Geral
Canola é mais uma alternativa para produtores do Distrito Federal
A produção da canola começa a ser testada no DF em um trabalho conjunto da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) com a Secretaria de Agricultura, Abastecimento e Desenvolvimento Rural (Seagri) e cooperativas locais. O plantio é uma nova alternativa para o aumento de renda dos produtores rurais do Distrito Federal.
Usada principalmente na produção de óleo, a canola é uma variante do tradicional óleo de soja – o mais consumido no Brasil. No início deste ano, chegou ao cerrado por meio do projeto “Pró-Canola” da Embrapa, que oferece orientações técnicas e assistência para o cultivo na capital.
Segundo a empresa, o grão já está sendo plantado e colhido por oito produtores do Núcleo Rural Rio Preto, em Planaltina. “É uma opção muito interessante para a ‘safrinha’. O agricultor cultiva a soja ou milho, e depois destes vem a canola em uma segunda etapa”, explica o pesquisador da Embrapa Agroenergia, Bruno Laviola.
“A nossa canola ainda vai passar por alguns melhoramentos, mas em um primeiro momento já surpreendeu. É mais uma opção de ganho para nós que vivemos disso”Valter Baron, agricultor e presidenta da Coarp
“A ideia é que o DF seja um projeto-piloto para depois expandirmos para outras regiões de cerrado”, complementa. Nesse primeiro momento, o grão foi plantado em 100 hectares de terra.
Primeira colheita aprovada
Entre os que já adotaram o novo grão, está o agricultor Valter Baron. Presidente da Cooperativa Agrícola do Rio Preto (Coarp), ele está animado com o resultado. “Estamos produzindo em canteiros experimentais. Rendeu uma média de 2 toneladas por hectare na primeira colheita”, revela Baron.
“A nossa canola ainda vai passar por alguns melhoramentos, mas em um primeiro momento já surpreendeu. É mais uma opção de ganho para nós que vivemos disso”, diz. A cooperativa, lembra Baron, existe desde a década de 90 e trabalha principalmente com soja, trigo e feijão. É composta por 56 produtores rurais.
A Seagri vê potencial para o desenvolvimento da cadeia produtiva da canola no DF e avalia que ela começa a cair no gosto dos agricultores.
Técnicos da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Distrito Federal (Emater) estão sendo capacitados para auxiliar os produtores que se interessarem pela commodity.
“Estivemos nos campos em Planaltina e observamos um produtor que está testando cinco modalidades diferentes”, revela o extensionista do órgão, Mateus Castro. “É um momento de muito aprendizado e nivelamento de informações com a Embrapa. A partir do mês que vem, vamos começar a soltar boletins informativos e outros materiais direcionados aos produtores”, emenda.
Incentivo financeiro
Segundo o secretário executivo da Seagri, Luciano Mendes, há também a disponibilidade de incentivo financeiro para investir na canola. A Secretaria conta com o Fundo de Desenvolvimento Rural (FDR) que oferece empréstimos de até R$ 200 mil, a depender da atividade. Além de outras linhas de crédito geridas pelo Banco de Brasília (BRB).
“Crédito não é dificuldade para os agricultores que querem partir para essa nova cultura. O FDR pode financiar diversos tipos de lavoura com uma taxa de juros de 3% ao ano”, informa Mendes. “Nossa avaliação é que temos aí um futuro promissor na canola. É mais uma atividade que veio para ficar no DF”, conclui.
Sobre a canola
A canola é uma planta da família das crucíferas (como o repolho e as couves). Os grãos da planta produzidos no Brasil possuem em torno de 24% a 27% de proteína e de 34% a 40% de óleo.
O óleo de canola é um dos mais saudáveis, pois possui elevada quantidade de ômega-3, vitamina ‘E’ e o menor teor de gordura saturada entre os outros óleos vegetais. Composição, que segundo pesquisadores, contribui para o controle do colesterol. Seu farelo pode ser usado em rações animais e há estudos para que ela seja usada na produção de biocombustível.
Segundo informações da Embrapa, o ciclo do plantio à colheita varia de 100 a 130 dias.
Geral
Programa Cisternas avança e promove cidadania às famílias do Semiárido nordestino
No Semiárido nordestino, um sonho começa a ganhar forma. A retomada do Programa Cisternas vem enchendo a casa das famílias de esperança. Em meio às obras de uma cisterna para a produção de alimentos em sua propriedade, Jamile da Silva, 26 anos, faz planos para o futuro. A tecnologia de acesso à água, combinada com o recurso do Programa Fomento Rural, vai proporcionar a ela uma renda extra.
Essa cisterna vai me ajudar na atividade produtiva, vou saber que estou consumindo alimento saudável. E o Fomento vai me dar uma garantia de ter uma criação melhor, que eu preciso também, de caprinos e ovinos” Jamile da Silva, produtora rural
A produtora mora na comunidade Pau Preto, zona rural de Juazeiro, ao norte da Bahia. “O Programa Cisternas é perfeito”, definiu Jamile, sorridente. São mais de 42 mil cisternas contratadas, a partir de convênio entre o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS) e o Consórcio Nordeste. A parceria, formalizada em maio deste ano, contempla os nove estados nordestinos.
