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A multiplicação das bocas de lobo em todo o Itapoã
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“São serviços essenciais, que vão melhorar bastante a rotina das pessoas que passam por essa avenida” Fernando Leite, presidente da Novacap
A Novacap, em parceria com a Administração Regional do Itapoã, iniciou a construção de 55 bocas de lobo, boa parte delas na Avenida do Murão, uma das principais vias de acesso à cidade. No período de chuva, o local alagava, atrapalhando o tráfego de carros e pedestres.
Agora, com a ampliação e construção de novas bocas de lobos no setor, a mobilidade, com certeza, vai melhorar. Os trabalhos começaram há dez dias e têm previsão de durar pelo menos mais duas semanas. Ao todo, 20 servidores da Novacap e da administração atuam para trazer mais comodidade e conforto aos moradores e motoristas. Caminhões e uma retroescavadeira estão em operação na área.
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Moradora da Quadra 308, a dona de casa Antônia Gadelha, 47 anos, lembra as dificuldades no período chuvoso: “É horrível. Quando chove, vira um verdadeiro lago, não dá para passar a pé, preciso ir de carro à aula de pilates. Com essas obras, agora vai ficar bom aqui”.
O administrador do Itapoã, Marcus Vinícius Cotrim, assegura: “Aquela inundação que ocorria há 15 anos nessa região não vai acontecer mais”. O presidente da Novacap, Fernando Leite, pontua: “São serviços essenciais, que vão melhorar bastante a rotina das pessoas que passam por essa avenida”.
Pacote de obras
As bocas de lobo começaram a se multiplicar na Avenida do Murão após visita do governador à cidade, em maio deste ano. É o pontapé inicial para uma série de obras na região, pacote que inclui recapeamento da Avenida Murão, início da construção da Escola Classe 203, um terminal de ônibus e uma ciclovia – já se encontra na fase de terraplanagem – entre o Itapoã e a Rota do Cavalo. Entram na lista também os trabalhos de arte urbana, com a participação de grafiteiros da cidade, em uma parceria com a iniciativa privada.
“Com essas novas bocas de lobo e a ampliação das que já estão instaladas, a captação de água será mais eficiente” Magnólia Camello, diretora de Obras da Região Administrativa do Itapoã
A boca de lobo, também conhecida como bueiro ou meio-fio vazado, é um buraco de cimento ou ferro construído entre o asfalto e a guia para permitir escoamento da água da chuva e evitar alagamentos. O nome costuma ser visto como uma referência à fábula Chapeuzinho Vermelho – publicada pela primeira no século 10 pelo francês Charles Perrault –, pois lembra uma enorme boca sugando toda a água da rua. Aparentemente simples, é um serviço essencial na estrutura urbana de uma cidade.
A diretora de Obras da Região Administrativa do Itapoã, Magnólia Camello, explica: “Com essas novas bocas de lobo e a ampliação das que já estão instaladas, a captação de água será mais eficiente. Vamos explorar ao máximo a carga da rede pluvial do local”.
Além das bocas de lobo instaladas na Avenida do Murão, outros 14 novos bueiros serão construídos próximo ao contorno que dá acesso à cidade para quem vem do sentindo Paranoá, pela DF-250. O material usado na construção dessas estruturas consiste em blocos e lajes de concreto, argamassa, cimento, areia e brita. “É um local que estava tendo grande represamento de água”, lembra Magnólia. “Vamos construir nova rede de captação de água, uma obra maior”.
Geral
Programa Cisternas avança e promove cidadania às famílias do Semiárido nordestino
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No Semiárido nordestino, um sonho começa a ganhar forma. A retomada do Programa Cisternas vem enchendo a casa das famílias de esperança. Em meio às obras de uma cisterna para a produção de alimentos em sua propriedade, Jamile da Silva, 26 anos, faz planos para o futuro. A tecnologia de acesso à água, combinada com o recurso do Programa Fomento Rural, vai proporcionar a ela uma renda extra.
Essa cisterna vai me ajudar na atividade produtiva, vou saber que estou consumindo alimento saudável. E o Fomento vai me dar uma garantia de ter uma criação melhor, que eu preciso também, de caprinos e ovinos” Jamile da Silva, produtora rural
A produtora mora na comunidade Pau Preto, zona rural de Juazeiro, ao norte da Bahia. “O Programa Cisternas é perfeito”, definiu Jamile, sorridente. São mais de 42 mil cisternas contratadas, a partir de convênio entre o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS) e o Consórcio Nordeste. A parceria, formalizada em maio deste ano, contempla os nove estados nordestinos.
O investimento é de quase R$ 300 milhões do Governo Federal, por meio do MDS, e de outros R$ 12 milhões de contrapartida dos estados. O convênio prevê a instalação de 39 mil tecnologias de acesso à água para consumo humano e 2,89 mil sistemas para consumo animal e produção de alimentos. As famílias que recebem as cisternas para a produção de alimentos também são inseridas no Programa Fomento Rural, em um repasse de R$ 13,3 milhões pelo acordo.
