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Brasília ganha roteiro turístico das bandas de rock

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“Foram a curiosidade intelectual, a lucidez e urgência desses jovens de Brasília que colocaram a capital no mapa cultural brasileiro” Philippe Seabra, curador do projeto Rota Brasília Capital do Rock

“Olá, nós somos de Brasília!”  Era assim, nos anos 1980, que Legião Urbana, Capital Inicial, Plebe Rude e outros grupos se anunciavam ao subir aos palcos para consagrar nossa cidade como capital do rock. No Dia Mundial do Rock – 13 de julho –, a Secretaria de Turismo (Setur) vai instalar a primeira placa comemorativa à vocação roqueira da capital federal, inaugurando a Rota Turística do Rock. A cerimônia será às 10h desta terça (13), na Torre de TV, no Eixo Monumental.

“Vejam que orgulho esses artistas tinham de dizer que eram daqui”, comemora a secretária de Turismo, Vanessa Mendonça. “No Dia Mundial do Rock, estamos resgatando essa história, definitivamente, porque ressignificamos a importância de um movimento cultural único no Brasil e que agora se torna também um roteiro turístico único. Isso é nosso. Só Brasília alcança esse privilégio.”

Primeira placa será instalada na Torre de TV: Brasília ganha rota turística baseada no rock | Arte: Divulgação/Setur

O projeto Rota Brasília Capital do Rock, produzido por Tata Cavalcante, mapeou vários pontos da capital federal que contam a história do rock brasiliense. Responsável pelo mapeamento, o guitarrista e vocalista da Plebe Rude, Philippe Seabra, comenta: “Foram a curiosidade intelectual, a lucidez e urgência desses jovens de Brasília que colocaram a capital no mapa cultural brasileiro, mudando para sempre a música popular brasileira. O rock de Brasília é um alicerce da contestação e liberdade de expressão no Brasil, e isso tem que ser celebrado”.

Participante ativo desse movimento na década de 1980, Digão, vocalista e guitarrista dos Raimundos, reforça: “Brasília merece demais uma iniciativa como essa. Quando tocávamos fora da cidade e até do país, sentíamos um imenso respeito do público e o reconhecimento da nossa cidade como capital do rock”. Ele lembra que tudo começou com a “Turma da Colina”, um grupo de jovens amigos inspirados pelas bandas britânicas e referências do punk internacional, que se reunia no conjunto de prédios usados por professores e estudantes da Universidade de Brasília (UnB).

Estímulo

“Esses jovens tinham uma visão diferenciada, e hoje estamos consagrando isso, mais um novo olhar sobre Brasília”, destaca a secretária de Turismo “Esta é a primeira placa, mas, como se trata de um roteiro dinâmico, quando surgirem novas sugestões de pontos eles serão incluídos na rota. Não podemos deixar de lembrar que as 26 bandas da cidade que chegaram às grandes gravadoras nos anos 80 e 90, juntas, venderam mais de 30 milhões de discos em todo o país.”

“A nossa intenção é que os jovens possam aprender com nossos músicos e que sejamos inspiração e ação de transformação de vidas pela música” Vanessa Mendonça, secretária de Turismo

Segundo Vanessa Mendonça, a criação da rota turística voltada ao rock só está sendo possível pela importância dada ao projeto pelo governador Ibaneis Rocha e pela parceria com a Secretaria de Economia (Seec) e com a faculdade União Pioneira de Integração Social (Upis). A partir de agora, lembra ela, moradores e turistas contarão com uma experiência única pelo olhar do estilo musical que consagrou a história da cidade e foi tombado como Patrimônio Cultural Imaterial do DF pela Lei Distrital nº 5.615.

A rota Brasília Capital do Rock passa a integrar diversas outras rotas criadas pela Setur para ajudar moradores e visitantes a conhecerem melhor os atrativos da capital federal e segue um padrão internacional de sinalização, com informações em português, inglês e espanhol para atender também o turista estrangeiro. A história do rock local passa a integrar as rotas Fora dos Eixos, do Cerrado, da Paz, Cultural, Náutica, Cívica e Arquitetônica, todas já mapeadas disponíveis no site da Setur.