O investimento é de quase R$ 300 milhões do Governo Federal, por meio do MDS, e de outros R$ 12 milhões de contrapartida dos estados. O convênio prevê a instalação de 39 mil tecnologias de acesso à água para consumo humano e 2,89 mil sistemas para consumo animal e produção de alimentos. As famílias que recebem as cisternas para a produção de alimentos também são inseridas no Programa Fomento Rural, em um repasse de R$ 13,3 milhões pelo acordo.
Além de oferecer assistência técnica, o Fomento Rural transfere o valor de R$ 4,6 mil diretamente para os beneficiados. São grandes conquistas para Jamile da Silva, que pensa em alternativas de expansão produtiva, a partir do recurso, da cisterna concluída e da capacitação para trabalhar em novas culturas. Ela também quer melhorar as condições do local onde cria caprinos e ovinos, a começar pela construção de um teto para os animais.
“Essa cisterna vai me ajudar na atividade produtiva, vou saber que estou consumindo alimento saudável. E o Fomento vai me dar uma garantia de ter uma criação melhor, que eu preciso também, de caprinos e ovinos”, projetou Jamile, enquanto acompanha em detalhes o processo de construção da estrutura. Nascida e criada na zona rural, é nessa mesma terra em Juazeiro que ela quer continuar a escrever sua história.
A realidade que o Programa Cisternas desenha para as famílias é possível graças à retomada, em 2023, dos investimentos na ação. Trata-se de uma política pública que assegura o direito de acesso a água.
PERSPECTIVA — À sombra de uma árvore no quintal de casa, na comunidade Arapuá Novo, a produtora rural Maria Sonia Oliveira espera com tranquilidade o período de chuvas na região, quando será possível captar a água, armazenar e, finalmente, utilizá-la. Os 60 anos de vida, completados no último mês, são morando sobre o mesmo chão de terra em Juazeiro. Maria Sonia recorda da época em que a família não tinha cisterna em casa.
“A primeira cisterna foi um sonho, quando a gente conseguiu, há quase 20 anos. Porque a gente tinha uma dificuldade enorme de carregar a água. Tinha que buscar água longe, colocar na cabeça, era um peso”, lembrou aliviada. “Agora, com essa outra, vai ser ainda melhor, porque é para produção”, disse, mirando o futuro.
A poucos quilômetros da propriedade em que Maria Sonia cria caprinos, a família de André Nascimento também tem na pequena agricultura o meio de subsistência. É da atividade no campo que o produtor colhe qualidade de vida para os três filhos. Ao lado da esposa, Márcia Cristina, ele enxerga no Programa Cisternas a chance de ampliar e otimizar a produção na área em que vivem.
Aos 43 anos, essa será a primeira vez que o agricultor vai manejar uma horta. “Vou plantar coentro, alface, tomatinho… Vai ser pra gente comer em casa, um alimento saudável, e se for possível, até ter uma rendinha extra pra família”, planeja André, com entusiasmo.
CAPACITAÇÃO — O assessoramento técnico para as famílias que atuarão com as cisternas de produção de alimentos, tem o papel de educar e dar suporte, para que a atividade seja executada com segurança. Dessa forma, Jamile, Maria e André são acompanhados por profissionais com experiência e que conhecem o potencial produtivo da região.
Nas comunidades rurais de Juazeiro, a assistência é feita pelo Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada (IRPAA). “É um trabalho que fortalece a função da assessoria técnica, porque a gente conversa com eles, tira dúvidas e até ajuda a escolher qual atividade produtiva eles querem desenvolver”, explicou Andressa Menezes, técnica do IRPAA.
“A retomada do Programa Cisternas consolida o que nós defendemos, que é a convivência com o Semiárido. É um processo que integra a família, porque todos participam”, completou.
O desenho do programa beneficia todos os envolvidos, de uma ponta a outra, como é o caso do pedreiro Flávio Rodrigues, que nunca havia trabalhado na construção civil. Ele passou por uma capacitação, esse ano, e agarrou a oportunidade. Desde que assumiu a função, perdeu as contas de quantas cisternas já ajudou a construir.
“Quero aprender mais ainda, desde moleque tinha vontade de ser pedreiro, e quero aproveitar a oportunidade de trabalhar na área. A cisterna é um presente, eu só tenho a agradecer ao programa, à ASA, a todos”, declarou Flávio. Entre o início e a entrega, a construção de cada cisterna pode variar entre sete e 15 dias, em média.
A Articulação Semiárido Brasileiro (ASA) é uma rede que defende, propaga e desenvolve o projeto de convivência com o bioma. A entidade é composta por mais de três mil organizações da sociedade civil, como sindicatos rurais, associações de agricultores e agricultoras, cooperativas, organizações não governamentais e institutos, como o IRPAA.
AVANÇO — Ao resgatar o Programa Cisternas, em 2023, após longo período sem incentivos, o Governo Federal investiu R$ 600 milhões e contratou 62,7 mil unidades, sendo 58,2 mil para o Semiárido e as demais para a região Amazônica.
As tecnologias sociais de acesso à água são um importante equipamento para a convivência com as regiões, promovendo dignidade, saúde, segurança alimentar e melhores condições de vida. Além disso, pesquisas científicas mostram a importância desses sistemas na saúde de gestantes e recém-nascidos.