode ser tensionada e como deve ser conservada, garantindo melhor qualidade do produto final. Hoje, por meio da parceria, o Inbordal compra a linha com valor diferenciado.
Ainda por meio da parceria, uma oficina com uma designer têxtil contratada pela empresa trabalhou a cartela de cores com as associadas. Como resultado desse exercício, nasceu a coleção Duas Lagoas e Uma Ilha.
“A ideia é que elas se apropriem dos acidentes geográficos e a partir daí pensem nas próximas coleções e que elas levem o ambiente, a região geográfica onde elas moram e passem também a assumir essa identidade com muito orgulho”, explica Marta.
Edição: Lílian Beraldo
Fonte: EBC Geral
Educação
Em função da calamidade no Rio Grande do Sul, Governo adia Concurso Público Nacional Unificado
Em razão da situação de calamidade pública no Rio Grande do Sul, o Concurso Público Nacional Unificado (CPNU) será adiado em todo o país. A nova data vai ser anunciada assim que houver condições climáticas e logísticas de aplicação da prova em todo o território nacional. O anúncio foi feito na tarde desta sexta-feira, 3 de maio, pela ministra da Gestão e Inovação nos Serviços Públicos, Esther Dweck.
A decisão foi tomada de forma coletiva, após análise das condições no Rio Grande do Sul, em conjunto com a Advocacia-Geral da União (AGU), a Defensoria Pública da União (DPU) e a Procuradoria-geral do Estado do Rio Grande do Sul, além do Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI). A oficialização da medida foi efetivada a partir de um Termo de Acordo (confira em anexo).
“Essa decisão de adiamento busca garantir a integridade dos participantes, inclusive sua integridade física nas regiões onde seria impossível o deslocamento. Mas é uma integridade em todas as dimensões, preservando a vida das pessoas e também conferindo segurança jurídica ao concurso, que é algo essencial para todo mundo que está prestando concurso”, afirmou Esther Dweck.
A ministra assegurou que nos próximos dias, após a resolução das questões logísticas envolvidas, será anunciada a nova data. “Não temos uma nova data. Eu quero deixar claro que podemos, nas próximas semanas, divulgar a nova data. Nesse momento, toda a questão logística envolvida com a prova não nos permite dar uma nova data com segurança. A gente imagina que algumas semanas, ou até menos, a gente consiga divulgar a nova data”, enfatizou.
A ministra Esther Dweck enfatizou que a solução é a mais segura para todos em todo o país, ao garantir as mesmas chances para todos os candidatos em todos os lugares. “O adiamento reforça o compromisso do governo com a construção de um país melhor, um país mais inclusivo, com respeito ao próximo e a construção de uma democracia com a cara do Brasil. Por isso a gente não pode deixar ninguém de fora”, declarou Dweck.
O governo ouviu a população gaúcha e decidiu pelo adiamento. O Brasil se solidariza com o Rio Grande do Sul neste momento de dificuldades e vai prestar toda ajuda necessária” Paulo Pimenta, ministro da Secom
EMERGÊNCIA – Para o ministro Paulo Pimenta, a decisão, além de garantir isonomia a todos os candidatos, permite ao Governo Federal focar ainda mais os esforços na ajuda humanitária necessária ao Rio Grande do Sul. “O governo federal ouviu a população gaúcha e decidiu pelo adiamento da prova em todo Brasil. O Brasil se solidariza com o Rio Grande do Sul neste momento de dificuldades e vai prestar toda ajuda necessária”, disse.
O ministro afirmou que o foco do Governo Federal está no resgate das vítimas e restabelecimento das condições básicas de infraestrutura, como desobstrução de vias e restabelecimento de serviços essenciais, como energia elétrica e comunicações. Ele destacou que, devido à continuidade das chuvas, ainda não é possível calcular o alcance total dos danos. “Isso é aquilo que chamamos de segunda etapa: trabalho de reconstrução. E esse levantamento dos valores se dará a partir do plano de trabalho apresentado por cada município e pelo estado, mediante homologação da defesa civil”.
Pimenta disse que não há um valor acordado, mas assegurou que o Governo Federal não estabelecerá um limite para os recursos e irá prover o suporte financeiro necessário para a reconstrução das cidades. “O que o presidente Lula afirmou ontem é que não há limite definido. Vamos disponibilizar o recurso necessário para que, nas questões de responsabilidade do Governo Federal, todos os pleitos de reconstrução sejam atendidos”, declarou. Pimenta e o ministro da Integração de do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, voltam neste sábado para o Rio Grande do Sul para instalar um escritório de governo no estado.
ENEM DOS CONCURSOS – Conhecido como Enem dos Concursos por sua abrangência, o Concurso unificado tem mais de 2,14 milhões de inscritos de todas as regiões do país. Eles vão concorrer a 6.640 vagas em 21 órgãos da Administração Pública Federal. Quando remarcadas, as provas devem ocorrer em 228 municípios de todos os estados e no Distrito Federal.
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