Além de oferecer assistência técnica, o Fomento Rural transfere o valor de R$ 4,6 mil diretamente para os beneficiados. São grandes conquistas para Jamile da Silva, que pensa em alternativas de expansão produtiva, a partir do recurso, da cisterna concluída e da capacitação para trabalhar em novas culturas. Ela também quer melhorar as condições do local onde cria caprinos e ovinos, a começar pela construção de um teto para os animais.
“Essa cisterna vai me ajudar na atividade produtiva, vou saber que estou consumindo alimento saudável. E o Fomento vai me dar uma garantia de ter uma criação melhor, que eu preciso também, de caprinos e ovinos”, projetou Jamile, enquanto acompanha em detalhes o processo de construção da estrutura. Nascida e criada na zona rural, é nessa mesma terra em Juazeiro que ela quer continuar a escrever sua história.
A realidade que o Programa Cisternas desenha para as famílias é possível graças à retomada, em 2023, dos investimentos na ação. Trata-se de uma política pública que assegura o direito de acesso a água.
PERSPECTIVA — À sombra de uma árvore no quintal de casa, na comunidade Arapuá Novo, a produtora rural Maria Sonia Oliveira espera com tranquilidade o período de chuvas na região, quando será possível captar a água, armazenar e, finalmente, utilizá-la. Os 60 anos de vida, completados no último mês, são morando sobre o mesmo chão de terra em Juazeiro. Maria Sonia recorda da época em que a família não tinha cisterna em casa.
“A primeira cisterna foi um sonho, quando a gente conseguiu, há quase 20 anos. Porque a gente tinha uma dificuldade enorme de carregar a água. Tinha que buscar água longe, colocar na cabeça, era um peso”, lembrou aliviada. “Agora, com essa outra, vai ser ainda melhor, porque é para produção”, disse, mirando o futuro.
A poucos quilômetros da propriedade em que Maria Sonia cria caprinos, a família de André Nascimento também tem na pequena agricultura o meio de subsistência. É da atividade no campo que o produtor colhe qualidade de vida para os três filhos. Ao lado da esposa, Márcia Cristina, ele enxerga no Programa Cisternas a chance de ampliar e otimizar a produção na área em que vivem.
Aos 43 anos, essa será a primeira vez que o agricultor vai manejar uma horta. “Vou plantar coentro, alface, tomatinho… Vai ser pra gente comer em casa, um alimento saudável, e se for possível, até ter uma rendinha extra pra família”, planeja André, com entusiasmo.
CAPACITAÇÃO — O assessoramento técnico para as famílias que atuarão com as cisternas de produção de alimentos, tem o papel de educar e dar suporte, para que a atividade seja executada com segurança. Dessa forma, Jamile, Maria e André são acompanhados por profissionais com experiência e que conhecem o potencial produtivo da região.
Nas comunidades rurais de Juazeiro, a assistência é feita pelo Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada (IRPAA). “É um trabalho que fortalece a função da assessoria técnica, porque a gente conversa com eles, tira dúvidas e até ajuda a escolher qual atividade produtiva eles querem desenvolver”, explicou Andressa Menezes, técnica do IRPAA.
“A retomada do Programa Cisternas consolida o que nós defendemos, que é a convivência com o Semiárido. É um processo que integra a família, porque todos participam”, completou.
O desenho do programa beneficia todos os envolvidos, de uma ponta a outra, como é o caso do pedreiro Flávio Rodrigues, que nunca havia trabalhado na construção civil. Ele passou por uma capacitação, esse ano, e agarrou a oportunidade. Desde que assumiu a função, perdeu as contas de quantas cisternas já ajudou a construir.
“Quero aprender mais ainda, desde moleque tinha vontade de ser pedreiro, e quero aproveitar a oportunidade de trabalhar na área. A cisterna é um presente, eu só tenho a agradecer ao programa, à ASA, a todos”, declarou Flávio. Entre o início e a entrega, a construção de cada cisterna pode variar entre sete e 15 dias, em média.
A Articulação Semiárido Brasileiro (ASA) é uma rede que defende, propaga e desenvolve o projeto de convivência com o bioma. A entidade é composta por mais de três mil organizações da sociedade civil, como sindicatos rurais, associações de agricultores e agricultoras, cooperativas, organizações não governamentais e institutos, como o IRPAA.
AVANÇO — Ao resgatar o Programa Cisternas, em 2023, após longo período sem incentivos, o Governo Federal investiu R$ 600 milhões e contratou 62,7 mil unidades, sendo 58,2 mil para o Semiárido e as demais para a região Amazônica.
As tecnologias sociais de acesso à água são um importante equipamento para a convivência com as regiões, promovendo dignidade, saúde, segurança alimentar e melhores condições de vida. Além disso, pesquisas científicas mostram a importância desses sistemas na saúde de gestantes e recém-nascidos.