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Alta de preços em 2021 faz setor de mineração projetar recordes

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O ano de 2021 registrará novos recordes do setor de mineração no Brasil. É o que indicam os resultados financeiros entre janeiro e agosto. Nesse período, as empresas faturaram R$ 219,9 bilhões, o que já supera os R$ 209 bilhões de todo o ano passado. Se comparar com os R$ 103,7 bilhões registrados no intervalo entre janeiro e agosto de 2020, a alta é de 112%.

Os dados constam em um novo balanço financeiro divulgado hoje (6) pelo Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), que representa as maiores mineradoras que atuam no país. A entidade costuma apresentar relatórios trimestrais, mas divulgou um consolidado do ano até agosto em meio ao Congresso Brasileiro de Mineração, que se iniciou ontem (5) e se encerra amanhã (7). Em decorrência da pandemia de covid-19, o evento que acontece anualmente está realizando sua segunda edição 100% online.

“Vamos bater o recorde. Já alcançamos o mesmo valor de faturamento de todo o ano passado”, afirma o presidente do Conselho Diretor do Ibram, Wilson Brumer.

O setor já havia apresentado recordes no ano passado, mesmo em meio à pandemia de covid-19. Dois fatores contribuíram para esse cenário: a alta dos preços  das commodities no mercado internacional, sobretudo do minério de ferro, e a valorização do dólar frente ao real, o que impulsiona o lucro com as exportações.

No primeiro semestre de 2021, os preços internacionais continuaram a subir e atingiram patamares recordes. Em maio, foi registrado o pico de US$ 233,10 por tonelada de minério de ferro. Nos últimos meses, no entanto, vem se observando uma queda. Na última semana, a cotação estava em US$ 117,80 por tonelada, patamar similar ao registrado há um ano. Em setembro de 2020, o valor do minério de ferro era de US$ 116,05.

Apesar da queda recente, considerando a média de preços entre janeiro e agosto de 2021 na comparação com o mesmo período do ano passado, houve uma variação positiva de 89%. O mesmo ocorreu com outros minérios como alumínio (44%), chumbo (20%) e cobre (60%).

Simultaneamente, a desvalorização do real também beneficiou as empresas do setor, uma vez que as exportações de seus produtos são negociadas com base na moeda norte-americana. “A cotação do dólar chegou de R$ 5,63. Hoje está mais ou menos em R$ 5,50. Em janeiro de 2020, estava em R$ 4,15”, observa Brumer.

A influência desses dois fatores – alta dos preços internacionais e desvalorização do real – no crescimento de 112% no faturamento fica ainda mais perceptível quando se verificam os dados do volume produzido. No intervalo de janeiro a agosto de 2021, o aumento da produção foi de 9,6% na comparação com o mesmo período do ano passado, saltando de 760 milhões de toneladas para 833 milhões de toneladas.

Resultados estaduais

No recorte por estados, Pará e Minas Gerais, que concentram a maior fatia da produção do país, registraram as maiores variações quando se analisam os primeiros oito meses de 2020 e de 2021. Em Minas Gerais, o faturamento subiu 144%, alcançando R$ 93,8 bilhões. Já no Pará, a alta foi de 111%, fechando em R$ 94,6 bilhões.

“O crescimento em Minas Gerais também tem relação com a retomada de algumas operações que ainda estavam semi-paralisadas. Um exemplo é a própria retomada da Samarco”, disse Brumer.

Paralisações em diversas minas no estado se deram após a tragédia em Brumadinho (MG), ocorrida no dia 25 de janeiro de 2019, quando uma barragem da Vale se rompeu causando 270 mortes e gerando impactos ambientais e socioeconômicos em diversos municípios. Como resposta ao episódio, ações de fiscalização levaram à interdição de diversas estruturas.

Um outro desastre de grandes proporções já havia ocorrido com uma barragem da Samarco na cidade de Mariana (MG). Sua ruptura em novembro de 2015 tirou a vida de 19 pessoas e causou danos em toda a bacia do Rio Doce. A mineradora ficou só reiniciou suas operações no fim do ano passado.

Há ainda um segundo fator considerado benéfico para as empresas do estado. “A qualidade do minério de ferro de Minas Gerais é muito comparável com o que é produzido na Austrália. E China e Austrália têm enfrentado algumas disputas. As empresas dos dois países estão tendo um relacionamento mais complicado. E Minas Gerais tira proveito disso”, acrescenta o presidente do Conselho Diretor do Ibram.

Royalties

Como consequência do desempenho, também já se projeta um recorde de arrecadação da Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM), conhecida como o royalty da mineração. Em 2020, o setor recolheu R$ 6,08 bilhões, o maior valor já registrado.