Nessas estações, será possível conhecer o rock por meio de um resumo da história, acessando um QR Code por meio do qual o conteúdo será ampliado no Google Earth. As placas, com iconografia padrão e identificação assinalada por uma nota musical, contam a história resumida remetida àquele local.

Outras novas placas, informa a secretária de Turismo, serão instaladas em novos locais, como Colina da UnB, Ermida Dom Bosco e Espaço Cultural Renato Russo, entre outros. A Rota do Rock vai consolidar a memória desse patrimônio da cidade, mapeando os locais mais importantes e emblemáticos. Nesses espaços haverá apresentações musicais no estilo do Porão do Rock, Picnik e o próprio Rock na Ciclovia.

“Esse aqui é o primeiro acorde”, pontua a secretária. “A nossa intenção é que os jovens possam aprender com nossos músicos e que sejamos inspiração e ação de transformação de vidas pela música. Assim, estaremos fomentando também a maior visibilidade do cenário independente local e a economia criativa, por meio do turismo interno.”

Confira, abaixo, alguns pontos mapeados com placas comemorativas ao rock brasiliense.

  • Torre de TV
  • Upis
  • QI 8 Lago Norte (residência de Philippe Seabra)
  • Colina UnB  (local moravam vários músicos)
  • Edifício Rádio Center (local de muitos ensaios)
  • Esplanada dos Ministérios (shows de aniversário da cidade)
  • Estádio Nacional Mané Garrincha
  • SQS 303 (residência de Renato Russo)
  • Espaço Cultural Renato Russo (antigo Teatro Galpãozinho, na 508 Sul)
  • Entrequadra 110/111 Sul
  • Centro de Convenções Ulysses Guimarães
  • Concha Acústica de Brasília
  • Centro Comercial Gilberto Salomão
  • QI 9 do Lago Sul (residência de Digão, dos Raimundos)
  • Ermida Dom Bosco

*Com informações da Secretaria de Turismo

Fonte: Governo DF

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Programa Cisternas avança e promove cidadania às famílias do Semiárido nordestino

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Nova etapa de execução é concretizada via convênio entre MDS e Consórcio Nordeste, no valor de R$ 311 milhões. Na área rural de Juazeiro (BA), os moradores estão otimistas com as novas possibilidades trazidas pelo acesso à água

No Semiárido nordestino, um sonho começa a ganhar forma. A retomada do Programa Cisternas vem enchendo a casa das famílias de esperança. Em meio às obras de uma cisterna para a produção de alimentos em sua propriedade, Jamile da Silva, 26 anos, faz planos para o futuro. A tecnologia de acesso à água, combinada com o recurso do Programa Fomento Rural, vai proporcionar a ela uma renda extra.

Essa cisterna vai me ajudar na atividade produtiva, vou saber que estou consumindo alimento saudável. E o Fomento vai me dar uma garantia de ter uma criação melhor, que eu preciso também, de caprinos e ovinos” Jamile da Silva, produtora rural

A produtora mora na comunidade Pau Preto, zona rural de Juazeiro, ao norte da Bahia. “O Programa Cisternas é perfeito”, definiu Jamile, sorridente. São mais de 42 mil cisternas contratadas, a partir de convênio entre o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS) e o Consórcio Nordeste. A parceria, formalizada em maio deste ano, contempla os nove estados nordestinos.

O investimento é de quase R$ 300 milhões do Governo Federal, por meio do MDS, e de outros R$ 12 milhões de contrapartida dos estados. O convênio prevê a instalação de 39 mil tecnologias de acesso à água para consumo humano e 2,89 mil sistemas para consumo animal e produção de alimentos. As famílias que recebem as cisternas para a produção de alimentos também são inseridas no Programa Fomento Rural, em um repasse de R$ 13,3 milhões pelo acordo.

Além de oferecer assistência técnica, o Fomento Rural transfere o valor de R$ 4,6 mil diretamente para os beneficiados. São grandes conquistas para Jamile da Silva, que pensa em alternativas de expansão produtiva, a partir do recurso, da cisterna concluída e da capacitação para trabalhar em novas culturas. Ela também quer melhorar as condições do local onde cria caprinos e ovinos, a começar pela construção de um teto para os animais.