Nos primeiros oito meses desse ano, a arrecadação da CFEM já supera esse montante, tendo alcançado R$ 6,68 bilhões. Trata-se de uma alta de 120,9% em relação ao mesmo período do ano passado.

Segundo levantamento do Ibram, 2.075 municípios do país recebem recursos da CFEM. Desse total, 488 estão em Minas Gerais, estado que concentra o maior número de cidades mineradoras. Dos 15 municípios que mais arrecadam, 11 são mineiros e quatro são paraenses.

Edição: Valéria Aguiar

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BNDES volta a reduzir juros de linha para exportações brasileiras e torna melhorias permanentes

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Medida do Plano mais Produção do BNDES amplia a competitividade da indústria nacional no mercado externo, principalmente das empresas de micro, pequeno e médio porte. Novas condições passam a ser permanentes para a linha Exim Pré-Embarque, após os resultados obtidos com as reduções temporárias em 2023 e no início de 2024.

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) promoveu nova redução de juros no BNDES Exim Pré-Embarque, linha de crédito que financia a produção de bens nacionais voltados à exportação. As melhorias no produto também passam a ser permanentes, já que deixam de existir duas limitações: um orçamento restrito a R$ 2 bilhões para operações com os juros mais baixos e teto de R$ 150 milhões em financiamentos ao ano por cliente.

No caso das micro, pequenas e médias empresas, o spread (remuneração que o cliente paga ao BNDES ao obter um financiamento) de 0,5% ao ano passa a ser fixo. Essa taxa vigorou durante curto período no início deste ano, mas, fora das condições especiais que agora se tornam perenes, essa remuneração do BNDES poderia chegar a até 1,30% a.a.

No caso das grandes empresas, a nova remuneração do Banco fica limitada a 0,8% ao ano, se o financiamento for para exportação de bens de capital (produtos industrializados de maior valor agregado), ou 1,05% a.a., se o produto a ser exportado for bens de consumo. Nas antigas condições do BNDES Exim Pré-Embarque, essas taxas eram de, respectivamente, 1,05% a.a. e R$ 1,30% a.a.

“Mais de 90% do mercado mundial está fora do Brasil, por isso, baratear o custo do financiamento das exportações de empresas brasileiras é fundamental para que a indústria tenha condições de ampliar mercados, ganhar escala e ser mais competitiva. E o resultado é todo em benefício do país, com geração de emprego e de renda, objetivos centrais do governo do presidente Lula”, Aloizio Mercadante.

Mais de 90% do mercado mundial está fora do Brasil, por isso, baratear o custo do financiamento das exportações de empresas brasileiras é fundamental para que a indústria tenha condições de ampliar mercados, ganhar escala e ser mais competitiva. E o resultado é todo em benefício do país, com geração de emprego e de renda, objetivos centrais do governo do presidente Lula” Aloizio Mercadante, presidente do BNDES

O diretor de Desenvolvimento Produtivo, Inovação e Comércio Exterior do Banco, José Luis Gordon, ressaltou ainda que “a ampliação do apoio à exportação é um dos objetivos que compõem a Estratégia de Longo Prazo do BNDES e que a redução do spread nas linhas de pré-embarque compõe um dos eixos do Programa Nova Indústria Brasil, do Governo Federal”.

As novas condições são válidas tanto para operações diretas (realizadas pelo cliente diretamente com o BNDES e que precisam ter um valor mínimo de R$ 20 milhões) quanto para as chamadas operações indiretas (aquelas que não possuem valor mínimo e que são realizadas por meio de um agente financeiro intermediário, a exemplo de bancos comerciais ou de montadoras).

CUSTO FINANCEIRO — Além dos novos spreads do BNDES, o custo financeiro total das operações do produto BNDES Exim Pré-Embarque é composto do custo financeiro (que pode ser TLP, Selic, ou SOFR, por exemplo) mais o spread de risco. No caso das operações indiretas, o spread de risco é substituído por uma taxa de 0,15% ao ano. Para esses casos, há também a remuneração do agente financeiro que é negociada diretamente entre esse e o exportador.

Em termos históricos, o BNDES Exim Pré-embarque já atendeu a mais de 1.500 empresas exportadoras brasileiras, tendo desembolsado mais de US$ 60 bilhões no período. Utilizado pelos produtores nacionais como forma de reduzir o custo de capital de giro para produção, a linha aumenta a competitividade das empresas brasileiras no mercado internacional e é o produto voltado à exportação mais acessado do Banco, tanto em valor desembolsado quanto em número de companhias nacionais apoiadas.

Além da pulverização dos recursos entre mais empresas, o BNDES Exim Pré-embarque também contribui para desenvolver a cadeia produtiva nacional, uma vez que o financiamento fornecido pelo BNDES exige um conteúdo nacional mínimo nos bens a serem comercializados no exterior.

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