“Essa cisterna vai me ajudar na atividade produtiva, vou saber que estou consumindo alimento saudável. E o Fomento vai me dar uma garantia de ter uma criação melhor, que eu preciso também, de caprinos e ovinos”, projetou Jamile, enquanto acompanha em detalhes o processo de construção da estrutura. Nascida e criada na zona rural, é nessa mesma terra em Juazeiro que ela quer continuar a escrever sua história.

A realidade que o Programa Cisternas desenha para as famílias é possível graças à retomada, em 2023, dos investimentos na ação. Trata-se de uma política pública que assegura o direito de acesso a água.

PERSPECTIVA — À sombra de uma árvore no quintal de casa, na comunidade Arapuá Novo, a produtora rural Maria Sonia Oliveira espera com tranquilidade o período de chuvas na região, quando será possível captar a água, armazenar e, finalmente, utilizá-la. Os 60 anos de vida, completados no último mês, são morando sobre o mesmo chão de terra em Juazeiro. Maria Sonia recorda da época em que a família não tinha cisterna em casa.

“A primeira cisterna foi um sonho, quando a gente conseguiu, há quase 20 anos. Porque a gente tinha uma dificuldade enorme de carregar a água. Tinha que buscar água longe, colocar na cabeça, era um peso”, lembrou aliviada. “Agora, com essa outra, vai ser ainda melhor, porque é para produção”, disse, mirando o futuro.

A poucos quilômetros da propriedade em que Maria Sonia cria caprinos, a família de André Nascimento também tem na pequena agricultura o meio de subsistência. É da atividade no campo que o produtor colhe qualidade de vida para os três filhos. Ao lado da esposa, Márcia Cristina, ele enxerga no Programa Cisternas a chance de ampliar e otimizar a produção na área em que vivem.

Aos 43 anos, essa será a primeira vez que o agricultor vai manejar uma horta. “Vou plantar coentro, alface, tomatinho… Vai ser pra gente comer em casa, um alimento saudável, e se for possível, até ter uma rendinha extra pra família”, planeja André, com entusiasmo.

CAPACITAÇÃO — O assessoramento técnico para as famílias que atuarão com as cisternas de produção de alimentos, tem o papel de educar e dar suporte, para que a atividade seja executada com segurança. Dessa forma, Jamile, Maria e André são acompanhados por profissionais com experiência e que conhecem o potencial produtivo da região.

Nas comunidades rurais de Juazeiro, a assistência é feita pelo Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada (IRPAA). “É um trabalho que fortalece a função da assessoria técnica, porque a gente conversa com eles, tira dúvidas e até ajuda a escolher qual atividade produtiva eles querem desenvolver”, explicou Andressa Menezes, técnica do IRPAA.

“A retomada do Programa Cisternas consolida o que nós defendemos, que é a convivência com o Semiárido. É um processo que integra a família, porque todos participam”, completou.

O desenho do programa beneficia todos os envolvidos, de uma ponta a outra, como é o caso do pedreiro Flávio Rodrigues, que nunca havia trabalhado na construção civil. Ele passou por uma capacitação, esse ano, e agarrou a oportunidade. Desde que assumiu a função, perdeu as contas de quantas cisternas já ajudou a construir.

“Quero aprender mais ainda, desde moleque tinha vontade de ser pedreiro, e quero aproveitar a oportunidade de trabalhar na área. A cisterna é um presente, eu só tenho a agradecer ao programa, à ASA, a todos”, declarou Flávio. Entre o início e a entrega, a construção de cada cisterna pode variar entre sete e 15 dias, em média.

A Articulação Semiárido Brasileiro (ASA) é uma rede que defende, propaga e desenvolve o projeto de convivência com o bioma. A entidade é composta por mais de três mil organizações da sociedade civil, como sindicatos rurais, associações de agricultores e agricultoras, cooperativas, organizações não governamentais e institutos, como o IRPAA.

AVANÇO — Ao resgatar o Programa Cisternas, em 2023, após longo período sem incentivos, o Governo Federal investiu R$ 600 milhões e contratou 62,7 mil unidades, sendo 58,2 mil para o Semiárido e as demais para a região Amazônica.

As tecnologias sociais de acesso à água são um importante equipamento para a convivência com as regiões, promovendo dignidade, saúde, segurança alimentar e melhores condições de vida. Além disso, pesquisas científicas mostram a importância desses sistemas na saúde de gestantes e recém-nascidos.

 

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